segunda-feira, 26 de março de 2012

"Quem é que não te ama nessa passarela..."

A nova caçula do Grupo Especial vinha a alguns anos despontando no Grupo de Acesso como uma das grandes promessas do Carnaval paulistano. Vinha de uma sequência de grandes desfiles e ao meu ver, subiu exatamente quando fez sua apresentação mais fraca.

Com a chegada ao Grupo Especial, muito se esperava em relação a linha de desfile que seria adotada pela agremiação que já havia apresentado enredos muito interessantes como "Renovação... Assim Caminha a Humanidade" e "Bem Vindos a Idade Mídia". Porém, em seu primeiro ano junto a elite do samba paulistano, a Escola optou por um enredo que do meu ponto de vista é fraco.

E as minhas expectativas se confirmaram logo na entrada da Dragões da Real na segunda noite de desfiles no sambódromo do Anhembí.

O enredo "Mãe, Ventre da Vida e Essência do Amor" nada mais era do que um apelo sentimental ao público e aos jurados. Doa a quem doer, a verdade é essa. Não é um enredo, é um tema. Não é conteúdista, é vago. E o pior, não renderia nada que já não tivesse insistentemente passado pelos sambódromos de todo o Brasil.

A comissão de frente com um figurino todo costurado a mão até tinha uma proposta interessante, porém, era falho em execussão e não rendeu nenhum grande momento estético. O abre-alas, pomposo como costumam ser as alegorias do carnavalesco Eduardo Caetano tinha ótimas soluções, como nas decorações dos queijos laterais e na iluminação muito bem dirigida. Achei algumas esculturas ao longo de todo o desfile um tanto quanto desproporcionais, mas nada que desfoque o conjunto alegórico apenas razoável da agremiação.

Nas fantasias das alas um capricho que já vem se caracterizando como marca da Escola, mas alguns figurinos se mostraram confusos e de difícil entendimento. Outros no entanto, eram bem populares. No geral, ficamos no meio termo.

Nos quesitos chamados de avenida, o casal de mestre-sala e porta-bandeira não chegou a saltar na vista, porém, se apresentou corretamente e sem sustos. A bateria de mestre Carlinhos foi correta e a interpretação de Daniel Collete como sempre foi destaque (tanto que foi agraciado com o Troféu Nota 10 do Diário de São Paulo). Já do samba de enredo não se pode dizer o mesmo...

Pode ganhar como melhor samba na enquete do SRZD, pode o Celso Viáfora vir com a história de que é um dos melhores sambas desse Carnaval, pode o povão cantar... mas não me convence. Como diria o mestre Fernando Pamplona, não passa de uma marchinha sem vergonha que tenta empolgar a qualquer custo. E este qualquer custo é o efeito pipoca que ele produz. Pipoca porque parecia até Trio Elétrico em Salvador com o publico pulando feito doido. Não gosto desse samba e acho que o que fez dele tão popular assim é a magistral condução do Daniel que deixa qualquer samba no mínimo audível. Pra mim, Collete é um dos maiores intérpretes de samba enredo do Brasil.

Para uma estréia (ainda mais por tudo que a Dragões sempre prometeu), acho que foi até certo ponto decepcionante. Esperava mais em todos os aspectos. Se compararmos com a estréia da Mancha Verde no Grupo Especial em 2005 (coincidentemente, o carnavalesco na ocasião era o mesmo Eduardo Caetano), a agremiação da torcida palmeirense foi infinitamente superior. Tinha enredo, e que enredo! Tinha um samba que até hoje eu me pego cantarolando com a maior empolgação e o principal: foi um desfile que marcou, pois muitas pessoas falaram dessa apresentação da Mancha durante boa parte daquele ano em São Paulo, coisa que até agora não via contecer com a Dragões da Real. Claro, para uma estréia é algo totalmente compreensível, mas a diretoria da Escola tem de reconhecer as falhas, afinal, a 8° colocação foi totalmente enganosa.

Para 2013 as mudanças serão poucas, porém, devem mexer com a estética da agremiação de forma radical. Eduardo Caetano após 4 carnavais pela Dragões deixou a Escola com sua missão cumprida. Para o seu lugar, chega uma aposta de risco, André Cezari, figurinista carioca e integrante menos badalado da polêmica e controversa comissão de carnaval da Beija-Flor de Nilópolis. Daniel Collete para a alegria da Nação permance frente ao microfone da Escola e o casal Rubens e Lyssandra continua empunhando o pavilhão vermelho preto e branco.

Estou curioso para ver como o André Cezari trabalha, pois na Beija é apenas mais um dos subordinados do Laíla. Espero realmente que a Dragões não se arrependa dessa aposta...

Um comentário:

  1. Nada contra a Dragões, mas este desfile, na minha opinião, foi sem graça, achei que disputaria para não cair, fiquei surpreso por ter ficado na frente de Gaviões, Pérola e Império, mas boa sorte no ano que vem.

    ResponderExcluir