sexta-feira, 30 de março de 2012

"Eu sou da Nação, sou valente e festeiro..."

... Corintiano loucamente apaixonado!!!

É isso aí Nação, Corintiano sem h, esses somos nós.

Muita expectativa cercava o desfile dos Gaviões da Fiel em 2013, e o motivo principal, como não poderia deixar de ser era a homenagem (merecidíssima, diga-se de passagem) ao ex-presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, uma legenda do país e "corintiano loucamente apaixonado", como fazia-lhe referência o samba de enredo.

Pois bem, o desfile não decepcionou, mas também não foi tudo aquilo que esperavamos. Foi mais um daqueles casos de um desfile que não aconteceu na avenida.

A trinca de carnavalescos formada por Delmo de Moraes, Fabio Lima e Igor Carneiro resolveu dar início a história do ex-presidente partindo da Literatura de Cordel. "Verás Que um Filho Fiel Não Foge a Luta - Lula o Retrato de uma Nação) ganhou ares de mágia e encanto nas páginas de um grande românce.

A comissão de frente trouxe gravuras fabulosas inspiradas nos grandes mestres do cordel. As representações da infância sofrida do menino Luis em Garanhuns, da vinda para São Paulo, do periodo como metalurgico e sindicalista em São Bernardo do Campo e a consagração como Presidente da República foram brilhantemente ilustradas em painéis que acompanhavam os 15 integrantes da comissão.

Na sequência, uma belíssima ala de baianas fazendo alusão a mãe de Lula e lembrando a paisagem hárida e seca do sertão nordestino constrastou maravilhosamente com uma ala marcada representando escorpiões, em referência ao signo astral do homenageado.

O carro abre-alas inovou e trouxe na figura do simbolo máximo da agremiação um gavião carcará, um dos expoentes da fauna nordestina. A gigantesca escultura foi toda revestida com plumas confeccionadas em um material flexível o bastante para simular o bater de asas de uma ave nos seus mínimos detalhes. A alegoria em sí, apresentava dois módulos de acoplagem e trazia figuras referentes ao cordel e uma nova menção ao signo do ex-presidente. O simbolo do Corinthians surgiu em meio aos raios do Sol bem à frente do carro.

Daí pra frente houve uma queda na qualidade de algumas peças, mas mesmo assim era um desfile muito à cima dos últimos que a Escola havia feito. Via-se claramente em cada detalhe a marca do trabalho do carnavalesco Delmo de Moraes, que desde os tempos em que era o fiel escudeiro do Roberto Szaniecki, mostrou-se detalhista e exigente no acabamento de alegorias e fantasias. O carro que aludia a Ditadura Militar e a Repressão era belíssimo, com materiais de qulidade e uma pintura de arte suprema. Realmente muito bonito.

As fantasias de um modo geral estavam a contento, mas confeço que ainda sinto saudades do requinte nos figurinos no tempo do Jorge Freitas. Haviam alas muito bem vestidas contrastando com fantasias de gosto um tanto quanto duvidoso. Mas enfim...

O samba de enredo ao meu ver era o melhor que a Escola apresentava desde 2004 e foi muito bem levado pelo veteraníssimo Ernesto Teixeira e sua equipe. A bateria de mestre Pantchinho manteve a média e foi uma das melhores da noite, com destaque para a troca de fantasias ocorrida no recuo, onde os componentes passaram de operários para presidentes da República. Na ocasião, a rainha de bateria Tati Mineratto também trocou de roupa, ou melhor, tirou a roupa, pois passou de uma macacão para uma "mera" pintura corporal. Meu Deus!

O casal de mestre-sala e porta-bandeira dos Gaviões, os meus queridíssimos conterrâneos Dorival e Gislene, ou melhor, Bozó e Gi são um espetáculo à parte. Donos de um estílo clássico, o casal evolui levemente e não perdem o sorriso um só minuto. Como deu para perceber adoro esses dois, né...rs

Na média o desfile dos Gaviões foi muito bom, mas o fato de ser Gaviões da Fiel pesa muito. Algumas notas atribuídas a agremiação mostram claramente que as pessoas ainda a julgam de maneira equivocada por se tratar de uma organizada. Exemplo melhor que o bizarro 8,9 atribuído à Esvola por uma jurada (certamente anti) de evolução não há. Isso sem contar algumas outras notas que são totalmente controversas.

O pior de tudo é que o msmo descaso para com os Gaviões da Fiel não há na hora de se avaliar Mancha Verde e Dragões da Real. Mas claro, nenhuma das duas tem 43 anos de história e 4 títulos conquistados (para o desespero geral).

Colocação à parte, foi um desfile legal.

Os dirigentes da Escola no entanto devem buscar o equilibrio entre os setores e dar oportunidade aos seus componentes de desenvolver um trabalho à longo prazo. Isso parece que irá acontecer. Ernesto Teixeira (este intocável), Bozó e Gi e mestre Pantchinho já tem sua permanência assegurada para 2013. Dúvida ainda fica por conta dos carnavalescos, mas os mesmos possuem o respaldo da diretoria e devem continuar à frente do Carnaval da agremiação. Agora é escolher um enredo forte e tentar retomar uma trajetória de sucesso precocemente interrompida por uma fatalidade em 2004.

Um comentário:

  1. Sou Corintiano, torço para a Gaviões (mas não é por causa do Corinthians, eu juro). Fiquei satisfeito com o desfile apresentado, melhorou muito em relação aos anos anteriores. O abre alas é um dos mais bonitos do ano, só perde para o abre alas do Império, só não gostei muito da alegoria que trouxe o Fábio Assunção, deveria ter recebido uma atenção maior. Comissão de frente ao meu ver uma das melhores do ano. Só uma coisa que não concordo: usar tantos escudos do Corinthians nos desfiles, um já esta de bom tamanho. Mas não posso reclamar do desfile, foi bom ver a Gaviões este ano, gostei muito, não vai ser um 9º lugar ou um 8,9 que vai derruba-la.

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