sexta-feira, 1 de junho de 2012

Jair Mendes: o mago do Festival de Parintins


O artista de ponta do Caprichoso Jair Mendes (na foto ao lado da presidente Márcia Baranda), 69, responsável por incluir as alegorias nas apresentações do Festival de Parintins e criar os movimentos dos dois bois vai deixar os galpões depois de 36 anos enfurnado no ambiente que ele chama de “loucura”, para se dedicar a família.


Mestre Jair, como é conhecido em Parintins, e respeitado por todos os artistas da atual geração, afirma que está decidido e escolheu o Caprichoso para pendurar os pinceis por ter sido o bumbá que soube valorizá-lo. “Antes, tinha a vontade de me aposentar no boi contrário, mas foi no Caprichoso que me senti valorizado e por isso que em agradecimento ao Carmona Oliveira e à presidente Márcia Baranda vou me despedir dos galpões no centenário do Caprichoso, em 2013”, disse ele.

Foi no Caprichoso que o artista conseguiu trabalhar ao lado dos Filhos Teco Mendes, artista de Ponta, e Jairzinho Mendes, que deixou o Boi azul a alguns anos.

Mestre Jair tem um galpão só para ele, localizado na rua Fausto Bulcão, bairro João Ribeiro. No local, ele monta as alegorias que levará para o Bumbódromo este ano pelo Caprichoso, com o auxílio de sua equipe composta de 16 pessoas. “Me sinto realizado naquilo que me propus a fazer. Na minha época muitos achavam minhas novidades estupidas e tudo aquilo que eu fazia nos bois cresceu e foi além da imaginação”, diz o mestre.

A vaidade passa longe da figura de Jair Mendes, que agradece às pessoas que o chamam de mestre ou “pai da arte e do folclore”. “Fico muito emocionado, todos têm respeito por mim”, diz.

Em 2009, mestre Jair passou por um dos problemas mais sérios na sua vida, antes mesmo de começar a trabalhar na alegoria que levou para o bumbódromo naquele ano. Ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Com a ajuda da diretoria do boi Caprichoso, ele foi transferido para Manaus onde chegou a ter seu estado de saúde considerado grave.

O acidente aconteceu em fevereiro e, dois meses depois, ele já estava no galpão do Caprichoso, sem nenhuma sequela. “Os diretores do boi não queriam me deixar trabalhar na minha alegoria, mas eu não queria ficar de fora”, conta.

E é exatamente esta situação que mestre Jair ainda não sabe administrar, depois que deixar a festa na qual é um dos atores principais, tanto na história, como na construção das apresentações. “Eu não sei como eu vou me sentir quando eu não puder vir para o galpão. Não conheço essa experiência e por enquanto não gostaria nem de pensar nisso”, desabafa.

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