terça-feira, 17 de abril de 2012

"Sou Imperatriz, sou emoção..."

No centenário de Jorge Amado, mais uma homenagem ao escritor baiano no maior "teatro" popular do planeta.

A Imperatriz Leopoldinense foi a agremiação responsável por retratar a vida e a obra do mestre em um desfile que era aguardado com grande expectativa pelo público que lotava as arquibancadas da "nova" Marquês de Sapucaí.


O enredo "Jorge, Amado Jorge" foi desenvolvido pelo Mago das Cores, Max Lopes, que preparou uma Escola simplesmente deslumbrante no que diz respeito a plasticidade. Se não fossem os problemas de organização que atrapalharam a agremiação durante toda a sua apresentação, certamente teria uma colocação bastante satisfatória.


Na comissão de frente a alusão a obra "Capitães de Areia" com 15 meninos de rua se apresentando em um elemento alegórico que surprendeu a muita gente devido a dificuldade da coreografia.


Ainda na abertura do desfile, a primeira ala representando o mar e tripés em forma de embarcações de pesca fazendo alusão às "mulheres de Jorge". Tieta do Agreste, Gabriela Cravo e Canela e Tereza Batista foram lembradas e deram nome às citadas embarcações. Na sequência, o abre-alas apresentava um trabalho em aluminio "bordado" simplesmente deslumbrante. A obra de arte é assinada pelo Shangai, que a mais de 20 anos vem nos brindando com trabalhos excepcionais nas mais diversas Escolas.


Plasticamente não tenho o que dizer da Imperatriz. Mais uma vez Max Lopes deu show de bom gosto, provando ser o legitimo herdeiro de Arlindo Rodrigues. As alegorias estavam simplesmente deslumbrantes, com destaque para o carro "País do Carnaval", que trazia esculturas remetendo aos antigos postes de iluminação do centro do Rio de Janeiro.


Os figurinos eram multi-coloridos, como manda o estilo Max Lopes e no conjunto das alas, formaram um espetáculo dos mais agradáveis no Carnaval 2012.


O samba de enredo da Imperatriz era um dos melhores do ano, com destaque para a melodia, típica das melhores obras da Escola de Ramos. Mais uma vez Dominguinhos do Estácio provou que está em plena forma ao conduzir de maneira soberba o hino "gresilense" na Sapucaí.


A bateria que pelo primeiro ano teve à sua frente o mestre Noca, manteve o ritmo da época do Marcone e foi um dos pontos altos do desfile. As bossas executadas (com muita competência, diga-se de passagem) nos refrões eram verdadeiras maravilhas. Bateria aliás vem se tornando um dos mais fortes quesitos da Imperatriz nos últimos tempos. Nota 10.


O jovem casal Phelipe Lemos e Rafaela Teodoro manteve o nível de 2011 e não comprometeram. A bela fantasia é que merece destaque, um trabalho de arte plumária realmente caprichado.


O grande problema da Imperatriz Leopoldinense em 2012 foi sem sombra de dúvidas a falta de organização e competência por parte de sua direção de carnaval. Que me desculpe o experientíssimo Guilherme Nobrega, mas o que se viu no desfile foi uma bagunça generalizada. Alegorias fora de ordem, alas espaçadas, diretores de harmonia correndo de um lado para o outro, enfim, algo literalmente de várzea.


O ruim disso tudo é que a culpa recaiu sobre quem? O carnavalesco, é claro.


Max Lopes esteve longe de ser o culpado pelo 10° lugar conquistado pela Escola de Ramos. Mas como no Brasil técnico de futebol e carnavalescos são sempre os responsáveis por eventuais fracassos de suas entidades, paciência.


Com eleições marcadas para para este primeiro semestre de 2012, a Imperatriz parece esperar uma definição em seu quadro administrativo para anunciar mudanças na equipe de trabalho. Max Lopes foi dispensado logo após a apuração e o nome do seu substituto ainda sequer foi escolhido. Nomes são jogados ao vento, como por exemplo os de Cahê Rodrigues e Cid Carvalho, porém, nada de oficial foi divulgado pela Escola.


Baixa mesmo é da eterna musa Luiza Brunet, que depois de anos reinando absoluta à frente da bateria da Imperatriz foi dispensada pelo diretor de carnaval Wagner Araújo.


Os torcedores da Verde, Branco e Ouro estão desconfiados quanto ao futuro da Escola e vêm na saída do seu presidente Luiz Pacheco Drummond a única solução para a crise em que a agremiação se encontra, porém, acho que os problemas da Imperatriz são mais graves do que isso.


Desejo sorte aos amigos "gresilenses" e espero que em breve a Imperatriz Leopoldinense volte a viver os seus melhores dias.

Um comentário:

  1. Esta semana, onde foi reeleito o presidente Luiz Pacheco Drummond, a comunidade de Ramos recebeu a notícia de que o veteraníssimo cenógrafo Mário Monteiro, em parceria com sua esposa também cenógrafa, Kaká Monteiro, assinarão o Carnaval de 2013 da Escola.

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