segunda-feira, 19 de março de 2012

"Sou X-9 guerreira, levanto a bandeira..."

O que acontece com a X-9 Paulistana???

Primeiro escolhe um enredo sem pé nem cabeça. Depois, transforma este mesmo enredo em algo altamente interessante. Aí, escolhe um bom samba de enredo que atende as necessidades da agremiação. Por fim, quando se espera um desfile a altura da tradição da Escola, vem a grande decepção que vimos com a passagem da tricolor da Zona Norte.

A bem da verdade, o desfile da X-9 não foi tão ruim assim. Teve lá os seus bons momentos, mas é evidente que se espera muito mais de uma agremiação com a história que ela têm.

O enredo "Trazendo Para os Braços do Povo o Coração do Brasil, a X-9 Paulistana Desbrava os Setões Dessa Gente Varonil", era uma homenagem aos 20 anos do Rally dos Sertões, mas vendo a necessidade de expandir a temática, os carnavalescos Rodrigo Cadete e Flávio Campello o transformou em uma grande viagem pelo sertão brasileiro. Vale destacar que o Flávio (carnavalesco) é sobrinho do genial Arlindo Rodrigues, porém, parece não ter herdado o bom gosto e o requinte do tio.

O desfile foi aberto aludindo aos modernistas de de 1922, com referencia a Oswald de Andrade e o antropofagismo. Na sequência, o grande carro abre-alas que representava um carro de corrida até gerou um certo impacto, mas as falhas no acabamento comprometeram a alegoria.

Nas fantasias uma melhora significativa em relação aos desfiles anteriores de X-9. Uma regularidade bem bacana demonstrou a maturidade da dupla de carnavalescos que soube como poucos trabalhar com as penas artificiais e a grande mistura de cores e formas que o enredo pedia. Destaque também para os mais diversos tecidos utilizados na confecção das fantasias. Tudo muito harmonioso.

As baianas estavam deslumbrantes!!! As senhoras da Parada Inglesa eram lindas e leves borboletas multicoloridas. Um dos mais belos momentos deste Carnaval.

A segunda alegoria da Escola também merece ser lembrada. Representando a fauna e a flora do sertão brasileiro, o carro trazia uma grande onça pintada, árvores e vários pássaros formando um cenário de beleza típicamente brasileira.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira Renatinho e Fabiola apresentou-se com a classe de sempre. Não à tôa, este casal é um dos mais completos de São Paulo.

A competente bateria da X-9 sob a deireção de mestre Bruxinha, apresentou uma certa variação de ritmo, o que não chegou a comprometer, uma vez que é absolutamente normal se levarmos em conta que a troca na direção (saiu mestre Augusto com mais de 10 anos no comando) gera essa mudança.

O samba de enredo como já disse era um dos bons sambas deste ano, com destaque maior para letra do que melodia. O excepcional intérprete Royce do Cavaco, no entanto, não estava em um de seus melhores dias. Nítidamente rouco, Royce não comprometeu, mas também não pode explorar todo o seu potêncial vocal. Mesmo assim o samba passou bem.

A quarta alegoria, que trazia a representação do bumba-meu-boi estava belíssima, com fitas coloridas e referências às obras dos artesãos nordestinos. Foi a melhor alegoria da Escola.

O último carro voltou a apresentar irregularidades no acabamento e por ser uma alegoria vazada, esses problemas tornaram-se mais aparentes.

Ao final do desfile, ficava a dúvida de em qual grupo a X-9 desfilaria em 2o13. Permaneceu no Especial, mas carece urgentemente de uma reavaliação geral. O presidente Gaspar tem que parar e pensar: "eu ainda posso ajudar a Escola?". Muitos dos componentes da agremiação o culpam pelo momento que a Escola vive e clamam por sua saída. Não acho que a culpa seja só do presidente...

A dupla de carnavalescos está amadurecendo, porém, deve se esmerar um pouco mais nos detalhes. Deveria (e acho que vai) permanecer. Os demais quesitos da Escola estavam a contento este ano e merecem mais uma chance. Royce (este com contrato de 3 anos), mestre Bruxinha e o casal Renatinho e Fabiola tem tudo para permanecerem em seus postos.

O que deve realmente mudar na Escola é a mentalidade de seus dirigentes e componentes, que devem arregaçar as mangas e por a mão na massa para trazer de volta a agremiação que tornou-se um padrão de técnica para o Carnaval paulistano da segunda metade da década de 90 até a primeira metade da última década.

2 comentários:

  1. A maior decepção do ano, pelo menos para mim.

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  2. Só não foi maior decepção porque o Camisa se superou nesse aspecto. X-9 sofre do mal da perpetuação de um presidente...

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