quinta-feira, 22 de março de 2012

"O dia vem anunciar..."

Era simplesmente "o enredo!". A temática escolhida pelo presidente enredista Paulo Serdan não poderia ter sidomais feliz, afinal, as lições do candomblé deveriam ser seguidas por toda a humanidade, pois pregam o amor, a paz, a união e a humildade.

Pois é... eu que várias vezes critiquei a falta desse sentimento tão nobre nos integrantes da Mancha Verde, hoje tiro o chapéu para a Nação palmeirense que em 2012 deu show nesse quesito. Não ví um diretor, torcedor, desfilante, seja lá o que for da Escola reclamando da 4° colocação obtida este ano. Ao contrário, ví inclusive pessoas apontando as falhas e dizendo que era "alí" que teriam que trabalhar para não voltar a errar em 2013. Parabéns Mancha!!!

"Pelas Mãos do Mensageiro do Axé, a Lição de Odú Obará: a Humildade" foi sem sombra de dúvidas o enredo mais bem escriturado deste Carnaval. Escolhido pelo presidente e escrito pelo intérprete Thiago de Xangô, o enredo desenvolveu-se de uma maneira fabulosa. Com o início pautado no Planeta como ele está, um babalorixá (filho de santo) foi atrás de respostas para suas perguntas e encontrou nas lições de Odú Obará o caminho para um futuro melhor.

Só que infelizmente nem só de um bom enredo se vive na Mancha Verde. Ano passado bati nessa tecla e volto a faze-lo este ano. É inadimissível uma agremiação do porte da Mancha por dois anos consecutívos não ter um carnavalesco à frente do trabalho artistico. Fernando Dias e Troy Orh são bons aderecistas, mas jamais carnavalescos. Troy ainda desenha (Fernando Dias nem isso), mas todo o projeto da Mancha é feito pelo Magoo. Quem comanda o barracão e organiza as ações é o Paolo Bianchi. Portanto, Troy foi aquele que estava lá para por a mão na massa. Só isso.

Assim, pudemos presenciar em 2012 as mesmas falhas de 2011. Serdan falou tanto que perdeu o Carnaval de 2010 no quesito alegoria, que iria consertar isso e tal... mas continua tudo na mesma. Aliás, acho que no tempo do Cebola as alegorias da Escola eram muito melhores.

É verdade que o impacto daquele abre-alas com os peixes podres, o esqueleto e uma gigantesca mãe natureza toda desgastada pelas ações do homem é de tal ordem que chega até a disfarçar aparentes problemas de acabamento e realização, mas quem tem um olhar um pouco mais crítico nota isso. Não é nada que comprometesse o belo trabalho de barracão da Escola, mas é algo que deixa a Mancha ainda distante de um título.

As fantasias eram simples, porém, melhor realizadas. Um pouco diferentes dos desenhos que foram expostos no site da agremiação é verdade, mas esse é um fator que na falta de carnavalesco acaba ficando evidente.

Vão falar que estou perseguindo a Mancha, mas não é verdade. Como sou um artista plástico e carnavalesco, ressinto quando uma Escola (ainda mais no Grupo Especial) opta por desprezar essa figura tão importante no Carnaval atual.

Nos quesitos de avenida, a Escola deu show. Samba de enredo belíssimo, bateria afiada e casal de mestre-sala e porta-bandeira a contento. A comissão de frente a meu ver vem sendo um dos pontos fracos da Mancha nos últimos anos (embora as notas queiram provar o contrário), acho as coreográfias da Mirian Justino muito repetitivas. Mas enfim...

No final do desfile a figura do goleiro Marcos foi o ponto alto da Mancha Verde. O ex-jogador que é admirado por todas as torcidas estava ao lado da esposa e da filha bem à frente do segundo abre-alas da Escola. A proposta dessa alegoria aliás era interessante, mas gerou uma senssação de dejavu total. O último carro apesar de quase igual ao abre-alas estava melhor acabado.

Não sabemos o que será da Mancha em 2013. Ou melhor, sabemos algumas coisas. O enredo sobre o jornalista Mario Lago já foi lançado, assim como também sabemos que o mestre Moleza deixou o comando da bateria "Puro Balanço". O intérprete Freddy Vianna permance, bem como o primeiro casal da agremiação, Jéssica e Fabiano. A grande dúvida fica por conta do carnavalesco. Parece que em 2013 haverá um. Já ouvi falar em vários nomes, porém, a agremiação ainda não se posicionou quanto a isso.

É aguardar pra ver.

Um comentário:

  1. Acho que um quinto lugar seria o suficiente, pois teve escolas melhores (como a Tucuruvi, por exemplo), de longe o melhor samba enredo. Sobre as alegorias, concordo plenamente com você, as mais uma vez deixaram a desejar, gosto do abre alas, mas o restante deixou a desejar. Boa sorte ano que vem.

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