sexta-feira, 20 de abril de 2012

"Meu São Luís do Maranhão..."

A campeã de 2011 mais uma vez era aguardada com grande expectativa, ainda mais depois que Joãozinho Trinta, um dos homenageados do enredo e possivelmente figura mais expressiva da história da Beija-Flor de Nilópolis faleceu, deixando o Carnaval mais entristecido.

Apostando em mais um enredo C.E.P. (Cidade/Estado/País), a Azul e Branco resolveu em 2012 mostrar na Sapucaí as belezas e as tradições de São Luís do Maranhão, a única capital brasileira colonizada por francêses.

Depois de muito tempo, a Beija-Flor optou por um título de enredo compacto - "São Luís - O Poema Encantado do Maranhão" - em detrimento a uma frase cheia de clichês e colocações desnecessárias. Um título poético para um enredo que exalta a "Atenas Brasileira".

O início do desfile foi marcado por mais um trabalho do experiente coreógrafo Fábio de Mello, que coleciona Estandartes de Ouro ao longo de sua carreira, porém, em 2012, Fábio errou feio em sua criação. A comissão trazia um elemento alegórico muito grande e que durante a coreografia, apresentava uma serpente, em alusão a lenda da Ilha de São Luís. O elemento travava a evolução da Escola, pois o surgimento, desmontagem e posterior montagem da serpente demandava muito tempo. Não gostei.

Com a passagem do carro abre-alas o estílo da comissão de carnaval formada por Fran Sergio, Ubiratan Silva, Victor Santos e André Cezari, foi ficando mais visível. De gosto dúvidoso, as alegorias mostraram-se repetitivas, com um excesso desnecessário de monstros e figuras diabólicas. O carro abre-alas e o primeiro dos dois návios negreiros estavam interessantes, porém, não eram exatamente inéditos no carnaval da própria Beija-Flor.

Os figurinos eram como sempre cheios de informação, marca da Escola e a cara do figurinista Victor Santos, responsável pela defesa do quesito. Algumas fantasias muito bonitas, outras nem tanto. Destaque mesmo fica para o capricho na reprodução das peças, que na Beija-Flor costumam inclusive superar o nível dos protótipos. Isso tudo graças ao Sr. Laíla que não costuma dar mole.

No quesito samba de enredo não é novidade o padrão de qualidade pelo qual prima a Beija-Flor. Mesmo que soem repetitivos, as obras são altamente descritivas e envolventes. Não é nenhum "arrasta quarteirão", mas muito frequentemente arrebata nota 10. Outro detalhes importante: os sambas parecem ser feitos para se adequarem à vóz do seu folclórico intérprete Neguinho. Interpretação como sempre muito segura.

A bateria da Beija é outra que na maioria das vezes não me agrada. É avesa a bossas, paradinhas e afins. E é a única que não recebe nota baixa com alegação de falta de criatividade. Dá pra entender? De bom mesmo nessa bateria fica a imagem sempre marcante da lindíssima Raíssa Oliveira, a Rainha 100% comunidade. Raíssa que reina absoluta à frente dos ritmistas de Nilópolis desde 2003 é cria da comunidade e cresceu a nossos olhos. Hoje é uma das mais belas musas do Carnaval carioca.

Outro ponto de discórdia de minha parte fica para o casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorrizo (isso mesmo, com "Z"). É um casal regular, mas longe de ser essa maravilha toda que pintam por aí. Claudinho é até mais regular, mas Selminha por sua vez não chega aos pés de uma Lucinha Nobre, por exemplo. Sempre comento isso e volto a repetir: será que se a Selminha fosse porta-bandeira da São Clemente receberia tantas notas 10 assim? Fica a dúvida na cabeça dos amigos.

No geral, a Beija-Flor fez um desfile muito à baixo de suas tradições. Aquela Escola pomposa e técnicamente impecável parece ter ficado no passado. Em 2011 já fez um desfile muito fraco e ainda assim conquistou o título, este ano não teve jeito. E olha que a 4° colocação ficou de ótimo tamanho para a agremiação que ao meu ver merecia no máximo o 6° lugar.

Em Nilópolis, as mudanças são raras. Comentou-se logo após o Carnaval que Laíla estava desgastado e iria se aposentar, mas o próprio fez questão de desmentir a informação e garantir que continua firme e forte à frente das direções de carnaval e harmonia da Escola. A comissão de carnaval também será matida. Ninguem entra, ninguem sai. Neguinho, Selminha, Claudinho, mestres Plínio e Rodney são cativos e não vão sair tão cedo da Beija-Flor.

Com a definição do enredo para 2013, os trabalhos na baixada já começaram. "Amigo Fiél" contará a saga do cavalo mangalarga marchador, com enfoque principal na história do cavalo. Um enredo interessante mas que carece de um belo desenvolvimento apra tornar-se agradável. Acho que falta um carnavalesco para isso e o Max Lopes seria o nome ideal para tocar esse projeto, uma vez que está fora do Grupo Especial em 2013 até o presente momento. Enfim... o nome do Max é apenas um palpite. Mas que cairia bem, isso não dá pra negar.

Vou aguardar a sinopse para comentar melhor este enredo, mas até o momento é sem dúvida alguma um dos que mais me agradaram.

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