quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O Desfile dos 500 Anos

Pela primeira vez na história, o desfile do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo seria dividido em duas noites, aos mesmos moldes da folia carioca. Havia uma certa apreenção, já que tal modelo não fazia parte da cultura carnavalesca dos paulistanos e o receio de ter em algum momento as arquibancadas do Sambódromo do Anhembí vazias ainda durante os desfiles era grande.

Mas como o Carnaval é reconhecidamente o Maior Espetáculo da Terra, o público não poderia deixar de acompanhar um desfile que prometia desde o início da preparação das Escolas ser o maior da história de São Paulo.

Dividida em 14 enredos, a história do Brasil desfilaria na passarela com as 14 maiores agremiações da cidade, a começar pela Tom Maior, que após dois anos no Grupo de Acesso (antigo Grupo 1), retornava a elite disposta a permanecer de uma vez por todas entre as chamadas grandes do nosso Carnaval. As campeãs de 1999, Gaviões da Fiel e Vai-Vai encerrariam respectivamente as duas noites de desfiles, o que seria (e realmente foi) garantia de arquibancadas lotadas durante todos as apresentações.

TOM MAIOR

Enredo: "Brasil... Amor à Primeira Vista" (A Exploração Portuguêsa - 1500-1520)
Carnavalescos: José Maria Zolezi e Claudio Cavalcante

Contando o descobrimento e os primeiros anos do nosso país, a Tom Maior apostou na experiência do carnavalesco José Maria Zolezi, que apresentou uma Escola tradicional, sem grandes inovações, porém correta em suas fantasias e alegorias. Por mais que as idéias fossem boas, faltou dinheiro na execução do trabalho e aí entrou a mão do jovem Claudio Cavalcante, que com soluções baratas e criativas acabou dando um jeito de compensar os problemas. O samba enredo de autoria de Didi e Maradona foi brilhantemente intepretado pelo Pavarotti do Samba, Rixxa. Destaque para o belíssimo figurino dos "Navegadores Portugueses", da comissão de frente e o carro "Certidão de Nascimento", que trazia um trecho da carta de Pero Vaz de Caminha.

Colocação: 10° lugar

CAMISA VERDE E BRANCO

Enredo: "Mare Líberum, nas Terras de Ibirapitanga" (Expansão Portuguêsa - 1520-1580)
Carnavalesco: Tito Arantes Filho

A tradicional Verde e Branco da Barra Funda foi a segunda Escola a desfilar e contou o início da colonização do Brasil, a época das invasões francesas e holandesas e as lutas travadas entre portugueses e os invasores pelo domínio da Terra Brasilis. A apresentação do Camisa ficou marcada pela beleza dos carros alegóricos, em especial do carro abre-alas, intitulado "Torre de Belém", mostrando a partida da esquadra de Martin Afonso de Souza. As fantasias (exceto da comissão de frente) apresentaram problemas de acabamento, mas funcionaram bem no conjunto geral da obra. O samba de enredo composto pelo próprio intérprete Carlos Jr. (Carlão) era sem sombra de dúvidas o melhor do ano e embora extenso, explodia nos curtos, porém muito bem escritos refrões. O carnavalesco Tito Arantes Filho (falecido em 2011) cumpriu a promessa de um desfile "retumbante", mas longe dos grandes momentos do Camisa no Especial.

Colocação: 4° lugar

MOCIDADE ALEGRE

Enredo: "Historia Brasiliae, Cultura, Hábitos e Costumes de uma Holanda Tropical" (Invasão Holandesa - 1580-1654)
Carnavalesco: Wagner Santos

Disposta a quebrar um jejum que já perdurava desde 1980, quando fora campeã com o maravilhoso "Embaixada de Sonho e Bamba", a Mocidade Alegre contou a história do Brasil Holandês de Maurício de Nassau. A prosperidade alcançada por Recife e Olinda sob o governo neerlandês foram mostrado com grande lirismo e poesia pelo (na época promissor) carnavalesco Wagner Santos, numa composição visual de rara beleza, emq ue fauna e flora locais se completaram num verdadeiro sonho tropical. O único porém quanto a estética da Escola fica por conta do carro "Paleta de Tintas", que tinha sérias falhas de acabamento. O samba composto por Biro-Biro, Di Verdi e Estevam, foi talvez o que mais empolgou o público na primeira noite. Grande parte do mérito se deve ao quarteto Clóvis Pê, Daniel Collete, André Pantera e Ricardo, que interpretou com extrema competência a obra que tinha no refrão "Vira-Virou" a sua principal força. A semente dessa "Nova Mocidade" que nos encanta nos dias atuais estava plantada.

 Colocação: 3° lugar

ÁGUIA DE OURO

Enredo: "A Formação do Povo Brasileiro" (Bandeiras Negras - 1580-1654)
Carnavalescos: Paulo Führo e Victor Santos

A Águia de Ouro iniciou sua apresentação cercada de expectativa por parte do público que viu a agremiação envolvida em uma grande polêmica durante todo o periodo pré-carnavalesco. Acontece que a dupla Paulo Führo/Victor Santos, conhecidos pela originalidade e pela ousadia havia preparado uma alegoria que desagradou e muito a Cúria Diocesana de São Paulo. Na alegoria "Missões", a Virgem Maria traria em seus braços a imagem de um índio morto, em uma reprodução da obra Pietá, de Michelangelo. Devido a uma proibição judicial, a escultura foi transformada na concentração do sambódromo para não ter de desfilar coberta. A Virgem Maria então se transformou em uma índia. Polêmicas à parte, o desfile da Águia foi marcado pela limpeza de formas nas alegorias e as fantasias bem acabadas. Destaque para o carro de "Zumbi", todo em branco e prata. A comissão de frente, composta por jogadores de vôlei, teve problemas com os costeiros e evoluiu sem muita segurança. Levando a assinatura dos compositores Regianno, Edu Chaves e Almir Espínola, o samba de enredo era dotado de dois refrões poderosos e letra bastante descritiva. Até então, o melhor desfile da história da Escola.

Colocação: 7° lugar

LEANDRO DE ITAQUERA

Enredo: "Vale Ouro Brasil, Minha Terra, Meu Tesouro" (Ciclo do Ouro - 1654-1700)
Carnavalesco: Marco Aurélio Ruffin

Engasgada com as últimas colocações, a Leandro de Itaquera entrou na passarela disposta a levar o título do carnaval para a Zona Leste. Contando um dos principais capítulos da história do Brasil, a Escola coloriu a avenida de dourado, num desfile plásticamente belíssimo, onde as alegorias ganharam destaque absoluto. As fantasias ricamente decoradas ganhavam vida quando vistas em conjunto do alto. Índios, brancos e negros, as raças que deram origem ao povo brasileiro, desfilaram pelo enredo que prestou em um dos setores homenagem a Chico Rei. Embalada pela maravilhosa voz da intérprete Eliana de Lima, o samba de enredo de autoria de Xixa, Luizinho de Itaquera, Beto Varandas, Jailson de Itaquera, Zanella e Medonha, cresceu muito e chegou a levantar a platéia que reverenciou a Escola com gritos de "É Campeã". Grande momento da Leandro no Grupo Especial.

Colocação: 5° lugar

X-9 PAULISTANA

Enredo: "Quem é Você, Café?" (Ciclo do Café - 1730-1770)
Carnavalesco: Lucas Pinto

Em nenhum momento da fase pré-carnavalesca, a X-9 Paulistana fora cotada como uma das favoritas ao título do Carnaval do ano 2000. Um fato no entanto que pouca gente sabe, é que o desfile campeão de 2000, que teve a assinatura do carioca Lucas Pinto, por pouco não fora desenvolvido pelo mestre Jorge Freitas, que chegou a abrir negociação com o então presidente Laurentino Borges Marques, porém, quiseram os "deuses da folia" que o Jorge fosse parar em outra Escola da zona norte de São Paulo. Mas isso é assunto para daqui a pouco. O desfile da X-9 não foi brilhante, porém, contou com a sorte das grandes campeãs. O samba de enredo de Armênio Poesia, Fernando Leal, Fred Viana, Diego Poesia, Marcos Peloso, Wander, Edson, Ló do Cavaco e Pixuca, cresceu muito na vóz do grande Royce do Cavaco e sacudiu o Anhembí. As alegorias, por mais que fossem batidas (Xícaras de Café, Trilhos de Trem e os Barões do Café) eram corretas e bem executadas. As fantasias pecaram um pouco na idéia e na realização, mas estavam muito bem adequadas ao enredo. Porém, em um quesito a X-9 sobrou: mulheres bonitas. Entre elas, Cida Marques, Vânia Acayaba (sumida) e as Malandrinhas. Neste áspecto, o título ficou em boas mãos!

Colocação: 1° lugar

GAVIÕES DA FIEL

Enredos: "Um Vôo Para a Liberdade" (Inconfidência Mineira e Chegada da Corte Portuguêsa - 1770-1808)
Carnavalesco: Jorge Marcos Freitas

Campeã de 1999, a Gaviões da Fiel era aguardada com grande expectativa por parte do público, já que vinha de uma sequência de grandes apresentações e era detentora de um dos melhores sambas deste Carnaval. Estreando o carnavalesco Jorge Freitas, a Escola narrou os ideais de Liberdade surgidos à partir da Revolução Francêsa e que serviram como inspiração para a Inconfidência Mineira e mais tarde a Proclamação da República. A chegada da Corte Portuguêsa no Rio de Janeiro, transferindo assim a capital do Reino para o Brasil e o progresso implantado por Dom João VI, foram mostrados com extrema competência pela Escola que tinha na obra de Ernesto Teixeira, José Rifai, Alemão do Cavaco e Armando da Mangueira um de seus pontos fortes. Alegorias com acabamento primoroso como o abre-alas "Tributo a Nação" (foto), o carro "Lisboa Tropical" e a alegoria que encerrava o desfile "Jardim Botânico", deixaram a plateia de boca aberta. As fantasias, não menos luxuosas se harmonizavam em um contraste de rara beleza. Um desfile impecável. Porém, um acidente com o costeiro da porta-bandeira Ildely, que despencou em frente a um dos módulos de julgamento, acabou sepultando o sonho do bi-campeonato (que viria em 2002/2003 com o próprio Jorge Freitas). Em resumo: o início da grande virada que o carnaval de São Paulo deu na última década.

Colocação: 2° lugar

A segunda noite de desfiles do Carnaval dos 500 Anos pareceu não ter o mesmo brilho do dia anterior, porém, contou com a participação de Escolas de Samba tradicionais e com torcidas apaixonadas, como é o caso de Nenê de Vila Matilde, Rosas de Ouro e da multi-campeã Vai-Vai.

MORRO DA CASA VERDE

Enredo: "Nobres e Nobreza - O Reino Unido Independente" (1° Reinado 1808-1840)
Carnavalesco: Nilson Lourenço

Abrindo o desfile do sábado, a Sociedade Cultural Morro da Casa Verde, a Escola da "dona" Guga, se apresentou com cerca de 3000 componentes, mostrando em seu enredo, a Corte Imperial e como a mesma se estabeleceu em solo brasileiro. O luxo, o requinte, as boas maneiras, as artes, a cultura e o desenvolvimento foram narrados com muita criatividade, marca do carnavalesco Nilson Lourenço. Privilegiando a comunidade, a Escola abriu mão de artistas e celebridades e teve no belíssimo samba de enredo de autoria de Nelson Dalla Rosa um de seus bons momentos. No geral, foi um desfile muito simples, porém, a correção com o qual o tema foi apresentado compensou toda a falta de estrutura.

Colocação: 9° lugar

UNIDOS DO PERUCHE

Enredo: "Cara e Coroa, as Duas Faces de um Império" (2° Reinado 1840-1889)
Carnavalesco: Fábio Borges

Empolgado com sua estréia em terras paulistanas e fascinado pela limpeza visual do sambódromo do Anhembí, o carnavalesco Fábio Borges foi o responsável por narrar no desfile da tradicional Unidos do Peruche o longo periodo do Segundo Reinado, um dos periodos de maior prosperidade do Brasil. A epopéia da abolição da escravatura, a ascenção da burguesia cafeeira, a Guerra do Paraguai, o inídio da industrialização, tudo foi mostrado com clareza didática e beleza visual.  Fica aqui o registro de que o desfile em sí não foi tão ruim a ponto de amargar a última colocação entre as 14 Escolas do Grupo Especial, pelo contrário. As alegorias, embora pesadas tinham boas sacadas, entretanto devido ao tamanho acabaram deixando muito aparentes as falhas no acabamento. As fantasias foram realizadas com simplicidade, mas eram fieis ao enredo e muito claras no que diz respeito a idéia central. No quesito samba de enredo, a Escola estava muito bem servida. O sempre regular Nilson Valentim contou com o luxuoso apoio do Independente Paulo Henrique na condução da obra dos compositores cariocas Alex, Serginho do Porto, Serginho Saracutaco, Wander Timbalada e Jackson Martins. Achei o rebaixamento um tanto quanto injusto, afinal, na comparação com o Morro da Casa Verde, a Peruche teve mais "corpo" de Escola de Grupo Especial.

Colocação: 11° lugar

IMPERADOR DO IPIRANGA

Enredo: "Imperador na Velha República" (1° República 1889 - 1930)
Carnavalesco: Pedro Luís Pinotti

Deve-se respeitar e muito a competência e a criatividade do experiênte carnavalesco Pedro Luís Pinotti, o popular Pedrinho, ainda hoje na ativa (Torcida Jovem do Santos). O fim da Monarquia e a Primeira República foram contadas por ele com muita originalidade e luxo. O "Baila da Ilha Fiscal", assunto abordado na Escola anterior (Peruche), foi também o tema central do carro abre-alas da Imperador, que impressionou logo de cara pelo gigantismo das alegorias e dos adereços. A segunda alegoria causou muito impacto com uma gigantesca escultura do Marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente do Brasil. A alegoria mais ousada, no entanto, abordava a Guerra de Canudos e trazia uma imponente figura do líder religioso Antônio Conselheiro. Nessa mesma alegoria, componentes encenavam as batalhas em Canudos. Outro carro muito interessante era o que retratava o Ciclo da Borracha e o explendor do Teatro de Manaus. Nesta alegoria, outra escultura gigantesca retratava um caboclo com uma garrafa nas mãos. Para que se entenda: é que quando a República foi proclamada os amazonenses só ficaram sabendo três meses depois graças a um vasilhame contendo um jornal da época jogado no Rio Amazonas por uma embarcação inglêsa. Mantendo a máxima de que a Escola da Vila Carioca tem tradição de grandes sambas de enredo, a composição de Moisés Santiago, Vicentinho, Djalma Falcão, Jota R e Wanderley Alemão, apenas confirmou a escrita. A Imperador do Ipiranga realizou um desfile que poucos acreditavam ela ser capaz de apresentar. Foi ao meu ver a grande surpresa de 2000, porém, os jurados parecem não ter concordado com isso.

Colocação: 8° lugar

NENÊ DE VILA MATILDE

Enredo: "Por Que Me Orgulho de Ser Brasileiro?" (Era Vargas 1930-1945)
Carnavalesco: Augusto de Oliveira

A Escola do "Seu" Nenê, uma das mais tradicionais de São Paulo foi a responsável por narrar em seu desfile umd os periodos mais importantes da história do Brasil, a Era Vargas. A "Mais Querida da Zona Leste", como é chamada por admiradores e carnavalescos entrou no Anhembí com pinta de campeã, com 21 alas, 6 carros alegóricos e mais de 3500 componentes. Os grandes feitos da Era Vargas foram contados pelo estreante Augusto de Oliveira com muito luxo, requinte e grandeza. As enormes alegorias foram destaque em meio a um visual impecável. Destaque para o carro do Cristo Redentor, um dos mais belos de 2000. A Era de Ouro do Rádio, a luta pelo petróleo e pelo aço, as misturas culturais (o famoso Chiclete com Banana) foram contados com muita graça, simpatia pela Azul e Branco de Vila Matilde. O refrão "Canta Nenê/Heje eu quero ver/O Anhembí delirar/Canta Nenê/Exaltando a era Vargas/Hoje o Brasil vai lembrar" fez o público literalmente vir a baixo. O samba de enredo de autoria de Santaninha, Clóvis, Baby e Rubens Gordinho,seguia os moldes tradicionais e casou perfeitamente com a bateria de mestre Pascoal. Destaque também para o ator Miguel Falabella que "quebrou tudo" à frente da bateria da Escola. Desfile competente, mas longe do "oba-oba" criado pela imprensa que consedeu o Troféu Nota 10 à Escola.

Colocação: 3° lugar

SOCIEDADE ROSAS DE OURO

Enredo: "Yes, já Temos Mais Que Bananas" (2° República 1945-1954)
Carnavalesco: Raúl Diniz

Coube a Sociedade Rosas de Ouro a missão de narrar na avenida os deliciosos anos dourados. Após a Segunda Guerra Mundial, o Brasil viveu anos de prosperidade e crescimento. Foi a época da Industria Automobilistica, do início da televisão, da Bossa Nova e da Construção de Brasília. Enfim, anos felizes para os brasileiros. O desfile em sí não foi dos melhores, porém, prevaleceu a força e a tradição da roseira. O abre-alas, que trazia as figuras de Juscelino Kubitchek, Jânio Quadros e João Goulart era até certo ponto inovador, mas não chegava a ser um colírio. As demais alegorias seguiram a linha. As fantasias eram luxuosas e traziam alguma inovação em termos de material. Fato é que o desfile foi frio. O ponto alto do desfile foi a bateria, que veio fantasiada como Super Heróis. Um dos carros mais criativos da Escola  foi o intitulado "Campeões de Audiência", que fazia referência aos grandes personagens da história da TV. O incidente mais grave no desfile da Rosas aconteceu quando o quadripé "Cacareco" quebrou na concentraçãoe  acabou não desfilando. Na última alegoria, a escultura de um homem sentado em uma vassoura anunciando os duros anos de chumbo que estavam por vir. Assim como o desfile sem graça, o samba da parceria de Serginho, Rudney, Renatinho, Fofão, Paulinho, Chiclete e Toninho 44, também não ajudava. E olha que nem a irreverência do intérprete Quinho salvou esse "boi-com-abóbora" Acabou sendo premiada com a 3° colocação (sim! houve um empate triplo na 3° colocação), sendo que merecia a meiúca da tabela.

Colocação: 3° lugar

ACADÊMICOS DO TUCURUVI

Enredo: "Noventa Milhões em Ação! Na Tristeza e na Felicidade" (Periodo Militar - 1964-1984)
Carnavalesco: Jerônimo Guimarães

Antes de qualquer coisa, gostaria de saber por onde anda o carnavalesco Jerônimo Guimarães. Desde 2004, que não tenho nenhuma notícia dele. Se alguem souber, me da um toque.
Quanto ao desfile da Acadêmicos do Tucuruvi, vale à pena destacar a grandiosidade das alegorias e a coragem do carnavalesco em se valer de temas delicados ainda hoje no Brasil, como por exemplo os desaparecidos políticos. Porém, a dura missão de retratar estes temas foram tiradas de letra pela Escola que abusou da ironia e do bom humor. O desfile teve início falando do golpe militar, que foi muito bem representado pelo monumental abre-alas denominado "Assombrado". Nele, uma gigantesca bruxa sobrevoava o sambódromo em meio a um mar de crocodilos e caveiras. Temas como a Bossa Nova, a Jovem Guarda, a Tropicalia, os Grandes Festivais, o Tri-Campeonato Mundial, o Cinema e a Televisão, enfim. Tudo oq ue marcou de alguma forma esse período foi mostrado pelos Acadêmicos. Vale à pena destacar a presença de Dante de Oliveira, autor da emenda que propunha eleições diretas no carro "Diretas Já". Neste setor as cores que vinham mais puxadas para o escuro clareavam como que clamando por esperança. O samba de enredo que começava com um refrão arrebatador ("Bruxa ta solta/O Tio Sam quer mandar...") perdia a graça conformeo desfile ia se desenrolando. As boas sacadas dos compositores (Aurinho do Mazzei, Breck do Cavaco e Clóvis Pê) paravam por aí. De bom mesmo, a excelente interpretação do Preto Jóia. Um desfile agradável, porém, não deixou a menor saudade.

Colocação: 6° lugar

VAI-VAI

Enredo: "Vai-Vai Brasil!" (Nova República 1984-2000)
Carnavalesco: Flávio Tavares

Iluminada pelo Sol da manhã de domingo, a campeoníssima Vai-Vai desfilou com toda a pompa de uma veterana em carnavais. O enredo "Vai-Vai Brasil!" narrou os últimos acontecimentos da história do Brasil e como não poderia deixar de ser, deu o derradeiro sacode no Anhembí. Tal empolgação pode ser vista somente com a passagem da Gaviões da Fiel na manhã anterior. A Escola levou para a avenida 4500 componentes divididos em 25 alas e 6 carros alegóricos que presaram pelo acabamento impecáavel. O abre-alas em tons terrosos foi uma aposta ousada do Flávio, mas acabou dando certo e foi um dos pontos altos do desfile. A campanha das "Diretas", o Plano Cruzado, a Era Collor e a reestruturação da econômia nacional foram lembradas de maneira bastante clara e objetiva. Um dos momentos mais engraçados do desfile se deu com a passagem da alegoria "Congelamento", que trazia a imagem de José Sarney em meio a duas donas de casas empurrando carrinhos de supermercado, remetendo ao plano cruzado. O samba de enredo de Zeca, Zé Carlinhos, Nayo Denay, caiu na boca do povo que se levantou cantando o refrão irônica que falava de um "presidente colorido e diferente". Destaque para as passagens da apresetnadora Eliana à frente da ala infantil e da ex-Feiticeira, Joana Prado como destaque no carro "Setenta Anos de Vai-Vai".

Colocação: 1° lugar

É isso aí meus amigos, este foi um pequeno apanhado do que foi o desfile dos 500 Anos do Brasil, um Carnaval que me marcou profundamente e que não sairá jamais da minha mente.

Espero comentário!!!

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