sábado, 10 de dezembro de 2011

Imperatriz Leopoldinense



Enredo: "Jorge, Amado Jorge"


Carnavalesco: Max Lopes


A grande sacada da Imperatriz em homenagear o escritor baiano Jorge Amado no ano em que completaria se estivesse vivo cem anos, foi sem dúvida alguma um ponto mais do que positivo para a agremiação da Zona da Leopoldina. O enredo também surge como uma chance de redenção para o carnavaleco Max Lopes, tão criticado e contestado após o desfile um tanto quanto irregular de 2011. No entanto, Max é especialista em enredos biográficos e também com a temática nordestina. Os dois principais assuntos abordados pela Verde e Branco em seu enredo para o Carnaval de 2012. Porém, nem tudo segue como esperado na Imperatriz Leopoldinense. No último mês de novembro, após um episódio ainda não exclarecido, o excepcional mestre de bateria da Escola, Marcone, foi deminito e agredido pelo presidente Luiz Pacheco Drummond, o que revoltou não só torcedores, mas também ritmistas que em solidariedade a seu mestre, também deixaram a Imperatriz. É sob este clima de incertezas, espectativas e a emoção provocada pela bela e justa homenagem a uma das maiores personalidades da história brasileira que a Imperatriz Leopoldinense segue rumo ao seu aguardado desfile na Marquês de Sapucaí.


Quanto a trilha sonora que irá embalar a Escola de Ramos em seu desfile, não tenho muito o que dizer. Nos últimos três anos a fertil e sempre inspirada ala de compositores da Imperatriz nos presenteia com um samba enredo de altíssima qualidade e beleza inquestinável. Em sua maior parte construído sobre melodias menores, a obra ganha um ar de nostalgia, talvez proposital e acertadíssima por parte dos autores. O rerfão de cabeça segue a linha dos últimos anos e valoria muito a composição. Durante toda a primeira parte do samba, a Bahia e a infância de Jorge Amado são narrados com muita competência em uma sucessão de versos maravilhosos. O refrão do meio então é de "parar o quarteirão" de tão belo que é. A parte final brinca com as variações melódicas e citam as obras do autor e a religiosidade do povo baiano. Será interessante ver a ótica da Bahia trazida pela Imperatriz logo após a passagem da Portela, que também investe no tema. Fato é que ambas possuem sambas enredo excepcionais, porém, a Azul e Branco de Madureira leva vantagem por conter um samba antológico. O da Imperatriz é muito bom, excelente até, eu diria. Mas não é uma obra-prima. Ao meu ver, o segundo melhor do ano.


Temos que tirar o chapéu e reverenciar essa magistral ala de compositores da Escola de Ramos que ano após ano vem nos presenteando com sambas enredo dessa categoria!!!


Letra do Samba


Autores: Jeferson Lima, Ribamar, Alexandre D'Mendes, Cristóvão Luiz e Tuninho Professor

Intérprete: Dominguinhos do Estácio


Ave, Bahia sagrada!

Abençoada por Oxalá!

O mar beijando a esperança

Se lança nos braços de Iemanja

Menino amado...

Destino bordado de inspiração

Iluminado...

Vestiu palavras de fascinação


Olha o acarajé! Quem vai querer?

Temperado no axé e dendê

Quem tem fé vai a pé... Vai sim!

Abris caminhos na Lavagem do Bonfim


No rio... o vento soprou

As letras em liberdade

Joga a rede, pescador!

O povo tem sede de felicidade

A brisa a embalar

Memórias que falam de amor

Momórias sob o lume do luar

O doce perfume da flor

Ê, Bahia! Ê, Bahia!

Dos santos, encantos, mágia

Kaô, kabesilê! Ora iê iê, Oxum!

Tem festa no Pelô

Na ladeira, capoeira mata um


Sou Imperatriz! Sou emoção!

Meu coração quer festejar!

Ao mestre escritor, um canto de amor

Jorge Amado, saravá!

Nenhum comentário:

Postar um comentário