segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O boicote manchou o melhor desfile da década

Desde que conquistou o tetra-campeonato em 2001, a Vai-Vai parecia ter perdido a mão naquela que havia se tornado a sua maior especialidade: fazer grandes desfiles.

Em 2004, a Escola da Bela Vista era uma das mais cotadas ao título, no entanto, um desfile muito irregular rendeu um desastroso 11° lugar.

Para tentar dar a volta por cima, a direção da Escola optou por contratar o experiente e vitorioso carnavalesco Raúl Diniz para desenvolver o ludico, porém fabuloso enredo "Eu Também Sou Imortal", o que não deixava de ser uma homenagem a própria Vai-Vai.

Desde a escolha do samba enredo de Danilo Alves, Frá e companhia (considerado pela crítica como o melhor daquele ano), muita espectativa começou a rondar o desfile da Escola. Mas em se tratando de Vai-Vai, a maior campeã do Carnaval paulistano, a pressão por bons resultados não chega a ser um incomodo, ao contrário, serve de insentivo a sua vibrande e apaixonada comunidade.

Ao ver os ensaios, os preparativos para aquele desfile e a energia de sua comunidade, dava pra se ter uma certeza: o povão do Bixiga estava mordido!!!

Em 2005, eu estava na Imperador do Ipiranga, e a Vai-Vai desfilaria logo após a gente. A imagem que não me sai da mente no entanto, foi no dia da chegada das alegorias da agremiação Alvi-Negra na área de concentração do sambódromo. Sem brincadeira, deixou todos, sem excessão, de queixo caído. Até mesmo o Paulo Fhüro, que viria a ser o carnavalesco campeão daquele ano comentou comigo aquele dia "ta com pinta de campeã", referindo-se a Escola da Saracura.

De fato, era um trabalho digno de um artista do calibre do Raúl Diniz. Estéticamente perfeito!!!

Desde a abertura de seu desfile, a Vai-Vai deixou
claro que a agremiação multi-campeã estava de volta. Da ousadia em se começar uma apresentação toda em preto, até o multicolorido de algumas alas, Diniz e a comunidade do Bixiga foram perfeitos.

A comissão de frente que trazia a Fênix Lendária, foi um show à parte. Era impressionante a harmonia das cores, das formas e a integração de fantásias e alegorias apresentadas pela Escola.

Uma miscelânia de estílos também foi a tônica desse desfile. Alas pesadas e de difícil entendimento, contrastaram com fantasias símples, simpáticas e que ao bater o olho, você já sabia o significado, como na ala referente ao Espiritísmo (foto).

Ao termino do seu desfile, a Vai-Vai foi saudada com gritos de "É Campeã", ecoados por toda a estenção do sambódromo. Eu mesmo já esperava por esse título de tão perfeito que fora sua apresentação.

Mas como o Carnaval é imprevisível, na apuração a Vai-Vai obteve "apenas" a 5° colocação. posição essa que revoltou o presidente Solon Tadeu Pereira, que proibiu seus componentes de participar do Desfile das Campeãs.

Esse fato acabou por manchar aquele que por muitos (inclusive por mim) é tido como o melhor desfile da década em São Paulo.

Essa revolta no entanto acabou por render alguns frutos para a Escola, como por exemplo o absurdo vice-campeonato de 2006, mas isso não vem ao caso.

Fato mesmo é o maravilhoso desfile da Vai-Vai, no Carnaval 2005. Algo que certamente ainda hoje causa dúvidas na cabeça dos sambistas e muita dor no coração da imensa nação Alvi-Negra do Bixiga.

Carnaval 2005

G.R.C.E.S. Vai-Vai
Enredo: "Eu Também Sou Imortal"
Carnavalsco: Raúl Diniz
Colocação: 5° lugar

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