sexta-feira, 29 de julho de 2011

O Carnaval e as suas injustiças...

Que no Carnaval existem várias injustiças, todos estão cansados de saber.

O que venho comentar nessa postagem é algo que aconteceu com um intérprete no Rio de Janeiro a alguns anos atrás e que hoje, ao ouvir em meu mp3 um samba maravilhoso defendido pelo mesmo, me veio a lembraça de sua curiosa história.

O intérprete citado é Eliezer (o senhor em primeiro plano), cria da Unidos do Jacarezinho e dono de uma belíssima voz.

O cantor começou a sua trajetória no Carnaval no final da década de 70 e teve sua primeira oportunidade como intérprete oficial em 1982, quando a Rosa e branco de Caieiras desfilou no Grupo 2-A o enredo "Geraldo Pereira - Eterna Glória do Samba", de autoria do portelense Monarco.

Em 1983 e 1984, Eliezer foi preterido ao cantor Batista, que puxou os sambas da agremiação nos respectivos desfiles.

Em 1985, Eliezer voltou ao posto de primeira vóz no desfile "Do Batuque a Apoteose, o Samba Pede Passagem", pelo Grupo 1-B, já na Marquês de Sapucaí.

No ano de 1987, após 15 anos longe da Elite do samba carioca, o Jacarezinho retornava ao primeiro grupo e apresentava o enredo "Lupicinio Rodrigues, a Dor de Cotovelo", do carnavalesco Flávio Tavares. Mas de maneira surpreendente, a direção da Escola optou pelo compositor Mauro da Bacia para puxar o samba tanto no LP quanto na avenida. O mesmo aconteceu de 1988 a 1990. Em 1988, Batista retornou ao posto. Em 1989, de volta ao Grupo 1-A, o escolhido para defender o samba "Mitologia, Astrologia, Horóscopo... Uma Benção Para o Carnaval Brasileiro", foi o veterando Carlinhos de Pilares. De volta ao segundo grupo em 1990, foi a vez de Alexandre D'Mendes ser a vóz oficial da Escola.

Eliezer voltou a ser o intérprete oficial do jacaré somente em 1991, no Grupo 1. Seguiu assim até 1993. Em 1994, novamente a diretoria abriu mão do talento de Eliezer e durante os 4 anos seguintes Carvalhaes e Clóvis Pê, revesaram-se no microfone principal.

A volta por cima se deu em 1998, no Grupo B, onde Eliezer teve a honra de cantar o magnífico samba "Jacarezinho é... Etnias na Sapucaí", de autoria de Jorge Branco, Walter Veneno, Beto M, Mascote e Moacir MM. Para se ter uma idéia, o desfile de 98 foi tão exuberante que o título de campeã do Grupo veio com nada menos do que 7,5 pontos de diferença para a Unidos de Villa Rica, a segunda colocada.

Porém, em 1999, a direção da Escola optou por novamente substituir Eliezer. Dessa vez o escolhido foi o limitado Joelson.

Regressou pela última vez nos anos de 2004 e 2005, com a Escola novamente desfilando no Grupo B.

Desde então, não se sabe muito sobre Eliezer. Sabe-se que está vivo e frequênta os ensaios da Escola, porém, não mais na condição de intérprete, o que é uma pena, pois o cantor tem uma vóz forte e marcante.

Fato é que as constantes "deposições" do intérprete é algo revoltante. O que me parece é que na visão da diretoria o mesmo servia para os grupos inferiores, mas não era importante nos grupos principais. O que é um absurdo.

Quem conhece sabe do que eu estou falando.

Segue o link do site oficial da Unidos do Jacarezinho, onde se pode ouvir o samba enredo de 1998 na versão do disco do Grupo B, com a maravilhosa gravação de Eliezer em um dos sambas mais bonitos que já desfilaram na Sapucaí.

http://unidosdojacarezinho.com.br/sambas/1998.html

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