quarta-feira, 2 de março de 2011

Mais um show do João

Não tenho a menor dúvida de que o Carnaval de 2011, será o melhor momento da Acadêmicos do Grande Rio em sua história. Um desfile de superação irá fazer com que a Escola, que passou recentemente pelo trauma de perder todas as suas fantasias e alegorias em um incêndio na Cidade do Samba, brilhe ainda mais no cenário da Folia.

Mas como estamos escrevendo sobre os grandes momentos das Escolas de Samba na última década, voltemos até o ano de 2003.
A Grande Rio já vinha buscando o seu espaço entre as grande a algum tempo, mas ainda esbarrava em pequenas falhas técnicas. Isso já lhe havia custado vaga no desfile das campeãs nos dois últimos carnavais (2001 e 2002).

A agremiação de Duque de Caxias pensava grande e já vinha investindo pesado na contratação de craques de primeira linha para engrandecer ainda mais as suas apresentações. Em 2001, chegou o carnavalesco Joãosinho Trinta, para fortalecer a plástica da Escola. Com ele, vieram o intérprete Quinho e o diretor de bateria Odilon Costa, o méstre Odilon.

Para 2003, o carro de som da Escola teve uma mudança. Saiu Quinho, que retornava para o Salgueiro no Carnaval dos 50 Anos da Acadêmia do Samba e para o seu lugar chegava o badaladíssimo Wander Pires.

O enredo da Acadêmicos do Grande Rio para este Carnaval, parecia ser algo pouco carnavalizado, um tema que dificilmente passaria leve e com boa leitura na Sapucaí. Mas em se tratando de Joãosinho Trinta, é bom não dúvidar de nada, afinal, o maior carnavalesco da história da Folia carioca já deu provas de que extrai leite de pedra, haja visto enredos com temáticas semelhantes apresentados em várias oportunidades em sua época de Beija-Flor.

O enredo, "O Nosso Brasil Que Vale", falaria da Indústria da Mineração no Brasil, exaltando a Companhia Vale do Rio Doce, como uma grande potência a nível mundial na extração de minerais.

Aí você pensa, mas minério da samba???

Ô se dá!!!

Do ponto de vista estético, a Grande Rio foi depois da Mangueira (insuperável na plástica), a mais bele de 2003. O estilo inconfundível de Joãosinho Trinta novamente estava encantando o público e os amantes do Carnaval. A marca que o consgarou, as grandiosas alegorias estavam presentes, e com um variedade infinita de formas, idéias e consepções artísticas. Algo que convenhamos, só o Mister Trinta, sabe fazer!!!

A comissão de frente da Escola (a cima a esquerda), representava os minerais em seu processo de formulação, no solo terrestre. Coreografados por Renato Vieira, os 15 bailarinos fizeram uma belíssima coreográfia em torno de esculturas também muito lindas, do deus Chronus, senhor do tempo na mitologia.

Logo na seqüência, veio uma ala que destaco como a melhor do Carnaval de 2003. Era um grupo de duendes que traziam uma mascara perfeita em latex que realmente modificava 100% o rosto do componente que a trajava. Em cada uma de suas mãos, um boneco com a mesma feição da mascara do desfilante que deixava no ar a dúvida: Quem é o componente??? Mais uma sacada genial do carnavalesco.

O carro abre-alas (foto), todo em branco e com nuances em lilás, representava as profundesas da Terra. Aliás, alegorias e fantasias com predominância em braco, são mais uma marca do trabalho de Joãosinho Trinta. Somente ele e o não menos genial, Arlindo Rodrigues, sabiam como executar esse tipo de idéia com tamanha qualidade.

O desfile passeou por cidades coloniais de Minas Gerais, pelas ferrovias que transportam os minerais, pelas matas, pela cultura indigena, pela preservação ambiental e terminou em uma homenagem a Seleção brasileira de futebol, penta-campeã do Mundo, na Copa de 2002, realizada na Coréia do Sul e no Japão.

A apresentação empolgou e recebeu como prêmio, a inédita 3° colocação e de quebra a tão sonhada vaga no desfile das campeãs.

À partir daí a Grande Rio não parou mais de crescer. Tem no curriculo uma série de vice-campeonatos e certamente vinha para disputar o título em 2011 até com certa dose de favoritismo. Mas como os deuses do Carnaval às vezes nos pregam algumas peças, não foi dessa vez que o povo de Duque de Caxias irá soltar o grito preso na garganta desde o início da última década.

E mesmo com tudo isso, estou confiante em afirmar que o desfile da Escola neste Carnaval, será um dos melhores momentos da história da Marquês de Sapucaí em 26 anos de sambódromo. Pra quem pensa que a Grande Rio é um aglomerado de artistas e que não tem uma comunidade forte, aguarde... você vai se surprender!!!

Carnaval 2003
G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio
Enredo: "O Nosso Brasil Que Vale"
Carnavalesco: Joãosinho Trinta
Colocação: 3° lugar

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