sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Unidos de Vila Maria

Enredo: "A Força Infinita da Criação, Vila Maria Feita a Mão"

Carnavalesco: Chico Spinoza

A Unidos de Vila Maria a anos vem perseguindo um título, o que iria coroar a brilhante administração dessa tradicionalíssima Escola de Samba da Zona Norte de São Paulo. Desde o seu retorno ao Grupo Especial em 2002, a agremiação vem cescendo a cada ano e mostrando que um bom trabalho de base (estrutura e investimento em sua comunidade) são a chave para uma trajetória de sucesso. Desde 2006, quando Paulo Sergio Ferreira assumiu a presidencia da agremiação, a disputa pelo título se intensificou, com direito a um vice-campeonato em 2007 e duas 3° colocações (2008 e 2011) desde então. Para conquistar a tão sonhada vitória, o carnavalesco Chico Spinoza chegou para substituir o contestado (não sei porque) Fábio Borges a frente do Carnaval da Vila. O enredo escolhido fala sobre o trabalho manual desde a Criação do Mundo, passando pelo artesanato, a modelagem, as celebrações e o aperto de mão que sela a paz. Entretanto, o tema é batido. A União da Ilha do Governador (1983) e a Barroca Zona Sul (2005), já apresentaram essa temática e não obtiveram lá muito sucesso, a Verde e Rosa paulistana, inclusive, fora rebaixada. O grande diferencial no entanto apontado por Spinoza para o seu enredo é o fato de que o público irá interagir em todos os momentos do desfile. Como eu não sei, mas é o que garante o carnavalesco. Depois de uma passagem muito boa pela Tom Maior, Chiquinho tem a chance de novamente trabalhar em uma grande Escola de Samba em São Paulo e tentar repetir o feito conquistado por duas vezes na Vai-Vai. Em caso de conquista, podem ter certeza de que o artista será eternizado pelos lados do Jardim Japão.

Que a Escola irá apresentar um grandioso e belíssimo desfile, isso ninguem ousa duvidar. O que no entanto pesa absurdamente contra a agremiação é o samba de enredo fraquíssimo escolhido como trilha para essa apresentação. Vindo de duas boas obras nos últimos carnavais, me parece que a Vila perdeu a "mão" na escolha deste ano. Vejam só que ironia!!! Desde que ouvi a gravação preliminar dos compositores, este samba me pareceu estranho, todo remendado, pois em vários momentos a melodia se quebra e acaba não casando. Até tentei, mas não conseguia me acostumar com esta obra, tanto que é a faixa do CD que menos roda aqui no meu som. Só que para a minha surpresa (e acredito que a de muita gente), nos ensaios na quadra ele está crescendo maravilhosamente bem, com direito a momentos de explosão que eu não conseguia imaginar ouvindo o álbum. Por isso, minha avaliação se dará por meio do samba ouvido na quadra por mais de uma oportunidade. O refrão de cabeça se transformou em um verdadeiro "arrasta quarteirão", com toda a comunidade coreografando e cantando á plenos pulmões o trecho "Quem é Vila Maria, levante as mãos". Os versos de melodia quebrada que eram nítidos no CD ganharam um certo "disfarce" na versão ao vivo e passaram a render muito bem, com destaque na primeira metade da obra para o trecho "Chama ardente é fogo, clareia a evolução/Pra semear, colher, compartilhar/E dizer não a covardia". O samba volta a crescer tanto em vibração como em interpretação no refrão seguinte, onde a bateria ensaia uma bossa sensacional!!! A única coisa que ainda não me agrada por completo são as variações que tentam deixar a obra mais melodiosa à partir de seus trechos finais. Aí ela se perde um pouco. Sem contar que a palavra on-line, inserida em um momento que refere-se a internet ainda é um tanto quanto obscura para um samba de enredo. No mais, fica evidente de que este samba está crescendo. Não sei, mas acredito que quem quiser ganhar este Carnaval terá de passar por cima da Vila Maria.

Letra do Samba

Autores: Russo, Moleque Pará, Nininho, Wagner Yhai e Prof. Wal
Intérprete: Nêgo

Quem é Vila Maria levante as mãos
É a força infinita da criação
A batucada é raiz verdadeira
Sou comunidade valente, guerreira

Divino Artesão
O criador do Universo
Fez o primeiro homem, a sublime criação
Da poeira das estrelas, filhos deste chão
Chama ardente é fogo, clareia a evolução
Pra semear, colher, compartilhar
E dizer não a covardia
Vamos dar as mãos nossa família
Fazer na avenida a corrente de fé
Bate forte o tambor, axé!

No som do batuque, eu vou
Na roda de samba, eu tô... Pode aplaudir!
A mão que faz a guerra
Levanta a bandeira da paz e amor

Mãos que falam, conduzem
Engrandecem meu viver
O futuro em nossas mãos
Na internet on-line com você
Retalhos vão se transformar
No Artesanato Brasileiro
Trago bordado no meu Pavilhão
Um gesto de igualdade e união
Ó Pai, abençoai as mãos que fazem carnaval
E que a mágia do artista
Conquiste a alma do sambista

Nenhum comentário:

Postar um comentário