domingo, 23 de dezembro de 2012

Águia de Ouro


Enredo: “Minha Missão. O Canto do Povo. João Nogueira”

Autores: Diogo Nogueira, Ciraninho, Leandro Fragonesi, Rafael e Serginho Castro

Destaque absoluto na safra do Grupo Especial!

Assim posso definir a obra que a Águia de Ouro levará para o sambódromo do Anhembi encerrando a primeira noite dos desfiles paulistanos.

Desde que o enredo foi anunciado, previa-se um grande samba, afinal, João Nogueira é sinônimo de qualidade musical e também de brilhantes sambas de enredo que compôs para a Tradição em seus primeiros anos de existência após a dissidência com a Portela.

Agora, o que dizer então do samba que o seu filho Diogo Nogueira compôs em homenagem ao pai?

Imaginem só a emoção desse rapaz! Afinal, não poderia haver maior exaltação ao trabalho e ao legado deixado pelo pai do que o seu herdeiro ser o responsável por essa homenagem musical.

No geral, um samba como poucas vezes tivemos o prazer de ouvir em São Paulo. Sua estrutura é diferenciada, bem como a sua melodia que foge do lugar comum e ganha inclusive ares de revolucionária. Sei que muitos “entendidos” irão me criticar, mas é uma revolução, sim!

Logo de cara, o refrão principal nos apresenta o enredo com competência. Os versos “João teu nome é história/O canto do povo te faz imortal/’Ninguém faz samba só porque prefere’/É ´nó na madeira´ o meu carnaval” são de arrepiar. Assim como no caso da Acadêmicos do Tatuapé, voltamos a ver o enredo ser mencionado dentro do samba. Espero que seja uma prática que esteja voltando para ficar, pois qualifica ainda mais as deficientes obras de hoje em dia.

Chegamos então em um dos momentos mais espetaculares da obra: “Ê vida boa... no Méier ‘labareda no olhar’/ Ê vida a toa... Boêmio a luz do luar/Ê vida voa... ‘O club do samba’ desperta saudade”. Há quanto tempo não víamos seqüência de citações em um samba de enredo? Mais um ponto para a parceria de Diogo Nogueira!

No refrão de meio, outro show de versos! Uma sextilha digna do mestre Martinho da Vila que além de elevar o nome de João Nogueira, exalta sua fé e religiosidade. Os versos “Bole que bole ‘no som dos tantãs’/ Me leva na fé São Jorge guerreiro/Quebra no ‘balacochê do Cavaco’/Clareia meus passos, São Sebastião/Aplausos para um gênio brasileiro/Águia de Ouro é samba, amor e tradição” são para ouvir e pedir bis!

E olha que o melhor ainda está por vir!

“Hoje o espelho é você/ E o ‘meu medo maior é o espelho se quebrar’/E o meu medo maior...”.

Isso é para fechar com chave de ouro não só o samba, mas o primeiro dia de desfiles no sambódromo. Fiquei encantado com esse trecho, pois foge totalmente do convencional e faz um gancho perfeito com o refrão de cabeça. Ou seja, é um retorno fora do comum. Samba é inovação!

O experiente Serginho do Porto a de 10 anos na Escola da Pompéia, completa o sucesso da faixa com mais uma segura e convincente apresentação. O que qualifica ainda mais a obra.

Deve arrebatar o Troféu Nota 10 no quesito sem maiores dificuldades!

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