segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

De perseguida a soberana na avenida

O enredo "Bem Aventurados Sejam os Perseguidos por Causa da Justiça dos Homens, Pois Deles é o Reinos dos Céus", bem que poderia ser a história da Mancha Verde no Carnaval 2006.

Após o acesso em 2004 e a belíssima estréia na elite do samba paulistano em 2005, a Mancha estava se firmando no Grupo Especial e dava pinta de quem em muito pouco tempo seria uma agremiação forte.

Entretanto, o regulamento do Carnaval previa na época a inviabilidade em contar com duas Escolas de Samba de torcidas organizadas de clubes de futebol integrando o Grupo Especial. Por coincidência, quando a Mancha ascendeu a elite, a Gaviões da Fiel havia sido rebaixada devido ao fatidico acidente com seu último carro alegórico no Carnaval de 2004. Isso fez com que as duas agremiações não desfilassem juntas no mesmo grupo em 2005.

Mas era questão de tempo até que a Gaviões retornasse ao Especial e o tão aguardado encontro acontecesse.

Em 2006 isso enfim iria acontecer.

Mas em uma medida que provocou muita polêmica e revolta por parte dos sambistas de verdade: a Liga das Escolas de Samba vetou a participação de ambas no desfile do Grupo Especial. E mais, criou um Grupo Especial para Escolas de Samba Esportivas.

Um absurdo, pois tanto Mancha Verde, quanto Gaviões da Fiel são Escolas de Samba como outras quaisquer.

No decorrer de 2005 e início de 2006, as agremiações tidas como Esportivas, lutaram na justiça para readquirir o diretiro que conquistaram de estar na Elite do Carnaval paulistano. No entanto, somente a Gaviões conseguiu esse direito. A Mancha desfilaria sem ser avaliada. Um absurdo!!!

O carnavalesco Claudio "Cebola" Cavalcante, declarou inúmeras vezes que a Mancha estava sofrendo uma perseguição. O que acabou por dando a sua comunidade muito mais garra do que de costume.


Como se não bastasse tudo isso, a três dias do desfile a Escola teve duas alegorias destruídas em um incêndio provocado por uma faísca de solda já na concentração do sambódromo. Mas com todo o apoio do povo do samba, a Mancha tece essas alegorias reconstruídas a tempo.

A Mancha Verde foi a 15° agremiação a pisar no sambódromo do Anhembí, já com sol forte na manhã de domingo de Carnaval.

E a Escola já entrou impressionando por sua comissão de frente. Intitulada "A Vida do Menino Jesus" (no alto a esquerda), a performance mostrava o caminho de Cristo rumo ao calvário. A cena era simplesmente chocante, pela violência e expressão de dor no rosto do ator que interpretou o personagem principal do ato.

O desfile num todo foi emocionante. O belo samba enredo cantado pelo excelente Vaguinho, aliado a maravilhosa harmonia de teclados feita pelo música Alexandre Ferreira, deram o toque final a grande ópera protagonizada pela Mancha Verde no Carnaval de 2006. Um Carnaval de superação, lágrimas e de um momento mais do qeu marcante para o presidente da agremiação, Paulo Serdan. A poucas semanas do desfile, sua mãe, dona Norma De Luca, faleceu. O que gerou ainda mais comoção a cerca desse momento.

Em um Carnaval de muita emoção, fica a lição de que Futebol e Carnaval, são coisas completamente diferentes, e que tanto Mancha Verde, quanto Gaviões da Fiel, merecem o maior respeito do Mundo, pois são agremiações carnavalescas, com comunidades fantásticas e que levantam a bandeira do samba com o maior orgulho!!!

Carnaval 2006

G.R.C.E.S. Mancha Verde
Enredo: " Bem Aventurados Sejam os Perseguidos Por Causa da Justiça dos Homens, Pois Deles é o Reino dos Céus"
Carnavalesco: Claudio Cavalcante (Cebola)
Colocação: Não foi julgada

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