terça-feira, 1 de março de 2011

Salgueiro e África, uma sintônia mais que perfeita

Das agremiações que compõe o Grupo Especial do Carnaval caioca, a Acadêmia do Samba é sem dúvida a que mais levou a África para a avenida em mais de 50 anos de história.

Essa identidade se deve a suas raízes, o morro do Salgueiro e ao grande inovador do Carnaval brasileiro, o carnavalesco Fernando Pamplona.

Pamplona foi o primeiro a levantar a bandeira da africanidade em um defile de Escolas de Samba. Foi do carnavalesco que partiu a iniciativa de tornar pública a história de Zumbi. Que elevou o nome do escultor mineiro Aleijadinho, entre outros.

Essa identificação do salgueirense com os temas afros, é tamanha, que quando a Escola vai para a avenida cantando a negritude, dificilmente é batida.

E após o desastre do Carnaval de 2006 (a Escola foi a 11° colocada, a pior colocação obtida em sua história), Renato Lage e o departamento cultural do Salgueiro optaram por mais uma vez levar a África para a Sapucaí. Mais do que simplesmente "o negro", levaria as "Candaces", mulheres guerreiras que viveram na região do Daomé e que são sinônimo de garra e poder.
No anuncio do tema a comundiade veio a baixo!!!

Era nítido que o Salgueiro seria uma forte candidata ao título de 2007.

O desfile da Vermelho e Branco era aguardado com muita espectativa pela comunidade "sambistica" em geral. Durante a fase pré-carnavalesca, várias foram as demonstrações de que a nação salgueirense estava mordida pelo fiasco do ano anterior. A carnavaelsca Márcia Lávia, chegou a dar uma declaração dizendo que eles foram humilhados em 2006, e que agora era a hora de responder com o que melhor o salgueirense sabe fazer, que é um desfile de emoção, garra e muito samba no pé. E parece que essas palavras colaram na mente dos salgueirenses!!!

Eu não me lembro de ver uma Escola com a imponência do Salgueiro, naquel Carnaval de 2007.

Desde o início de seu desfile, a agremiação mostrou um equilíbrio mais do que perfeito em todos os setores. O samba, mesmo não sendo dos mais agradáveis, passou bem na voz de Quinho e sua equipe. A Escola cantava muito.

Na plástica, o Salgueiro foi imbatível. Ninguem passou tão bonita e tão luxuosa como a Acadêmia do Samba. Renato Lage provou que ainda pode ser surpreendente. O méstre foi tão feliz na escolha de formas, cores e temas para alegorias e fantasias, que a diferença do nível de trabalho dela em relação as demais, era imenso. O carro da Tia Ciata (foto) por exemplo, era digno de ser eternizado em um Museu do Carnaval!!!

Assim como em 1978, Salgueiro e Beija-Flor, desfilaram com enredos afros (em 78, ambas com temática Yorubá), mas diferente da primeira vez, o Sal sobrou em relação a Beija. E isso não sou eu que digo. Não conheço uma pessoa que pensa diferente.

Digo que não conheço, porque não sou amigo de nenhum dos jurados que cometeram o sacrilégio de deixar um dos maiores desfiles do século apenas em 7° lugar. O que é pior, atrás do desfile "sem sal", da Escola de Nilópolis (a macumba do Laíla é forte...rs).

O baque na comunidade salgueirense foi forte e difícil de assimilar. Mas como a nação Vermelha e Branca é guerreira, a recuperação foi ao melhor estílo Salgueiro. Dois anos após a decepção de "Candaces", a Acadêmia levantaria o caneco ao som do "Tambor". Mas isso é assunto para um outro dia...

Carnaval 2007

G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro
Enredo: "Candaces"
Carnavalescos: Renato Lage e Márcia Lávia
Colocação: 7° lugar

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