sexta-feira, 30 de setembro de 2011

2000: O sonho da LIESB vira realidade

Logo após o carnaval de 1999, um dos maiores anceios dos sambistas bragantinos enfim tornou-se realidade. A Liga Independente das Escolas de Samba de Bragança Paulista (LIESB) deixava de ser apenas um sonho para se transformar na entidade maior que à partir daquele momento, cudiava dos interesses das agremiações carnavalescas da cidade.

A entidade que teve como primeiro presidente Cléber Centini Cassali, começou a trabalhar cedo pela organização e continuidade do bem executado projeto da Secretária de Cultura e Turismo que fez dos desfiles de 1999 um extrondoso sucesso de público e crítica.

A Passarela Chico Zamper a cada ano que passava ganhava uma maior atenção das autoridades envolvidas no evento e já desfrutava de uma estrutura capaz de abrigar mais de 50 mil pessoas por noite.

A polêmica do ano se deu pelo fato da liga diminuir o tempo de desfile para 50 minutos no Grupo Especial (denominação a qual passaria a ser usada este ano) e 45 minutos para as agremiações do Grupo de Acesso. A justificativa para isso foi a de que o trajeto do sambódromo estava 10 metros menor que nos últimos anos. A maioria das Escolas protestou mas de nada adiantou.

Novamente a TV Bragança foi responsável pela transmissão dos desfiles, este ano, porém, com uma maior ênfase em sua programação. Um dos principais programas da emissora na época, o João Carlos Carvalho Urgente, recebia uma agremiação por dia com seus respectivos presidentes, carnavalescos, intérpretes e casais de mestre-sala e porta-bandeira, para que contassem um pouco do que preparavam para o desfile e para apresentar os sambas enredo.

Falando em sambas, o CD, sucesso de vendas no ano anterior, foi novamente produzido por Davi do Pandeiro no Rio de Janeiro e contou com uma boa safra.

No domingo de Carnaval (05/03), o desfile teve início pontualmente às 20:00 h. com uma enorme queima de fogos que dava as boas vindas para o primeiro Carnaval do Novo Milênio.

G.R.C.E.S. MOCIDADE INDEPENDENTE JÚLIO MESQUITA

Erroneamente "convidada" a abrir os desfiles (pela posição obtida no ano anterior deveria ter ido para sorteio), a Mocidade Júlio Mesquita, que aquela altura já era considerada a quinta força do Carnaval bragantino buscava a sua afirmação no grupo de elite após algumas decepções. O enredo "Palmares, Ideal da Liberdade... Brasil, Fala a Verdade", da carnavalesca Magda Regina, era um grito de igualdade e se propunha a contar um pouco da história do negro no Brasil. O desfile que foi aberto com a Corte de Zumbi, na comissão de frente alternou entre bons e maus momentos. A opção da carnavalesca por tons de vermelho e laranja em algumas alas deu um aspecto um tanto quanto estranho a Escola, que tinha como marca a utilização de suas cores. Em termos plásticos, as alegorias não me agradaram, com excessão do último carro que representava uma favela e estava muito bem projetado, as demais apresentavam formas grosseiras e um relaxo no acabamento que não condizia com a história recente da Mocidade. Em algumas fantasias, o uso da palha e da ráfia funcionou muito bem, dando ao desfile a correção que o tema exigia. O samba enredo da Escola, considerado com todos os méritos um dos melhores do ano, foi defendido na avenida com muita categoria por Zequinha Rodrigues e Dizinho. A Mocidade terminou sua apresentação com algumas falhas de harmonia provocadas pela pressa com que alguns diretores de alas obrigaram seus componentes a evoluir. Um absurdo, já que a Escola não aparentava ter mais do que 450 componentes. Foi um desfile irregular, sem a ousadia prometida pela carnavalesca e sem a força que se esperava devido à suas últimas apresentações.


G.R.E.S. UNIDOS DO LAVAPÉS

Com o enredo "Lua - Mágia, Poder e Encanto", do carnavalesco Eduardo Rojo, a Unidos do Lavapés pretendia apagar a péssima impressão deixada com o problemático desfile de 1999 contando um pouco dos mitos, lendas e histórias que envolvem a Lua. O samba enredo de Gera da Cuíca, Sérjão e Jorjão, servia perfeitamente ao enredo e descrevia tudo o que a Escola levou para a avenida. Com a predominancia do verde e rosa, a Lavapés abriu o seu desfile com uma comissão de frente ricamente vestida de astrólogos. O abre-alas, apenas apresentava a Escola, sem nenhuma ligação com o enredo. A alegoria representava a águia em seu ninho. A boa bateria apresentou-se vestida de pescadores, no mesmo setor em que o bonito carro das marés empolgou o público. Aliás, em termos de alegorias, a Escola passou muito bem, com destaque para o segundo carro que trazia uma belíssima escultura de São Jorge, fazendo alusão aos elementos da natureza e as entidades africanas cultuadas no Brasil. Alguns tripés ajudaram a explicar o enedo na avenida, o que tornou o desfile bastante didático e de fácil entendimento, uma caracterista do carnavalesco por sinal. O desfile sem maiores problemas, terminou com uma bonita mensagem de esperança na alegoria intitulada "Nova Era", que trazia vários casais de diferente idades em frente a um belo chafariz. Ao termino da passagem da Lavapés, um timido grito de "é campeã" chegou a ser ensaiado.

G.R.C.E.S. NOVE DE JULHO

Ainda inconformados (e com razão) pela perda do título de 1999, a Nove de Julho apresentou o enedo "Carnaval na Avenida, Circo da Vida", dos carnavalescos André Acedo e Ana Carla, que nada mais era do que um bem humorado protesto contra os jurados que segundo o próprio enredo, "fizeram mágica e desapareceram com o título da Escola. O mundo do circo foi abordado no primeiro setor. Domadores, Mágicos, Palhaços, Bailarinas, Equilibristas e Malabaristas compuseram em um colorido genial o quadro intitulado de "O Circo Chegou". Na exibição do segundo quadro, um mar vermelho e branco tomou conta da Passarela Chico Zamper. Neste setor, teve início a crítica em relação ao Carnaval passado. O maior motivo de insatisfação da Escola, os pontos retirados dela referentes a quebra de um carro alegorico no desfile da escola que a precedeu, se transformou em uma originalíssima alegoria, com esculturas de palhaços circulando um carro velho (uma brasília) quebrada. O protesto foi claro e ao mesmo tempo sem ofender ninguem. Os mais de 700 componentes evoluíram de maneira correta e sem correria, o que serviu para valorizar ainda mais o visual apresentado pelos carnavalescos. Alguns tripés ajudaram a compor o cenário, alguns deles muito bem realizados. Outros nem tanto. A bateria esteve firme, com uma boa cadência e o samba de Anderson, Cézar, Paulo D'angelo e Tiquinho foi bem defendido pelo próprio Paulo D'angelo e pela família Pires, que fazia sua estréia no microfono da agremiação. Esses fatores ajudaram a valorizar o samba que não estava entre os melhores do ano.

G.R.C.E.S. ACADÊMICOS DA VILA

Passava das 23:00 h. quando o momumental abre-alas da Acadêmicos da Vila começou a se movimentar com certa sofreguidão na concentração so sambódromo. A alegoria em dois módulos que representava um trem era demasiadamente grande e apresetnava problemas desde as primeiras horas da tarde de domingo. O enredo "80 Anos de Nicóla Cortez", do carnavalesco Mingo, prestava uma justa homenagem ao ex-prefeito de Bragança Paulista que idealizou a construção do sambódromo em 1991. Com um número exagerado de componentes (algo em torno de 900), a Escola não foi a mesma dos outros anos e teve inúmeras falhas de harmonia e evolução ao longo de sua passagem. A comissão de frente, que representava a infância na década de 20, trazia grande pipas no costeiro e não favoreceram na evolução de seus componentes que claramente se mostravam desconfortáveis com o figurino. O abre-alas que seguiu dando problemas empacou de vez pouco a frente do primeiro módulo de julgadores, o que deixou a Escola parada por cerca de 30 minutos. O fato marcante que ocorreu neste desfie, foi a ordem da comissão organizadora do Carnaval para que o cronômetro, que a certa altura marcava 49 minutos de desfile (o máximo era de 50 minutos) fosse zerado, fazendo assim com que a agremiação não fosse penalizada com o estouro de tempo. Um verdadeiro absurdo. Com o problema da alegoria parcialmente resolvido, o desfile seguiu com alas que representavam a trajetória do homenageado em suas mais diversas facetas. Alas como a dos mascates, dos comerciários e dos industriais, mostravam com grande correção a vida de Nicóla, que surgiu emocionadíssimo na última alegoria da Escola, que fazia alusão a "Casa da Sogra", a loja de móveis e eletrodomésticos que era o carro chefe dos empreendimentos de Cortez. A bateria de méstre Bira se apresentou muito bem, sustentando o ritmo até na hora em que a Vila correu para terminar o seu desfile. A essa altura, a Escola já estava a mais de uma hora e meia na avenida. Apesar do belo visual, o carnavalesco errou a mão em castigar os componentes com fantasias muito pesadas. A opção pelo excesso de luxo não foi das mais felizes. Enfim, um desfile que merecia ser esquecido. Ainda mais em se tratando de uma tri-campeã.

G.R.F.S. DRAGÃO IMPERIAL

Perfilada na concentração desde às 23:00 h. a Dragão Imperial esperava pacientemente pelo início de seu desfile. E com as notícias nada boas do que acontecia com a Acadêmicos da Vila no sambódromo, a esperança do título parecia cada vez mais real. Pouco antes da 1:00 h. a Faculdade do Samba foi autorizada a iniciar a sua apresentação. "Voracidade Milenar - Lendas e Mistérios do Dragão", foi o enredo desenvolvido pelo carnavalesco Theodoro Trinta. O tema era uma exaltação ao simbolo da Escola, assim como a Vila havia feito em 1999. A convocação do intérprete Cássio Imperial na largada do samba chamava os componentes para brigarem pelo título tão sonhado, porém, para desespero da emergente torcida azul e rosa, o carro abre-alas que trazia três dragões teve assim como na passagem da Escola anterior, problemas para se movimentar. Pior, alguns metros antes da primeira cabine de jurados, a cabeça de um dos dragões simplesmente despencou, gerando um alvoroço dos diretores da agremiação em volta do carro para tentar concertá-lo sem prejudicar na cronometragem. Após muito corre-corre e contando com a ajuda de diretores de outras Escolas, o problema estava solucionado. Mas a essa altura, a Dragão Imperial já estava com 34 minutos de desfile. Mais de 600 componentes teriam de passar por uma pista de 740 metros em pouco mais de 15 minutos, uma missão praticamente impossível. E assim como na passagem da Acadêmicos da Vila, o cronômetro também foi zerado. A essa altura quem comemorava eram os torcedores da Nove de Julho, que até então havia feito o melhor desfile da noite e passava a ver que o campeonato era possibilíssimo. Voltando ao desfile da Imperial, o visual foi irregular, principalmente se considerarmos que o uso das cores não foi dos mais felizes em alguns momentos. Gostei muito da alegoria que trazia São Jorge em uma escultura de proporções bastante consideráveis. Ela não estava bonita como a da Unidos do Lavapés, mas foi de longe o melhor momento desse desfile. A bateria, que se apresentou como os "Dragões da Independência" deram um verdadeiro show. Foi ao lado das gueixas da comissão de frente o melhor momento da Escola. Ao final, o carro que representava as Drag Queens, exagerou no uso das cores e passou uma impressão um tanto quanto controversa em um momento completamente "fora de sintonia", embora, dentro do enredo. Foi um desfile simpático, mas bastante irregular.

Com todos os problemas enfrentados pela Acadêmicos da Vila e pela Dragão Imperial, grande parte da mídia e do público já dava a Nove de Julho como a campeã de 2000. A Unidos do Lavapés corria por fora na disputa, já que havia segundo as palavras do apresentador Juarez Sérgio em uma mesa redonda na terça-feira de carnaval, apresentado um desfile "sem a alma de Lavapés". Muitos torcedores da verde e rosa compartilhavam dessa opinião.

Na apuração do Grupo de Acesso, que aconteceu pouco antes da do Especial, a Sociedade Fraternidade, ex-União do Lago conquistava o direito de desfilar na Elite do samba bragantino em 2001 e a Unidos da Zona Norte, ganhava a promoção para o Acesso.

Com a comissão de Carnaval da Prefeitura e a própria LIESB (por motivos óbvios) ignorando os abusivos estouros de tempo de Vila e Dragão, a apuração teve início sob um clima de desconfiança geral de público e componentes das diretorias que não viam com bons olhos as atitudes do sr. Cléber Centini Cassali que favoreciam a sua Escola.

Com o passar dos quesitos, a Acadêmicos da Vila e a Dragão Imperial iniciaram a disputa pelo título com a Unidos do Lavapés (para a surpresa geral) e a Nove de Julho se alternando na terceira colocação. Com uma sucessão de notas baixas, a Mocidade logo já se deu conta de que o rebaixamento era inevitável.

O final da apuração foi sob vaias e gritos de "ladrão", entoados em direção de onde se encontrava Alessandro Sabella, relações públicas da Prefeitura e diretor da Acadêmicos da Vila. Em dado momento, o presidente da LIESB também não foi poupado.

O resultado oficial apontou o seguinte:

1° Acadêmicos da Vila - 293 pontos;
2° Dragão Imperial - 290;
3° Nove de Julho - 286,5;
4° Unidos do Lavapés - 284;
5° Mocidade Júlio Mesquita - 268,5.

A Nove de Julho mais uma vez era assim como em 1999 a grande injustiçada. A Acadêmicos da Vila comemorou o inédito tetra-campeonato e a Dragão Imperial mais uma vez ficava com o vice-campeonato.

A polêmica do cronômetro nunca foi esclarecida e o incidente foi praticamente esquecido pelas autoridades "competentes". Restou mesmo a indignação de quem presenciou esse fato lamentável na história do Carnaval bragantino.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

1999: O maior espetáculo do interior

Durante o ano de 1998, muito se discutiu a respeito da criação de uma liga para cuidar de maneira mais ordeira e profissional dos rumos do Carnaval bragantino. No entanto, o sonho de muitos dirigentes ainda estava apenas sendo cozinhado em fogo brando.

Outra questão importante a ser decidida para os desfiles de 1999, era a questão do números de agramiações desfilantes, uma vez que vinhamos de dois anos atípicos, com algumas Escolas deixando de se apresentar por uma série de fatores distintos.

Para o alívio da Secretária de Cultura e Turismo e da Prefeitura Municipal, as principais Escolas de Samba confirmaram presença no mega evento que era preparado para o último Carnaval da década de 1990.

A maior novidade no entanto, seria a unificação dos grupos, com todas as 8 agremiações disputando um Grupo, sub-dividido em Chave A e Chave B, onde pela classificação final do desfile, teriamos a redistribuição das Escolas para o desfile de 2000.

Uma grande novidade para o desfile de 1999, foi a gravação do CD com os sambas de enredo de todas as Escolas. A iniciativa que partiu das próprias agremiações e ganhou total cobertura da Prefeitura Municipal, deu uma outra vida aos desfiles de Bragança Paulista. As gravações aconteceram entre os dias 15 e 27 de outubro no Estúdio Hawaí, no Rio de Janeiro, sob a produção do intérprete Davi do Pandeiro.

Outra novidade foi a cobertura total dos desfiles pela já extinta TV Bragança. Antônio Carlos Gomes e Jota Malon, comandaram as transmissões que além de cobrirem as 4 noites de desfiles na Passarela Chico Zamper, estiveram presentes também nos principais salões da cidade e também na folia do Bloco do Guaraná, que tradicionalmente abre o Carnaval bragantino.

A ordem de desfile separou em duas chaves as chamadas quatro grandes Escolas da cidade, Unidos do Lavapés e Dragão Imperial na Chave A, e Nove de Julho e Acadêmicos da Vila na Chave B.

O desfile que começou rigorosamente as 20:30 h. com a apresentação da corte do Carnaval, reservava muitas emoções em sua primeira noite.

G.R.E.S. CAPRICHOSOS SAADA

As arquibancadas ainda estavam longe de estarem cheias quando o sistema de som da Passarela Chico Zamper anunciou o início do desfile da simpática agremiação do bairro do Uberaba. Com o enredo "História de um Preto Velho", da carnavalesca Sandra Elena Bastos, a Escola buscava driblar a falta de recursos com um tema de grande abrangência e que tinha no belíssimo samba enredo de autoria também da carnavalesca a sua principal arma. A Caprichosos começou o seu desfile com uma certa aprienção, uma vez que por problemas com a diretoria, o méstre de bateria Mazzola, proibiu os seus ritmistas de tocarem enquanto o mesmo não recebesse o seu pagamento. Um fato lamentável, mas logo resolvido pelo presidente Ronaldo Teixeira. Com o impasse resolvido, o desfile teve início com a sua comissão de frente apresentando passos de Jongo, com uma fantasia de palha e ráfia que mesmo simples, gerou um efeito muito bom. Infelizmente a primeira alegoria se apresentou ainda inacabada, com boa parte da ferragem aparente. As primeiras alas no entanto compensaram a má impressão do abre-alas. O setor que mostrou figurinos referentes a várias nações africanas, levavam para o carro da Senzala, este sim com um bom acabamento e com formas delicadas. No centro da alegoria, uma encenação de capoeira fez relativo sucesso com o público. À partir daí, o enredo passeou pelo tempo do Brasil colonial, com uma forte referencia ao barroco. Alas de damas, nobres, aristocratas e senhores de engenho desfilaram com muita classe e com uma evolução correta e bem ordenada. Novamente a Escola mostrou problemas no acabamento de outra alegoria. O carro que representava a mata e a sua fauna, tinha as peças de decoração dos queijos despencando ao longo da avenida. Ao final, a ala de crianças representando anjos e o carro que trazia a imagem do Preto Velho enfim liberto encerraram um desfile simples, porém com bons momentos de criatividade. Os quase 600 componentes tiveram na evolução o principal sustento da Escola.

G.R.F.S DRAGÃO IMPERIAL

Com um pequeno atraso devido a limpeza realizada na pista devido ao excesso de confete e serpentina atirado pelo público, a Dragão Imperial, uma das principais favoritas ao título deu início a sua apresentação. O enredo "Espelho, Espelho Meu. Narciso Sou Eu?", do carnavalesco Delmer Lima, falava da vaidade humana e como já vinha sendo uma das principais características da Escola, apelava para o bom humor. Desde os primeiros momentos do desfile, a alegria tomou conta das arquibancadas e houve uma comunhão maravilhosa entre a platéia e a os componentes da Dragão. O carnavalesco desenvolveu muito bem o enredo que passeou por várias épocas e trouxe muitos personagens conhecidos para ilustrar a temática abordada. No primeiro setor do desfile, a lenda de Narciso gerou alas muito bem vestidas, porém, trazendo esplendores com formas um pouco grosseiras. O momento mais bonito do desfile se deu com a passagem do carro de Oxum, a orixá da beleza que vinha cercada por belíssimos adereços feitos de palha. Os 500 figurantes evoluíram com bastante vigor e cantaram durante todo o tempo o animado samba de autoria de Genardão, Zulo, Paulinho Mala e Ademir do Cavaco. A bateria dessa vez dirigida por méstre Clebinho, foi um verdadeiro show. O único porém no desfile da Dragão Imperial ficou por conta da passagem da última alegoria, que fazia referência a busca pelo corpo perfeito e trazia a representação de uma animada acadêmia de ginástica. O carro que até tinha uma boa proposta, pecou grosseiramente pelo colorido exagerado e pelo acabamento precário. Se não fosse esse pequeno, porém gritante detalhe, a azul e rosa teria realizado um desfile perfeito.

G.R.E.S. UNIDOS DO LAVAPÉS

A Dragão Imperial estava na metade da pista e um clima de angustia e desespero tomava conta dos componentes da Unidos do Lavapés na concentração da Passarela Chico Zamper. O motivo para tal desespero se dava pelo fato das alegorias da Escola não terem chegado ao sambódromo até aquele momento. Ainda hoje é um mistério o que realmente aconteceu naquele fátidico 13 de fevereiro de 1999, porém, o que se sabe é que um dos mais luxuosos desfiles da história do Carnaval de Bragança Paulista foi por água abaixo naquela noite. O desfile da verde e rosa era aguardado com muita expectativa, pois o bom trabalho do presidente Nilton José Moraes e de sua diretoria refletia em ensaios quase sempre lotados e em uma arrecadação que permitiu conceber um Carnaval de quase 100 mil reais. O enredo "O 3° Milênio - Da Criação do Mundo a Viagem Espacial", do carnavalesco José Rabello, iria contar a história da humanidade e os principais avanços do homem. O problema é que o mistério que rondava o desaparecimento das alegorias, também acabou por atrapalhar outros setores da Escola. As fantasias da comissão de frente, por exemplo, que estavam sendo guardadas a sete chaves pelo carnavalesco no barracão e representariam andróides, também sumiram, o que obrigou os seus componentes a desfilarem apenas com as calças e os punhos do traje original. Em um último esforço dos próprios componentes da Lavapés, as alegorias foram levadas "no braço" por alguns ritmistas do barracão até o sambódromo. O desfile, previsto para ter início as 23:00 h. começou depois da meia-noite e com a agremiação já penalizada no item concentração. O gigantesco carro abre-alas que trazia a águia, simbolo da Escola representava a pré-história com várias cavernas e belas destaques representando a mulher primitiva. O primeiro setor tratou das grandes civilizações, como a Grécia, a China e o Egíto. Este último por sinal, ganhou uma magnífica alegoria toda em vermelho e dourado com pirâmides espelhadas, colunas com relevos de hieroglifos e uma riquíssima réplica da mascara mortuária de Tutancamon. Apesar da beleza plástica da Escola, os componentes sentiram o golpe e desfilaram desmotivados. Seguindo o desfile, a alegoria referente as grande invenções trazia uma belíssima escultura de Ícaro a frente de um gigantesco computador, fazendo uma referencia a ntiguidade clássica e a evolução tecnológica. Para representar o Brasil, o carnavalesco optou por um carro com mais de 50 crianças exaltando a UNICEF na figura do seu embaixador Renato Aragão, o Didi. Para encerrar o desfile que todo torcedor da Lavapés tenta esquecer, a alegoria que representava uma base de lançamentos com um foguete e tudo não chegou ao sambódromo. Horas depois soubemos que o carro estava preso a fiação elétrica a menos de 100 metros da concentração. O belo samba de Gera da Cuíca e interpretado com a maestria de sempre por Sérjão acabou se arrastando pelo desanimo dos mais de 700 componentes que claramente desejavam o fim daquele desfile. O que seria o mais belo desfile de 1999 (e certamente da história do Carnaval bragantino), não passou de um terrível pesadelo para a enorme nação verde e rosa.

G.E.R. UNIÃO DO LAGO

Com todos os problemas enfrentados pela Unidos do Lavapés, o desfile da União do Lago só foi começar por volta das 2:00 h. e com grande parte das arquibancadas já vázias. Para contar o enedo "120 Anos de Imigração Italiana - História Beirando a Poesia", de autoria do carnavalesco Toninho do Peruche, a União trouxe cerca de 200 descendentes de italianos para comemorarem junto ao público a integração entre Brasil e Itália. O problema é que com o atraso do início do desfile, a Escola acabou entrando fria na avenida e nem o belo samba de André, Jamerson, Éric e Washington conseguiu animar os seus mais de 600 componentes. O desfile até que começou bem, com a comissão de frente representando a Sociedade Italobrasileira apresentando uma coreografia agradável e com uma frantasia de indiscutível bom gosto. O Návio que trouxe a primeira leva de italianos para o Brasil foi representado no abre-alas, no entanto, os problemas de acabamento eram evidentes, o que comprometeu a beleza dos destaques. As primeiras alas trouxeram as lavouras de café, a música, a arte e a cultura trazida da Itália pelos imigrantes. A segunda alegoria da Escola, que aludia a culinária foi o mais belo do desfile. Mas, em seguida, começaram as oscilações e os bons momentos se resumiriam a algumas fantasias, principalmente as dos destaques quase todas com um acabamento primoroso. Em contrapartida, os carros alegóricos foram piorando consideravelmente. Com excessão de uma alegoria que trazia a réplica da igreja de Santa Terezinha, em uma homenágem ao saudoso padre Aldo Bolinni, que tinha bom acabamento, os demais carros da Escola eram de péssimo gosto. Além de um visual de altos e baixos, a bateria comandada por méstre Gui se perdeu e atravessou o samba ao menos duas vezes durante o desfile, o que também comprometeu a interpretação do sempre regular Adriano Pinheiro. O desfile terminou com uma alegoria referente ao Carnaval, com destaques representando Pierrô, Arlequin e Colombina. A essa altura, já passava das 3:00 da manhã.

Uma chuva insistente e constante castigou Bragança durante todo o domingo de Carnaval. Os desfiles previstos para ter início as 21:00 h. atrasou alguns minutos devido a alguns problemas no transito nas imediações do sambódromo.

G.R.E.S. IMPÉRIO JOVEM

Sob uma garoa fina, teve início a segunda noite de desfiles do Carnaval de Bragança Paulista. As luzes do sambódromo brilhavam para receber a Império Jovem, com o seu enredo "Amazônia, um Tesouro Brasileiro", do carnavalesco Marcelo Toledo. Um carro trazendo a coroa imperiana cercada por índias e belas vitórias régias abriu alas para os 350 componentes. À frente da alegoria, vinha uma simpática comissão de frente representando uma tribo de mulheres guerreiras. Tons de rosa e verde tomaram conta de todo o primeiro setor do desfile, que mostrou algumas tribos indígenas, com a chegada dos exploradores espanhóis, os tons foram ganhando mais força com alas em vermelho e laranja. O verde voltou a imperar com a passagem do carro "tesouro brasileiro", que trazia um jacaré e duas onças em meio a matas e flores. Aliás, deve ser ressaltada a qualidade no acabamento de alegorias e fantasias. A bateria de méstre Benê seguiu a linha tradicional, passando "reta" durante todo o desfile. O intérprete Jorjão na mesma linha dos ritmistas também não comprometeu. As baianas vestidas em tons terrosos representaram a cerâmica indígena. Apesar de toda a simplicidade, foi um desfile interessante.

G.R.C.E.S. MOCIDADE INDEPENDENTE JÚLIO MESQUITA

A Escola do bairro Dr. Júlio de Mesquita Filho abriu seu desfile com uma enorme quima de fógos. O enredo era "0900" do carnavalesco Alexandre Colla. Os figurinos eram de Magda Regina. O tema que pregava o lema "você pode ser feliz, basta acreditar", falava sobre os serviços prestados pelas linhas de 0900 que aquela altura invadiam o Brasil. Foi um enredo muito bem planejado, pois foi montado de forma a justificar a presença de fantasias características do Carnaval, como bruxas, palhaços e pierrôs. O carro abre-alas, que trouxe um enorme telefone rosa cercado por uma coroa composta por 4 leões, começava a mostrar que a Mocidade nãoe stava para brincadeira. O samba de Gera da Cuíca, Jorjão e Cosminho, era sem dúvida nenhuma o mais popular do ano e foi cantado por todos que lotavam as arquibancadas do sambódromo. Eu gostei muito da alegoria que falava sobre o exoterismo, com uma escultura muito bonita de uma cigana e destaques representando esculturas vivas. As fantasias mesmo que muito simples, eram belíssimas. Não faltou nem a referência ao tele-sexo, com direito a um carro com várias beldades de topless que deliciaram a platéia. Uma pena foi a quebra do carro alegórico das crianças, que representava os contos de fadas. No momento da quebra, a harmonia demorou para recompor o setor e um claro tomou conta da pista na altura do segundo módulo de julgadores. Ao meu ver, pela originalidade e a alegria dos mais de 400 desfilantes, a Mocidade entrava na disputa pelo título.

G.R.C.E.S. NOVE DE JULHO

Após uma rápida limpeza na pista, a Nove de Julho foi autorizada a iniciar o seu desfile. Logo no grito de guerra, o intérprete Xuxa chamou a comunidade para que realizassem o "maior" desfile da história da vermelho e branco. E empolgados com a convocação, os mais de 1000 componentes pisaram forte na Passarela Chico Zamper e prenunciavam um momento único na história do Carnaval bragantino. O enredo apresentado foi "Sonho do Olímpo na Noite de Explendor", dos carnavalescos Avelino Gomes e Ana Carla Acedo. O enredo era uma tentativa clara de repetir o sucesso de 1986, onde com um tema semelhante a Escola sagrou-se campeã com um dos desfiles mais comentados de todos os tempos. Quando a Escola entrou na pista, passava um pouco das 23:00 h. e a platéia se levantou e logo surgiram os primeiros gritos de "é campeã". À frete da Escola vinha uma maravilhosa comissão de frente vestida de Hermes, o mensageiro dos deuses. Na sequência, um carro momumental mostrou os portais do Olímpo, com soldados e ninfas guardando a entrada da morada dos deuses. O impacto com a passagem das primeiras alas foi de tal ordem que o público antes empolgado acabou ficando atônito com a sucessão de alegorias e fantasias que a Nove de Julho colocava na avenida. Uma mais bela e bem acabada que a outra. O momento mais belo do desfile sem duvida nenhum se deu após a passagem de uma ala vermelha, uma dourada e uma grande alegoria toda em preto, com leões alados e colunas compondo o cenário. Simplesmente perfeito. Ao final do desfile, um carro com 3 anjos pratas sobre um luxuoso caramanchão vermelho encerravam uma apresentação que foi irretocável. Grande desfile da Nove de Julho, o melhor do ano disparado e o melhor da Escola até os dias de hoje.

G.R.C.E.S. ACADÊMICOS DA VILA

Ainda com o público extasiado com a passagem da Nove de Julho, a bi-campeã do Carnaval bragantino, a Acadêmicos da Vila foi autorizada a iniciar o seu tão aguardado desfile. Mesmo com a soberba apresentação da escola que a antecedeu, os componentes da Vila estavam tão confiantes que entoavam o grito de "tri-campeã", frente às cameras da TV Bragança ainda na concentração. O enredo "Orgulho e Vaidade Fazem Parte Desse Show", de autoria da dupla Neinha e Pudim e com o desenvolvimento do carnavalesco Jaferson Pistorezi, iria exaltar o pavão, simbolo da Escola e simbolo universal da beleza. Mesmo que indiretamente, seria a segunda agremiação no ano a abordar a vaidade humana, mesmo que sob outra ótica. O desfile foi aberto com a lenda grega do surgimento do pavão, nascido das gotas de sangue escorridas da cabeça decaptada de Medusa. O carro abre-alas, ainda referente a lenda grega, trouxe um componentes encenando a batalha contra o monstro com cabelos de serpente, além de um magnífico leque representando a cauda do pavão na parte traseira da alegoria. O samba, o melhor do ano conquistou o público que entoava o refrão com muita alegria e empolgação. Empolgação essa superior a demonstrada durante o desfile da Nove de Julho. As fantasias estavam irretocáveis, com destaque para as milhares de penas de pavão espalhadas por quase todas as alas da Escola. A impressão que se tinha é de que não havia uma pluma sequer fora do lugar, tão perfeito era o visual da Vila. O segundo carro trouxe a índia, com elefantes, templos hinduístas e a figura de Sheeva. Tudo com o mais perfeito acabamento. O terceiro setor do desfile trouxe a figura do pavão na atualidade, como simbolo da beleza, da vaidade e até mesmo como figura do jogo do bicho, explicando a sua provável origem no Camboja. O jogo aliás ganhou uma alegoria com um globo, onde lindas garotas atiravam bolas com o número 19. A última alegoria, que represetava a própria Acadêmicos da Vila, trouxe um gigantesco pavão em uma linguagem moderna, com neon e estruturas metálicas retorcidas, gerando um belo efeito sobre fundo branco. O único erro da Escola ao meu ver foi ter passado relativamente rápido pela avenida, uma vez que com 47 minutos, a última alegoria já passava pelo meio da avenida. Mas isso de forma alguma comprometeu o maravilhoso desfile da azul e branco que credenciava-se a disputar o campeonato de 1999.

Com o termino dos desfiles uma certeza ficava na mente do público em geral e da mídia carnavalesca: foi o melhor desfile de Bragança Paulista em todos os quase 40 anos de Carnaval de rua. Ao menos 4 agremiações poderiam ser apontadas como favoritas. Isso era incrível.

A apuração foi realizada no Salão Ari Ramos, anexo ao Ginásio de Esportes Dr. Lourenço Quilice e contou com a presença das torcidas das Escolas de Samba que foram acomodadas nas arquibancadas do ginásio. Nos primeiros quesitos apurados, Acadêmicos da Vila, Dragão Imperial e Nove de Julho saltaram na frente, seguidas sempre de perto pela Mocidade Júlio Mesquita. Quando foram apurados os quesitos plásticos, a Acadêmicos da Vila e a Dragão Imperial se distanciaram da Nove de Julho, motivo esse pelo qual a enorme torcida da vermelho e branco presente na apuração se revoltou, afinal, foi de longe o melhor visual do ano. Enquanto a briga pelo título se intensificava, a Unidos do Lavapés, favorita de outrora, ia recebendo uma chuva de notas baixas e a essa altura, brigava pela 5° colocação com a União do Lago para não perder o direito de em 2000 desfilar no Grupo de Elite. Com a leitura das notas de mestre-sala e porta-bandeira, a Acadêmicos da Vila comemorou o inédito tri-campeonato. A Dragão Imperial que vinha até então empatada com a Nove de Julho, teve neste quesito o desempate e a confirmação do vice-campeonato, colocação essa mais do que comemorada por sua diretoria e torcedores, quem enfim rompiam a barreira da 4° colocação.

Eis a classificação geral:

1° Acadêmicos da Vila - 297 pontos;
2° Dragão Imperial -293;
3° Nove de Julho -292;
4° Mocidade Independente 288,5-;
5° Unidos do Lavapés -281;
6° União do Lago -275;
7° Caprichosos Saada -269,5;
8° Império Jovem -260,5.

As cinco primeiras colocadas garantiram presença no desfile do Grupo Especial de 2000. As demais agremiações, passaram a integrar juntamente com a Unidos da Zona Norte, fundada logo após o Carnaval de 1999, o Grupo de Acesso.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

1998: A hora de juntar os "cacos"

Passados os problemas ocorridos para a realização do Carnaval de 1997, a Prefeitura Muncipal de Bragança Paulista e a Secretária de Cultura e Turismo, resolveram traçar juntamente com as Escolas de Samba, um projeto bem detalhado para que em 1998, as festividades voltassem a ter o brilho dos anos anteriores.

Algumas agremiações, ainda temerosas após os últimos acontecimentos, optaram por não desfilares, entre elas a Nove de Julho e a Unidos do Lavapés, simplesmente as duas Escolas de Samba mais tradicionais da cidade. A hipótese de um grupo único para os desfiles, assim como em 1997 não estava descartado, entretanto, por decisão das próprias entidades carnavalescas, ficou estabelecido que os Grupos I e II, voltariam a existir, sendo assim, a Caprichosos Saada e a Império Jovem, desfilariam em busca do acesso, enquanto que a União do Lago, campeã do Grupo II em 1996, a Dragão Imperial e a Acadêmicos da Vila, iriam compor a Elite do samba bragantino.

No entanto, a exatos 18 dias do Carnaval, a Unidos do Lavapés que havia convocado uma assembléia que elegeu Nilton José de Moraes como o seu novo presidente, manifestava o interesse de desfilar. Sendo assim, em apenas 15 dias de trabalhos a Escola apresentou a maior prova de superação da história do nosso Carnaval.

No domingo, dia 22 de fevereiro, uma fina, porém insistente chuva caiu em Bragança Paulista durante quase todo o dia. Entretanto, por volta das 18:00 h. o tempo estabilizou e a noite do desfile das grandes Escolas de Samba foi sob um lindo céu estrelado.

G.E.R. UNIÃO DO LAGO

Com um atraso de aproximadamente 20 minutos devido a problemas para posicionar alguns destaques do grande carro abre-alas da Escola, a União do Lago deu início ao desfile do Grupo I apresentando o enredo "O Melhor da Raça, o Melhor do Carnaval", do carnavalesco Marco Aurélio Lisa. Debutando entre as grandes Escolas, a Tricolor da Zona Sul apresentou um visual simples porém de muito efeito. A opção do carnavalesco por materiais baratos como a palha, o capim desfiado e tingido e a ráfia, proporcionaram a União um visual que lembrava o efeito Kizomba, da Vila Isabel, de 1988. Desfilando com aproximadamente 400 componentes, a Escola fez um desfile um tanto quanto acelerado, talvés com medo de enfrentar problemas com as suas alegorias em função da chuva que caiu durante toda a tarde e acabou prejudicando as alegorias na área de concentração. O samba enredo interpretado por Adriano Pinheiro e a bateria comandada pelo méstre Gui, passaram sem comprometer. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, João Luis e Zuleika também deu conta do recado e colaborou para a boa exibição da União do Lago no Carnaval de 1998.

G.R.F.S. DRAGÃO IMPERIAL

Empolagados pelo sucesso de seus ensaios, a Dragão Imperial apostou na sorte e com o enredo "Crer ou Não Crer, Eis a Superstição", da dupla Denise Almeida e Roseli Zanini, tentava transpor a barreira da 4° colocação que insistia em perseguir a Escola. Abrindo seu desfile com uma impecável comissão de frente representando magos, o tom mais luxuoso que acompanharia a agremiação ao longo de toda a sua apresentação já dava as caras. Na sequência, o carro abre-alas com o Dragão estilizado de vidente consultando uma bola de cristal toda de neon deu o toque de bom humor que o enredo pedia. As primeiras alas fizeram referencia aos mais diversos amuletos da sorte, como o trevo de quatro folhas, o pé de coelho, a figa, a ferradura, entre outros. A alegoria do setor era uma mistura de todos esses elementos. Na sequência, a sorte foi abordada de maneira bastante lúdica, com alusões ao dinheiro, ao sucesso e ao exoterismo. Uma grande alegoria representando um caldeirão de bruxas foi mais um dos bons momentos do desfile da azul e rosa. Vale destacar também a enorme comunicação com o público que a Dragão Imperial alcançou com este desfile. O samba enredo, de letra fácil e melodia bastante intuitiva estava na boca do povo, porém, a sua qualidade era um tanto quanto discutível. Ao final da sua apresentação, a Escola ousou consultar os astros e perguntar se seria campeã do Carnaval. Com mais uma simpática apresentação (a melhor de sua história até então), a Dragão Imperial saiu da avenida com a certeza de que estava brigando sériamente pelo título com o qual tanto sonhavam.

G.R.E.S. UNIDOS DO LAVAPÉS

O público que lotava as arquibancadas da Passarela Chico Zamper esperava anciosamente pelas duas últimas Escolas que desfilariam na noite de domingo. Quando a Unidos do Lavapés foi anunciada pelo sistema de som do sambódromo a euforia foi geral. Apresentando o enredo "Deu a Louca na Águia", do carnavalesco José Rabello, a verde e rosa abordou uma viagem imaginária de um carnavalesco rumo ao seu desfile ideal. O enredo, confuso a primeira vista, serviria para anunciar o que estava por vir em 1999. Ou seja, a Lavapés ousou em levar para a avenida ema sequência. O desfile que iria abordar de tudo um pouco que se passa na cabeça de quem consebe um Carnaval, teve início com uma bela comissão de frente com 12 mulheres representando o Cortejo de Momo. O carro abre-alas, trazendo a Águia, simbolo da Escola saindo do seu pavilhão, teve Nathalia de Oliveira como destaque principal vestindo uma fantasia monumental toda em verde e rosa com detalhes em dourado. Logo em seguida surgiram vários tripés trazendo o imaginário infantil, com doces, brinquedos e palhaços, aliás, uma grande ala de crianças vestida de simpáticos palhacinhos veio a frente do carro que representava o Mundo Mágico do Círco. Depois, o carnavalesco viajou por locais frequêntemente visitados pelos artistas da folia, como a África, a Grécia, e China e o Egito. No final do desfile, uma alegoria muito original representando o Bug do Milênio dizia que "Não deu para chegar na China... falhou o computador", frase essa que também estava no samba enredo de autoria de Gera da Cuíca, Val do Cavaco e Carlão, defendido na avenida pelo intérprete Sérjão. A bateria do méstre Gui (César Augusto Oliveira) vestida de Arlequins do 3° Milênio teve momentos de explosão como a muito não se via. O desfile feito às pressas acabou coroando uma diretoria competente que tentava se reestruturar rumo ao grande projeto que envolvia o Carnaval de 1999. Deixou a avenida sob os gritos de "é campeã".

G.R.C.E.S. ACADÊMICOS DA VILA

Para encerrar o desfile, a campeã de 1996. "O Poder da Criação - A Mágia da Vida" foi o enredo que o carnavalesco Jeferson Pistorezi escolheu para tentar o bi-campeonato para a Escola de Vila Aparecida. Contando com o samba mais popular do ano, no qual o refrão "Gira o Mundo, o Mundo gira, na palma da sua mão/Na cadencia deste samba recebi o seu perdão" estava na boca do povo, a Escola trouxe em sua comissão de frente as musas da criação. A primeira alegoria ilustrava o enredo perfeitamente, com uma grande mão segurando o Mundo. As primeiras alas fizeram alusão ao dia e a noite, seguidas por um grande carro que trazia a terra nua. Os dias da criação eram abordados de maneira cronológica, assim como descritos na Bíblia. A bateria, representando os seres aquáticos veio no setor referente a criação do 3° dia. A bateria da Vila, agora sob o comando de Ubirajara Guerra, o Bira, manteve a qualidade e a pegada dos últimos anos e sustentou brilhantemente a passagem dos mais de 700 componentes da Escola. O último carro, que trazia a expulsão de Adão e Eva do paraíso tinha como estrutura central um gigantesco portão dourado guardado por um anjo. Na parte traseira da alegoria, um caminho aberto apontava que à partir daquele momento o homem deveria viver por sí próprio, dando uma bonita mensagem de esperança a humanidade. Com mais um bonito desfile, a Acadêmicos da Vila foi outra Escola a ouvir os gritos de "campeã" vindos do público.

Na quarta-feira, 25 de fevereiro, a apuração realizada no pátio do batalhão da polícia militar situado na Avenida José Gomes da Rocha Leal, acabou coroando a Acadêmicos da Vila com o bi-campeonato. No entanto, uma confusão na leitura das notas e no não julgamento de um recurso contra a Dragão Imperial por exceder o número de carros alegóricos, deixou em aberto o vice-campeonato.

Na somatória geral das notas a azul e rosa terminou meio ponto a frente da Unidos do Lavapés, que inconformada com a não penalização da rival, ameaçou entrar na justiça. Assim, ambas se consideram vice-campeãs do carnaval de 1998.

Com apenas duas notas 10, a União do Lago foi a última colocada e assim, retornava ao Grupo II.

O resultado final do Carnaval de 1998 foi o seguinte:

1° Acadêmicos da Vila - 269,5 pontos ;
2° Dragão Imperial - 264;
3° Unidos do Lavapés - 263,5;
4° União do Lago - 238;

O desfile do Grupo II, por contar com apenas duas agremiações não foi avaliado e assim, não haveria acesso. A Nove de Julho e a Mocidade Júlio Mesquita (que já haviam manifestado interesse de retornarem em 1999), voltariam automáticamente ao Grupo I. Logo após os desfiles de 1998, Pé de Cana, Unidos do Parque e Uniformizada Guerreiros do Leão, enrolavam o pavilhão definitivamente.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

1997: O ano da regressão

Com o sucesso alcançado pelas Escolas de Samba nos desfiles de 1996, imaginava-se que os anos que viriam, poderiam representar um salto ainda maior na qualidade do Carnaval de Bragança Paulista.

A maioria das agremiações estavam se profissionalizando e investindo cada vez mais na parte plástica dos desfiles. Por esse motivo, Bragança já era reconhecida a nível Nacional como um dos melhores carnavais de rua do país.

Porém, para a tristeza daqueles que amam o Carnaval, em um ano de contenção de despesas da Prefeitura Municipal e das constantes votações interrompidas na Câmara dos Vereadores, o então prefeito José de Lima, decidiu não repassar a subvenção destinada às Escolas de Samba, e investir cerca de 30% do que era movimentado nos anos anteriores em um Carnaval pequeno e sem o desfile oficial.

A notícia, como podem imaginar caiu como uma bomba no mundo do samba. As agremiações se desesperaram e temeram o pior. Claro que naquele momento muito já se especulava a respeito do que seria o Carnaval de Bragança Paulista dalí por diante.

Mas como o Samba é feito da persistência e da paixão de verdadeiros abinegados, a Acadêmicos da Vila, por meio de seu então presidente Edison Aparecido da Silva Pinheiro, o Edison Português, decidiu que mesmo sem o dinheiro da Prefeitura iria desfilar. Com o comunicado oficial da atual campeã do Carnaval bragantino, outras Escolas se empolgaram e resolveram seguir o exemplo da azul e branco e fazer um espetáculo para o povo.

Com essa decisão, a Prefeitura se viu em um verdadeiro "mato sem cachorro". Afinal, com a adesão de algumas Escolas de Samba, o povo teria o seu tradicional desfile, porém, não contaria com a estrutura do sambódromo, que vinha crescendo a cada ano. Foi aí, que em uma atitude louvável do prefeito, uma sessão extraordinária da Câmara aprovou um orçamento extra para o Carnaval, e um lance de arquibancadas metálicas foi montado na "reta" da Passarela Chico Zamper. A estrutura, embora mais acanhada que a dos últimos anos, comportaria cerca de 20 mil pessoas que mesmo sabendo das dificuldades das agremiações para prepararem aquele Carnaval, não deixaram um momento sequer de apoiar e vibrar com a sua Escola do coração.

O desfile que contou com um Grupo Único, sem avaliação, reuniu 4 agremiações que mesmo com todos os problemas, fizeram um bonito espetáculo para brindar e agradecer o público por todo o apoio e carinho.

CAPRICHOSOS SAADA

A agremiação que fez a sua estréia no Carnaval bragantino em 1996, voltava a desfilar em 1997 com a mesma garra e organização que a caracterizou em seu primeiro ano de avenida. Voltando a apresentar o enredo "Olinda, Festas, Costumes e Tradições", do carnavalesco Noy Camilo, a Caprichosos reutilizou várias fantasias e alegorias do ano anterior. Os quase 300 componentes da azul e verde do bairro Uberaba, desfilavam sem maiores compromissos com evolução e harmonia, realizando assim um desfile solto e alegre. O carro abre-alas, que trazia a escultura de um grande anjo dourado, foi ornamentado com delicadas rosas de eva, que deram um multicolorido especial a alegoria. Não faltaram alas fazendo referência a religiosidade, as festas típicas de Pernambuco e principalmente ao Carnaval de Olínda, com a presença dos bonecões e de uma grande ala representando o Galo da Madrugada. O final do desfile foi uma verdadeira festa. O que fez da passagem da Caprichosos uma das mais agradáveis do ano.

MOCIDADE INDEPENDENTE JÚLIO MESQUITA

Após o magnífico desfile apresentado em 1996, a Mocidade voltou a deixar uma boa impressão ao levar para a Passarela Chico Zamper um contingente de mais de 400 desfilantes em um ano de orçamento redusido e pouca mídia. Desfilando com o enredo "Sanduíche da Vida", de autoria de Antônio Mieli, a Mocidade contou a história do sanduíche. Mesmo desfilando com fantasias simples e com alegorias pequenas, o visual apresentado foi muito bem desenvolvido. A predominancia das cores da agremiação (preto, branco e pink), deu a Escola um apecto psicodélico, o que colaborou muito para o bom andamento do desfile. O samba enredo de autoria do compositor Sodinha, era animado e bastante descritivo. A bateria, comandada pela última vez pelo excelente Milton Carioca desfilou com a fantasia inspirada nos donos de bares e explodiu o público com aquela que fora apontada como a melhor apresentação da noite. No final do desfile, uma ala com 40 graçonetes fez muito marmanjo literalmente ficar de pé. Era a consolidação da Mocidade no cenário carnavalesco de Bragança Paulista.

DRAGÃO IMPERIAL

Levantando a bandeira do bom humor, a Dragão Imperial foi outra Escola a apresentar o mesmo tema que havia levado para a avenida em 1996. Rebatizado de "Água Que Pássarinho Não Bebe II: A Missão", a azul e rosa fez um desfile mais solto que no ano anterior, porém, com um visual mais simplório. A maioria das alas trouxeram as fantasias de 1996, porém, com algumas pequenas modificações. O carro abre-alas que trazia o dragão, simbolo da Escola apresentou destaques de composições bem realizados e harmoniosos. Sem se preocupar com o tempo de desfile, a Dragão foi a Escola que mais estendeu a sua apresentação, ficando na passarela por quase 70 minutos. Os componentes brincaram o Carnaval como nos velhos tempos, fazendo um clima de nostalgia imperar entre o público presente. Neste sentido, a passagem da Família Imperial (como a Escola é conhecida) foi marcante.

ACADÊMICOS DA VILA

Era por volta de 23:00 h. quando o imponente abre-alas da atual campeã do Carnaval começou a se movimentar na concentração. Com o enredo "A Mágia das Máscaras", da dupla Neinha e Pudim, a Vila não parecia ter sido afetada pelos problemas finânceiros que haviam assolado a cidade em meio a preparação das Escolas. Com a sua tradicional comissão de frente composta por belas mulheres, a azul e branco lembrou Veneza e os seus suntuosos bailes de máscatas no início de sua apresentação. O carro abre-alas, trazia a representação do enredo em estruturas contornadas por vários metros de neon azul. As primeiras alas da Escola se apresentaram de maneira impecável, com figurinos que pareciam ter acabado de ficarem prontos. No entanto, com o andamento do desfile, ficou evidente que o dinheiro acabou faltando. O casal de méstre-sala e porta-bandeira Bozó e Gí, fez uma das melhores apresentações que eu particularmente já vi. Na sequência, a bateria de méstre Claudinho Português ousou em convenções e paradinhas muito bem realizadas, o que sacudiu a avenida. O samba puxado por Dú Melancia e João Magrini também é digno de elogios. No último carro, o pavão, simbolo da Escola surgiu com as máscaras do teatro rodeado por destaques que lembravam as vedetes da época de ouro das revistas. Era sem sombra de dúvidas o melhor desfile da noite. O mesmo, acabou aclamado como o campeão em um ano onde o resultado era apenas simbólico, assim como todo o resto.

Como não houve apuração, uma espécie de mesa redonda com os presidentes, carnavalescos, intérpretes, diretores de bateria e casais de mestres-salas e porta-bandeiras foi formada pelo radialista Juarez Sérgio em seu programa matinal na rádio FM 102,1 onde foi discutido os desfiles de 1997 e os rumos do Carnaval em Bragança.

Por meio de pesquisa popular, o público em geral acabou escolhendo a sua classificação final.

Eis o resultado da pesquisa popular:

1° Acadêmicos da Vila;
2° Dragão Imperial;
3° Mocidade Independente;
4° Caprichosos Saada.

O que fica de positivo em um ano que foi considerado um regresso na história do Carnaval de Bragança Paulista, é a integração entre o público e as Escolas de Samba e a paixão do sambista em driblar as dificuldades e defender o seu pavilhão amado mesmo nas horas mais difíceis. É por essas e outras que o samba é algo tão apaixonante!!!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

1996: o ano das surpresas e das decepções

Passado o grande Carnaval de 1995, as atenções do publico sambista cresciam cada vez mais sobre as grandes Escolas de Samba de Bragança Paulista.

Para 1996, mudanças no regulamento fariam dos desfiles mais atrativos do ponto de vista dos espectadores, já que o tempo de apresentação das Escolas passaria de 50 para 60 minutos, proporcionando assim um espetáculo mais técnico. O número de jurados também cairia, uma vez que o julgamento aconteceria apenas em uma noite, não em duas como nos últimos anos.

Havia previsão de chuva para o domingo, 18 de fevereiro, mas graças aos deuses do Carnaval, o dia foi de Sol intenso e a noite bastante agradável com direito a uma leve e refrescante brisa.

O desfile teve início às 20:00 h. para espanto daqueles que acreditavam nos atrasos costumeiros e na desorganização que insistia em imperar no início da década de 90.

Um problema grave enfrentado pelas agremiações foi novamente o descaso da Secretária de Cultura e Turismo para com a área de concentração, uma vez que com o aumento considerável no número de alegorias das Escolas, algumas delas chegaram a se concentrar a aproximadamente 500 metros do início do sambódromo, o que acabou gerando alguns contratempos, mas nada que comprometesse o brilho daquele desfile.

G.R.C.E.S. MOCIDADE INDEPENDENTE JÚLIO MESQUITA

Após uma assenção meteórica, a Mocidade Independente estreava no desfile principal cercada de expectativa. Tal curiosidade se dava após o indiscutível título conquistado em 1995 no Grupo de Acesso quando apresentou o irreverente "Sem Real, Reciclamos o Carnaval", de autoria do carnavalesco Alexandre Colla. Para 1996, os animos da diretoria e da comunidade estavam em alta e todos se mostravam dispostos a buscar uma boa colocação. Com o enredo "Dança Brasil", a Escola entrou na pista embalada por um samba de excelente qualidade e que representava muito bem o enredo interpretado pelo sempre regular Dizinho. Nas fantasias e alegorias predominavam o branco, o prata e o dourado. O abre-alas trouxe o brasão da Escola, sustentado por dois leões e com uma bonita coroa girando no alto da alegoria. Aliás, vale à pena ressaltar o brilhante trabalho de alegorias realizado por Alexandre Colla. Os carros eram grandes e apresentavam esculturas e destaques de composição de indiscutível bom gosto. As alegorias mais bonitas eram as que representavam a Índia e o Balet Lago dos Cisnes, com a presença de bailarinas de verdade ensaiando passos do musical. A bateria vestida de Califa sob a regência do méstre Milton Carioca deu um verdadeiro show de ritmo e foi considerada a melhor do ano pela crítica especializada. O final do desfile trouxe uma bela sequência de alas que mostrava as principais manifestações folclóricas brasileiras, como o Maracatú, o Jongo, a Congada e a Folia de Reis. Foi um desfile muito acima do esperado por parte de uma Escola que acaba de chegar ao Grupo Especial. Só achei que a Mocidade desfilou com bem menos do que os 600 componentes anunciados.

G.R.F.S. DRAGÃO IMPERIAL

Com o enredo "Água Que Passarinho Não Bebe", da carnavalesca Sônia Feijó, a Dragão Imperial seguia em busca de um lugar ao Sol em meio ao convivio das grandes Escolas de Samba de Bragança. O enredo iria mostrar de maneira muito bem humorada os mais diversos tipos de bebidas apreciadas ao redor do Mundo, desde a popularíssima caipirinha brasileira até o sisudo gim, das frias terras escandinávas. Com a predominância do Rosa em suas fantasias, a Dragão novamente optou por alegorias pequenas, mas bem descritivas. O destaque alegórico fica por conta do carro que trazia uma caravela viking cercada por vários componentes representando o mar. A utilização de materiais simples na confecção das fantasias não gerou o efeito esperado pela carnavalesca, mas também não chegou a comprometer o conjunto. A bateria da Escola se apresentou de maneira correta e o samba que seguiu a linha do bom humor não chegou a empolgar como acreditava-se que aconteceria. No geral foi um desfile fraco, bem inferior ao da primeira Escola a se apresentar, a Mocidade Independente, porém, a família Imperial acreditava que a empolgação de seus componentes seria suficiente para coloca-la na briga pelo tão sonhado título.

G.R.C.E.S. NOVE DE JULHO

Passava das 22:00 h. quando uma grande queima de fogos anunciou o início do desfile da atual bi-campeã do Carnaval bragantino, a Nove de Julho. Com o enredo "Epopéia de Gigantes", que narrava a história da Olimpiadas e comemorava a chegada dos Jogos Abertos do Interior à cidade de Bragança Paulista, o carnavalesco Tito Arantes Filho concebeu um dos desfiles mais bonitos da década de 90. Desfilando com cerca de 900 componentes (um certo exagero) e embalados por um samba valente e de melodia marcante, a Nove de Julho novamente abusou do luxo e do requinte na apresentação de suas fantasias e alegorias. O carro abre-alas trouxe a representação do Monte Olímpo, com as figuras da deusa Athena e de pégasus componto o cenário que contou ainda com ninfas e gladiadores. A bateria novamente comandada por méstre Clay foi um dos pontos altos do gradioso desfile. A presença do vermelho e branco em quase todas as alas deu um toque de imponência a apresentação da Escola, que crescia ainda mais a cada virada do enredo. Já no setor que reverenciava os Jogos Abertos do Interior, a alegoria que fazia alusão às modalidades praticadas na competição trouxe uma piscina olímpica e vários elementos referentes aos materiais e equipamentos utilizados pelos atlétas. Um arrombo de criatividade. No final, uma alegoria toda espelhada trazia a bandeira olímpica e a logomarca dos Jogos Abertos de 1996, em uma belíssima homenagem a cidade de Bragança Paulista. A evolução da Escola seguiu fluente até o final do desfile. Sem dúvidas, foi um dos melhores desfiles da Nove de Julho e um dos melhores daquele Carnaval.

G.R.C.E.S. ACADÊMICOS DA VILA

Quando todos imaginavam que o desfile já estava "decidido", eis que uma segunda grande queima de fogos tem início e as arquibancadas da passarela Chico Zamper ganham as cores azul e branco. O discurso inflamado e emocionado de Alessandro Sabella, relações públicas e méstre de cerimônias da Acadêmicos da Vila antes da "largada" do samba enredo motivou ainda mais os componentes da Escola que começaram o desfile com os animos lá em cima. O enredo "Carmem Miranda, Banana da Terra", da dupla Neinha e Pudim prestava uma bela e justa homenagem a cantora que colocou o nome do Brasil nas principais paradas de sucesso Mundo à fora. A comissão de frente da Vila composta por 10 belíssimas sósias da cantora arracou calorosos aplausos do público que ensaiava ainda timidamente um grito de "é campeã". As alegorias da Escola se destacavam pela beleza das formas e as boas soluções alcançadas pelos carnavalescos em termo de materiais alternativos. O carro que representava a Rádio Nacional foi um dos melhores do desfile de 1996. Nada da vida e da carreira da cantora foi esquecido. O estilo tropicalista, o Cassino da Urca, a passagem pelos Estados Unidos, tudo estava lá. O samba enredo interpretado de maneiram empolgante por Dú Melancia e a excepcional bateria dirigida pelo méstre Claudinho Português foram outros fatores determinante para o sucesso do desfile. O carro que mostrava os filmes estrelados por Carmem Miranda foi representado pela figura de um grande projetor, de onde surgiam vários rolos de filmes com imagens da homenageada. A última alegoria mostrava a festa da chegada de Carmem Miranda ao céu, com vários anjos e estrelas em um belíssimo jogo de azul e prata. Foi um desfile técnicamente perfeito e com um contingente super favorável para o tipo de apresentação proposto pela Escola, cerca de 700 figurantes. A Escola passou sem abrir e com uma evolução fluente e costante.

G.R.E.S. UNIDOS DO LAVAPÉS

"Em Busca do Paraíso", de Alexandre Martins foi o enredo da Unidos do Lavapés, no carnaval de 1996. Contando a saga do espanhol Fernando Orellana em uma expedição no continente americano em busca do eldorado, a Verde e Rosa apostou em uma linha diferente de tudo aquilo que já tivera apresentado ao longo de 34 anos de existencia. O luxo seria explorado em fantasias e alegorias como jamais havia sido na tradicional agremiação do bairro do Lavapés. A comissão de frente foi formada por 10 navegadores espanhois que apresentaram uma bonita coreografia. Seguiu-se o carro abre-alas com destaques fazendo referencia aos nobres europeus do século XIV pedindo passagem para uma grande sequência de alas vestidas de índios. As baianas surgiram no setor das frutas tropícais e estavam como sempre muito bem vestidas. Os mais de 800 componentes desfilavam com rapidez, porém com ótima evolução. O samba enredo de autoria de Gera da Cuíca e Glauco Guarú sofreu algumas modificações e não passou bem na voz do intérprete Serginho X-9, que substituia o méstre Sérjão, que não desfilou devido a compromissos profissionais. O último carro da Escola mostrava Adão e Eva em frente a uma bananeira, o que representava segundo o enredo de que o Paraíso Bíblico se encontrava no continente americano. Foi um desfile de autos e baixos, mas o excesso de luxo e a presença pouco constante do verde e do rosa fizeram da apresentação da Unidos do Lavapés fria e sem a comunicação com o público típíca dos últimos anos.

O desfile encerrou-se por volta da 01:30 h. da segunda-feira e a organização foi digna de aplausos. Os desfiles foram empolgantes, de uma beleza plástica inquestionável e em momento algum cansativo.

Para o público, Mocidade, Nove de Julho e Acadêmicos da Vila tinham chances de conquistar o título.

Para alguns especialistas, a Mocidade era a maior candidata ao lado da Nove de Julho, já que brigava no mesmo terreno que a atual bi-campeã. A Acadêicos da Vila e a Unidos do Lavapés corriam por fora, já que haviam feito desfiles considerados "técnicos".

No entanto, a apuração apontou uma verdade não compactuada com o grande público.

Eis o resultado oficial:

1° Acadêmicos da Vila;
2° Nove de Julho;
3° Unidos do Lavapés;
4° Dragão Imperial;
5° Mocidade Independente.

Mesmo com um brilhante desfile a Mocidade era rebaixada para decepção geral de uma diretoria que trabalhou sério e que mesmo com as dificuldades financeiras enfrentadas pela Escola conseguiu levar para a passarela Chico Zamper todo o luxo e o requinte que o enredo exigia.

A Acadêmicos da Vila, no ano em que inaugurava a sua "Morada do Samba", maior orgulho de sua história, conquistou um campeonato que se não foi brilhante, pelo menos conseguiu ser emocionante.

Mas o que são notas e colocações diante de um desfile tão bonito e empolgante como o de 1996? Mais vale é a nossa emoção! Mais vale o nosso Carnaval!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

1995: Investimento pesado e o início da grande virada

O cabeçalho do suplemento especial do Bragança Jornal Diário, do dia 25 de fevereiro de 1995, antevia o grande espetáculo que seria apresentado logo mais a noite na Passarela Chico Zamper, o popular "Nicolódromo", apelido carinhoso dado ao sambódromo em homenágem ao ex-prefeito Nicola Cortez, idealizador do projeto, pelas Escolas de Samba de Bragança Paulista.

"De todas as cidades que compõe a região bragantina, Bragança Paulista é a que mais se preocupou com o reinado de Momo em 1995. Enquanto o carnaval de rua desaparece na maioria das cidades vizinhas, a Prefeitura de Bragança, aliada a Secretária de Cultura e Turismo, apesar de todas as dificuldades financeiras do Poder Público na atualidade conseguiu dar total infra-estrutura para a realização de um grande desfile, com início hoje, na Passarela Chico Zamper. A passarela está pronta para receber o público e os foliões. Além da arquibancada de concreto já existente no local, outra metálica de grande porte foi montada na passarela, além dos camarotes..."

Como podem ver, a espectativa em torno do evento era grande.

Os desfiles que começaram no sábado (25), com as Escolas de Samba do Grupo II, já deram uma prévia do que viria pela frente no desfile das chamadas grandes Escolas.

No domingo, por volta das 19:00 h. grande parte das arquibancadas do sambódromo já se encontravam lotadas. O desfile que estavam previstos para terem início às 20:00 h. sofreu um atraso de cerca de 40 minutos (pouco tempo para a época), devido a problemas enfrentados pela primeira Escola da noite na área de concentração, realizada em uma faixa estreita e com pouca iluminação na avenida dos Imigrantes.

Às 20:45 h. Bragança começou a assistir aquele que seria o divisor de águas na história do seu Carnaval.

G.R.C.E.S. PÉ DE CANA

A grande campeã do Grupo II em 1994 não se intimidou com a Elite do samba bragantino e apostou em uma linha mais tradicional para contar a saga do Carnaval com o enredo "Da Origem ao Apogeu", uma criação do carnavalesco Paulo Antônio Loriano. Trabalhando o desenvolvimento do enredo de maneira bastante didática e sem o mesmo luxo de outras Escolas, a Verde e Branco do Taboão se apresentou de maneira bastante correta, não cometendo nenhuma grande falha. Também não chegou a empolgar o público. Os melhores momentos na passagem da agremiação se deram com a apresentação de sua comissão de frente, composta por 12 belas mulheres e no bailar excepcional do casal de mestre-sala e porta-bandeira Tico e Ana. A bateria da Pé de Cana, dirigida por méstre Dila, a primeira mulher a dirigir uma bateria em Bragança Paulista passou "reta", sem fazer nenhuma bossa ou paradinha, porém, sustentando o desfile do início ao fim. A parte artistica da agremiação mostrou que a falta de recursos foi determinante nos quesitos fantasias e alegorias. Por mais que a idéia fosse muito boa, era visível que faltou dinheiro. A opção do carnavalesco pela utilização de adereços de mão em diversas alas compensou a pobreza de alguns figurinos. Vale destacar também a boa atuação do intérprete Clodoaldo, que cantou o longo samba da agremiação sem a presença de um cavaquinho no carro de som. Apesar de alguns bons momentos, a Pé de Cana não evoluiu bem e terminou seu desfile com dúvidas sobre qual grupo desfilaria no ano seguinte.

G.R.C.E.S. ACADÊMICOS DA VILA

Uma queima de fogos de mais de cinco minutos anunciava que a briga pelo título teria início com a passagem da campeoníssima Acadêmicos da Vila. A Azul e Branco vivia um bom momento e se estruturava para emplacar uma sequência de conquistas impressionante em um futuro bem próximo. Desfilando com aproximadamente 800 componentes, a Escola apresentou o enredo "Unidos do Pau Brasil", de autoria da dupla Néinha e Pudim, e contava de maneira bem humorada o descobrimento do Brasil. A dupla de carnavalescos investiu no brilho das fantasias e na grandiosidade dos carros alegóricos. Assim que a luxuosa comissão de frente dispontou no sambódromo apresentando 10 damas da corte portuguêsa maravilhosamente bem vestidas, o público foi ao delírio e cantou empolgado o belíssimo samba da parceria de Foguinho e Zuza. O carro abre-alas, uma grande caravela trazia o destaque Noy Camilo com uma linda fantasia em tons de amarelo e laranja representando o Sol das américas. Daí por diante o que se viu foram alas representando indios, portuguêses, a fauna, a flora e a chegada do negro africano. Vale ressaltar que no setor que trazia a influência africana no folclóre brasileiro, desfilaram alas reproduzindo ilustrações de Debret, importante pintor francês que foi tema da quarta alegoria da Escola. O desfile seguiu em grande estilo contando então a chegada do intrudo ao Brasil e por final, presetando uma bela homenagem a Pixinguinha. Infelizmente, os jurados não entenderam a proposta do enredo da Escola. Mas fica registrado um dos mais belos momentos da história do Carnaval bragantino com a passagem da Acadêmicos da Vila em 1995.

G.R.C.E.S. NOVE DE JULHO

"Sem Você Não Vivo". Com este enredo do carnavalesco Tito Arantes Filho, a Vermelho e Branco entrava na avenida disposta a conquistar o bi-campeonato após a brilhante vitória de 1994. Narrando na Passarela Chico Zamper as grandes paixões do brasileiro, a Nove de Julho investiu cerca de 55 mil reais na confecção do seu Carnaval, valor esse considerado absurdo para a época. Porém, todo o inverstimento se justificava logo na passagem dos primeiros elementos de desfile. A comissão de frente desfilou soberana com fantasias alusivas a paixão. O abre-alas trazia o titulo do enredo e mostrava grandes esculturas femininas trazendo em suas mãos corações com o nome da Escola. As primeiras alas representavam o homem e a mulher e levavam para o carro do Carnaval, com a figura do Rei Momo e belas destaques representando "arlequinas". Nada do cotidiano brasileiro ficou de fora do enredo de Tito Arantes. O futebol, a cerveja, a caipirinha, as comidas típicas, o sexo, tudo estava lá. A Nove de Julho apresentou uma sequência irreprensível de alegorias e fantasias em sua passagem. Isso foi determinante para o grito de "é campeã" ser ouvido pela primeira vez na noite de domingo. A bateria de méstre Clay foi um show à parte. O samba enredo, de autoria de Alemão do Cavaco e interpretado por Xuxa não era dos melhores, mas cresceu absurdamente na avenida e embalou seus componentes que cantaram a plenos pulmões durante toda sua passagem. Após a passagem da última alegoria, a velha guarda da Escola prestava uma homenagem a Zinho Pugiolli, ex-presidente da agremiação falecido no final de 1994. Com a passagem da Nove de Julho, uma certeza ficou: o sonho do bi-campeonato estava mais vivo do que nunca.

G.R.F.S. DRAGÃO IMPERIAL

Desfilando pelo terceiro ano entre as grandes Escolas de Samba de Bragança Paulista, a Dragão Imperial vinha disposta a furar a barreira que existia entre as três agremiações mais antigas da cidade: Unidos do Lavapés, Nove de Julho e Acadêmicos da Vila. O enredo "Confete, Saudade Colorida" era de autoria de Pedro Luis Pinotti e falava sobre as mais famosas marchinhas de Carnaval. Um enredo bastante leve que proporcionou a Escola um desfile animado e de fácil entendimento. Marchinhas famosas como "Jardineira", "Mamãe eu Quero", "Cachaça", "Pierrô Apaixonado", "Chiquita Bacana", "Seu Condutor", entre outras foram lembradas pelo carnavalesco que optou por alegorias pequenas e fantasias multicoloridas. Tudo na Dragão transmitia vida e era absolutamente jovial. O samba de Marcio do Cavaco, Zulo, Luis Carlos Genardão e Edison era sem duvidas o melhor do ano, o que provocou uma reação das mais animadas da platéia. vale destacar a boa performance do intérprete Cássio Imperial. A bateria de méstre Itamar deu show. Um momento marcante desse desfile sem duvida nenhuma fica por conta de uma alegoria que representava um bonde. Nela, vários casais vinham vestidos como nas décadas de 40 e 50 e atiravam confete e serpentina no público que respondia entoando o samba com muita empolgação. O desfile se encerrou com a lembrança dos antigos carnavais, através de fantasias muito bonitas e de uma alegoria que trazia a figura de Carmem Miranda, reproduzida em uma bela escultura feita pelo escultor Delmer Thiago. Com tanta empolgação, a Dragão Imperial deixou a passarela na certeza de que havia cumprido o seu papel.

G.R.E.S. UNIDOS DO LAVAPÉS

Passava da 01:00 h. quando uma outra grande quima de fogos anunciou a entrada da mais tradicional Escola de Samba de Bragança Paulista: a Unidos do Lavapés. Vindo de um título (1993) e um vice-campeonato (1994), a Verde e Rosa tinha tudo para viver um bom momento. Porém, como nada é fácil pelos lados do Lavapés, a falta de sintonia entre a velha guarda da agremiação e seus jovens talentos fez com que a presidente Cleide Rodrigues renunciasse em setembro de 1994. Daí até o final de dezembro, arrastousse uma briga pela presidencia que culminou em uma junta administrativa encabeçada por Gilson Alves, ex-mestre-sala da agremiação e um nome considerado de consiliação entre os dois lados. Tentando sair dessa crise, a Escola apostou em uma temática leve e fácil de se trabalhar: o circo. O enredo "Circo, o Maior Espetáculo da Terra", foi desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Martins. Quando o bonito abre-alas representando o Coliseu romano começou a se movimentar, o público se empolgou e começou a cantar o samba da dupla Luis Carlos e Alessandra magistralmente defendido por Sérjão. A Escola apresentou em suas alegorias soluções simples, porém de grande efeito. O carro que representava a China, por exemplo, tinha destaques luxuosíssimos e um colorido fantástico. Compondo o visual da Lavapés estavam alas vestidas de toureiros, bobos da corte, nobres europeus, palhaços, mágicos e bailarinas. No último setor, uma ala com cerca de 80 crianças representava os animais do circo e antecederam ao carro do picadeiro, com esculturas referentes ao leão, ao elefante e ao macaco. A alegoria encerrou um desfile que por incrível que pareça bateu de frente com o luxuoso desfile da Nove de Julho e credenciou a Unidos do Lavapés a disputar o título cabeça a cabeça com a sua tradicional rival.

Com cinco Estandartes de Ouro conquistados, a Nove de Julho era apontada como a grande favorita, porém, todos sabiam que a Unidos do Lavapés estava no páreo, assim como a Acadêmicos da Vila, que corria por fora.

Na apuração as surpresas iam acontecendo, como por exemplo, notas 6 e 7 em evolução para a Nove de Julho e a Unidos do Lavapés respectivamente, ou ainda a inexplicável nota 6 atribuída ao casal de mestre-sala e porta-bandeira da Pé de Cana, que saiu aclamado como o melhor do Grupo I. Em determinado momento, a Dragão Imperial equilibrava a disputa com as demais e chegou a encostar na Nove de Julho, que perdia pontos preciosos em evolução e melodia. Nessa hora, Unidos do Lavapés e Acadêmicos da Vila lideravam a apuração. No final da apuração, os quesitos plásticos fizeram a diferença a favor da Nove de Julho que arrebatou nota máxima em alegoria e cinco notas 10 e um 9 em fantasia.

Para a alegria da nação Vermelho e Branco, a Nove de Julho chegava a seu oitavo título, um dos mais justos da história, diga-se de passagem.

O resultado oficial foi o seguinte:

Nove de Julho - 294 pontos;
Unidos do Lavapés - 289;
Acadêmicos da Vila - 289;
Dragão Imperial - 280;
Pé de Cana - 237.

Relembrando a história recente do Carnaval bragantino

Boa noite meus amigos!!!

Nos últimos meses, estive coletando um vasto material a respeito do Carnaval de Bragança Paulista, desde 1995, ano em que a Secretária de Cultura e Turismo da cidade passou a administrar o evento, dando a ele corpo e aspecto mais profissional.

O Carnaval de rua em Bragança é um dos mais antigos do interior paulista. Os desfiles de escolas de samba tiveram início em 1963, porém, a competição entre as agremiações passou a ser oficial apenas em 1973. Antes disso, no entanto, tivemos uma grande insidência de blocos, cordões e ranchos, desfilando pela cidade e construindo uma belíssima história que mais adiante, gostaria de publicar. Mas isso fica realmente para uma próxima ocasião.

O que venho hoje postar, é uma idéia que sirgiu juntamente com um projeto que hoje ganha um maior destaque na mídia carnavalesca da nossa cidade: o resgate da história do Desfile das Escolas de Samba.

Passo à partir de hoje a publicar os textos que escrevi narrando e comentando os desfiles do Grupo Especial, de 1995 até a presente data.

De lá para cá já se foram 17 carnavais e consequentemente, muita história para contar.

Espero que acompanhem e gostem das histórias que envolvem o grande espetáculo das Escolas de Samba de Bragança Paulista. Um dos maiores (se não o maior) Carnaval do interior do Estado de São Paulo.

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PS: a foto que ilustra a postagem é do abre-alas da Acadêmicos da Vila, vice-campeã do Grupo Especial em 2011.

sábado, 17 de setembro de 2011

Andamento dos trabalhos - 17/09/2011

Na postagem de ontem, comentei sobre os trabalhos que estou realizando atualmente, frente ao Carnaval da Unidos das Águas Claras, em Bragança Paulista.

Pois bem, resolvi então à partir de hoje, postar uma espécie de diário contando sobre o andamento desse projeto.

Como podem ver nas fotos que ilustram o primeiro dia desse relato, estou na etapa que chamo de coloração, uma vez que após desenhar e "reforçar" os traços iniciais com nankin, é hora de dar vida ao trabalho.

É um dos momentos mais importantes e prazerosos do processo, já que a pesquisa de composição de cores é o que vai culminar em um efeito favorável a alegoria ou a fantasia em seu conjunto apresentado na avenida.

Quando estou trabalhando em uma alegoria, imagino esse carro como um todo, com as alas que o cercam e com os destaques em suas devidas posições. Essa é a minha linha de trabalho. Conheço outros artistas que optam por procedimentos diferentes, o que não quer dizer que sejam melhores ou piores, apenas que cada um tem a sua linha de trabalho e a segue a seu modo.



Como podem ver na segunda imagem, a alegoria está ganhando vibração com a escolha de cores fortes e vibrantes para representar a natureza, tema do carro abre-alas, que representa a chegada dos bandeirantes ao territória hoje denominado Bom Jesus dos Perdões.


A escolha de cores leva em conta tudo o que se refere ao item em questão: temática, história, personagens que a compõe, etc.


Não utilizo um único material na pintura, o que às vezes torna o trabalho mais longo e cansativo, porém, é assim que gosto de conduzir a minha rotina.


Neste trabalho, por exemplo, estou utilizando lápis aquarelável, tinta óleo e canetas hidrocolors.


O saldo de hoje (17/09/2011) é a conclusão da primeira alegoria, a qual ainda não irei publicar por motivos de força maior. Amanhã, como de costume não irei trabalhar. Na segunda-feira, a meta é concluir a segunda alegoria e já passar para o carro 3, que considero o mais complexo devido a sua riqueza de detalhes e número de elementos váriados.


Fiquem ligados, pois a cada dia irei contar-lhes as novidades e coloca-los à par do andamento desse novo e excitante processo criativo que me trouxe novamente a ativa no Carnaval bragantino!!!


Abraços a todos e um ótimo domingo!!!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Muito trabalho...

Olá meus amigos, bom dia!!!

Em primeiro lugar, quero pedir desculpas por não estar atualizando o blog com maior frequência. Essa ausência, porém, tem desculpa: estou naquele processo de criação e de quebra em ritmo acelerado para compensar o tempo perdido na elaboração do projeto visual da Unidos das Águas Claras, agremiação de Bragança Paulista, onde estou trabalhando atualmente.

No próximo dia 21 de setembro pretendo estar com todo o material finalizado para em seguida poder apresenta-lo ao presidente Robson Lima e a sua diretoria. Posteriormente, o mesmo será apresentado para o secretário de cultura e para o prefeito de Bom Jesus dos Perdões, cidade vizinha à Bragança Paulista e tema do enredo da Tricolor para o Carnaval 2012.

Na foto que ilustra essa postagem, vocês podem ver a minha mesa a alguns dias atrás com os primeiros esboços para fantasias e o começo da elaboração da alegoria que trás a réplica da matriz de Bom Jesus.

Em breve pretendo expor todo o material criado para o desfile aqui no blog.

Enquanto isso, sigo aqui trabalhando e dando o meu melhor para ver a Unidos das Águas Claras brilhar em 2012 e com a graça de Deus, retornar em 2013 ao Grupo Especial!!!

Um abraço a todos!!!