segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Velha Manga deu uma de Beija-Flor


A Estação Primeira de Mangueira é de fato e direito a Escola de Samba mais tradicional do Carnaval brasileiro. Isso ninguem discute.

A agremiação sempre realizou desfiles que tinham como principal características a valorização de seu componente e a afirmação de suas cores, o Verde e o Rosa.

Em 2002, a Mangueira conquistou de maneira indiscutível o campeonato com o enredo "Brasil com Z é pra Cabra da Peste, Brasil com S é Nação do nordeste", do carnavalesco Max Lopes.

E a Escola, empolgada com o sucesso do último Carnaval, resolveu que o bi-campeonato era um projeto a ser levado à sério pela comunidade e pela diretoria, que passou a administrar a agremiação como uma verdadeira empresa. Isso gerou uma receita fenomenal para a Estação Primeira.

E já viram, né... uma Escola de Samba com a tradição e a comunidade que a Mangueira tem, aliada a um orçamento pra lá de gordo, só pode gerar um grande Carnaval!!!

Só que há um pequeno detalhe nessa "fabula", a Manga não é uma agremiação que combina com luxo exagerado. É claro, tudo fica muito lindo, mas definitivamente isso não é para a Mangueira.

Isso não significa que o desfile da Escola no Carnaval de 2003 não tenha sido simplesmente a mais bela e luxuosa apresentação que eu já tenha visto de uma Escola de Samba até hoje!!!

"Os Dez Mandamentos, o Samba da Paz Canta a Saga da Liberdade", era o enredo que contava a história da Moisés, desde o nascimento até a libertação do povo hebreu e a condução desse povo até a Terra Prometida.

A comissão de frente (foto) foi um show a parte. Carlinhos de Jesus interepretou Moisés com direito a tábua dos Dez Mandamentos e espetáculo de levitação.
Pra quem baba ovo pra comissão de frente da Unidos da Tijuca em 2010, a encenação preparada pelo coreógrafo foi simplesmente magistral.

O que dizer então do carro abre-alas da Mangueira (a cima a esquerda)???

Uau...

87 metros de comprimento e uma cenografia mais do que perfeita. Sem contar as 16 bigas que vinham a frente do carro e serviam como moldura para a primeira ala da Escola, referente aos escravos hebreus no Egíto. O corpo da alegoria em sí era o suntuoso palácio do faraó Hamses. O cenário era algo mais do que perfeito, com direito a esfinges, colunas, cerâmica egípcia e vários adereços sempre muito suntuosos.

Aliás, todos os carros da Mangueira tinham a marca do luxo e das formas estravagantes. O que chegava inclusive a lembrar a Beija-Flor de Joãosinho Trinta na década de 80. Daí o título do post...rs

Mesmo com essa comparação, a Mangueira não deixou de ser Mangueira. Em nenhum momento a Velha Manga deixou de lado o seu estilo inconfundível de fazer Carnaval. Afinal, depois de Julio Mattos, Max Lopes é quem melhor conhece a Escola.

O defile foi digno de bi-campeonato, mas não foi bem assim que os jurados entenderam a apresentação da Verde e Rosa. Algumas notas bastante contestáveis deram espaço para a Beija-Flor conquistar depois de um bom jejum o título de 2003.

Do meu ponto de vista, o defile da Beija não era digno nem de terceiro lugar, quanto muito para título. Em 2003, Mangueira e Viradouro sobraram. Mas como cabeça de jurado é pior que bumbum de nenê, não posso cobrar muita coisa.

De positivo mesmo fica a bela e inesquecível imagem da entrada acaxapante da Estação Primeira na Sapucaí com sua comissão de frente inovadora e seu abre-alas monumental. Lindíssimo!!!

Carnaval 2003

G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira
Enredo: "Os Dez Mandamentos, o Samba da Paz Canta a Saga da Liberdade"
Carnavalesco: Max Lopes
Colocação: 2° lugar

Arriba Vila!!!


Após passar quatro anos no Grupo de Acesso, a Unidos de Vila Isabel retornou ao Grupo Especial em 2005 e sob a batuta de Joãosinho Trinta, realizou um belíssimo desfile e deu mostras de que havia voltado renovada e com a ambição de alçar vôos mais altos.

Entretanto, o carnavalesco que era parte do grandioso projeto da agremiação, havia sofrido um noco AVC (acidente vascular cerebral) e estava definitivamente afastado do trabalho. Isso aconteceu no final da preparação para o Carnaval 2005, tanto que o trabalho daquele ano foi finalizado pelo seu então auxiliar Wany Araújo.

Para 2006, o presidente Wilson Vieira Alves, o "Moisés", apostou an contratação de Alexandre Louzada para desenvolver o controverso enredo "Soy Loco Por Tí América, a Vila Canta a Latinidade".

As controversias do enredo não foram nada comparadas as geradas pela polêmica escolha do samba enredo da agremiação. Polêmica essa que chegou ao ponto de fazer com que Martinho da Vila se afastasse da sua Escola do coração.

Os questionamentos a cerca do enredo, se deram pelo fato de ser um tema semelhante ao abordado pela novela "América", então no ar pela Rede Globo. Algumas Escolas achavam que isso poderia gerar algum tipo de influência. O que obviamente não aconteceu.
Já quanto ao samba enredo a história é um pouco diferente. O méstre da Vila não concordou com o estilo de samba adotado pela Escola e se opôs ferrenhamente a obra vencedora, de autoria de André Diniz e parceiros.
De fato, o samba de 2006 nem de longe está a altura de grandes obras já apresentadas pela Azul e Branco do bairro de Nöel, mas temos de ressaltar também que este samba é a cara do enredo da Vila. Mas Martinho não pensa assim. Paciencia...
Mas nem Martinho pode negar o sacode que "Para bailar a bamba...", deu na Sapucaí!!!

Animados, os componentes desfilaram com uma garra que já evidenciava que a Vila Isabel havia entrado para buscar um algo mais. Não apenas para participar, como vinha fazendo desde o título de 1988.

As belas alegorias e o luxo das fantasias foram um diferencial pra lá de favorável a Escola. O carnavalesco Alexandre Louzada apresentava ali o seu melhor trabalho em mais de 20 anos de Carnaval.

A comissão de frente da Escola era bem simpática. Em uma brincadeira com os povos que chamam o Brasil de "República de Bananas", 14 simpáticas bananas vestindo trajes típicos de alguns países das Américas exibiam passos de danças como a rumba, a salsa e a lambada.

O abre-alas da Vila (acima a esquerda) era um deslumbre, só. Uma pirâmide Asteca toda espelhada e leques com centenas de plumas azuis davam toda a imponência necessária ao tema.
Na frente do carro, uma enorme "serpente emplumada", personagem de mitos das civilizações pré-colombianas encantava a platéia.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael e Ruth, além da afinadíssima bateria de méstre Mug, foram outros pontos altos desse desfile.
E como falar da bateria da Vila sem exaltar sua maravilhosa rainha???

A escultural Adriana Perret (foto), veio semi-nua e certamente deixou muitos corações dilacerados pelo Brasil. A bela que em 2002 desfilou pelas 14 agremiações do Grupo Especial, ostentava já a 3 anos o posto de rainha da bateria de méstre Mug.

Podemos diser que ostentou esse posto com todo o garbo e elegância!!!

O samba tão criticado na fase pré-carnavalesca cresceu e foi o hit do Carnaval 2006.

Com tudo isso, a Unidos de Vila Isabel após anos na "escuridão", havia voltado a brilhar.

E como já era de se esperar, a Escola conquistou após 18 anos de jejum, o título de campeã do Grupo Especial, desbancando a tri-campeã Beija-Flor de Nilópolis que fez um desfile muito fraco e quase não voltou para as campeãs.

Com esse desfile a Vila readquiriu o respeito perdido no final da década de 90 e ainda por cima atingiu o status de potência do samba, uma daquelas que está no páreo todos os anos. Depois disso, só restou uma coisa a ser dita:

"Arriba Vila"!!!

Carnaval 2006

G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel
Enredo: "Soy Loco Por Tí América, a Vila Canta a Latinidade"
Carnavalesco: Alexandre Louzada
Colocação: Campeã

Surgiu uma estrela

A Unidos da Tijuca é uma das três Escolas de Samba mais antigas do Rio de Janeiro. Junto com a Mangueira e com a Portela, a agremiação do Morro do Berel participou do primeiro desfile de Carnaval, organizado em 1932.

Mas já a muito tempo a Escola não vinha apresentando grandes desfiles e chegou a oscilar entre Grupo Especial e Acesso algumas vezes na década de 80 e em 1998.

O último bom desfile da Tijuca, tinha acontecido em 2000, quando retornava a Elite e conseguiu uma brilhante 5° colocação com o enredo "Terra das Papagaios... Navegar Foi Preciso", do carnavalesco Chico Spinoza.

Depois disso, foram desfiles bonitos, mas fracos no ponto de vista técnico. Muito pouco para uma agremiação com a tradição da Unidos da Tijuca.

Mas a coisa começava a mudar logo após o Carnaval de 2003. O carnavalesco Mílton Cunha foi dispensado pelo presidente Fernando Horta e a Escola tentava sem sucesso a contratação de um novo artista. O nome de Chico Spinoza era a primeira opção da Escola, mas como Chico estava na Mocidade Independente, dificilmente a negociação daria certo.

Após algumas sondagens que não evoluíram, Horta surpreendeu a todos ao fechar com o até então desconhecido Paulo Barros. Paulo tinha passagens por Unidos do Cabuçu e Vizinha Faladeiras nos Grupo de Acesso e estava praticamente fechado com a Caprichosos de Pilares para o Carnaval de 2004. Mas devido a questões políticas na Escola de Pilares, ele foi preterido pelo jovem Cahê Rodrigues.

Já pensaram que a história poderia ter sido diferente? Hoje poderiamos estar falando de Caprichosos de Pilares e não da Unidos da Tijuca.

Mas voltando ao tema do post, Paulo Barros chegou com muita personalidade e apresentou o enredo "A Criação do Sonho e o Sonho da Criação - A Arte da Ciência no Tempo do Impossível", um tema que abordaria as principais evoluções da ciência ao longo da história da humanidade. Algo inédito até então.

No entanto, o estilo de trabalho de Paulo Barros era diferente de tudo que já tinhamos visto ao longo de décadas de Carnaval. Contam que o barracão de Escola era sinônimo de desespero de diretores e torcedores, pois o que se via até poucos dias antes do desfile era um emaranhadod e ferros retorcidos e estruturas que não formavam nada que poderia ser carnavalizado.

O carro do DNA por exemplo, era motivo de discordia dentro da Escola. Mal sabiam eles que essa alegoria mudaria definitivamente a cara da agremiação e os rumos da Folia carioca.

A genialidade do carnavalesco ia muito além. A fantasia da comissão de frente já dava mostras de que o desfile seria algo inovador!!!

Fantasiados de robôs (foto), os 14 componentes da comissão possuiam fantasias que traziam diversas engrenagens, relógios e chapas de metal. Tudo isso sobre uma base giratória controlada por uma bateria embutida nas costas do componente. Além disso, em determinados momentos do samba, o figurino ganhava uma iluminação especial que destacava ainda mais a fantasia.

Na seqüência, o carro abre-alas trazia a figura do físico Albert Einsten, mestre de cerimônias que foi o responsável pela apresentação do enredo.

À partir daí a criatividade do carnavalesco não teve limites. Passaram pela avenida alas de múmias, destaques representando Frankeinstein, além é claro do deslumbrante carro do DNA.

Pois é... a estrutura metálica tão combatida na época pré-carnavalesca ganhou vida com mais de 100 componentes com os corpos pintados de azul, representando os movimentos das moléculas de ácido desoxi ribonucleico, o nome científico do DNA.

Fora isso, o samba enredo apenas mediano ganhou em empolgação e a bateria de méstre Celinho deu um verdadeiro show. O que qualificou ainda mais o desfile inovador e correto da Unidos da Tijuca.

Ao termino da primeira noite, a Escola era ao lado da Portela uma das preferidas do público.

Na apuração, a Tijuca foi a única agremiação a fazer frente a campeã Beija-Flor de Nilópolis. Mas ainda não seria dessa vez que o tão sonhado título chegaria para a comunidade do Borél.

No entanto, o vice-campeonato foi muitíssimo comemorado. Era uma reviravolta na história da Escola. O que acabou culminando em uma série de grandes desfiles até chegar ao título incontestável de 2010.

Aí você me pergunta: porque então o maior desfile da Unidos da Tijuca na década não é o do título??? Simples, porque sem esse arrebatador desfile de 2004, nada disso estaria acontecendo com a Escola. Lembrem-se, Paulo Barros era para fazer esse mesmo enredo na Caprichosos de Pilares, e aí a história poderia ter sido totalmente diferente.

Por isso, o Carnaval de 2004 é extremamente especial. Foi o nascimento de uma grande estrela da Folia e que hoje brilha no mais alto posto que um carnavalesco pode alcançar, o de campeão do Grupo Especial carioca!!!

Carnaval 2004

G.R.E.S. Unidos da Tijuca
Enredo: "O Sonho da Criação e a Criação do Sonho - A Arte da Ciência no Tempo do Impossível"
Carnavalesco: Paulo Barros
Colocação: 2° lugar

Injustiçada!!!

Pouco antes do Carnaval de 2003, a LIESA e os presidentes das Escolas de Samba do Grupo Especial, decidiram que para os desfiles de 2004, estariam liberadas as reedições de grandes sambas enredo que marcaram as respectivas agremiações.

Essa notícia agitou os sambistas e fez muita gente sonhar em ouvir novamente sua Escola de coração cantar aquele samba que tanto marcou a sua vida!!!

A Portela, agremiação das mais tradicionais do Carnaval carioca, foi a primeira a manifestar interesse no sistema de reedições.

Mas qual enredo escolher levar novamente para a avenida???

Uma Escola como o Portela, possui um acervo de sambas enredo de respeito. Mas um deles é mais do que especial. Que me perdoem os adoradores de "Contos de Areia", "Ilú Ayê", "Macunaíma", entre outros. Mas "Lendas e Mistérios da Amazônia" é algo assustador. Um samba mais do que perfeito!!!

Isso tudo pesou e o enredo campeão de 1970 seria novamente transformado em um deslumbrante e inesquecível desfile. Para tentar repetir o sucesso de quase quarenta anos atrás, a Portela apostou suas fichas no carnavalesco bi-campeão de São Paulo, o carioca Jorge Freitas, que voltaria a assinar um Carnaval na cidade maravilhosa após 5 anos afastado do maior palco da Folia.

E logo de cara Jorge Freitas mostrou a que veio. Já na apresentação dos protótipos teve muito portelense chorando e exclamando com todo o amor: "a Portela voltou!".

E realmente, nunca vi a Portela tão linda como no desfile de 2004.

Desde a comissão de frente, passando pelo maravilhoso carro abre-alas (a cima a esquerda) que representava o "Ritual do Grande Pajé", e seguindo por alas muito bem vestidas, com requinte, luxo e tudo regado por um acabamento perfeito. Marca do carnavalesco.

A ala das baianas da Escola de Madureira representava as "Pedras Preciosas" (foto) e estavam deslumbrantes. Uma das alas mais bem vestidas que eu me recordo de ter visto em 18 anos que acompanho Carnaval.

Destaco também a segunda alegoria da Portela, na qual Jorge Freitas apresentou a lenda do Sol e da Lua. Nela, o carnavalesco se utilizou de esculturas de índios para ilustrar o amor impossível dos astros. A Lua aparecia na parte da frente da alegoria em tons azul e prata e chorava por ter perdido seu grande amor. Na parte traseira do carro, o Sol parecia tentar desesperadamente alcançar a sua amada sem sucesso.
Foram algumas das esculturas mais expressivas daquele Carnaval.

Do ponto de vista estético, o desfile da Portela superou em muito o da campeã de 2004, a Beija-Flor. Mas como os jurados quase nunca vêm o mesmo que nós, "meros mortais", a avalanche de notas "contestáveis" apareceu e a Azul e Branco nem nas campeãs voltou.

Algo simplesmente absurdo!!!

Só não digo que a Escola tinha o melhor samba enredo do ano porque concorria com nada menos que "Aquarela Brasileira", reeditado pelo Império Serrano. No mais, o melhor desfile do ano de longe!!!

Mesmo com tudo isso, vou sempre me lembrar do que vi a Portela e o meu grande amigo Jorge Freitas fazerem na Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2004. Ambos foram injustiçados neste desfile. A Escola pela inexplicável 7° colocação e o carnavalesco por ser dispensado poucos dias após a apuração. Resultado as vezes não é tudo. Mas paciência. Poucos tem a capacidade e a competência para entender uma coisa dessas.

Carnaval 2004

G.R.E.S. Portela
Enredo: "Lendas e Mistérios da Amazônia"
Carnavalesco: Jorge Freitas
Colocação: 7° lugar

Uma delírante confusão que deu samba

Pense rápido: o que Brasil e Dinamarca têm em comum a ponto de virar enredo em uma Escola de Samba no Carnaval do Rio de Janeiro?

O país escandinávo é um dos mais belos e fascinantes do Mundo. Mas ele não esteve presente no desfile da Imperatriz Leopoldinense em 2005 por nenhuma de suas belezas naturais.

Sua cultura é diversificada e no campo cultural, o país se destaca por grandes artistas plásticos e artesões habilidosos. Mas também não foi isso que seduziu a agremiação da zona da Leopoldina.

A genial carnavalesca Rosa Magalhães, renomada pesquisadora e dona de um talento infindável na área de elaborar bons enredos, precisava maquear um "possível" patrocínio para um enredo que falaria sobre a Dinamarca.

A saída encontrada por Rosa, foi exaltar um dos maiores escritores infantis de todos os tempos: o dinamarquês, Hans Christian Andersen. O autor de contos e fabulas como "O Patinho Feio" e o "Rouxinol do Imperador", seria homenageado no ano em que completaria 200 anos do seu nascimento.

Mas a carnavalesca, cerebral como sempre, não se conteve em "apenas" contar a história e as histórias a cerca de Andersen. Para Rosa o muito ainda é pouco. Principalmente em termos de enredo.

Outra saída genial de Rosa Magalhães: a carnavalesca proporcionou um encontro imaginário entre dois gênios, Andersen e o brasileiro Monteiro Lobato, maior referência da literatura infantil em terras tupiniquins. O cenário para essa ocasião não poderia ser outro, se não o Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Estava feita a "Delirante Confusão Fabulística"!!!

O desfile da Imperatriz fora um pouco prejudicado pelos acontecimentos que culminaram no desastroso desfile da Portela naquele ano. Mas os prejuízos para o povo de Ramos foram apenas referentes ao desgaste de ficar cerca de uma hora de pé na concentração esperando a liberação da Marques de Sapucaí para iniciar o seu desfile.

Mas no momento em que o intérprete Ronaldo Ylê começou a cantar o maravilhoso samba da Escola, a coisa mudou. Ninguem parecia estar cansado. Desfilavam como a muito tempo a Imperatriz não fazia!!!

A comissão de frente representando o "Cisne Altaneiro" (a cima a esquerda), apelido de Hans Christian Andersen, foi um dos pontos altos do desfile. Tanto a fantasia, quanto a bela coreográfia elaborada pelo talentoso coreógrafo Fábio de Mello, empolgaram o público.

O visual da Imperatriz refletia o estilo de Rosa Magalhães, leve, colorido e de fácil entendimento.

O abre-alas da Escola também era uma aposta
ousada da carnavalesca, pois possuia duas partes distintas. O primeiro módulo da alegoria (foto) mostrava um palco onde eram encenados trechos de peças escritas por Andersen e trazia a figura do escritor um pouco mais a cima. Já o segundo módulo trazia sereias e uma coloração esverdeada e com muita transparência. O resultado foi ótimo. Coisas de Rosa Magalhães.

Após o desfile, muitos acreditavam inclusive no título da Imperatriz, mas a Escola não conseguiu superar o 4° lugar do Carnaval passado.

O belíssimo desfile da agremiação de Ramos, foi o último grande momento da Escola no Grupo Especial. Depois disso, a Imperatriz tem oscilado entre posições intermediárias (7° e 8° lugares). Isso acabou de certa forma culminando na saída de Rosa da Imperatriz em 2009, mas isso não vem ao caso.

Fato é que o desfile de 2005 foi um dos mais belos dos últimos tempos. A Dinamarca deu samba, quem diria!!!

As obras de Monteiro Lobato foram inceridas à partir do quinto setor. E o resultado também foi muito legal. Deu ainda mais leveza ao visual da Imperatriz e colaborou para todo esse sucesso obtido naquele Carnaval.

É essa Imperatriz que o mundo do samba quer ver voltar a brilhar na Marquês de Sapucaí!!!

Carnaval 2005

G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense
Enredo: "Uma Delirante Confusão Fabulística"
Carnavalesca: Rosa Magalhães
Colocação: 4° lugar

sábado, 26 de fevereiro de 2011

São Clemente e Grupo Especial, realmente não combinam

Calma, fieis clementianos. O título do post não é nenhuma crítica ou provocação!!!

Do início da última década, até o desfile do próximo final de semana, a Amarelo e Preto de Botafogo irá completar o seu quarto desfile no Grupo Especial. Mas em nenhum deles a Escola conseguiu superar a última colocação.

Não adianta. Por isso disse que a São Clemente e o Grupo Especial não combinam. Ela pode vir linda e maravilhosa que os jurados a vêm com descaso.

Na série dos melhores desfiles de cada agremiação na última década, começamos as homenagens as Escolas de Samba do Rio de Janeiro com aquela que tem a grande responsabilidade de abrir os desfiles do maior Carnaval do Mundo.

Em 2004, a São Clemente obteve novamente o direito de estar na Elite da folia carioca. Para tal, contratou o carnavalesco Mílton Cunha e apostou an sua maior característica, a irreverência e o deboche. Cada agremiação tem a sua marca, essa é a da Escola da zona sul.

O enredo "Boi Voador Sobre o Recife, o Cordel da Galhofa Nacional", narrava as peripécias da corte holandesa em terras brasileiras, mais precisamente em Recife. O personagem principal desse delirante conto tipicamente brasileiro, era o conde Maurício de Nassau, que no enredo foi tratado como o pioneiro dos crimes de colarinho branco em nossa história.

O samba enredo é de longe o mais animado da década. O refrão "Todo mundo pelado... beleza pura/Todo mundo pelado... mas que loucura/Ninguem segura a pereréca da vizinha/É um barato a buzina do Chacrinha" é simplesmente hilário!!!

O desfile em sí foi muito bom. Ao meu ver, muito, muito, mas muito superior aos da Tradição e da Porto da Pedra, por exemplo. Mílton Cunha soube muito bem trabalhar com as cores da Escola (missão pra lá de difícil) e optou por um visual extravagante e de impácto.

O carro abre-alas por exemplo, ousou em formas e deu uma cara bem diferenciada ao início do desfile. A resposta foi positiva.

As alas apelavam para o bom humor e eram de fácil entendimento, o que colaborou para o andamento da boa apresentação da São Clemente.

A bateria, intitulada "A fanfarra dos cornos" (foto), era uma aposta ousada do carnavalesco, pois convenhamos, componentes exibindo grandes chifres na avenida não é algo muito legal...rs

Mas o que importava???

O clima durante o desfile era de total descontração. A Escola passou muito bem na avenida. Destaque total para a formidavel performance do intérprete Anderson Paz na condução desse divertido samba enredo.

Mas como disse no começo da postagem, nem com um desfile à lá Joãosinho Trinta é suficiente para livrar a São Clemente do rebaixamento.

A Escola recebeu uma enchurrada de notas baixas e como não poderia deixar de ser, ficou na última colocação entre as 14 agremiações do Grupo Especial.

Mas Graças a Deus isso parece não abalar a Escola. Ela esteve presente na Elite novamente em 2008 (mais um belo desfile por sinal) e retorna agora em 2011 com uma nova proposta e apostando no talento de um jovem carnavalesco. Como não haverá rebaixamento neste Carnaval, a São Clemente está garantida por pelo menos dois anos no Especial, o que acontecerá depois disso ainda é uma incógnita, mas é bom que os fiéis clementianos comecem a se preparar, pois os jurados parecem não ir muito com a cara da Escola de Botafogo.

Carnaval 2004

G.R.E.S. São Clemente
Enredo: "Boi Voador Sobre o Recife, o Cordel da Galhofa Nacional"
Carnavalsco: Mílton Cunha
Colocação: 14° lugar

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Retrospectiva Rio de Janeiro

Terminada a retrospectiva dos melhores desfiles do Carnaval de São Paulo na última década, é chegada a hora de revermos os enredos que mais marcaram os anos 2000 na cidade onde tudo começou, o Rio de Janeiro.

À partir da amanhã, teremos as três primeiras Escolas de Samba da cidade maravilhosa.

Aguardem...

Luxo e requinte não bastaram para realizar do sonho do Tri

A Império de Casa Verde teve uma ascenssão meteórica no Carnaval de São Paulo.

Fundada em 1994, a Escola levou apenas oito anos para chegar ao Grupo Especial. Melhor que isso em apenas 10 anos de existência, a caçulinha conquistava seu primeiro título na elite do Carnaval paulistano. Aos 11 anos, bi-campeã.

À partir daí, a Império passava a ser vista como uma das grandes forças do nosso Carnaval.

Tanto no título de 2005, quanto no bí, em 2006, a principal marca da Escola era a grandiosidade das alegorias e o requinte em seu acabamento. Carros e fantasias praticamente perfeitos. Um trabalho impecável que colocava a agremiação sempre entre as favoritas a conquista de títulos.

Para tentar o tri-campeonato em 2007, o diretor geral da agremiação, Junior Marques, resolveu levar para a avenida o seu sonho, o enredo "Glórias e Conquistas - A Força do Império Está no Salto do Tigre", que contava a história do grandes impérios existentes na história da humanidade. Um tema rico que proporciona um visual poderoso.

A Escola era novamente a grande favorita. Durante a fase pré-carnavalesca, oito em cada dez sambistas apostavam em mais um "salto do tigre". Também não é para menor, toda essa euforia era justificada pela preparação que a agremiação fazia vizando uma nova empreitada bem sucedida. O samba enredo, diferente do que vinha acontecendo nos últimos anos foi um dos mais executados e estava na ponta da língua dos povão.

Essa força do povo, aliada aquilo que a Império melhor sabe fazer, só poderia render um espetáculo de primeira grandeza. E adivinhem só???

Uma palavra pode expressar o que foi o desfile da Império de Casa Verde no Carnaval 2007: EXUBERANTE!!!

Nunca se viu na história do Carnaval de São Paulo, um desfile tão grandioso, tão belo, tão luxuoso, como o que a Escola do tigre levou para o Anhembí para defender sua supremacia.

Falando em tigre, o que eram aqueles cinco tigrões que vinham a frente do maravilhoso abre-alas representando o império chinês?

O que dizer então dos cavalos que puxavam a carruagem de Alexandre "O Grande", no mais que perfeito carro alegórico referente ao império macedônico (foto)???

Fiquei sem palavras ao ver esse espetáculo proporcionado pela Azul e Branco da Casa Verde.

Eu ainda trabalhava na concentração na noite do desfile da Império e pude ver de perto todo esse show de requinte e beleza que a Escola levou para o Anhembí. Vendo tudo isso na minha frente posso dizer: era ainda mais lindo que por fotos ou pela Tv.

A única Escola que talvéz tenha feito "frente" para a Império (embora bem inferior plásticamente), foi a Unidos de Vila Maria. Mas pensar que a agremiação não conquistaria o título era algo absurdo.

Mas os jurados não pensaram assim. Uma absurda 5° colocação que até hoje ninguem entendeu. Naquele ano, venceu a Mocidade Alegre, com um desfile que na minha modesta opinião, não merecia nem voltar para as campeãs. Mas fazer o que.

Com essa impactante apresentação, a Império de Casa Verde está eternamente gravada na história do Carnaval paulistano com um desfile que para muitos, era superior inclusive ao de algumas Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Pena que até hoje, isso não tenha mais se repetido. Mas 2010 está aí... sou suspeito para falar, mas aguardem!!!

Carnaval 2007

G.R.C.S.E.S. Império de Casa Verde
Enredo: "Glorias e Coquistas - A Força do Império Está no Salto do Tigre"
Carnavalescos: Renato Lage, Márcia Lavia, Junior Marques, Carlos Lopes e Ney Meirelles
Colocação: 5° lugar

Gaviões da xeque-mate na concorrência

A Gaviões da Fiel foi uma das Escolas de Samba de maior sucesso no início da última década. Grande parte desse exito fora obtido com a marca de seu carnavalesco, o genial Jorge Freitas.
Muito luxo, requinte e uma cabamento mais do que detalhista eram a tônica nos desfiles da agremiação Alvi-Negra.

De 1999 até 2001, a Gaviões era considerada o "bicho-papão" do Carnaval paulistano. O título com "O Principe Encoberto, ou a Busca de Dom Sebastião na Ilha de São Luiz do Maranhão", representou o início de uma revolução na estética dos desfiles de São Paulo. Na época, o carnavalesco Roberto Szaniech fora o responsável por essa nova tendência. Já em 2000, no Carnaval dos 500 anos do Brasil, a Fiel Torcida corintiana buscou em Jorge Marcos Freitas, a continuidade desse trabalho iniciado pelo polonês. Tanto em "Um Vôo Para a Liberdade" (2000) e "Mitos e Mágias na Triunfante Odisséia da Criação" (2001), a Gaviões sobrou na avenida. Um vice-campeonato e uma terceira colocação mais do contestáveis e a afirmação de um trabalho que à partir daí, tornou-se a marca registrada da agremiação.

Para o Carnaval de 2002, a Escola buscava novamente o campeonato. Para isso, o carnavalesco buscou um tema atual e que ao mesmo tempo renderia uma estética privilegiada. Para isso, Jorge Freitas criou "Xeque-Mate", um enredo que contaria a história do jogo de xadrez e que ao mesmo tempo, levaria a dança das pedras para o nosso dia-a-dia.

O enredo da Gaviões passeou pelas civilizações que deram origem ao jogo e tratou também do Jogo da Vida, utilizando suas "peças" para ilustrar o FMI, a política interna nacional entre outros assuntos que estavam em alta na época.

O visual da Escola como não poderia deixar de ser, foi o forte da Gaviões.
Alegorias maravilhosa e com um acabamento sublime (foto) mostravam que a agremiação não estava de brincadeira. As fantasias exibiram um colorido todo especial, coisa até então rara em desfiles da Gaviões que sempre marcou forte as suas cores (Preto e Branco).
Era nítido, mesmo após o maravilhoso desfile da X-9 Paulistana, que a Gaviões da Fiel era a maior favorita ao título daquele Carnaval.
Isso foi confirmado na apuração. A Escola sobrou na apuração e terminou a corrida na primeira colocação, conquistando assim o seu terceiro título no Grupo Especial.
Xeque-Mate, mais do que um enredo vitorioso, foi um grito contra o cenário político brasileiro e mundial. A Gaviões cumpriu o seu dever social e de quebra, fez valer a sua supremacia obtendo uma das vitórias mais incontestáveis dos últimos tempos.
Carnaval 2002
Grêmio Gaviões da Fiel Torcida
Enredo: "Xeque-Mate"
Carnavalesco: Jorge Freitas
Colocação: Campeã

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Campeã de fato e direito

Até hoje fico abismado com o que fizeram com a X-9 Paulistana no Carnaval de 2002.



Ok, a Escola excedeu em um minuto o tempo máximo para concluir o seu desfile. Mas o que justifica a perda de inexplicáveis 6 pontos???

O Carnaval de 2002 era muito especial para a comunidade da Parada Inglêsa, pois seria o primeiro ano da Escola sem o seu grande presidente, Laurentino Borges Marques, o Lauro, falecido logo após o desfile de 2001.

A preparação para este Carnaval no entanto foi a base de muita emoção. O enredo "Aceito Tudo, Quem sou Eu?", do carnavalesco Lucas Pinto, contava a história do Papel, desde os primeiros escritos no Egíto (foto) até a sua utilização na atualidade e a consciência da preservação âmbiental.

Num todo, o desfile da X-9 Paulistana em 2002, foi o único que fez frente a Gaviões da Fiel (campeã). Os componentes da Escola desfilaram extravasando a emoção em homenagem a seu eterno presidente. Era evidente que o título era o maior objetivo da agremiação naquele Carnaval.


O samba cantado de maneira sublime pelo excepcional Royce do Cavaco, as alegorias muito bem trabalhadas por Lucas Pinto (foto) e o canto da comunidade foram os diferenciais da X-9. Desde o título conquistado em 1997 com o enredo "Amazônia, a Dama do Universo" eu não via a Escola desfilar de maneira tão vibrante.

Mas o excesso de componentes e a evolução cadênciada em demasia no início da sua apresentação, determinaram o atraso na saida da pista.

Esse atraso não diminuiu o brilho de um magnífico desfile. Mas contou pontos preciosos na corrida pelo título.

No final, os 6 pontos perdidos tiraram o que seria o empate com a Gaviões da Fiel na primeira colocação e levaram a X-9 a uma modestíssima 10° colocação.

Para todos a imagem que fica no Carnaval 2002 é a de um belo desfile da Vermelho, Verde e Branco e do campeonato "moral" conquistado pela agremiação. A Gaviões da Fiel é a campeã de 2002, ponto. Mas a X-9 Paulistana merece tanto essa conquista quanto a co-irmã Alvi-Negra.

Foi sem dúvida um belo presente para o querido Presidente Lauro!!!

Carnaval 2002

G.R.C.E.S. X-9 Paulistana
Enredo: "Aceito Tudo, Quem Sou Eu?"
Carnavalesco: Lucas Pinto
Colocação: 10° lugar

As belezas da Terra do Sol Nascente

Em 2008 foi comemorado o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Era obvio que essa miscelância de culturas, costumes e tradições, que ocorre na Terra do Sol Nascente, acabaria ganhando a sua derradeira homenagem nos sambódromos do Brasil, no Carnaval daquele ano.

Isso foi uma tônica. Só em uma rápida retrospectiva, temos a Unidos do Porto da Pedra, no Rio de Janeiro, a Nove de Julho, em Bragança Paulista, a Prova de Fogo, no Grupo de Acesso do Carnaval paulistano e a grande destaque desse tópico, a Unidos de Vila Maria.

A Vila, vinha de uma seqüência digamos complicada de enredos nos últimos anos. Tinha abordado temas pouco carnavalescos, como a Via Dutra, o Transporte de Carga e a história da cidade de Cubatão. A Escola que a cada ano crescia e demonstrava desenvoltura diante das grandes favoritas ao título, precisava de um enredo forte que a colocasse de vez na disputa do campeonato.

E esse enredo veio!!!

O carnavalesco Wagner Santos (olha ele aí outra vez...rs), sabendo das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa, de pronto fisgou esse tema. Assim nasceu, "Irashai-Mase, Milênios de Cultura e Sabedoria no Centenário da imigração Japonesa".

O Japão em sí já renderia um enredo fabuloso, tamanha a diversidade de costumes e tradições existentes na milenar história desse povo. Mas a vinda desses imigrantes para o Brasil, acabou por adicionar capítulos ainda mais ricos nessa mágica e emocionante saga.

Tudo isso foi muito bem explorado pelo carnavalesco em um trabalho irretocável. O desfile da Unidos de Vila Maria no Carnaval 2008 era muito aguardado e não decepcionou aqueles que a rotulavam como a grande favorita. Sua entrada jamais sairá da memória do povo sambista de São Paulo, tamanho o seu luxo, riqueza, requinte e grandiosidade.

Grandiosidade, aliás não faltou ao desfile da Vila. Só o abre-alas (a cima a esquerda) para se ter uma idéia media 128 metros de comprimento. Era um grande templo Xintoísta adornado pelo grande portal sagrado (Torí). Simplesmente lindo. Vocês não fazem idéia do sucesso que esse carro fez desde o momento em que chegou a concentração do Anhembí, uma semana antes do desfile. Na ocasião, mesmo ainda "desacoplado", já era imponente e rico em detalhes. Foi o grande destaque entre as alegorias desse desfile.

Falando em destaque, o que dizer então de Yuka
Chan? A japonesa (foto) deixou de lado o rótulo de que os orientais não sabem sambar e deu um verdadeiro show como madrinha de bateria da furiosa do méstre Mí!!!

A coroação de uma japonesa em um posto tão cobiçado pelas mulheres brasileiras era o que faltava para a festa do Centenário estar completa.

Tudo isso aliado ao poderoso refrão "Estrelas vão brilhar/Vila Maria vai passar/Irashai-Mase a este povo do oriente/Na terra do Sol nascente", fizeram a Vila sair ovacionada da avenida. Era de fato e com todos os méritos a grande favorita ao título de 2008. Afinal, ninguem passou como ela.

Mas quiseram os deuses do Carnaval que ainda não fosse dessa vez que a Vila Maria iria soltar o grito preso na garganta. A Vai-Vai sagrou-se campeã com um desfile no meu ponto de vista inferior ao da Vila, mas com uma dose pra lá de exagerada de oba-oba.

Certo mesmo, é que no Centenário da Imigração japonêsa, esses valorosos imigrantes que a mais de um século desembarcaram em solo brasileiro tiveram enfim a homenagem que tanto mereciam.

Para sempre, Irashai-Mase!!!

NOTA: Irashai-Mase - saudação japonesa que dá as boas vindas. Algo como Seja Bem Vindo.

Carnaval 2008

G.R.C.S.E.S. Unidos de Vila Maria
Enredo: "Irashai-Mase, Milênios de Sabedoria e Cultura no Centenário da Imigração Japonesa" Carnavalesco: Wagner Santos
Colocação: 3° lugar

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A leõa estreou com o pé direito

Aqui está outro tabú quebrado na última década.

A Mocidade Alegre, agremiação tradicional do Carnaval paulistano, vinha de vários resultados desastrosos na década de 90 e início dos anos 2000.

Porém, em 2003, com o enredo "Omi - O Berço da Civilização Iorubá", a Escola voltou a fazer um bom desfile e obteve o vice-campeonato. Na ocasião, o samba enredo da Mocidade foi o grande destaque.

Para 2004, em comemoração aos 450 anos da cidade de São Paulo, o carnavalesco Nélson Ferreira (em seu último trabalho completo pela Escola), apostou na saga dos imigrantes em sólo paulistano para buscar o título que já não vinha desde 1980.

Mais do que um bom desfile, a Mocidade Alegre visava prestar uma homenagem a sua ex-presidente, Elaine Bichara, que havia falecido em 2003. E quem passava então a capitanear a Escola rumo a um novo tempo era a irmã de Elaine, Solange Bichara.

E não é que a Leõa (apelido dado pelo tio e fundador da Mocidade, Sr. Juarez da Cruz) estreava como presidente com o pé direito!!!

O desfile dos 450 anos ficou marcado pelo acidente que culminou no rebaixamento da Gaviões da Fiel para o Grupo de Acesso. A Escola corintiana vinha de um bi-campeonato e tinha tudo para conquistar o tri em 2004. Mas um problema com o eixo de seu quinto carro alegórico gerou um atraso na saída da pista e como se não bastasse, com o passagem dessa alegoria danificada, outra série de acidentes foi acontecendo.

Com isso, o caminho para o título estava aberto. A campeã certamente seria aquela que mais emocionasse em sua passagem pelo Anhembí.

Foi um desfile símples. Sem luxo, sem requinte, mas com muito amor e samba no pé.

E pela primeira vez, o destaque do desfile não foram alegorias, fantasias ou o samba enredo (belíssimo por sinal). Todos se voltaram para a beleza, simpatia e para as generosas curvas de Nani Moreira (foto), a "Senhora de Todos os Tempos".

É impressionante como a então Madrinha da Bateria da Mocidade se destaca. Ela tem luz própria. Além de linda, é muito carismática.

Não foi nem de longe o melhor desfile de 2004. Império de Casa Verde, X-9 Paulistana, Nenê de Vila Matilde, além da própria Gaviões da Fiel, fizeram desfiles muito superiores ao da Mocidade. Mas a energia da Escola foi o diferencial para a conquista.

É difícil você questionar os méritos em uma vitória. Mas eu prefiro ver o resultado de 2004 pelo lado da emoção. Pois isso os componentes da Mocidade Alegre tiveram de sobra!!!

Carnaval 2004

G.R.C.E.S. Mocidade Alegre
Enredo: "Do Além-Mar a Terra da Garoa... Salve Esta Gente Boa!"
Carnavalesco: Nélson Ferreira
Colocação: 1° lugar

Mário de Andrade inspirou a Águia de Ouro


Sem dúvida nenhuma, o desfile da até então inexpressiva Águia de Ouro, foi a grande surpresa no Carnaval de 2002.

No iníco de 2001, logo que o enedo: "Vou à Luta Sem Pedir Licença... Tupy or not Tupy? Sampa é a Resposta" foi lançado, muitos (inclusive eu), torceram o nariz para o tema o considerando um tanto quanto intelectualizado.

Porém, quando o samba enredo de Pelezinho, Quinzinho, William e Leandro Lehart, foi escolhido, parte dessa desconfiança começou a ruir.

O animado refrão de cabeça no qual pedia palmas do público presente nas arquibancadas do Anhembí, dava pinta de que seria a grande sensação daquele Carnaval.

E realmente, logo de cara, o desfile da Águia de Ouro fez muita gente morder a língua. Tanto o público das arquibancadas, quanto os espectadores que assistiam pela TV, se questionavam quanto ao crescimento dessa Escola.

A comissão de frente, representando Centáuros e o carro abre-alas, uma gigantesca nave espacial em formato de águia (no alto a esquerda) já mostravam a ousadia do carnavalesco Paulo Führo. Na seqüência, alas com muito azul e prata lembravam a Beija-Flor (Escola de onde o carnavalesco é oriundo) de Joãosinho Trinta.

O desfile que pretendia exaltar o genial Mário de Andrade e a Semana de Arte Moderna de 1992, teve ainda em seu final uma bela homenagem a Piná, intitulada de a "Cinderela Negra". A empresária e amante do Carnaval veio na última alegoria ao lado da filha Cláudia e foi ovacionada pelos foliões presentes no Anhembí.


Destaco os criativos carros alegóricos de Paulo Führo, como os grandes atrativos desse desfile. Eram símples, porém, totalmente dentro do enredo e de facílimo entendimento. O carro de número 3, que retratava o ex-presidente Getúlio Vargas em um jogo de xadrez (foto), é o exemplo perfeito dessa simplicidade.

No final, a 7° colocação no desfile do Grupo Especial era o de menos. O que ficou evidente à partir daí, foi que a Águia de Ouro estava no caminho certo. Se estruturou, afirmou um estílo de trabalho que tudo tem a ver com o seu perfil e ganhou uma legião de torcedores apaixonados que hoje fazem da Escola, uma das mais queridas pelo público em geral.

Muitos acreditam inclusive que o tão sonhado título, virá em poucos anos para a simpática Escola de Samba da Pompéia.

Carnaval 2002

G.R.C.E.S. Águia de Ouro
Enredo: "Vou à Luta Sem Pedir Licença... Tupy or not Tupy? Sampa é a Resposta"
Carnavalesco: Paulo Führo
Colocação: 7° lugar

Título mais do que merecido

O ano é 2001.

Disposta a quebrar um jejum de 16 anos sem conquistar um título, a Nenê de Vila Matilde se preparou para fazer um desfile inesquecível.

O carnavalesco Augusto de Oliveira, trabalhava em um tema com o qual a comunidade da matildense muito se identifica: a exaltação a raça negra.

E parece que após a escolha do belíssimo samba enredo de Santaninha, Baby, Clóvis e Rubens Gordinho, essa identificação aumentou ainda mais. Era nítido que a Nenê, vivia um momento todo especial, e quando uma Escola de Samba de tanta tradição passa por um momento desses é sinal de que um grande desfile está a caminho.

E de fato, esse grande desfile aconteceu!!!

Já era manhã de domingo quando a imponente águia do abre-alas da Nenê de Vila Matilde (foto), cruzou o portal de entrada do sambódromo do Anhembí, para delírio do público que em massa saudava a Escola como a preferida da noite.

Alas muito bem vestidas e carros alegóricos de um sublime acabamento foram a máxima da apresentação da agremiação. O samba enredo, tão exaltado e divulgado na fase pré-carnavalesca rendeu muito mais do que o esperado e fez toda a platéia cantar o seu forte e intuitivo refrão: "Bateria faz tremer, o Anhembí/Se a Vila me chamar, tô aí/É Nenê fazendo o que?/O seu ziriguidum/É show de samba é Carnaval 2001".

Era simplesmente encantadora a comunicação da Escola com o público. Uma das melhores que eu já vi em mais de quinze anos acompanhando o Carnaval paulistano.


Logo após o desfile, o presidente Betinho, filho do "Cacique" maior da Vila, declarou: "Pra ganhar o Carnaval este ano, tem de passar por cima da Nenê!".

E foi exatamente o que aconteceu.

Em uma apuração muito disputada, onde Nenê, Vai-Vai, Gaviões da Fiel e X-9 Paulistana, se revesaram entre as primeiras colocações durante todo o tempo, prevaleceu a força da comunidade matildense.

Entretanto, a Nenê não venceu sozinha. Um empate muito contestado entre a agremiação da Vila Matilde e a Vai-Vai (tetra-campeã) marcou o Carnaval de 2004.

Mas para a enorme torcida da Azul e branco da zona leste, isso pouco importava. O fato de pôr pra fora o grito de "É campeã", após 16 anos de tabú já era motivo para toda a felicidade possível.

Em um dos resultados mais justos dos últimos anos, assistimos a vitória da comunidade, da raça, do canto e da alegria. Desde o início da era sambódromo, nunca haviamos visto uma Escola de Samba desfilar com tanto samba no pé como vimos em 2001. Pobre da Vai-Vai, que mesmo com a conquista do inédito tetra campeonato, serviu apenas como coadjuvante de uma exuberante e verdadeira Nenê de Vila Matilde!!!

Carnaval 2001

G.R.C.E.S. Nenê de Vila Matilde
Enredo: "Voei, Voei, na Vila Aportei Onde me Deram Coroa de Rei"
Carnavalesco: Augusto de Oliveira
Colocação: 1° lugar

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Carnaval da superação

É impressionante como uma Escola de Samba tida como pequena pode se agigantar em um momento complicado e desesperador como o que a Pérola Negra, simpática agremiação da Vila Madalena, passou já na reta final de preparação para o Carnaval 2010.

A pouco menos de um mês para o desfile, o barracão da Escola (em baixo do viaduto Mofarrej) foi invadido pelas águas da chuva e muita coisa que estava praticamente pronta para o desfile foi perdida.

Uma triste realidade de muitas Escolas de Samba de São Paulo.

No entanto, o que parecia ser o fim de um sonho para a Escola, passou a ser o estimulo que faltava na luta pelo inédito e até o momento improvável título.

O carnavalesco André Machado (um dos melhores da atualidade), fez da dor e da tristeza da comunidade uma poderosa arma na reconstrução do que foi perdido daquele Carnaval.

O simbolo maior dessa verdadeira aula de superação foi sem sombra de dúvidas o carro alegórico intitulado "Colcha de Retalhos", que fazia alusão a diversidade cultural da cidade de São Paulo. A alegoria foi toda decorada com sobras e retalhos do que foi arrastado pela correntesa no dia da enchente. O resultado final foi suprendente.

O enredo "Vamos Tirar o Brasil da Gaveta", prestava uma justa homenagem a Rolando Boldrin, incentivador da cultura popular e homem da música de raiz. O tema em sí já emociona.

No dia 13 de fevereiro, a Pérola foi uma das Escolas de Samba mais aguardadas pelo público. E olha que desfilou no mesmo dia de potências como Mocidade Alegre, Gaviões da Fiel e Império de Casa Verde.

No início de seu desfile, destacaram-se a comissão de frente com a pequena Duda (filha do presidente Edilson Carlos Casal) fazendo bonito em meio a uma revoada de "Canários" e a primeira ala representando passaros típicos do cenário do interior e que trazia a ginásta Daiane dos Santos.

As sempre belas alegorias de André Machado também merecem total destaque. O abre-alas (a cima a esquerda) e o carro alegórico que fechava o desfile da Pérola (ao lado), com uma imensa escultura do homenageado, foram dos melhores da noite.

Na apuração, a Pérola chegou a liderar a corrida pelo título e revesavasse com a Acadêmicos do Tucuruvi na ponta da tabela até a abertura dos envelopes com as notas de evolução e bateria. A Pérola deixou as primeiras colocações para repetir a posição dos seus últimos dois desfiles (2008 e 2009), a 10° colocação.

Mesmo com tudo isso, a comunidade e a direção da Pérola Negra saíram desse Carnaval extremamente satisfeitas com o desempenho que obtiveram. Resultado não é tudo, e a Escola assimilou isso.

Esse bom senso da agremiação pode significar um crescimento ainda maior dessa Escola que tende daqui a poucos anos, entrar no seleto e cada vez mais redusido holl das campeãs do Carnaval Paulistano.

Carnaval 2010

G.R.C.E.S. Pérola Negra
Enredo: "Vamos Tirar o Brasil da Gaveta"
Carnavalesco: André Machado
Colocação: 10° lugar

O boicote manchou o melhor desfile da década

Desde que conquistou o tetra-campeonato em 2001, a Vai-Vai parecia ter perdido a mão naquela que havia se tornado a sua maior especialidade: fazer grandes desfiles.

Em 2004, a Escola da Bela Vista era uma das mais cotadas ao título, no entanto, um desfile muito irregular rendeu um desastroso 11° lugar.

Para tentar dar a volta por cima, a direção da Escola optou por contratar o experiente e vitorioso carnavalesco Raúl Diniz para desenvolver o ludico, porém fabuloso enredo "Eu Também Sou Imortal", o que não deixava de ser uma homenagem a própria Vai-Vai.

Desde a escolha do samba enredo de Danilo Alves, Frá e companhia (considerado pela crítica como o melhor daquele ano), muita espectativa começou a rondar o desfile da Escola. Mas em se tratando de Vai-Vai, a maior campeã do Carnaval paulistano, a pressão por bons resultados não chega a ser um incomodo, ao contrário, serve de insentivo a sua vibrande e apaixonada comunidade.

Ao ver os ensaios, os preparativos para aquele desfile e a energia de sua comunidade, dava pra se ter uma certeza: o povão do Bixiga estava mordido!!!

Em 2005, eu estava na Imperador do Ipiranga, e a Vai-Vai desfilaria logo após a gente. A imagem que não me sai da mente no entanto, foi no dia da chegada das alegorias da agremiação Alvi-Negra na área de concentração do sambódromo. Sem brincadeira, deixou todos, sem excessão, de queixo caído. Até mesmo o Paulo Fhüro, que viria a ser o carnavalesco campeão daquele ano comentou comigo aquele dia "ta com pinta de campeã", referindo-se a Escola da Saracura.

De fato, era um trabalho digno de um artista do calibre do Raúl Diniz. Estéticamente perfeito!!!

Desde a abertura de seu desfile, a Vai-Vai deixou
claro que a agremiação multi-campeã estava de volta. Da ousadia em se começar uma apresentação toda em preto, até o multicolorido de algumas alas, Diniz e a comunidade do Bixiga foram perfeitos.

A comissão de frente que trazia a Fênix Lendária, foi um show à parte. Era impressionante a harmonia das cores, das formas e a integração de fantásias e alegorias apresentadas pela Escola.

Uma miscelânia de estílos também foi a tônica desse desfile. Alas pesadas e de difícil entendimento, contrastaram com fantasias símples, simpáticas e que ao bater o olho, você já sabia o significado, como na ala referente ao Espiritísmo (foto).

Ao termino do seu desfile, a Vai-Vai foi saudada com gritos de "É Campeã", ecoados por toda a estenção do sambódromo. Eu mesmo já esperava por esse título de tão perfeito que fora sua apresentação.

Mas como o Carnaval é imprevisível, na apuração a Vai-Vai obteve "apenas" a 5° colocação. posição essa que revoltou o presidente Solon Tadeu Pereira, que proibiu seus componentes de participar do Desfile das Campeãs.

Esse fato acabou por manchar aquele que por muitos (inclusive por mim) é tido como o melhor desfile da década em São Paulo.

Essa revolta no entanto acabou por render alguns frutos para a Escola, como por exemplo o absurdo vice-campeonato de 2006, mas isso não vem ao caso.

Fato mesmo é o maravilhoso desfile da Vai-Vai, no Carnaval 2005. Algo que certamente ainda hoje causa dúvidas na cabeça dos sambistas e muita dor no coração da imensa nação Alvi-Negra do Bixiga.

Carnaval 2005

G.R.C.E.S. Vai-Vai
Enredo: "Eu Também Sou Imortal"
Carnavalsco: Raúl Diniz
Colocação: 5° lugar

De perseguida a soberana na avenida

O enredo "Bem Aventurados Sejam os Perseguidos por Causa da Justiça dos Homens, Pois Deles é o Reinos dos Céus", bem que poderia ser a história da Mancha Verde no Carnaval 2006.

Após o acesso em 2004 e a belíssima estréia na elite do samba paulistano em 2005, a Mancha estava se firmando no Grupo Especial e dava pinta de quem em muito pouco tempo seria uma agremiação forte.

Entretanto, o regulamento do Carnaval previa na época a inviabilidade em contar com duas Escolas de Samba de torcidas organizadas de clubes de futebol integrando o Grupo Especial. Por coincidência, quando a Mancha ascendeu a elite, a Gaviões da Fiel havia sido rebaixada devido ao fatidico acidente com seu último carro alegórico no Carnaval de 2004. Isso fez com que as duas agremiações não desfilassem juntas no mesmo grupo em 2005.

Mas era questão de tempo até que a Gaviões retornasse ao Especial e o tão aguardado encontro acontecesse.

Em 2006 isso enfim iria acontecer.

Mas em uma medida que provocou muita polêmica e revolta por parte dos sambistas de verdade: a Liga das Escolas de Samba vetou a participação de ambas no desfile do Grupo Especial. E mais, criou um Grupo Especial para Escolas de Samba Esportivas.

Um absurdo, pois tanto Mancha Verde, quanto Gaviões da Fiel são Escolas de Samba como outras quaisquer.

No decorrer de 2005 e início de 2006, as agremiações tidas como Esportivas, lutaram na justiça para readquirir o diretiro que conquistaram de estar na Elite do Carnaval paulistano. No entanto, somente a Gaviões conseguiu esse direito. A Mancha desfilaria sem ser avaliada. Um absurdo!!!

O carnavalesco Claudio "Cebola" Cavalcante, declarou inúmeras vezes que a Mancha estava sofrendo uma perseguição. O que acabou por dando a sua comunidade muito mais garra do que de costume.


Como se não bastasse tudo isso, a três dias do desfile a Escola teve duas alegorias destruídas em um incêndio provocado por uma faísca de solda já na concentração do sambódromo. Mas com todo o apoio do povo do samba, a Mancha tece essas alegorias reconstruídas a tempo.

A Mancha Verde foi a 15° agremiação a pisar no sambódromo do Anhembí, já com sol forte na manhã de domingo de Carnaval.

E a Escola já entrou impressionando por sua comissão de frente. Intitulada "A Vida do Menino Jesus" (no alto a esquerda), a performance mostrava o caminho de Cristo rumo ao calvário. A cena era simplesmente chocante, pela violência e expressão de dor no rosto do ator que interpretou o personagem principal do ato.

O desfile num todo foi emocionante. O belo samba enredo cantado pelo excelente Vaguinho, aliado a maravilhosa harmonia de teclados feita pelo música Alexandre Ferreira, deram o toque final a grande ópera protagonizada pela Mancha Verde no Carnaval de 2006. Um Carnaval de superação, lágrimas e de um momento mais do qeu marcante para o presidente da agremiação, Paulo Serdan. A poucas semanas do desfile, sua mãe, dona Norma De Luca, faleceu. O que gerou ainda mais comoção a cerca desse momento.

Em um Carnaval de muita emoção, fica a lição de que Futebol e Carnaval, são coisas completamente diferentes, e que tanto Mancha Verde, quanto Gaviões da Fiel, merecem o maior respeito do Mundo, pois são agremiações carnavalescas, com comunidades fantásticas e que levantam a bandeira do samba com o maior orgulho!!!

Carnaval 2006

G.R.C.E.S. Mancha Verde
Enredo: " Bem Aventurados Sejam os Perseguidos Por Causa da Justiça dos Homens, Pois Deles é o Reino dos Céus"
Carnavalesco: Claudio Cavalcante (Cebola)
Colocação: Não foi julgada

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Mar de emoções


Simplesmente o desfile mais emocionante que eu já vi na minha vida!!!

Um momento de inspiração da comunidade da Brasilândia. Assim pode ser concebido o espetáculo maravilhoso proporcionado pela Sociedade Rosas de Ouro, no Carnaval de 2005.

O enredo "Mar de Rosas", de autoria do carnavalesco Fábio Borges, contava a história das rosas, desde sua criação mitológica até o seu retorno às águas do mar em oferendas para Iemanjá.

Outro momento de inspiração, se deu na composição do samba enredo da Escola. Os compositores Osmar Costa, Dema de Deus e Emerson de Paula, estavam em um dia pra lá de feliz. Compuseram uma obra digna de estar entre as maiores do século.

Durante o desfile da Rosas, outro momento marcante que certamente ficará na memória de todo apaixonado por samba e por Carnaval: o amanhecer de São Paulo se vestiu de Azul e Rosa. Simplesmente o céu estava nas cores da Escola durante os primeiros minutos de sua apresentação. Inesquecível!!!

O requinte do desfile também é algo que deve ser exaltado. O carnavalesco Fábio Borges confeccionou sem duvida nenhuma o seu melhor trabalho em mais de 20 anos de Carnaval. Alegorias portentosas, gigantescas e muito bem acabadas. As fantasias tinham o requinte necessário, sem serem extravagantes e "agressivas" a seus desfilantes.


O maravilhoso samba enredo da Rosas era entoado por todos os presentes no sambódromo do Anhembí. Algo nunca visto na história do carnaval paulistano.

Outro ponto alto do desfile (aí por minha conta...rs) foi a belíssima destaque no carro abre-alas representando a deusa Afrodite (foto). A bela passou o desfile todo atirando flores para as arquibancadas.

A espectativa geral era de que a Rosas de Ouro voltaria a ser campeã após um jejum de 11 anos sem títulos, mas não foi isso o que aconteceu.

Na apuração, uma avalanche de notas contestáveis acabou por colocar a super favorita Rosas de Ouro na modesta 7° colocação. Algo inexplicável pelo nível do trabalho apresentado.

No entanto, "Mar de Rosas" será lembrado para sempre como o melhor samba enredo da história da Sociedade Rosas de Ouro, e por ser um dos desfiles mais emocionantes que o sambista paulistano já teve a oportunidade de assistir.
Carnaval 2005
Sociedade Rosas de Ouro
Enredo: "Mar de Rosas"
Carnavalesco: Fábio Borges
Colocação: 7° lugar

O raggae sacudiu o Anhembí

A Acadêmicos do Tucuruvi mal havia terminado o Carnaval de 2009, quando começou a se preparar para um ano especial.

Para tentar o seu primeiro título, a agremiação da Cantareira investiu na contratação do carnavalesco Wagner Santos, que vinha de dez trabalhos consecutivos na Unidos de Vila Maria.

Mais que isso, contava com o retrospecto de levar a agremiação do Jardim Japão ao Grupo Especial e torna-la uma das maiores Escolas de Samba da última década no carnaval paulistano.

Wagner chegou e ficou decidido que o enredo da Tucuruvi para o Carnaval 2010 seria sobre São Luís do Maranhão. Coincidência ou não, o carnavalesco é maranhense.

A proposta de Wagner era mudar a estética da Acadêmicos do Tucuruvi, O carnavalesco achava muito importante "encorpar" as fantasias e as alegorias da Escola para que a mesma ganhasse notoriedade entre as tidas como grandes.

Pois bem, no dia 12 de fevereiro de 2010, viu-se uma Acadêmicos do Tucuruvi diferente. Uma Escola rica e muito luxuosa despontou no Anhembí e encantou ao público nas arquibancadas do sambódromo.


Desde a passagem da belíssima comissão de frente (foto), até o deslumbre dos seus carros alegóricos, a Escola presidida pelo simpático "Seu" Jamil, foi um encanto.

Destaque absoluto para a excepcional bateria comandada pelo competente méstre Adamastor, exaltado por Chico Pinheiro e Guto Graça Melo, durante a transmissão dos desfiles pela Rede Globo, como o "Gigante Adamastor" (referência ao personagem mitológico).

A tão aguardada "paradinha raggae" foi um sucesso absoluto!!!

Disparada a melhor bateria de 2010!!!

Na apuração, a Tucuruvi liderava a corrida pelo título até a abertura do envelope com as notas de Evolução, quesito onde a agremiação perdeu 1,5 pontos e despencou da 1° para a 8° colocação.
Um absurdo na minha opinião, principalmente se levarmos em conta falhas grotescas cometidas
por Escolas do chamado "primeiro escalão", que foram simplesmente ignoradas pelos jurados.

Mesmo com o insucesso na apuração, fica a lembrança de uma Acadêmicos do Tucuruvi que deixou de uma vez por todas o posto de mera coadjuvante, para figurar no holl das que ao menor descuido das favoritas de sempre, papa o título!!!

Carnaval 2010

G.R.C.E.S. Acadêmicos do Tucuruvi
Enredo: ""São Luís do Maranhão, Universo de Encantos e Mágias"
Carnavalesco: Wagner Santos
Colocação: 8° lugar

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Tom Maior redescobre o Piauí

Em 2006, a Tom Maior se preparou para uma missão das mais complicadas: exaltar um Estado que na maioria das vezes passa desapersebido em enredos que homenageiam a região nordeste, o Piauí.

A princípio a idéia do carnavalesco Marco Aurélio Rufin, era de homenagear o cantor Frank Aguiar, mas Frank não aceitou ser o único a receber esse presente da Escola, pediu que todo o seu Estado fosse lembrado nesse enredo, o que acabou por encantar a todos na Tom Maior.

Ao pesquisar e visitar o Estado do Piauí, o carnavalesco se deparou com uma série de lugares, eventos e costumes que jamais imaginou encontrar em um lugar tão "esquecido" pela maior parte dos brasileiros.

O desfile da Tom Maior começou de maneira impactante. Uma belíssima comissão de frente representando primatas com um tripé que trazia a figura de um dinossauro começou a agitar o público. Na seqüência, carros alegóricos grandiosos (foto) e alas vibrantes deram o tom do espetáculo.

Vale à pena destacar a segunda alegorias da Escola que trazia um gigantesco fóssil de Tiranossauro Rex.

Entretando, o ponto alto do desfile se deu com a passagem do último carro, onde o cantor Frank Aguiar (foto) surgiu em cima de um cachorro (o cantor é conhecido como o cãozinho dos teclados), acompanhado por famíliares, amigos e músicos de sua banda.

O carisma do homenageado sem duvida nenhuma fez a diferença para a Escola que saiu da passarela aclamada pelo público.

Na apuração, a Tom Maior obteve a 11° colocação entre 16 agremiações, uma posição honrosa em se tratando de uma Escola que acabara de chegar ao Grupo Especial.

À partir daí a Tom Maior passou a ganhar notoriedade e chegou inclusive a voltar para o desfile das campeãs em 2008. Mas não podemos esquecer que o desfile que impulsionou esse crescimento da até então pequena Escola de Samba da região do Sumaré, foi esse, onde prevaleceu o talento de seu carnavalesco e o carisma do seu mais famoso torcedor, Frank Aguiar.

Carnaval 2006

G.R.E.S. Tom Maior
Enredo: "Em Grandes Sertões Veredas o Elo Perdido se Achou, Piauí, a Terra do Sol me Encantou - Com Frank Aguiar, o Rei do Forró eu Vou"
Carnavalesco: Marco Aurélio Rufin
Colocação: 11° lugar

Maurício de Sousa deu samba!!!

Dando início a nossa série com os melhores desfiles de cada uma das 14 Escolas de Samba do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo, relembraremos de um grande desfile da Unidos do Peruche, agremiação que abre a primeira noite de desfiles da capital paulista em 2011.

O ano é 2007.

A Unidos do Peruche vinha de um desfile modesto, porém, que havia lhe dado a 12° colocação em 2006, e buscava alçar vôos mais altos.

Para isso, a Escola apostou todas as suas fichas na homenagem ao quadrinista Maurício de Sousa, maior referência dos quadrinhos brasileiros.

Particularmente esse desfile da Unidos do Peruche é muito especial para mim, pois trabalhei efetivamente em sua confecção.

Contando com um ótimo samba enredo de autoria de Kaxito, Maurício de Jesus, Geraldinho e Mauro de Jesus, a Escola entrou pisando forte no Anhembí. Com grandiosas alegorias e fantasias de fácil entendimento, a Peruche brincou na avenida e presenteou a platéia com um dos desfiles mais leves e descontraídos daquele Carnaval.

No entanto, os jurados parecem não terem visto o mesmo desfile que o público do sambódromo.

A 13° colocação derrubou a Escola para o Grupo de Acesso em um desfile onde no mínimo, a Peruche merecia uma colocação intermediária (entre 6° e 10° colocação).

Mesmo com esse triste rebaixamento, nada apagará um desfile brilhante que mostrou a força de uma comunidade. Certamente Maurício de Sousa (foto) ficou muito feliz com a simpática homenagem!!!

Carnaval 2007

G.R.C.E.S. Unidos do Peruche
Enredo: "Com Maurício de Sousa, a Unidos do Peruche Abre-Alas, Abre-Livros, Abre-Mentes e Faz Sonhar".
Carnavalesco: Augusto de Oliveira
Colocação: 13° lugar

Retrospectiva da última década

Pessoal, nos próximos dias estarei postando uma espécie de retrospectiva dos melhores desfiles da última década de cada uma das 14 agremiações que compõe o Grupo Especial do carnaval paulistano e também das 12 Escolas de Samba da elite do carnaval carioca.

Será uma maneira de relembrarmos grandes desfiles, grandes carnavalescos e momentos que marcaram o coração dos sambistas de todo o Brasil.

Fiquem ligados, ainda hoje teremos os desfiles marcantes da Unidos do Peruche e da Tom Maior!!!

Pré-Carnaval agita Atibaia nesse final de semana

Os meus amigos Marcelo e Fabiana, de Atibaia, mandaram o recado e estou transmitindo para todos vocês que acompanham o blog.

No próximo sábado (19/02), à partir das 15:00 h. vai rolar o famoso pré-carnaval de Atibaia, na Praça da Matriz (foto). Além de muita diversão para toda a família, o evento contará também como Festival de Marchinhas Carnavalescas.

É um prato cheio para quem é de Bragança Paulista e região!!!

Não deixem de prestigiar, pude estar no evento em 2009 e garanto que é muito agradável. Sem confusão e com muita segurança!!!

Anhembí já está preparado para receber carros alegóricos das Escolas de Samba do Grupo Especial

A apenas 14 dias do Carnaval, o sambódromo do Anhembí está pronto para receber os carros alegóricos das 7 Escolas de Samba que desfilam na sexta-feira (04/03).

À partir da próxima quinta-feira (24/02), Unidos do Peruche, Tom Maior, Acadêmicos do Tucuruvi, Rosas de Ouro, Mancha Verde, Vai-Vai e Pérola Negra já podem estar posicionando suas alegorias no espaço destinado a concentração do sambódromo.

Vale lembrar que as agremiações que desfilam no sábado (05/03) e pelo Grupo de Acesso (06/03), podem à partir da mesma data, levar seus carros alegóricos para o terreno da Aéronautica, localizado na avenida Olavo Fontoura, bem ao lado do sambódromo.

Portanto, fiquem atentos, a qualquer momento você pode estar passando pelas principais avenidas da zona norte de São Paulo e dar de cara com grandiosos carros alegóricos sendo transportados rumo ao Anhembí!!!

Ta chegando a hora!!!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Finalmente estão tratando o Carnaval Paulistano com o devido respeito!!!

Desde a última semana que o jornal SPTV, da Rede Globo vem fazendo reportagens com sua unidade móvel nos barracões das Escolas de Samba de São Paulo.

Mas para a surpresa geral da comunidade sambista da capital, as matérias deste ano estão infinitamente superiores a tudo o que a emissora já tenha feito pelo carnaval paulistano.

A jornalista Mariana Godoy é quem visita os barracões e mostra um aperitivo do que as Escolas estão preparando para levar ao Anhembí daqui a pouco mais de duas semanas. Mariana, diferente dos últimos anos vem se mostrando extrovertida e muito simpática em suas reportagens ao vivo para o jornal apresentado por Chico Pinheiro. Dentro do quadro, é apresentada uma matéria ilustrativa do enredo da Escola em questão feita pela reporter Diana Garbin e pelo cinegrafista Marcos Politti.

Tudo no maior clima carnavalesco!!!

Olha, dessa vez tenho que tirar o chapéu para a Rede Globo. Pois mais do que prestar esse importante serviço para o Mundo do Samba, está tratando o nosso Carnaval como ele realmente merece!!!

Ao que tudo indica, a transmissão dos desfiles em 2011 será a melhor de todos os tempos!!!

Faltam 17 dias para o Carnaval!!!

E o descaso continua com as Escolas de Samba de Bragança Paulista

Ontem após o termino dos trabalhos madrugada a dentro, estava conversando com um amigo de Bragança Paulista pelo msn e perguntava a ele como estão os preparativos das Escolas de Samba da cidade.

Ele me dava alguns detalhes a respeito das chamadas "grandes" Escolas e dizia do bom andamento de seus barracões e das fantasias que teve contato durante os ensaios ou mesmo visitando alguns ateliês.

Mas para a minha decepção, ele me enviou em meio a algumas fotos, a imagem do barracão onde as 4 agremiações do Grupo de Acesso estão reunidas para construirem seus carros alegóricos (foto).

Olha, é simplesmente lamentável.

No ano passado, quando escrevi e desenvolvi (mesmo a distância) o enredo da Mocidade Júlio Mesquita, a Escola já utilizava esse barracão, mas na época com apenas uma outra agremiação, a Gaviões de Ouro. Mas este ano, vejo um amontoado de ferragens e esculturas em meio a um espaço pequeno e totalmente largado.

É uma pena que isso ainda aconteça em Bragança Paulista, já que a cidade tem um bom Carnaval mas não sabe (ou não quer) administra-lo da maneira correta. Eu sou amigo do presidente da LIESB (Liga Independente das Escolas de Samba de Bragança Paulista), o popular Paulinho do Barril e várias vezes conversando com ele, cobrava da Liga uma postura mais firme em relação às Escolas de Samba do Grupo de Acesso. Pois as "coitadas" tem que fazer das tripas coração na hora de desenvolver seu Carnaval.

E o pior de tudo: são as mais cobradas pelos órgãos que investem no Carnaval bragantino.

Me lembro de na terça-feira de Carnaval do ano passado ter chegado a discutir com o então Secretário de Cultura e Turismo de Bragança Paulista, Alessandro Sabella, pela exagerada cobrança feita em cima dessas Escolas e a inexistência de ações e investimentos para o seu auxílio.

Pelo visto, um ano se passou, a Secretária de Cultura está em outras mãos e absolutamente nada mudou.

Agora eu pergunto, o Grupo Especial recebeu reajuste na subvenção nos últimos 5 anos consecutivos passando de R$ 33,000 em 2006 para praticamente R$ 60,000 agora em 2011. Será que nada poderia ter sido feito para as agremiações do Grupo de Acesso que seguem peregrinando com seu pouco mais de R$ 25,000 desde 2007???

Já conseguiram fazer com que esas Escolas diminuíssem o número de integrantes, carros alegóricos e alas que levam para a avenida. O que mais querem???

Será que o intuito dos "cabeças" do Carnaval bragantino é a extinção do Grupo de Acesso???

Das Escolas que hoje frequêntam essa divisão, Sociedade Fraternidade, Mocidade Júlio Mesquita e Unidos das Águas Claras tem em sua história belas passagens pela elite do samba bragantino.

A Fraternidade inclusive vem de 3 desfiles no Grupo Especial.

A Águas Claras em 2006 e 2007, assombrou as grandes com desfiles gigantescos e muito bem elaborados.

A Mocidade é das três a que está a mais tempo no Acesso, mas mesmo assim, tem em sua história desfiles como o irreverênte "0900" de 1999, o critico "Palmares, Ideal da Liberdade - Brasil, Fala a Verdade" de 2000 e o luxuoíssimo "Dança Brasil", de 1996, assinado por ninguem menos que Alexandre Colla, hoje carnavalesco do Império Serrano.

Essas Escolas tem tradição, não podem ser tratadas como mendigas.

Mais do que um post, isso é um alerta para a LIESB e para a prefeitura de Bragança Paulista, para que abram os olhos e vejam que para chegarem ao patamar que acreditam estar, ainda falta muito!!!