As minhas previsões se confirmaram assim que a comissão de frente da Mocidade Alegre se posicionou no portal de entrada do sambódromo na noite do dia 18 de fevereiro.
O enredo "Ojuobá - No Céu, os Olhos do Rei... Na Terra, a Morada dos Milagres... No Coração, um Obá Muito Amado!", pretendia comemorar os 100 anos de nascimento do escritor baiano Jorge Amado através de uma de suas maiores (se não a maior) obra literária: Tenda dos Milagres.
A temática gerava um certo suspense na comunidade sambista em geral por se tratar do primeiro enredo concreto que a dupla Sidnei França e Marcio Gonçalves estava realizando, e assim, não tinhamos idéia de como seria conduzido o trabalho, uma vez que a temática abstrata estava se tornando a marca registrada da Escola e de seus carnavalescos.
Porém, o que se viu foi a afirmação de um trabalho. E que trabalho!!!
Plásticamente a Mocidade talvez só não tenha superado a Rosas de Ouro em 2012, mas dentro de uma proposta que aliava o rústico (primeiros setores) ao luxo (trecho final do desfile) a agremiação se saiu muito bem, com destaque para suas alegorias que cresceram muito em relação aos últimos anos e as esculturas muito bem realizadas pelas equipes de Parintins. Em termos alegóricos, o melhor ano da Mocidade desde essa retomada que a Escola deu à partir de 2003.
A comissão de frente seguiu as suas próprias características e não fez nada muito fora doq ue já vem fazendo nos últimos anos, mas dentro de sua "simplicidade", serviu maravilhosamente bem ao que se propunha.
As fantasias estavam irreprensíveis. As formas, as cores e a realização merecem todo o destaque. Um conjunto realmente "vistoso". Em termo de materiais, nada fora do comum, mas muito bem empregado. Um trabalho de arte que não é habitual nas agremiações hoje em dia.
A apresentação do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mocidade foi o mais do mesmo de todos os anos. Não consigo ver na Adriana e no Emerson (assim como na Selminha e no Claudinho no Rio) tudo isso que pintam por aí. É um bom casal e ponto. Será que se dançasse por uma Acadêmicos do Tatuapé seria assim tão bem avaliado? Aí é que está.
Em termos de samba enredo, simplesmente brigando com o do Pérola pela "ponta" no quesito. Que samba lindo. Trechos de muita força como "Ouça o clamor do Ojuobá/É força, é trovão, é justiça!" e "No Ylê a sua luz brilhou/A mão de Mãe Senhora o consagrou", engrandecem a obra de tal forma que chega a ser emocionante.
O intérprete Clóvis Pê com a categoria de sempre conduziu essa obra-prima muito bem na avenida. Não é por ser meu amigo, mas sua condução era digna de um Troféu Nota 10. A bateria de mestre Sombra também sobrou. Em alguns ensaios técnicos cheguei a ficar temeroso devido a algumas "atravessadas", mas como dizem, "treino é treino e jogo é jogo" e a bateria do grande Sombra não brinca em serviço.
Dessa forma, o título ficou em boas mãos. Tanto Mocidade quanto Rosas de Ouro mereciam o campeonato, venceu a emoção. Entretanto, os ocorridos na apuração tornaram a Escola da presidente Solange Bichara ainda mais mal vista pelas demais agremiações que a acusam de apostar na frieza em detrimento de um desfile mais solto. Alguns falam inclusive em represália à agremiação nos próximos anos. Um absurdo, pois Carnaval acontece na avenida e a Mocidade Alegre ACONTECEU neste Carnaval.
Como em time que está ganhando não se mexe, toda a equipe de carnaval já está renovada com a Escola para dar continuidade a esse maravilhoso trabalho em 2013. Resta saber até onde essa Mocidade Alegre pode ir, pois em relação a maioria das Escolas de Samba de São Paulo ela já está sobrando. Meritos para Solange e cia.
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Titulo mais do que merecido, samba enredo lindo D++++++, alegorias incriveis, gostei muito desse carnaval da Mocidade, parabens a Morada.
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