Mesmo diante de uma grave crise interna e financeira, a tradicional Portela promete entrar com garra e coragem na Marquês de Sapucaí, para contar a história do bairro de Madureira, no Subúrbio do Rio. O carnavalesco Paulo Menezes promete que a águia da Portela vai entrar de cabeça erguida, no último horário do Sambódromo do Rio no domingo de carnaval (10 de fevereiro), com seus componentes batendo no peito com muito orgulho cantando o samba que diz: “Abre a porta chegou Madureira, a poeira já vai levantar”.
O barracão está com o trabalho atrasado, é verdade. Mas o carnavalesco garante que as dificuldades não abatem o ânimo do portelense. Ao contrário, contar a história do bairro onde a escola nasceu e que é considerado o berço do samba torna a agremiação ainda mais forte. Principalmente porque Madureira será apresentada na avenida por ninguém menos que o grande ídolo da Portela, Paulinho da Viola, no enredo “Madureira... onde o meu coração se deixou levar”.
“O enredo começa com o último campeonato que a Portela ganhou sozinha, em 1970, e que conquistou o coração de Paulinho da Viola. Apaixonado pela escola ele compôs 'Foi um rio que passou em minha vida’. E vamos aproveitar esse encantamento para contar a história de Madureira ao compositor. O enredo é um conjunto de efemérides que deixa o portelense muito orgulhoso. Ele celebra os 70 anos de Paulinho da Viola, os 90 anos de fundação da Portela e os 400 anos de Madureira”, explicou Menezes.
Para isto, o carnavalesco vai dividir os quatro mil componentes em 35 alas. A escola vai desfilar com sete alegorias e quatro tripés. A bateria, a Tabajara do Samba, vai marcar o compasso na avenida ditado pelo mestre Nilo Sérgio, tendo à frente uma moradora de Madureira, a rainha Patrícia Nery. O samba será cantado por Gilsinho. O pavilhão de uma das escolas mais tradicionais do Rio vai ser empunhado com elegância pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira Robson Sensação e Ana Paula.
Menezes conta que o desfile começa com Paulinho da Viola tentando entender o que é o amor que ele sente pela Portela e mergulha fundo na história de Madureira. O desfile começa lembrando o campeonato de 1970, com o enredo “Lendas e mistérios da Amazônia”. A águia, símbolo da escola, estará neste setor.
O segundo setor do desfile conta a formação histórica do bairro, com suas fazendas e canaviais. Logo depois, entra o setor da formação religiosa, que mistura festas católicas e do candomblé e traz elementos característicos como o jongo.
O quarto setor vai retratar o desenvolvimento econômico e comercial do bairro. Mostra a chegada do trem a Madureira e dos imigrantes árabes e judeus, dos italianos e da única fábrica de massas e biscoitos da região. É também o setor onde o Mercadão de Madureira será destacado não só como grande pólo comercial como também atração turística.
O lado cultural de Madureira, com gafieiras, os bailes charm embaixo do Viaduto Negrão de Lima, o movimento da black music e os campeonatos esportivos, como o basquete de rua, realizados no local vão estar no quinto setor do desfile. Já o carnaval de rua, com os famosos blocos de piranhas da região, estará no sexto setor. Além de destacar o samba da Portela, Menezes vai fazer uma homenagem a coirmã Império Serrano. Estarão presentes o compositor Arlindo Cruz, Dona Ivone Lara, Jorginho do Império e Tia Maria, do jongo da Serrinha.
O encerramento do desfile mostra quando Madureira vira inspiração para várias músicas. Ou seja, termina com Paulinho da Viola chegando à Sapucaí inspirado por Madureira, junto com a Velha Guarda da Portela.
Fundada em 1923, a escola nasceu da junção de dois blocos e teve dois outros nomes antes de se chamar Portela, em 1930. E logo se transformou numa das principais agremiações ao lado de Mangueira e da Deixa Falar (atual Estácio de Sá, da Série A). Ao longo de seus 90 anos, colecionou 21 títulos, sendo o último no supercampeonato que dividiu com a Mangueira na inauguração do Sambódromo do Rio em 1984. No carnaval de 2012 ficou em sexto lugar.
Fonte: g1.globo.com/carnaval/2013
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