De olho nas duas vagas para o Grupo Especial, as escolas do Grupo de Acesso do carnaval de São Paulo vão levar à avenida homenagens e apelos sociais diversos. Além dos tradicionais enredos sobre índios e negros, até mesmo a atriz e modelo Elke Maravilha vai ter a sua história contada no Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte.
As escolas do Grupo de Acesso vão desfilar no domingo, dia 10 de fevereiro, das 21h às 4h35, segundo previsão da Liga das Escolas de Samba de São Paulo. As agremiações Pérola Negra e Camisa Verde e Branco foram rebaixadas em 2012 e, por isso, farão parte do grupo neste ano. Já a Unidos de Santa Bárbara venceu o Grupo 1 da União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp) e passou a integrar o Acesso.
Cada desfile da categoria deve ter entre 50 e 60 minutos. Pelo regulamento, as agremiações do Acesso desfilam com quatro carros alegóricos. O resultado será divulgado no dia 12 de fevereiro, e as escolas vencedoras se apresentam novamente no dia 15 de fevereiro, das 22h às 4h, começando pelas duas primeiras colocadas do Grupo de Acesso e, em seguida, com o desfile das cinco primeiras colocadas do Grupo Especial.
Veja abaixo informações sobre os enredos de cada escola do Grupo de Acesso:
Unidos de Santa Bárbara (21h*)
A Unidos de Santa Bárbara vai estrear no Grupo de Acesso com um alerta a favor da paz entre as pessoas. “A cada dia, a escola fica mais comovida por causa do noticiário, que só mostra violência e morte. Por isso, vamos falar da gentileza, que nos ajuda a viver melhor e reconstroi o ser humano”, disse o carnavalesco Anderson Paulino.
A comissão de frente vai mostrar diversos hippies transmitindo a mensagem do “paz e amor”. Já o primeiro setor vai tratar dos pequenos atos de gentileza do dia a dia, como um sorriso. O setor também vai contar a história do profeta Gentileza, um pregador que ficou famoso na década de 80 por fazer pinturas em viadutos da região central do Rio de Janeiro.
O enredo, cujo intérprete é Jorginho de Soares, seguirá contando a história de Jesus Cristo. Já o terceiro setor foca no bem estar ambiental. As alas vão mostrar o bom aproveitamento da água e a preservação das matas e dos animais. Para finalizar, a Unidos de Santa Bárbara vai tratar da coleta seletiva e da reciclagem do lixo.
O destaque da bateria é a madrinha Tatiana Oliveira. Welson e Waleska formam o casal de mestre-sala e porta-bandeira.
Unidos do Peruche (22h05*)
Rebaixada em 2011, a Unidos do Peruche vai levar à avenida neste ano uma homenagem aos índios. Segundo o carnavalesco Amarildo de Silva, os enredos do carnaval de São Paulo geralmente falam de índios, mas nunca do começo ao fim. E é isso que a escola pretende fazer, também como uma forma de homenagear os trabalhadores de seu barracão – a maioria vinda de Parintins, no Amazonas.
A comissão de frente vai mostrar os integrantes da escola vestidos de índios e fazendo danças tradicionais. O abre-alas retrata o mistério da tradição do mundo segundo a mitologia da região do Xingu. Nos dois primeiros setores, o desfile segue retratando diversas tribos do Brasil, a resistência à colonização europeia e diversas lendas amazônicas.
Já no terceiro setor, a escola vai retratar a presença do índio no cinema e na arte brasileira. Para Silva, o carro desta parte é um dos destaques do desfile, pois vai mostrar o livro “O Guarani”, de José de Alencar, e como tal história já foi retratada diversas vezes em teatros europeus.
Finalizando, a Unidos de Peruche vai mostrar a contribuição indígena para as festas do país. O destaque vai para a festa do Boi Garantido e do Boi Caprichoso, de Parintins.
A rainha de bateria é a apresentadora Lola Melnick e a madrinha é Dani França. Já o casal de mestre-sala e porta-bandeira é formado por Ruhanan Pontes e Ana Paula
Camisa Verde e Branco (23h10*)
Com o objetivo de voltar à elite do carnaval de São Paulo, a escola Camisa Verde e Branco promete levar à avenida um carnaval de luxo. A agremiação vai contar a história de um velhinho que volta à infância e passa por diversas aventuras no mundo da imaginação. “Nosso objetivo é convocar a todos a voltar a ser criança”, contou o carnavalesco Anselmo de Brito.
Na comissão de frente, o velhinho vai virar criança e descobrir que está em um reino encantado. Vão aparecer castelos, reis e rainhas, bruxas e até mesmo um dragão de duas cabeças na avenida. Depois, no primeiro setor, o personagem vai descobrir um reino no fundo do mar, com sereias e outros seres. Segundo o carnavalesco, o carro vai ter efeitos de bolhas de sabão.
Já o segundo setor vai retratar uma cidade futurista com diversos super-heróis, como o Super Homem e a Mulher Maravilha. O quarto e último setor será da cidade dos sonhos, com casas de chocolate, sorvetes aos montes e brinquedos como um carrossel. No final, o velhinho percebe que tudo não passou de um sonho, pois ele estava lendo um livro e cochilou.
O intérprete será Igor Sorriso. Já o destaque da bateria será a Rainha do Carnaval 2013, Ariellen da Silva.
Imperador do Ipiranga (0h15*)
A Imperador do Ipiranga vai levar um apelo a favor das crianças para a avenida neste ano. Com o enredo “Ouviram do Ipiranga um grito de esperança”, a escola da Zona Sul vai tratar da exploração infantil. “Vamos falar de toda e qualquer exploração do menor, que geralmente começa em casa, com a própria família”, diz o carnavalesco Armando Celso Barbosa.
Segundo Barbosa, a comissão de frente vai ser polêmica, pois vai tratar do aborto. O primeiro setor vai focar o tema de forma abrangente, mostrando as diversas formas de exploração das crianças. O segundo vai tratar das leis que foram criadas para ajudar a melhorar a situação.
Já o terceiro setor vai mostrar as formas de ajuda que as crianças recebem, que partem de organizações não governamentais, da família e da Igreja.
O carro do último setor é um dos destaques do desfile, pois retrata instituições que ensinam crianças a fazer arte com material reciclado. Ele terá um grande boneco de lixo com prateleiras em que objetos feitos por crianças serão exibidos. Outro destaque será a rainha de bateria, Khawany de Oliveira, e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, José Roberto Vicente e Daniela Motta. O intérprete do samba da escola será Evandro Malandro.
Leandro de Itaquera (1h20*)
Neste ano, a Leandro de Itaquera foi buscar nas suas origens a inspiração para seu enredo. A escola vai homenagear o negro e toda a sua herança cultural no país. “A escola foi fundada por negros, então queremos preservar a tradição do carnaval com esse tema. A palavra-chave é resistência negra, desde a escravidão até hoje”, disse o carnavalesco Rodrigo Cadete.
Com o enredo "O leão guerreiro mostra sua força! É a garra e a bravura do negro, no quilombo Leandro de Itaquera", a abertura mostrará uma corte negra de Palmares com o símbolo da escola, o leão, no abre-alas. O desfile segue com os ciclos do ouro, do açúcar e do café, em que os negros trabalharam para construir a riqueza do país.
No próximo setor, a escola vai mostrar as heranças culturais dos negros no Brasil em diversas áreas, como arte, culinária e música. O término apresentará a Leandro de Itaquera como um quilombo paulistano, “uma escola de negros que preserva sua herança cultural”, como Cadete ressaltou.
Segundo o carnavalesco, um dos destaques da escola é a bateria, que entrará na avenida caracterizada de Xangô. À frente da bateria estará a rainha Viviane Santos. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira será Murilo Felix e Karin Darling.
Pérola Negra (2h25*)
O desfile deste ano da Pérola Negra vai retratar a peça “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. Segundo o carnavalesco André Machado, levar a história para a avenida era um velho sonho. “Estava engavetado havia oito anos. Então apresentei para a Pérola Negra neste ano e toparam, pois é fácil, barato e oportuno”, disse.
A peça conta a história dos amigos João Grilo e Chicó no sertão nordestino. A comissão de frente vai mostrar a chegada do circo na cidade paraibana de Taperoá e os palhaços anunciando que o espetáculo vai começar. O abre-alas será puxado por dois calangos, animal típico do Nordeste.
O resto do desfile trata do julgamento após a morte dos personagens. O segundo carro terá um túnel, por onde uma ala vai entrar por uma ponta e sair por outra, representando a passagem dos homens ao mundo dos mortos. Um lado da alegoria representará anjos e o outro, demônios.
O terceiro carro do desfile, cujo samba será interpretado por Douglinhas Aguiar, terá como foco a acusação do diabo, que mostrará para onde João Grilo e Chicó irão caso sejam condenados. A alegoria será toda laranja e vermelha, retratando o inferno. Já o último carro mostra a compadecida, que é a advogada dos personagens. Ela será apresentada em uma escultura de 8 metros.
A escola terá como rainha de bateria Keile Vitoriano. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira será André e Gisa.
Estrela do Terceiro Milênio (3h30*)
Neste ano, a Estrela do Terceiro Milênio vai homenagear a atriz e apresentadora Elke Maravilha. Segundo o carnavalesco Eduardo Felix, a escola vai contar toda a trajetória dela, desde sua chegada ao Brasil até os trabalhos atuais. O intérprete principal da escola é André Pantera.
A comissão de frente, chamada de “Caixa de Pandora”, vai mostrar as origens de Elke. Ela é filha de pai russo e mãe alemã, então alas mostrarão homens e mulheres vestidos com características dos dois países. O abre-alas vai representar a Catedral de São Basílio, que fica na Praça Vermelha, em Moscou, na Rússia – país em que Elke nasceu.
O segundo carro representará a carreira de Elke no cinema e no teatro, mostrando algumas de suas obras. Já a terceira alegoria vai ser um setor bem alegre, segundo o carnavalesco. “Elke foi eternizada pelos excluídos, pois ela é madrinha dos gays, dos presidiários, dos portadores de hanseníase e é madrinha das prostitutas. Vamos falar um pouco disso”, comentou Felix.
O último carro será a alegoria em que a própria Elke vai desfilar na avenida. A estrutura será enfeitada com diversas estrelas e o símbolo da escola, a coruja.
A rainha de bateria é Elaine Cristina. Já o casal de mestre-sala e porta-bandeira é Alex e Edilaine. O enredo é “Reluz na constelação da Terceiro Milênio uma maravilha de estrela chamada Elke".
Morro da Casa Verde (4h35*)
Com o enredo “Ecoou no morro um grito de liberdade”, a Morro de Casa Verde vai levar ao Anhembi diversas lutas sociais. Segundo o carnavalesco Arisvaldo Oliveira Soares, a comissão de frente da escola vai ser uma festa dos libertadores, homenageando personagens como Irmã Dulce e Chico Xavier.
No primeiro setor, o enredo, que tem como intérprete Adeílton Almeida, vai tratar da liberdade sexual e racial. Vai mostrar a chegada de Dilma Roussef à presidência do Brasil através da ala das baianas, e também a ascensão do negro, tendo o presidente americano Barack Obama como referência.
Já o segundo setor será ainda mais político, tratando da liberdade política e da campanha da “Diretas Já”. O terceiro setor abordará a liberdade religiosa, com uma alegoria que trará o coração de cristo circundado de símbolos de diversas outras religiões, como o budismo, a umbanda e o espiritismo.
Para fechar, a escola vai voltar ao tema sexual para representar uma grande festa LGBT, aos moldes da Parada Gay. “É um desfile inteiramente luxuoso, requintado”, comentou Soares.
A rainha de bateria será Daiane Macedo. O primeiro casal de mestre sala e porta bandeira é formado por Diego e Carol.
Fonte: g1.globo.com/carnaval/2013
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