domingo, 23 de dezembro de 2012

Vai-Vai


Enredo: “Sangue da Terra, Videira da Vida: Um Brinde de Amor em Plena Avenida – Vinhos Brasil”

Autores: Zeca do Cavaco, Ronaldinho FDQ, Osvaldinho da Cuíca, Evaldo Rodrigues e Valter Camargo

Mantendo a tradição dos bons sambas, a Vai-Vai mostra que a tradição está mais do que em alta no Carnaval paulistano.

Com um enredo sobre os vinhos brasileiros, a Escola da Bela Vista tenta seu 15° campeonato para consolidar-se cada vez mais como a maior campeã da cidade de São Paulo.

A parceria campeã é de Zeca do Cavaco, ganhador de vários sambas na agremiação e um dos nomes mais respeitados entre os compositores do samba paulistano.

Seguindo a linha tradicional de composições da agremiação, o samba de enredo que o Vai-Vai levará para o Anhembi em 2013 é muito bonito. Com belos momentos de inspiração dos compositores, a obra ganha tons melodiosos e ao mesmo tempo a empolgação sempre presente nos hinos da tradicionalíssima Escola do Bixiga.

Mostrando que a moda Martinho da Vila voltou mesmo para ficar, o refrão de cabeça do samba é uma sextilha muito bem trabalhada tanto em letra quanto em melodia. Os versos “Divino eu sou/Sangue da terra, videira da vida/Num brinde de amor transbordo em plena avenida/Cantando um sonho novo/Matriz, escola do povo/Respeite o meu pavilhão” já exibem como cartão de visitas toda a garra da comunidade alvi-negra que quando chega no Anhembi é pra levantar poeira.

Diferente de alguns anos quando ao meu ver pecou por trazer sambas extensos, este ano o Vai-Vai optou por uma obra mais sintética, com modestos 28 versos e frases mais compactas.

Ainda na seqüência do primeiro refrão, a trajetória do vinho desde a antiguidade clássica, passando pelas citações bíblicas e a sua expansão pela Europa são narradas em versos muito bem elaborados tanto em letra, como em melodia.

O refrão central traz o momento mais lírico do samba, com os versos “No colo do tempo, ao sopro do vento/Sob o céu de anil/Por brancos e negros, sou abençoado/Sabor Brasil”.

No trecho final, o cinema, a literatura e o cultivo das uvas no Brasil são exaltados.

O sempre controverso Wander Pires leva o samba no CD com muita atitude. Uma resposta talvez aos críticos (inclusive eu) que comemoraram sua demissão ainda no sábado de Carnaval deste ano, sendo recontratado algum tempo depois.

Belo samba! Mais um nessa safra pra lá de elogiável!

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