segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Injustiçada!!!

Pouco antes do Carnaval de 2003, a LIESA e os presidentes das Escolas de Samba do Grupo Especial, decidiram que para os desfiles de 2004, estariam liberadas as reedições de grandes sambas enredo que marcaram as respectivas agremiações.

Essa notícia agitou os sambistas e fez muita gente sonhar em ouvir novamente sua Escola de coração cantar aquele samba que tanto marcou a sua vida!!!

A Portela, agremiação das mais tradicionais do Carnaval carioca, foi a primeira a manifestar interesse no sistema de reedições.

Mas qual enredo escolher levar novamente para a avenida???

Uma Escola como o Portela, possui um acervo de sambas enredo de respeito. Mas um deles é mais do que especial. Que me perdoem os adoradores de "Contos de Areia", "Ilú Ayê", "Macunaíma", entre outros. Mas "Lendas e Mistérios da Amazônia" é algo assustador. Um samba mais do que perfeito!!!

Isso tudo pesou e o enredo campeão de 1970 seria novamente transformado em um deslumbrante e inesquecível desfile. Para tentar repetir o sucesso de quase quarenta anos atrás, a Portela apostou suas fichas no carnavalesco bi-campeão de São Paulo, o carioca Jorge Freitas, que voltaria a assinar um Carnaval na cidade maravilhosa após 5 anos afastado do maior palco da Folia.

E logo de cara Jorge Freitas mostrou a que veio. Já na apresentação dos protótipos teve muito portelense chorando e exclamando com todo o amor: "a Portela voltou!".

E realmente, nunca vi a Portela tão linda como no desfile de 2004.

Desde a comissão de frente, passando pelo maravilhoso carro abre-alas (a cima a esquerda) que representava o "Ritual do Grande Pajé", e seguindo por alas muito bem vestidas, com requinte, luxo e tudo regado por um acabamento perfeito. Marca do carnavalesco.

A ala das baianas da Escola de Madureira representava as "Pedras Preciosas" (foto) e estavam deslumbrantes. Uma das alas mais bem vestidas que eu me recordo de ter visto em 18 anos que acompanho Carnaval.

Destaco também a segunda alegoria da Portela, na qual Jorge Freitas apresentou a lenda do Sol e da Lua. Nela, o carnavalesco se utilizou de esculturas de índios para ilustrar o amor impossível dos astros. A Lua aparecia na parte da frente da alegoria em tons azul e prata e chorava por ter perdido seu grande amor. Na parte traseira do carro, o Sol parecia tentar desesperadamente alcançar a sua amada sem sucesso.
Foram algumas das esculturas mais expressivas daquele Carnaval.

Do ponto de vista estético, o desfile da Portela superou em muito o da campeã de 2004, a Beija-Flor. Mas como os jurados quase nunca vêm o mesmo que nós, "meros mortais", a avalanche de notas "contestáveis" apareceu e a Azul e Branco nem nas campeãs voltou.

Algo simplesmente absurdo!!!

Só não digo que a Escola tinha o melhor samba enredo do ano porque concorria com nada menos que "Aquarela Brasileira", reeditado pelo Império Serrano. No mais, o melhor desfile do ano de longe!!!

Mesmo com tudo isso, vou sempre me lembrar do que vi a Portela e o meu grande amigo Jorge Freitas fazerem na Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2004. Ambos foram injustiçados neste desfile. A Escola pela inexplicável 7° colocação e o carnavalesco por ser dispensado poucos dias após a apuração. Resultado as vezes não é tudo. Mas paciência. Poucos tem a capacidade e a competência para entender uma coisa dessas.

Carnaval 2004

G.R.E.S. Portela
Enredo: "Lendas e Mistérios da Amazônia"
Carnavalesco: Jorge Freitas
Colocação: 7° lugar

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