segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Último post de 2012: Feliz Ano Novo!!!

Meus amigos...

Que nesse ano possamos sonhar,
E acreditar, de coração, que podemos realizar cada um de nossos sonhos,
Que esses sonhos possam ser compartilhados pelo bem,
E que eles tenham força de transformar velhos inimigos em novos amigos verdadeiros,
Que nesse ano possamos abraçar,
E repartir calor e carinho,
Que isso não seja um ato de um momento,
Mas a história de uma vida.
Que nesse ano possamos beijar,
E com os olhos fechados, tocar o sabor da alma,
Que tenhamos tempo para sentir toda a beleza da vida,
E que saibamos senti-la em cada coisa simples,
Que nesse ano possamos sorrir,
E contagiar a todos com uma alegria verdadeira,
Que não sejam necessárias grandes justificativas para nosso sorriso,
Apenas a brisa do viver,
Que nesse ano possamos cantar,
E dizer coisas da vida,
Que não sejam apenas músicas e letras,
Mas que sejam canções e sentimentos,
Que nesse ano possamos agradecer,
E expressar a Deus e a todos: “Muito Obrigado!”,
Que nesse “todos” não sejam incluídos apenas os amigos,
Mas também aqueles que, nos colocando dificuldades, nos deram oportunidades de sermos melhores.
E assim começamos mais um Ano Novo,
Um dia que nasce, um primeiro passo, um longo caminho,
Um desafio, uma oportunidade e um pensamento:
“Que nesse ano sejamos, Todos, Muito Felizes!”

Abraços e um Feliz 2013!!!

domingo, 30 de dezembro de 2012

A Guerreiros voltou!

Após um ano afastada dos desfiles do Carnaval Virtual, a Guerreiros do Leão enviou na tarde de ontem sua inscrição para o Comite de Avaliação das Escolas de Samba Virtuais, o CAESV.

Fundada em 2009, a agremiação tem no comando o presidente e fundador Sandro Oliveira, que após recuperar-se de sérios problemas de saúde, resolveu reativar a Escola de Samba que acumula dois desfiles em sua trajetória na Liga.

Em 2010, ano de sua estréia ainda sem a experiencia necessária para alcançar uma grande colocação, a Guerreiros sob o comando artistico de Mirella Fernanda, obteve a modesta 10° colocação.

No ano seguinte, já melhor estruturada e com uma boa vivência dentro da Liga, desfilou com o enredo "O Guaraní" e acabou na 3° colocação, a uma posição de alcançar uma vaga no Grupo de Acesso da LIESV (Liga Independente das Escolas de Samba Virtuais) no ano seguinte.

Apesar da insatisfação com o 3° lugar do ano anterior, a Guerreiros chegou a anunciar ainda em setembro que levaria para a passarela do samba virtual em 2012 o enredo "A Auróra dos Deuses", abordando o mito da criação do Mundo na visão Yorubá. Porém, problemas de saúde do presidente Sandro Oliveira acabaram por fazer com que a agremiação pedisse afastamento do CAESV e assim, não tendo desfilado.

Para 2013 no entanto os animos voltaram a esquentar e o presidente Sandro, ao lado de um novo grupo de trabalho (estreiam na agremiação este ano o carnavalesco Thiago Rocha e o intérprete Sérjão) tenta enfim levar a Guerreiros ao tão sonhado acesso que quase veio em 2011.

A Escola ainda aguarda o posicionamento do CAESV quanto a inscrição da agremiação para os desfiles de 2013, mas pelo que o próprio presidente me confidenciou em conversa hoje pela manhã, o novo carnavalesco (esse eu posso dizer de boca cheia que é meu aluno...rs) já está trabalhando em cima da sinopse que foi enviada a comissão de avaliação juntamente com a ficha de inscrição. Podem ter certeza que vem coisa boa por aí!

Em breve teremos maiores informações quanto a situação da Escola. Por enquanto, o que me resta é dar as boas vindas a Guerreiros do Leão e que este retorno seja repleto de alegrias e conquistas para essa simpática agremiação onde já tive o prazer e a honra de trabalhar!

Lembranças do Carnaval 2011

Revirando os meus arquivos esta tarde, encontrei algumas fotos dos bastidores do Carnaval de 2011 que ainda não havia publicado. Assim, nada melhor do que encerrar o ano com algumas belas imagens da maior festa popular do planeta que já se aproxima mais uma vez!

Divirtam-se!

 A pista do sambódromo ainda mais escorregadia.
 Alegoria da Águia de Ouro om paineis de led sendo testados antes do desfile.
 Última alegoria da Nenê de Vila Matilde sendo preparada minutos antes do desfile.
 Afoxé Filhos da Coroa de Dadá se preparando para sua apresentação.
Visão da Nenê de Vila Matilde se preparando na concentração.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Pérola Negra


Enredo: “O Espetáculo Vai Começar, Pérola Negra Apresenta: O Auto da Compadecida”

Autores: Mydras, Carlinhos, Bola, Michel e Regianno

Está virando rotina...

Nos últimos dois carnavais eu venho aqui e rasgo elogios aos sambas de enredo da Pérola Negra. Afinal, de quatro anos para cá a simpática agremiação da Vila Madalena vem nos presenteando com verdadeiras obras-de-arte que emocionam e fazem-nos questionar o absurdo e a falta de vontade da comissão julgadora para com a Escola que foi vergonhosamente rebaixada em 2012 (arco com qualquer responsabilidade por essa afirmação), quando na verdade merecia no mínimo o retorno ao desfile das campeãs.

Criticas e desabafos à parte, vamos ao que interessa!

Simplesmente perfeito!

É assim que posso definir a obra que os geniais Mydras, Carlinhos, Bola, Michel e Regianno, tiveram a felicidade de emplacar na Escola dos Grandes Sambas de Enredo, que é como me refiro ao Pérola.

Aos que pensavam que a agremiação dirigida pelo competentíssimo Edílson Carlos Casal, popularmente conhecido como Nego, iria se abater com o rebaixamento, a resposta veio em grande estilo pelo não menos competente (para não dizer genial) carnavalesco André Machado que elaborou o melhor enredo entre todas as Escolas, de todos os Grupos do Carnaval de São Paulo.

Se ainda restava alguma dúvida a esse povo, ela foi sanada com a apresentação do magistral samba de enredo que irá sem sombra de dúvidas alavancar a Escola ao título do Grupo de Acesso e quem samba ainda, com a pontuação máxima (o que se faz muito possível com a manutenção da equipe que brilhou nos últimos quatro carnavais).

Falando desta obra magnífica, só posso dizer que entra para a galeria dos grandes sambas de enredo da história do Carnaval de São Paulo.

Não há um único destaque neste samba. Ele é maravilhoso do início ao fim.

Eu que sou um fã incondicional de “O Auto da Compadecida”, romance amorial de Ariano Suassuna, reconheci a sinopse central do livro (e claro, do genial filme) nas sintéticas 27 linhas da obra.

A única menção individual que farei quanto a esta obra-prima, fica por conta de mais uma interpretação pra lá de estupenda do “gigante” Douglinhas Aguiar. E antes que venham me esculhambar pelo termo usado, o cantor é gigante em seu talento, pois canta muito.

Pra finalizar, quero apenas dizer para aquele que por algum motivo desdenhou desta maravilhosa agremiação da qual confesso, ter me tornado um pouco torcedor ao longo dos anos, que a Pérola fará muita falta em 2013 no Grupo Especial.

Uma pena que nem todos terão o prazer de ver a Escola desfilar no Grupo de Acesso por falta de uma cobertura melhor divulgada para o espectador que é de fora de São Paulo.

Salve a Vila Madalena! Salve sua comunidade guerreira! Salve seus componentes aguerridos e orgulhosos por vestirem suas cores vibrantes! Salve sua diretoria competente e batalhadora! Salve o samba, que mais uma vez mostra sua força em um momento de adversidade!

Isso é Carnaval!

SAMBA DE ENREDO

Podem aplaudir,
O aplauso lava a alma do artista
A pérola negra retrata as vidas
Do auto da compadecida

Prepare aí seu coração,
O espetáculo vai começar
Amor se 'avexe' não
Há emoção em cada olhar
Vai contagiar, meu circo vem lá do sertão
Irreverente, alegra a gente, me apaixonei
Não sei ... só sei que foi assim
O enterro do cão rezado em latim
O gato descome o que nunca comeu
O padeiro traído se compadeceu

Cangaceiro, cabra macho sim 'sinhô'
Ao toque da gaita não ressuscitou
Nem viu 'padim ciço', meu deus e agora?
O bom malandro nessa hora vai embora

Naquele momento o encourado apareceu
Pobres pecadores, o julgamento aconteceu
Mas de joelhos no chão,
Num verso arretado a declamação
Aperriado ... "valei - me nossa senhora
Oh luz divina, nos liberte pra vitória"
E a vila madalena contracena com você

E faz renascer
A chama de fé que inflama o viver

Camisa Verde e Branco


Enredo: “Era Uma Vez, Outra Vez”

Autores: Denny Gomes, Silas Augusto, Almir Menezes, Fábio de Paula, Luciano Rosa e Ary do Camisa

Tradição é o que não falta a Mocidade Camisa Verde e Branco. Com base nesta máxima, a comunidade da Barra Funda mais uma vez vai em busca de retomar seu lugar no Grupo de elite do Carnaval paulistano.

Porém nem só de “camisa” vive o Carnaval.

Ta certo que o samba de enredo da tradicional Verde e Branco da Zona Norte não é ruim, mas particularmente não me agrada.

Sei que muitos torcedores, componentes e aficionados pela Escola vão me criticar, mas alguns mais coerentes vão entender o meu posicionamento, principalmente os que viveram os tempos áureos dessa entidade mais do que necessária na história do nosso Carnaval.

Como disse logo a cima, o samba não é ruim. Mas está longe de ser a altura das tradições da Escola que já teve entre outras obras memoráveis o inesquecível “Talismã”, que serviu de trilha para o último título da agremiação.

O samba de 2013 tem bons momentos como o refrão de cabeça (este anos os refrões se destacaram na safra) que exalta a Escola e apresenta (timidamente é verdade) o enredo. Gosto particularmente desse começo por preservar um pouco da essência do Camisa nos versos “Meu trevo é raça, é samba pé no chão/Que faz o meu coração bater mais forte/Feito criança, feliz da vida/De verde e branco, tiro onda na avenida”.

Entretanto, logo na saída do refrão começam os poréns...

A primeira metade da obra é até bonita, mas totalmente sem sal. Alguns versos são muito bons, como por exemplo “Contos, mistérios, magia/Fadas bailando no ar/Reis cortejando rainhas/Seres fascinantes no fundo do mar...”, que tem além da letra inteligente, melodia interessante. Mas fica o sentimento ao ouvinte de que falta alguma coisa.

Acho que falta um intérprete mais qualificado. Pois Igor Vianna, filho do saudoso Ney Vianna que emprestou seu talento durante várias décadas para a minha Mocidade Independente de Padre Miguel, ainda não está inserido no time dos grandes cantores do nosso Carnaval. Não é uma crítica... apenas um posicionamento pessoal.

O “Para o alto e avante” do refrão central ficou divertido. Deste refrão para baixo, destaque para a melodia, que em alguns momentos puxa até para o swing carioca.

O que vale um destaque todo especial na faixa do Camisa é a participação sempre arrebatadora da “Furiosa da Barra Funda”. Sob o comando do mestre Jeyson Ferro, a bateria que é uma das melhores de São Paulo recuperou o fôlego e mais uma vez da um show à parte em sua apresentação.

O Camisa é e sempre será uma das principais potências do Carnaval paulistano. Torço ferrenhamente para que assim como a Nenê de Vila Matilde, retorne para o Grupo Especial, onde é o seu lugar por direito!

Leandro de Itaquera


Enredo: “O Leão Guerreiro Mostra sua Força! É a Garra e a Bravura do Negro no Quilombo da Leandro de Itaquera”

Autores: Didi Poeta, André Ricardo, Vitor Gabriel, Rodrigo Minuetto, Rodolfo Minuetto, Victor Muniz e Kleber

Em primeiro lugar: é uma pena ter de comentar a Leandro no Grupo de Acesso após o desfile de campeã que a mesma realizou em 2012. Uma injustiça e tanto a Escola não ter chegado ao Especial, pois fez desfile de campeã.

Em segundo lugar: que samba é esse que vem lá de Itaquera???

Não é novidade que na Zona Leste se faz samba da melhor qualidade, mas este ano os compositores “itaquerenses”, como bem frisou o intérprete Juninho Branco no início da faixa do CD, capricharam no hino da simpática Escola do nosso querido “seu” Leandro!

Uma obra no melhor estilo tradicional que brinca com as notas musicais e apresenta variações melódicas muito gostosas de se ouvir.

Destaco a força dos refrões que qualificam ainda mais essa maravilhosa obra. O de cabeça com os dizeres “O meu pavilhão é garra/O quilombo de Itaquera chegou!/Leandro é raça, é comunidade... meu amor!” já demonstra toda a garra que um samba de enredo afro necessita para cativar os sambistas. Já o da meiúca com os versos “Tem batuque abre o xirê... Axé/Devoção, Umbanda e Candomblé/Vem sambar, festejar, levanta poeira/Cultura afro-brasileira” faz reverencia ao culto negro em terra brasileira. Resumindo: pedradaaaaaa!

Também me chama atenção os primeiros versos que seguem o refrão inicial: “Oh, Oh, Oh... Ecoa o rufar do meu tambor/Com as bênçãos da Mãe África/O meu Leão Guerreiro a desfilar”.

Num todo, a obra é muito boa. Com vários momentos de muita inspiração por parte dos compositores e uma qualidade melódica incrível. Pode ser facilmente apontado como o melhor samba da Escola desde 2000.

Outro ponto que merece um destaque todo especial é a belíssima interpretação de Juninho Branco que a cada ano vem crescendo como cantor e hoje já pode ser apontado como um dos melhores de São Paulo. Particularmente gosto muito do Juninho desde 2005, quando integrou o grupo de intérpretes de transição que substituiu o cantor Vaguinho que havia deixado a Escola após o desfile do ano anterior.

Para arrematar, os versos “Ta no sangue e não tem jeito/Quem é bate no peito/Vermelho e Branco até morrer” exaltam o bem mais precioso que a Leandro ostenta: o seu componente que nunca desanimou, mesmo com os seguidos reveses que a Escola vem enfrentando ao longo dos anos.

Um dos melhores sambas de enredo do Carnaval de 2013 e o segundo melhor do Grupo de Acesso com sobras.

Estrela do Terceiro Milênio


Enredo: “Reluz na Constelação da Terceiro Milênio uma Maravilha de Estrela Denominada ‘Elke’: O Carnaval Materializado Numa Pessoa!”

Autores: Silvinho, Manoel Duarte, Bira, Chitão e Biro

Uma das maiores promessas para os próximos anos, a Estrela do Terceiro Milênio aposta na vida de Elke Maravilha para buscar o acesso ao grupo de Elite do Carnaval paulistano.

Bem, o que me chama atenção na bonita obra de Silvinho e cia. não é a letra, nem a melodia, mas sim a grande quantidade de alterações promovida pela direção da Escola na obra em relação a versão dos compositores para as eliminatórias.

As alterações, no entanto não comprometeram a qualidade do samba, mas me espanta a obra vencedora ser tão modificada. Particularmente nunca havia visto nada igual.

O refrão principal, por exemplo, mudou de “É brilho, é show! É Carnaval/Eu sou Estrela e ninguém vai me segurar/O meu Grajaú é pura alegria/E hoje canta Elke Maravilha” para “Reluz a festa do Carnaval/Eu sou Estrela e ninguém vai me segurar/O meu Grajaú encanta e brilha/E hoje exalta Elke Maravilha”. Nada menos que cinco palavras alteradas em quatro versos. Um exagero, evidentemente...

Outras alterações são vistas ao longo da primeira parte (a mais modificada de toda a obra), mas não vou entrar em detalhes. Prefiro ressaltar as qualidades deste samba de enredo.

Os primeiros versos logo após o refrão “Da Rússia uma dádiva divina/Neste país iluminado ela chegou”, são os melhores da obra, com destaque para a melodia em menor.

A voz do consagrado André Pantera deu mais classe a este samba, o qualificando ainda mais. Em relação com o hino que a Escola apresentou em 2012, quando de sua estréia no Grupo de Acesso, há um salto de qualidade, o que é muito bom.

Levo muita fé nessa agremiação que mesmo sendo uma das mais jovens de São Paulo (fundada em 05/05/1998) já demonstra um enorme potencial.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Morro da Casa Verde


Enredo: “Ecoou no Morro... É Festa no Grito da Liberdade”

Autores: Chico LS, Henrique Osasco, Oliveira, Rafa Francischini e Leandro Augusto

A Escola da queridíssima Laurinete Nazaré da Silva Campos ou simplesmente “dona” Guga aposta na saga da liberdade no Brasil para voltar a sonhar com o Grupo Especial.

Mesmo ostentando um dos melhores enredos do Grupo de Acesso em 2013, o samba de enredo (quesito esse que vinha sendo muito bem defendido nos últimos anos com obras extremamente qualificadas) não conseguiu acompanhar a força da temática e passa muito, mas muito despercebido nesta excelente safra.

De estrutura tradicional (mais um!) os versos curtos até chegam a empolgar que observa a letra em um primeiro momento, mas a junção letra/melodia deixou a obra um tanto quanto estranha...

Não que o samba seja um desastre, mas ainda carece de uma boa “arredondada”, pois a voz do intérprete Adeílton Almeida não casou muito bem no produto final e olha que o cantor tem melhorado ano após ano, deixando de lado as frescuras que eram tão marcantes nas obras por ele defendidas dando mais espaço para o canto “reto”.

O refrão do meio traz um elemento que eu particularmente gosto muito que é o contra canto inserido na letra e não solto como alguns cantores adoram fazer, transformando os sambas de enredo em pagodinhos baratos. Neste caso, o ôôôô se adequa perfeitamente ao trecho em questão: “O grilhão estourou.. Ôô ôô/E o negro conseguiu... conseguiu/Com força a sonhada liberdade/E a igualdade que o mundo aplaudiu”.

O movimento das Diretas, a liberdade de imprensa e a eleição de Dilma Rouseff como a primeira presidenta da República são lembrados na segunda metade da obra que apresenta ainda algumas palavras meio desconexas.

Num todo, fica a baixo dos demais sambas de enredo do Grupo de Acesso.

Unidos do Peruche


Enredo: “Os Tambores Anunciam! O Povo da Floresta Está em Festa! A Tribo Peruche Vai Passar!”

Compositores: Toninho Penteado, Claudinho, Denis Patolino, Luiz Bento, Zico Oliveiro, Emerson Brasa e Denis Santiago

Ao menos um título a Peruche já conquistou sem ao menos ter dado início a seu desfile: o de enredo com mais exclamações que já passou pelo sambódromo do Anhembi...rs

Brincadeiras à parte, a tradição dos bons sambas prevalece na simpática Unidos do Peruche.

Buscando se recuperar da frustrante 6° colocação do último Carnaval, uma das mais tradicionais Escolas de Samba de São Paulo tem na força de seu enredo o principal trunfo para sonhar com dias mais felizes.

De autoria de Toninho Penteado e cia. o samba de 2013 mescla versos sintéticos com frases mais extensas, o que em alguns momentos força os interpretes e também os componentes a atropelarem algumas palavras, mas nada que chegue a preocupar, pois os ensaios e as insistentes repetições vão transformar isso em algo comum.

Os refrões são bem simples e agradabilíssimos aos nossos ouvidos, em especial o da meiúca, que versa “Para o escritor eu fui um novo ideal/E ao poeta lindos versos inspirei/No talento de um gênio musical/Com Guarani emocionei”.

Seguindo a linha o proposto pelo enredo, não faltou citação a crenças, rituais de cura e espirituais, danças, celebrações e nem ao bloco de Carnaval Cacique de Ramos, lembrado no verso “E no Carnaval vou caciqueando de emoção”.

Uma citação em especial me deixou empolgado nessa obra: o verso “Na corte francesa eu me apresentei um mundo novo revelei” lembra a curiosa história de um grupo de nativos tupinambás que fora levado à França para uma apresentação especial para os reis do país em uma comemoração no porto de Rouen. O fato inspirou os carnavais do Império Serrano e da Imperatriz Leopoldinense de 1994, onde a Escola de Ramos sob o comando de Rosa Magalhães sagrou-se campeã daquele ano.

Para fechar a obra, a lembrança ao povo de Parintins que tanto contribui para o sucesso do nosso Carnaval em uma bonita menção aos bois Caprichoso e Garantido.

Toninho Penteado, de volta ao microfone principal da Escola mostra que tem totais condições de ostentar o posto por muito tempo!

Bom samba e mais um grande momento do Peruche!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Imperador do Ipiranga


Enredo: “Ouviram do Ipiranga um Grito de Esperança”

Autores: Xavier, Turko, Maradona, Cris Viana, Lo Rosas e Mirão

A tradicionalíssima Imperador do Ipiranga busca se reencontrar com a vitória após um 2012 muito a baixo de suas expectativas. Não que o desfile do último Carnaval tenha sido fraco, mas é nítido que a Escola viveu de momentos. A falta de regularidade foi o seu calcanhar de Aquiles.

Para 2013 no entanto, as coisas parecem ter mudado.

Pra começar, o samba de enredo da agremiação é composto por alguns dos melhores compositores de São Paulo, como Turko, Maradona e Cris Viana. Ponto pra lá de positivo para a Imperador.

Outra mudança que parece ter sido acertada é a chegada do intérprete Evandro Malandro, que se não chega a ser um cantor excepcional, é um jovem que ano a ano vem evoluindo e mostrando seu potencial. Ainda desconhecido dos paulistanos, Evandro é figurinha carimbada no Carnaval de Nova Iguaçu e presença marcante na LIESV (Liga Independente das Escolas de Samba Virtuais), onde nos últimos anos vem defendendo uma série de agremiações e revelando ao mundo seu talento.

A obra em si é muito boa. Mais um samba de estilo tradicional e que não se perde em excessos. Aliás, essa tem sido uma das características principais deste ano, pois a maciça maioria das agremiações tem optado por sambas de enredo cada vez menos complexos e mais funcionais. Acho que algumas notas atribuídas pelos jurados nos últimos 5 anos colaborou com essa mudança na mentalidade. Daí a feliz crescente na qualidade do álbum de 2013.

Dividido em 6 estrofes, o samba traz dois refrões igualmente competentes e mantém uma tradição que já se tornou marca da Imperador: sambas na primeira pessoa.

Fica claro até pelo conteúdo do enredo que alguns clichês como “Afasta esse monstro que me assola” ou “Vivo a realidade dos projetos sociais” iriam surgir ao longo da letra. Mas ao mesmo tempo, boas sacadas como “Sou um pássaro no ninho/Que pra voar tem que crescer”.

Mantém a média da boa safra e da esperança para a comunidade da Vila Carioca e Heliópolis de mais uma vez poder estar em 2014 entre as principais Escolas de Samba de São Paulo.

Unidos de Santa Bárbara


Enredo: “Bem-Vindos ao Reino da Gentileza!”

Autores: Edson Pires, Toninho Oliveira, Péricles Ornellas e Chico Manero

A emergente Unidos de Santa Bárbara chega ao Grupo de Acesso apostando em nomes conhecidos dos sambistas de São Paulo para marcar de vez o seu nome no holl das grandes Escolas de Samba da capital.

É uma agremiação que me desperta um certo carinho, até porque o seu presidente, Nél Costa é uma pessoa que merece todo o sucesso do Mundo. Acredito muito no potencial desta agremiação que pode vir a ser no futuro uma potência.

O enredo “Bem-Vindos ao Reino da Gentileza!”, mais do que uma lembrança a memória de José Datrino, o conhecido profeta Gentileza, vem ressaltar a importância de fazer o bem ao próximo. Uma temática forte e que sempre consegue trazer o público para junto da Escola.

O samba escolhido é muito bom. De melodia pra cima e letra bem descritiva, a obra prima pelo tradicional, sem grandes extrapolações.

Gosto particularmente do refrão de cabeça que traz além de uma simpática saudação aos ouvintes, a apresentação do enredo.

Algumas citações ao profeta Gentileza geraram versos muito bonitos, como por exemplo “Seguindo os passos do Criador/No jardim da vida feliz eu vou”.

Outra coisa eu me chamou a atenção é o respeito ao público que estará presente no sambódromo do Anhembi no início da noite do domingo 10 de fevereiro quando a Escola estará abrindo os desfiles do Acesso, no verso “Boa noite! Para nossa alegria/A Tempestade do Samba chegou”.

Assim como a ascensão dessa Escola que me deixou muito feliz, a presença do grande Jorginho à frente do microfone principal da agremiação é outro fato que me deixa extremamente contente. Jorginho é um cara dos mais corretos que eu conheço no meio do samba. Apoio de Renê Sobral na Tom Maior durante muito tempo e atualmente um dos cantores auxiliares de Carlão na Império de Casa Verde, enfim tem a oportunidade de mostrar toda a sua competência ao ser a voz principal de uma Escola no sambódromo.

O desfile do Acesso ao que tudo indica será aberto com grandes surpresas!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A história do presépio

Foi na cidade italiana de Gréccio, na noite de Natal de Jesus no ano 1223 que São Francisco criou o primeiro presépio, com uma representação cênica do nascimento de Jesus numa manjedoura de palhas, acompanhado pelos animais. Era um lugar simples mais enriquecido com muita ternura e amor. Depois São Francisco chamou os moradores próximos para que estivessem no local, para que assim relembrassem a noite do nascimento em Belém do Menino-Deus.

O nascimento de Jesus num estábulo junto com os animais, Deus nos quis dar um recado claro e sem duvidas sobre a humildade e a beleza da pobreza quando é uma alternativa de vida. Abandonando o materialismo que nos subverte da condição humana em seres predadores da natureza e da vida.

O presépio nos mostra a luz e a beleza na representação do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo. Com isso São Francisco iluminou e reacendeu a fé que estava adormecida entre o povo naquela época, um costume que perpetuou na Igreja até os nossos dias.

O Natal do Nosso Senhor aconteceu numa conjunção entre a vida, representada pelos animais: boi, burro e o universo representado pela estrela guia. Foi um momento extraordinário da revelação do Verbo que se fez carne, Cristo tornou-se condição de homem para estar entre os homens. E como filho de Deus nos ensinou a verdade sobre a essência humana nos diferenciando dos animais em muitos aspectos: centralizado na consciência o nosso comportamento como seres racionais.

Na ternura do presépio notamos a força divina daquele momento do nascimento do Senhor, São Francisco levou isso ao povo para estimular o renascimento no coração de muitos que o já havia esquecido. Uma encenação que se perpetuou até os dias de hoje e corre pelo mundo ainda com o mesmo objetivo: relembrar o singelo momento do nascimento do Salvador...

Natal Somos Nós!


Natal somos nós quando decidimos nascer de novo, a cada dia, nos transformando;

Somos o pinheiro de natal quando resistimos vigorosamente aos tropeços da caminhada;

Somos os enfeites de natal quando nossas virtudes, nossos atos, são cores que adornam;

Somos os sinos do natal quando chamamos, congregamos e procuramos unir;

Somos luzes do natal quando simplificamos e damos soluções;

Somos presépios do natal quando nos tomamos pobres para enriquecer a todos;

Somos os anjos do natal quando cantamos ao mundo o amor e a alegria;

Somos os pastores de natal quando enchemos nossos corações vazios com Aquele que tudo tem;

Somos estrelas do natal quando conduzimos alguém ao Senhor;

Somos os Reis Magos quando damos o que temos de melhor, não importando a quem;

Somos as velas do natal quando distribuímos harmonia por onde passamos;

Somos Papai Noel quando criamos lindos sonhos nas mentes infantis;

Somos os presentes de natal quando somos verdadeiros amigos para todos;

Somos cartões de natal quando a bondade está escrita em nossas mãos;

Somos as missas do natal quando nos tomamos louvor, oferenda e comunhão;

Somos as ceias do natal quando saciamos de pão, de esperança, qualquer pobre do nosso lado;

Somos as festas de natal quando nos despimos do luto e vestimos a gala;

Somos sim, a Noite Feliz do Natal, quando humildemente e conscientemente, mesmo sem símbolos e aparatos, sorrimos com confiança e ternura na contemplação interior de um natal perene que estabelece seu Reino em nós.

Obrigado Jesus! Por vossa luz, perdão e compreensão.

Feliz Natal, meus amigo!

A história do Papai Noel

O Papai Noel: origem e tradição

Estudiosos afirmam que a figura do bom velhinho foi inspirada num bispo chamado Nicolau, que nasceu na Turquia em 280 d.C. O bispo, homem de bom coração, costumava ajudar as pessoas pobres, deixando saquinhos com moedas próximas às chaminés das casas.

Foi transformado em santo (São Nicolau) após várias pessoas relatarem milagres atribuídos a ele.

A associação da imagem de São Nicolau ao Natal aconteceu na Alemanha e espalhou-se pelo mundo em pouco tempo. Nos Estados Unidos ganhou o nome de Santa Claus, no Brasil de Papai Noel e em Portugal de Pai Natal.

Até o final do século XIX, o Papai Noel era representado com uma roupa de inverno na cor marrom ou verde escura. Em 1886, o cartunista alemão Thomas Nast criou uma nova imagem para o bom velhinho. A roupa nas cores vermelha e branca, com cinto preto, criada por Nast foi apresentada na revista Harper’s Weeklys neste mesmo ano.

Em 1931, uma campanha publicitária da Coca-Cola mostrou o Papai Noel com o mesmo figurino criado por Nast, que também eram as cores do refrigerante. A campanha publicitária fez um grande sucesso, ajudando a espalhar a nova imagem do Papai Noel pelo mundo.

Atualmente, a figura do Papai Noel está presente na vida das crianças de todo mundo, principalmente durantes as festas natalinas. É o bom velhinho de barbas brancas e roupa vermelha que, na véspera do Natal, traz presentes para as crianças que foram obedientes e se comportaram bem durante o ano. Ele habita o Pólo Norte e, com seu trenó, puxado por renas, traz a alegria para as famílias durante as festas natalinas. Como dizem: Natal sem Papai Noel não é mesma coisa.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Mocidade Alegre



Enredo: “A Sedução Me Fez Provar, Me Entregar à Tentação... Da Versão Original, Qual Será o Final?”

Autores: André Ricardo, Bruno Ribas, Fernando, Renato Guerra, Rodrigo Minuetto e Vitor Gabriel

Em todos os lugares sempre vai haver um samba de enredo que será motivo de discussões e controversas. No Rio de Janeiro é o samba da União da Ilha que ao mesmo tempo que é adorado por uns é ferrenhamente combatido por outros. Em São Paulo isso não é diferente.

E este samba é exatamente o da atual campeã Mocidade Alegre.

Bem, a julgar pelo enredo, poderia realmente se esperar um samba bem mais ou menos, afinal, falar sobre maçã não é uma missão das mais simples. Mas como na Morada do Samba existem compositores de muita capacidade, isso não seria um problema.

Pra alguns até há...

Mas assim como fiz com o samba da Ilha no Rio, vou defender a obra da parceria de André Ricardo e cia. simplesmente pelo fato de que o samba é bom.

Geralmente se espera muito do hino que abre o CD e talvez isso tenha frustrado um pouco as expectativas do publico em geral, uma vez que as grandes obras estão no meio do álbum. Mas isso não quer dizer que o samba da Mocidade seja ruim. Muito, mas muito pelo contrário.

Vou além: é um dos únicos que cravo desde já que será nota máxima. Podem me cobrar no dia 12 de fevereiro.

E não digo isso só por ser o samba da Mocidade Alegre. Digo pela qualidade que a obra apresenta.

Concordo plenamente que não é uma sinfonia rara como os sambas da Águia de Ouro e da Pérola Negra, por exemplo. Mas a composição apresenta algumas soluções muito bacanas dentro de sua estrutura, especialmente na melodia.

Acho o refrão central do samba um dos mais belos do ano. Várias vezes já me peguei cantarolando “Quando o vento soprar, eu vou voar/Te encontrar nessa imensidão/Brincar de Deus, ser feliz... sonhar/Não há limites para a imaginação”. É muito bom.
Isso tudo sem contar o show de interpretação que o meu grande amigo Clóvis Pê da na faixa de abertura do álbum.

Acredito que nos últimos anos a ousadia fez parte de todos os sambas de enredo da Mocidade em algum momento, mesmo que quase imperceptível aos ouvidos menos apurados. E este ano, ao apresentar uma obra mais clássica, o ouvinte pode realmente ter estranhado e daí ter passado a criticar o hino da Escola. Mas sejamos sinceros: se todos os anos tudo for igual não vai acabar enjoando? Então!

Pra mim é um dos bons sambas dessa safra surpreendente de 2013!

Sociedade Rosas de Ouro


Enredo: “Os Condutores da Alegria Numa Fantástica Viagem aos Reinos da Folia”

Autores: Armênio Poesia, Diego Poesia, Kadu, Wagner Rodrigues, Fredy Vianna e CG

Sempre favorita, a Sociedade Rosas de Ouro, Escola da presidenta Angelina Basílio e do mago Jorge Freitas, levará para o Anhembi no Carnaval de 2013 um enredo que propõe um passeio pelas grandes manifestações folclóricas ao redor do Mundo.

Talvez pela leveza do enredo, a opção por um samba mais explosivo tenha se mostrado acertada, uma vez que alegria não combina com sambas pesados. E outra coisa: mostra-se uma estratégia acertadíssima se levarmos em conta que a Escola será a segunda a desfilar na sexta-feira de Carnaval, pegando portanto um sambódromo ainda frio.

Logo no refrão de cabeça a melodia mais pra cima dita o tom de uma obra que foge um pouco do que a Rosas vinha trazendo para o Carnaval nos últimos anos. “Hoje a festa vai rolar/Quero sambar a noite inteira/Qual será o pavilhão que conduz meu coração?/É Roseira!” é animadíssimo.

O lugar comum se faz presente em alguns trechos como “Quero celebrar as tradições”, “A realeza e os guardiões irão bailar” ou ainda “É mais que um ideal, o orgulho nacional”. Mas nada que comprometa, afinal, é mais do que necessário dentro deste enredo.

O refrão de meiúca é a exemplo do principal um verdadeiro oba-oba. Mas tudo bem, o samba é pra cima!

Os versos da segunda parte são mais longos que os anteriores, porém são ainda mais bonitos, haja visto que a volta do refrão já traz a jóia “Num som envolvente dancei ao seu lado a luz do luar”. Belíssimo.

No final, a melodia sobe um pouco mais, mas nada que o intérprete Darlan em seu melhor desempenho desde que assumiu o primeiro microfone do Rosas não tirasse de letra.

É um bom samba que serve melhor ao desfile do que a divulgação, portanto, não se espante se na somatória das notas, essa obra superar alguns daqueles que são considerados superiores. É o que chamamos no meio como “samba de campeão”!

Vai-Vai


Enredo: “Sangue da Terra, Videira da Vida: Um Brinde de Amor em Plena Avenida – Vinhos Brasil”

Autores: Zeca do Cavaco, Ronaldinho FDQ, Osvaldinho da Cuíca, Evaldo Rodrigues e Valter Camargo

Mantendo a tradição dos bons sambas, a Vai-Vai mostra que a tradição está mais do que em alta no Carnaval paulistano.

Com um enredo sobre os vinhos brasileiros, a Escola da Bela Vista tenta seu 15° campeonato para consolidar-se cada vez mais como a maior campeã da cidade de São Paulo.

A parceria campeã é de Zeca do Cavaco, ganhador de vários sambas na agremiação e um dos nomes mais respeitados entre os compositores do samba paulistano.

Seguindo a linha tradicional de composições da agremiação, o samba de enredo que o Vai-Vai levará para o Anhembi em 2013 é muito bonito. Com belos momentos de inspiração dos compositores, a obra ganha tons melodiosos e ao mesmo tempo a empolgação sempre presente nos hinos da tradicionalíssima Escola do Bixiga.

Mostrando que a moda Martinho da Vila voltou mesmo para ficar, o refrão de cabeça do samba é uma sextilha muito bem trabalhada tanto em letra quanto em melodia. Os versos “Divino eu sou/Sangue da terra, videira da vida/Num brinde de amor transbordo em plena avenida/Cantando um sonho novo/Matriz, escola do povo/Respeite o meu pavilhão” já exibem como cartão de visitas toda a garra da comunidade alvi-negra que quando chega no Anhembi é pra levantar poeira.

Diferente de alguns anos quando ao meu ver pecou por trazer sambas extensos, este ano o Vai-Vai optou por uma obra mais sintética, com modestos 28 versos e frases mais compactas.

Ainda na seqüência do primeiro refrão, a trajetória do vinho desde a antiguidade clássica, passando pelas citações bíblicas e a sua expansão pela Europa são narradas em versos muito bem elaborados tanto em letra, como em melodia.

O refrão central traz o momento mais lírico do samba, com os versos “No colo do tempo, ao sopro do vento/Sob o céu de anil/Por brancos e negros, sou abençoado/Sabor Brasil”.

No trecho final, o cinema, a literatura e o cultivo das uvas no Brasil são exaltados.

O sempre controverso Wander Pires leva o samba no CD com muita atitude. Uma resposta talvez aos críticos (inclusive eu) que comemoraram sua demissão ainda no sábado de Carnaval deste ano, sendo recontratado algum tempo depois.

Belo samba! Mais um nessa safra pra lá de elogiável!

Mancha Verde


Enredo: “Mário Lago – O Homem do Século XX”

Autores: Turko, Maradona, Didi, Ferracini, Fabiano Sorriso, Jorginho, Paulinho Miranda e Tucuruvi Mancha

A Mancha vem se caracterizando nos últimos anos por escolher belos sambas de enredo mesmo que esses não sejam os preferidos do publico durante as disputas (vide 2012 e 2013). O que serve apenas para confirmar o auto nível das eliminatórias na agremiação alvi-verde.

Grande parte desse sucesso se deve aos bons enredos que a Escola tem apresentado na avenida nos últimos anos. Sempre com conteúdos históricos interessantes, a Mancha passou a apostar suas fichas na busca do tão sonhado título em temáticas culturais, como foi com a Educação em 2010 (Aos Mestres com Carinho – Mancha Verde Ensina Como Criar Identidade), os grandes inventores da história em 2011 (Uma Idéia de Gênio) e os orixás em 2012 (Pelas Mãos do Mensageiro do Axé a Lição de Odú Obará: a Humildade). Para 2013, ninguém mais, ninguém menos que Mário Lago será homenageado no sambódromo.

Assim como nos últimos anos, o samba de enredo da Mancha é destaque na safra. É verdade que dessa vez um pouco a baixo dos considerados “tops”.

Logo de cara, o refrão “Explode em meu peito tamanha emoção/Eu sou Mancha Verde eterna paixão/O tempo não apagará, as obras de um imortal/É Mário Lago, um homem genial” mostra a qualidade da obra.

Depois, versos não menos inteligentes como “Nas veias o DNA de anarquista”, “A arte, em poesia aflora o escritor” ou “A vida em cena de um sonhador” antecedem outro refrão poderoso. Este ainda melhor que o primeiro.

“Sou sambista e vou descendo o morro/’Na além’ do que eu sempre quis/Vou vivendo enquanto houver saudade/Carmem Miranda é sé felicidade” é o meu refrão preferido no CD.

Na seqüência, sucessos do homenageado como a marchinha de Carnaval “Auróra” e a canção “Amélia” foram lembradas com maestria pelos compositores.

Falando nos compositores, Maradona, Didi e Turko são craques de primeira linha!

Não faltaram ainda citações a sua esposa Zeli, a obra “O Padre e a Moça” e sua atuação na campanha das Diretas. Como podemos ver, um samba completo.

Acredito que a comunidade da Mancha assim como toda a enorme torcida palmeirense podem ficar feliz com a sua Escola quando o assunto é samba de enredo. Que siga por muitos e muitos anos nos brindando com ótimas obras!

Unidos de Vila Maria


Enredo: “Made in Korea – 50 Anos de Imigração Coreana no Brasil”

Autores: Jorge Zanin, Leandro Coringa, Rafael Babú, Fabinho Sampa e Renato Mooca

Celebrando os 50 anos de imigração coreana no Brasil, a Unidos de Vila Maria se perdeu um pouco na escolha do seu samba de enredo.

Não que entre os concorrentes houvesse um que fosse a unanimidade dentro da Escola ou mesmo nos fóruns de carnaval espalhados pela internet. Não. Mas me parece que o enredo e principalmente a sinopse elaborada pelo sempre criativo carnavalesco Chico Spinoza acabou por prejudicar os compositores.

O samba escolhido é da parceria do meu amigo Jorge Zanin, um jovem talento que é cria da agremiação do Jardim Japão e que emplaca o seu segundo samba na Escola em pouco mais de 6 anos fazendo parte de sua ala de compositores.

O que foi citado no samba da Dragões da Real se aplica perfeitamente ao da Vila: a falta de brilho.

Porém, no caso da Dragões alguns bons momentos e a bela interpretação de Daniel Collete acabaram por deixando a obra agradável de seu ouvir em meio a tão qualificada safra. No entanto, isso acabou não acontecendo com a Vila Maria.

O samba que já era insosso não cresceu com a interpretação de Edimar Guiã (Melhora um pouco com a participação do Fernandinho SP) e se não for lapidado nos ensaios, corre o risco de não render na avenida. Vale à pena salientar que em 2012 diziam a mesma coisa e nos ensaios técnicos o samba cresceu assustadoramente.

Não sei se o tom escolhido para a gravação não favoreceu, mas em alguns momentos o samba me parece baixo e sem vibração. Nem mesmo no refrão de cabeça que teria a missão de empolgar o público essa explosão acontece.

A letra é o que há de melhor na obra. Com destaque para o refrão “Quando o meu pavilhão girar/O povo vai cantar feliz/’Made in Korea’, emoção que contagia/Com muito orgulho sou Vila Maria”, que apresenta muito bem o enredo ao ouvinte.

Como a Vila aposta muito neste Carnaval para conquistar o seu tão sonhado título, o samba de enredo pode se tornar um vilão em meio a essa história. Resta saber como isso está sendo tratado pelos diretores, músicos e interpretes que ainda podem (e devem) melhorá-lo para o grande dia.

Aguardemos os ensaios técnicos...

Acadêmicos do Tucuruvi


Enredo: “Mazzarópi: O Adorável Caipira – 100 Anos de Alegria”

Autores: Felipe Mendonça, Maurício Pito, Leandro Franja, Marcio Alemão, Henrique Barba e Fábio Jelleya

Esse é certamente o samba mais divertido do CD!

Não me lembrava de um outro samba da Acadêmicos do Tucuruvi que puxasse tanto para o bom humor quanto este.

A parceria de Felipe Mendonça e cia. optou por retratar a vida do homenageado com base na alegria, marca essa mais do que marcante em seus filmes. E foram muito felizes na escolha.

Se o samba é genial ou não, essa é outra história.

Com alguns bons momentos como o refrão central que cita vários de seus filmes os versos “A carrocinha levou o gato da madame/Vendedor de lingüiça não vende salame/O Jeca Tatu não é puritano... Há! Há! Há!/Ele é corintiano” são um verdadeiro achado! Sem sombra de duvidas vai sacudir o público no Anhembi.

Outro ponto positivo na composição é o fato da narrativa ser em primeira pessoa, o que fica muito mais atraente nesses casos de enredos biográficos, pois da o sentimento ao componente e a platéia de estar na pele do homenageado, o que acaba contribuindo na emoção proporcionada pelo desfile.

Não faltou também lembrança ao modo caipira de falar de Mazzaropi, e o famosíssimo “pro cêis” aparece logo no início da segunda metade da obra.

Um destaque para a estréia do jovem Igor Sorriso na condução de uma Escola de São Paulo. O garoto que vem mostrando ano após ano que está entre os melhores cantores de samba do Brasil agora nos brinda com sua belíssima voz também aqui no Anhembi!

Para arrematar, o refrão principal “Sai da frente, a alegria vai passar/É Mazzaropi, artista popular/Nos palcos da vida, te faço sorrir/Aplausos, lá vem Tucuruvi” dita o que será a obra em um todo. Divertida, irreverente e mais do que nunca um retrato do artista exaltado.

Se o saudoso Amácio Mazzaropi estivesse vivo, certamente estaria muito contente com a belíssima homenagem.

Dragões da Real


Enredo: “Dragão, Guardião Real, Mostra seu Poder e Soberania na Corte do Carnaval”

Autores: Dico, Armênio, Ricardo, Wagner e Derico

Pelo segundo ano consecutivo desfilando entre as grandes Escolas de Samba de São Paulo, a tricolor da Vila Anastácio optou por um enredo que valoriza o seu próprio símbolo, ou seja, o dragão.

Não é um enredo inédito, ao menos para mim, já que no ano 2000 a Dragão Imperial, Escola de Samba de Bragança Paulista apresentou o enredo “Voracidade Milenar – Lendas e Mistérios do Dragão” e com um belíssimo desfile arrebatou a segunda colocação do Grupo Especial. Mesmo assim, é uma temática que me agrada muito, já que possibilita grandes extrapolações na parte visual.

Agora, o samba de enredo escolhido pela agremiação não me agradou.

Já não considerava o hino de 2012 que fora louvado por tantos como o melhor samba do ano tão bom assim. Estava na categoria dos intermediários. Apenas isso.

O que dizer então do samba de 2013 que não chama muita atenção na safra...

Entendam... a obra de Dico e cia. não chega a ser ruim. De maneira nenhuma. Porém, figura apenas na categoria de agradável.

A bem da verdade, a interpretação do sempre correto Daniel Collete acaba compensando a falta de um diferencial na obra que em muitos momentos passa desapercebida em meio a tantos bons sambas. O que não significa porém, que possa chegar na avenida e funcionar maravilhosamente bem para o desfile. Quantas vezes já vimos isso acontecer, heim?!

Ao seu refrão de cabeça parece faltar brilho. Pois não é nem daqueles que grudam na cabeça e nem daqueles insuportáveis. Assim como toda a obra é apenas correto.

Essa era uma linha de samba que a Caprichosos de Pilares levou para a Sapucaí durante muitos anos. Passava desapercebido nas gravações mas acabava acontecendo na avenida. Bons exemplos são os hinos de 1994 (Estou Amando Loucamente uma Coroa de Quase 90 Anos) e 1996 (Samba Sabor Chocolate).

Um trecho que merece destaque é o que antecede o refrão central no qual os versos “Poder, sabedoria e coragem/Vão formar a sua imagem/No brasão de um guerreiro/Que segue a lutar, vai atravessar/Gerações do mundo inteiro” mostram além de uma melodia muito bacana, letra inteligente e totalmente integrada ao enredo.

É o famoso oito ou oitenta. Pode acontecer ou simplesmente ser mais um...

Tom Maior


Enredo: “Parque dos Desejos – O Seu Passaporte para o Prazer”

Autores: Edmilson Silva, Serginho Ipiranga e Gonçalves

O samba da camisinha...rs

Brincadeiras à parte, o que tinha tudo para ser uma piada de muitíssimo mau gosto tornou-se um samba de enredo agradável.

Não chega a destoar no CD, mas é nitidamente de um nível mais baixo que os demais.

O refrão principal é a cara da Escola e pode ser considerado o melhor momento do samba. Existe inclusive uma citação ao samba exaltação da agremiação no verso “A fonte do meu prazer, tu saberás de cor”.

É um samba curto ( 27 linhas), o que me agrada, pois não foge do assunto. Conta com versos curtos em sua estruturação, outro ponto favorável a obra.

Sua síntese se dá no refrão central que traz os versos “No balanço desta onda, eu vou te levar/Em Roma brindar, luxuria/Fazer de tudo pra te enlouquecer/Só mesmo ‘Vênus’ pra nos proteger”. Se é que alguém não sabe, a Vênus citada não é a deusa e muito menos o planeta, mas sim a camisinha (Camisa de Vênus).

Renê Sobral completando 10 anos à frente do microfone oficial da Tom Maior conduz a obra com a sua habitual competência compensando qualquer problema existente na letra ou na melodia.

O samba supera a fragilidade do enredo, mas não conseguiu fazer milagre.

Gaviões da Fiel Torcida


Enredo: “Ser Fiel é a Alma do Negócio”

Autores: Ernesto Teixeira, José Rifai, André União, Fadico, Murillo, Alex e Bruno Muleki

A Fiel torcida corintiana está feliz!

Não, não se trata da conquista do Mundial de Clubes da Fifa no início desse mês, mas sim pelo fato de ter um samba de enredo digno de seus melhores momentos!

O enredo que muitos criticaram, alguns tripudiaram e outros desdenharam, rendeu um dos grandes sambas da safra.

A faixa da Gaviões começa a chamar a atenção já na introdução, que traz uma citação a conquista da Libertadores da América. Em 2001 a Escola já havia feito isso, mas na ocasião ao conquista exaltada era a de seu primeiro Mundial de Clubes.

Ernesto Teixeira voltou a mostrar toda a sua competência na gravação ao dar uma resposta aos críticos que insistem em apontá-lo como ultrapassado.

A obra da parceria de José Rifai e cia. tem momentos pra lá de felizes, como a cabeça do samba que traz os versos “Vem ver/A Nação Corintiana/A força da nossa união/Eterna paixão, propaga a chama/Orgulho que não se compara, não pára!!! É religião/Que pulsa forte em cada coração”, uma clara citação a torcida que a cada dia se mostra ainda mais apaixonada. O que não deixa de ser uma homenagem a quem move o clube nas conquistas.

Daí por diante tem inicio uma descrição pra lá de competente da sinopse escrita pelo carnavalesco Max Lopes, dando ênfase em cada ponto importante da história da propaganda. Até os índios que pintavam papagaios com urucum para transformá-los em araras são citados.

O refrão central é além de descritivo muito animado! Os versos “Corre vem ver, to na tela da TV/Nas ondas do rádio to ligado em você/’Roda e avisa’ é carnaval/’Um minuto de comercial’”, lembra dos principais veículos de comunicação e de um dos maiores comunicadores do país, Abelardo Barbosa, o Chacrinha.

Não faltou crítica ao horário eleitoral, as promessas não cumpridas e os golpes aplicados por meio de jornais, rádios e pela televisão.

No final, a menção ao Leão de Ouro, o maior premio da propaganda mundial.

Como podemos ver, uma obra encorpada e de muita qualidade. Talvez o que faltava para a Fiel voltar a ser a grande campeã do Carnaval paulistano.

X-9 Paulistana


Enredo: “Se Pra Ter Diversidade Basta Viver em Harmonia Sorria... Pois São Paulo Hoje é só Alegria”

Autor: Rafael Pinah

Uma das grandes surpresas da safra!

Desde o anuncio do enredo, confesso ter ficado um tanto quanto apreensivo com a qualidade das obras que estariam em disputa na Parada Inglesa.

A surpresa começou ao termos ao menos uns 5 sambas com a competência necessária para serem levados para a avenida. Um deles (do meu parceiro Matheus X-9) inclusive caiu logo de cara por interferência política, mas não vem ao caso.

Fato é que após alguns anos com sambas apenas medianos, a X-9 volta a ter um samba de enredo que figura entre os melhores do ano.

É verdade também que qualquer samba levado pelo mestre Royce do Cavaco cresce absurdamente, mas neste caso, a participação do intérprete é apenas um detalhe (e que detalhe!).

A melodia começa a se destacar logo no refrão de cabeça, que nesse caso encerra a obra: “Hoje a X-9 é uma corrente de fé/Que traz amor e união!/São Paulo é harmonia/Alegria em cada coração”. Lembrou-me até um dos sambas da Escola que mais eu gosto, “Paz e Amor, Bicho”, de 1996.

A descrição do enredo contida na letra também vale destaque, pois conseguiu driblar a confusa e extensa sinopse.

O refrão da meiúca também é bastante agradável, trazendo uma batida envolvente por parte da bateria de mestre Bruxinha.

Mais um dos bons sambas da safra (até agora não houve nenhum samba contraditório)

Depois de muito tempo volto a criar expectativa com um desfile da X-9!

Império de Casa Verde


Enredo: “Pra Todo Mal, a Cura. Quem Canta Seus Males Espanta”

Autores: Aldair, De Paula, Dney Cheto, Rodolfo Minuetto, Vitor Romão e Bruno Ribeiro

Uma grandes injustiçadas do Carnaval de 2012 volta a ter como destaque um samba de enredo após alguns anos apresentando obras genéricas e de gosto um tanto quanto duvidoso.

Parece que depois que o produtor musical Marcelo Casa Nossa assumiu a direção de carnaval da Escola, os sambas de enredo da “Caçulinha do Carnaval” passaram a ser tratados com mais respeito e lapidados por compositores de verdade e não por aventureiros.

Como a medicina vem sendo cantada ano após ano no Carnaval (Imperador do Ipiranga 2010 e Imperatriz Leopoldinense 2011), imaginava-se que os compositores buscariam alternativas diferentes nas composições para não caírem no lugar comum de um enredo batido e exaustivamente repetido. Conseguiram cumprir a missão com êxito!

Se não chega a ser uma obra-prima, também está longe de ser apenas mais um samba na boa safra paulistana.

Com momentos de muita beleza, o samba da parceria de Rodolfo Minuetto e cia. tem na melodia o seu principal trunfo. Variações melódicas e rítmicas estão presentes por todo o corpo da obra, o que a qualifica ainda mais.

Outro trunfo dos compositores é o momento exata de explosão. O que seria isso? Eu explico. O samba vem num certo diapasão e exatamente em sua metade é que o “boom” acontece. E esse momento diferenciado é o refrão central que traz citações afro-brasileiras: “Atoto Obaluaiê... Obaluaiê/ Peço a sua proteção, eu peço axé/Curandeiro, sou a cura e a salvação/Canto meu destino em oração (agô... agô)”.

Outra vantagem da obra são os versos curtos, que não ficam enrolando pra não dizer absolutamente nada. Ao contrário, são sintéticos e muito bem escritos.

O intérprete Carlos Junior mais uma vez dispensa comentários quanto a sua atuação. Solidifica-se cada vez mais como uma das grandes vozes do samba paulistano. Elogios também são merecidos para mestre Zoinho, o melhor da atualidade e que transformou a bateria da Império de Casa Verde no que ela é hoje.

É o tigre no caminho certo para voltar a ser protagonista.

Águia de Ouro


Enredo: “Minha Missão. O Canto do Povo. João Nogueira”

Autores: Diogo Nogueira, Ciraninho, Leandro Fragonesi, Rafael e Serginho Castro

Destaque absoluto na safra do Grupo Especial!

Assim posso definir a obra que a Águia de Ouro levará para o sambódromo do Anhembi encerrando a primeira noite dos desfiles paulistanos.

Desde que o enredo foi anunciado, previa-se um grande samba, afinal, João Nogueira é sinônimo de qualidade musical e também de brilhantes sambas de enredo que compôs para a Tradição em seus primeiros anos de existência após a dissidência com a Portela.

Agora, o que dizer então do samba que o seu filho Diogo Nogueira compôs em homenagem ao pai?

Imaginem só a emoção desse rapaz! Afinal, não poderia haver maior exaltação ao trabalho e ao legado deixado pelo pai do que o seu herdeiro ser o responsável por essa homenagem musical.

No geral, um samba como poucas vezes tivemos o prazer de ouvir em São Paulo. Sua estrutura é diferenciada, bem como a sua melodia que foge do lugar comum e ganha inclusive ares de revolucionária. Sei que muitos “entendidos” irão me criticar, mas é uma revolução, sim!

Logo de cara, o refrão principal nos apresenta o enredo com competência. Os versos “João teu nome é história/O canto do povo te faz imortal/’Ninguém faz samba só porque prefere’/É ´nó na madeira´ o meu carnaval” são de arrepiar. Assim como no caso da Acadêmicos do Tatuapé, voltamos a ver o enredo ser mencionado dentro do samba. Espero que seja uma prática que esteja voltando para ficar, pois qualifica ainda mais as deficientes obras de hoje em dia.

Chegamos então em um dos momentos mais espetaculares da obra: “Ê vida boa... no Méier ‘labareda no olhar’/ Ê vida a toa... Boêmio a luz do luar/Ê vida voa... ‘O club do samba’ desperta saudade”. Há quanto tempo não víamos seqüência de citações em um samba de enredo? Mais um ponto para a parceria de Diogo Nogueira!

No refrão de meio, outro show de versos! Uma sextilha digna do mestre Martinho da Vila que além de elevar o nome de João Nogueira, exalta sua fé e religiosidade. Os versos “Bole que bole ‘no som dos tantãs’/ Me leva na fé São Jorge guerreiro/Quebra no ‘balacochê do Cavaco’/Clareia meus passos, São Sebastião/Aplausos para um gênio brasileiro/Águia de Ouro é samba, amor e tradição” são para ouvir e pedir bis!

E olha que o melhor ainda está por vir!

“Hoje o espelho é você/ E o ‘meu medo maior é o espelho se quebrar’/E o meu medo maior...”.

Isso é para fechar com chave de ouro não só o samba, mas o primeiro dia de desfiles no sambódromo. Fiquei encantado com esse trecho, pois foge totalmente do convencional e faz um gancho perfeito com o refrão de cabeça. Ou seja, é um retorno fora do comum. Samba é inovação!

O experiente Serginho do Porto a de 10 anos na Escola da Pompéia, completa o sucesso da faixa com mais uma segura e convincente apresentação. O que qualifica ainda mais a obra.

Deve arrebatar o Troféu Nota 10 no quesito sem maiores dificuldades!

Nenê de Vila Matilde



Enredo: “Da Revolta dos Búzios a Atualidade – Nenê Canta a Igualdade”

Autores: Cláudio Russo, J. Velloso, Ney do Cavaco, Marquinhos e Dr. Medina

Uma das mais representatividades do samba paulistano bem como do Carnaval brasileiro retorna ao Grupo Especial após amargar em 2011 mais um rebaixamento em sua história. Porém, dessa vez todos na Vila Matilde garantem que a águia voltou para ficar!

Com um enredo de temática negra (especialidade da Escola diga-se de passagem), não poderíamos esperar por outra coisa que não um grande samba de enredo.

Oriundo de uma parceria carioca encabeçada pelo veterano Cláudio Russo (autor de obras de grande sucesso pela Beija-Flor de Nilópolis), o hino que a Nação matildense levará para o Anhembi em 2013 é um dos grandes destaques da safra, o que não é nenhuma novidade para a agremiação.

Destaque total para a belíssima melodia da obra que me encantou desde a primeira audição ainda na quadra da Escola durante as disputas. Cheia de momentos de lirismo, a obra ganha um tom clássico que combina perfeitamente com a história da Nenê. Por isso talvez, a empolgação dos “filhos” do seu Alberto Alves da Silva, o saudoso “seu” Nenê, esteja tão em alta como a muito não vemos.

A letra faz citação a diversos movimentos negros ao longo da história, entre eles a Revolta dos Búzios, a Guerra de Canudos, a Cabanagem, entre outros. Movimentos musicais como o Olodum também são lembrados.

Uma outra coisa que chama a atenção na gravação é o show dado pela bateria do mestre Renato Sudário, que parece ter reencontrado a fórmula do sucesso após alguns maus momentos com o ainda jovem mestre Teco.

O intérprete Celsinho Mody conduz a obra com correção e conta com a participação mais do que especial de Luizinho Andanças, um dos maiores intérpretes da atualidade e que engrandece ainda mais este belo samba com toda a sua experiência e potencia vocal.

Acadêmicos do Tatuapé


Enredo: “Beth Carvalho, a Madrinha do Samba”

Autores: André Ricardo, Luciano e Vaguinho

Abrindo os desfiles do Grupo Especial do Carnaval paulistano, a Acadêmicos do Tatuapé retorna a elite prestando uma justíssima homenagem a Elisabeth Santos Leal de Carvalho, ou simplesmente Beth Carvalho.

A maior sambista do Brasil volta a ser homenageada por uma Escola de Samba após quase 30 anos (fora enredo da Unidos do Cabuçu em 1984, ano da inauguração do sambódromo) e com uma biografia ainda mais rica.

Seguindo uma linha que já tornou-se característica da agremiação da Zona Leste, o samba de enredo de 2013 possui uma melodia valente, que aliada a uma letra muito bem estruturada, garante a qualidade necessária para a ocasião, afinal, pra falar de Beth, nada mais justo do que um grande hino.

O refrão principal da obra tem a missão de levantar o sambódromo com os versos “Vem no sacode já é... Tatuapé/O povo todo te aclama/Beth Carvalho, a Madrinha do Samba/Beth Carvalho, a Madrinha do Samba”. Esses versos trazem de volta uma característica muito marcante dos carnavais das décadas de 50 e 60, que é a citação do enredo na cabeça do samba. Muito legal!

As grandes paixões de Beth são citadas ao longo do samba, bem como suas mais marcantes canções. Não faltam menções a Estação Primeira de Mangueira, ao Cacique de Ramos e ao Botafogo, clube de seu coração.

Outro ponto positivo e de destaque na faixa da agremiação no CD é a interpretação segura e como sempre pra lá de competente do cantor Vaguinho, que nos últimos anos recebeu inúmeras críticas devido a alguns excessos. Nada porém compromete a qualidade deste grande intérprete do nosso Carnaval.

No geral, o samba é uma das boas obras da safra paulistana que surpreendeu-me positivamente após alguns anos estagnada no que diz respeito ao quesito.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Confira as fantasias da Mancha Verde para o Carnaval 2013

A Mancha Verde disponibilizou as imagens dos figurinos que vão ilustrar o enredo "Mário lago - o Homem do Século XX", no próximo Carnaval.

Ao meu ver, o melhor conjunto apresentado pela Escola desde sua ascenssão ao Grupo Especial.

Até o sábado, 22 de dezembro, uma promoção promete agitar a torcida alvi-verde: quem quiser adquirir uma fantasia para od esfile de 2013, vai pagar apenas R$ 150,00.

As alas de comunidade podem ser negociadas por até R$ 30,00. Para isso basta comparecer ao ensaio, cadastrar-se, assinar o livro de frequência na quadra e garantir assim o seu lugar na Mancha.

Maiores informações em: www.manchaverde.com.br







Os sonhos vão tomando forma...



Estamos a 49 dias do início do Carnaval e nos barracões, o ritmo de trabalho é acelerado para que tudo esteja pronto para o grande espetáculo que acontece aqui em São Paulo nos dias 8, 9 e 10 de fevereiro.

As imagens postadas à cima são do barracão da X-9 Paulistana, que tem como carnavalesco o amigo Flávio Campello que vem realizando um belíssimo trabalho à frente de sua equipe.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

É sempre igual...

Com o final do ano e o início do mês de janeiro, uma velha conhecida de nós paulistanos começa a dar as caras mais uma vez... a chuva!

Hoje já tivemos os primeiros problemas trazidos pelas águas que castigaram a cidade no final da tarde.

Até às 19:00 h. cerca de 16 pontos de alagamento já chamavam a atenção da defesa civíl que trabalhava arduamente para avaliar as condições de casas e estabelecimentos comerciais que sofrerem com as enchentes.

Mais uma vez, os barracões das Escolas de Samba não foram poupados e alguns inclusive já tiveram seus espaços invadidos pelas águas.

Ainda estamos em 19 de dezembro, portanto, faltam 50 dias para o Carnaval. Janeiro ainda está por vir e a pergunta que fica é a seguinte: até quando vamos ter de conviver com a precariedade estrutural que São Paulo oferece a suas Escolas de Samba?

A Fabrica de Sonhos está com as obras em bom andamento mas não acredito em entrega já para 2014.

Faz-se necessário uma medida urgente que privilegie as agremiações que volta e meia sofrem com os problemas trazidos pelas chuvas de janeiro, afinal, o espetáculo é para o povo e serve como uma bela promoção a cidade de São Paulo.

Olho vivo, heim Fernando Haddad!

Lançamento do Kit Carnaval 2013 da Liga-SP

No último sábado, 15 de dezembro aconteceu no sambódromo do Anhembí a grande festa que marcou o lançamento do Kit Carnaval 2013 da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo.

Mesmo com a chuva que castigou a cidade durante todo o dia, o público não se intimidou e prestigiou as suas Escolas do coração, mesmo que á baixo do esperado pela direção da Liga.

Com a apresentação de 21 das 22 agremiações filiadas a entidade (a Acadêmicos do Tucuruvi anunciou a ausência por meio de um comunicado oficial, mas não justificou a mesma), samba de qualidade foi o que não faltou.

Destaque para as apresentações de intérpretes, baterias, casais de mestre-sala e porta-bandeira, passistas e rainhas de bateria.

Desde as agremiações que integram o Grupo de Acesso da Liga, o show foi praticamente irretocável. É verdade que em alguns momentos a chuva (a essa hora menos intensa que durante as primeiras horas da tarde) atrapalhou, mas nada que preocupasse o público em geral que mesmo coberto por capas e guardas-chuvas, não se intimidou e sambou até a madrugada.

Abrindo a apresentação das Escolas do Grupo Especial, a Rosas de Ouro que ainda tinha uma festa por acontecer em sua quadra, simplesmente arrebentou!

Com o tempo de 20 minutos no palco cada agremiação pode mostrar como vem se preparando para o grande espetáculo dos próximos dias 8, 9 e 10 de fevereiro no mesmo sambódromo do Anhembí.

O Carnaval de 2013 promete!!!

As últimas agremiações a se apresentarem contaram com a ajuda de São Pedro que segurou a chuva e permitiu assim que entre outras, a Gaviões da Fiel pudesse dar o sacode que o público esperava!

No geral, elogios a Liga das Escolas de Samba e a prefeitura de São Paulo, nova parceira da entidade que comanda o Carnaval. Oraganização houve, faltou talvez um pouco de sorte quanto ao fator tempo, mas nada que comprometa o brilho da festa.

Agora é aproveitar as festas de final de ano e começar janeiro com muito samba no pé, afinal, os ensaios técnicos já estão rolando e a presença de você que é apaixonado por Carnaval é de fundamental importância!

Prestigie sua Escola do coração e venha fazer parte dessa grande festa!

Evoê Carnaval!

Chegou dezembro...

Meus caros...

Devido a uma série de compromissos que foram desde a produção da Festa da Padroeira de Bragança Paulista até as partidas decisivas do Mundial de Clubes da Fifa, estive afastado do blog e assim, não pude comentar as últimas movimentações das Escolas de Samba no ano de 2012.

Hoje, após encerrar as atividades do ateliê neste ano, volto a dar aquela atenção toda especial a vocês que me acompanham desde 2010 nesse espaço de muita informação e de um gostoso bate-papo!

Nesse tempo, quase 30.000 pessoas estiveram por aqui comentando, elogiando, criticando, trocando idéias e dando sugestões. Aos poucos, pude atender a todos.

Voltando aos trabalhos por aqui, estou prestes a iníciar os comentários dos sambas de enredo das Escolas de Samba de São Paulo, no qual o lançamento do Kit Carnaval 2013, no último sábado foi um estrondoso sucesso de público e crítica.

Diferente do que vinha fazendo nos últimos anos, irei comentar também os sambas das agremiações do Grupo de Acesso, já que o Kit inclui também as obras das 8 Escolas que lutam por uma vaga no "Olímpo" do samba.

Ainda esta semana começam as análises que irão seguir o padrão dos últimos anos, com 4 postagens diárias.

Mesmo com as festas de final de ano se aproximando, as postagens serão diárias, portanto, vamos interagir até no reveillon!

Espero que possamos interagir como sempre e que independente de agremiação ou torcida, o que impere por aqui seja o samba!

Abraços!

____________________________________________________________________

Contato: sergiorazera@hotmail.com

Que felicidade... Corinthians Bi-Campeão Mundial!!!

Uma homenagem ao Sport Club Corinthinas Paulista, que ao bater o Chelsea no último domingo (16/12/2012), com gol do peruano Paolo Guerrero, sagrou-se bi-campeão Mundial, no Estádio de Yokohama, no Japão!

Parabéns aos bravos Cássio, Júlio César, Danilo Fernandes, Alessandro, Fábio Santos, Guilherme Andrade, Chicão, Paulo André, Anderson Polga, Wallace, Felipe, Ralf, Paulinho, Guilherme Torres, William Arão, Edenilson, Danilo, Douglas, Giovanni, Guerrero, Emerson, Jorge Henrique, Martinez e Romarinho.

Em especial, uma mensão ao "cara" que conseguiu transformar este Corinthians em um time acostumado a decisões: valeu Tite, você calou os que te criticaram e deu a resposta em campo com três títulos importantíssimos em um ano!

Que orgulho fazer parte desse Bando de Loucos!!!

#VaiCorinthians