segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Uma delírante confusão que deu samba

Pense rápido: o que Brasil e Dinamarca têm em comum a ponto de virar enredo em uma Escola de Samba no Carnaval do Rio de Janeiro?

O país escandinávo é um dos mais belos e fascinantes do Mundo. Mas ele não esteve presente no desfile da Imperatriz Leopoldinense em 2005 por nenhuma de suas belezas naturais.

Sua cultura é diversificada e no campo cultural, o país se destaca por grandes artistas plásticos e artesões habilidosos. Mas também não foi isso que seduziu a agremiação da zona da Leopoldina.

A genial carnavalesca Rosa Magalhães, renomada pesquisadora e dona de um talento infindável na área de elaborar bons enredos, precisava maquear um "possível" patrocínio para um enredo que falaria sobre a Dinamarca.

A saída encontrada por Rosa, foi exaltar um dos maiores escritores infantis de todos os tempos: o dinamarquês, Hans Christian Andersen. O autor de contos e fabulas como "O Patinho Feio" e o "Rouxinol do Imperador", seria homenageado no ano em que completaria 200 anos do seu nascimento.

Mas a carnavalesca, cerebral como sempre, não se conteve em "apenas" contar a história e as histórias a cerca de Andersen. Para Rosa o muito ainda é pouco. Principalmente em termos de enredo.

Outra saída genial de Rosa Magalhães: a carnavalesca proporcionou um encontro imaginário entre dois gênios, Andersen e o brasileiro Monteiro Lobato, maior referência da literatura infantil em terras tupiniquins. O cenário para essa ocasião não poderia ser outro, se não o Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Estava feita a "Delirante Confusão Fabulística"!!!

O desfile da Imperatriz fora um pouco prejudicado pelos acontecimentos que culminaram no desastroso desfile da Portela naquele ano. Mas os prejuízos para o povo de Ramos foram apenas referentes ao desgaste de ficar cerca de uma hora de pé na concentração esperando a liberação da Marques de Sapucaí para iniciar o seu desfile.

Mas no momento em que o intérprete Ronaldo Ylê começou a cantar o maravilhoso samba da Escola, a coisa mudou. Ninguem parecia estar cansado. Desfilavam como a muito tempo a Imperatriz não fazia!!!

A comissão de frente representando o "Cisne Altaneiro" (a cima a esquerda), apelido de Hans Christian Andersen, foi um dos pontos altos do desfile. Tanto a fantasia, quanto a bela coreográfia elaborada pelo talentoso coreógrafo Fábio de Mello, empolgaram o público.

O visual da Imperatriz refletia o estilo de Rosa Magalhães, leve, colorido e de fácil entendimento.

O abre-alas da Escola também era uma aposta
ousada da carnavalesca, pois possuia duas partes distintas. O primeiro módulo da alegoria (foto) mostrava um palco onde eram encenados trechos de peças escritas por Andersen e trazia a figura do escritor um pouco mais a cima. Já o segundo módulo trazia sereias e uma coloração esverdeada e com muita transparência. O resultado foi ótimo. Coisas de Rosa Magalhães.

Após o desfile, muitos acreditavam inclusive no título da Imperatriz, mas a Escola não conseguiu superar o 4° lugar do Carnaval passado.

O belíssimo desfile da agremiação de Ramos, foi o último grande momento da Escola no Grupo Especial. Depois disso, a Imperatriz tem oscilado entre posições intermediárias (7° e 8° lugares). Isso acabou de certa forma culminando na saída de Rosa da Imperatriz em 2009, mas isso não vem ao caso.

Fato é que o desfile de 2005 foi um dos mais belos dos últimos tempos. A Dinamarca deu samba, quem diria!!!

As obras de Monteiro Lobato foram inceridas à partir do quinto setor. E o resultado também foi muito legal. Deu ainda mais leveza ao visual da Imperatriz e colaborou para todo esse sucesso obtido naquele Carnaval.

É essa Imperatriz que o mundo do samba quer ver voltar a brilhar na Marquês de Sapucaí!!!

Carnaval 2005

G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense
Enredo: "Uma Delirante Confusão Fabulística"
Carnavalesca: Rosa Magalhães
Colocação: 4° lugar

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