domingo, 23 de dezembro de 2012
Império de Casa Verde
Enredo: “Pra Todo Mal, a Cura. Quem Canta Seus Males Espanta”
Autores: Aldair, De Paula, Dney Cheto, Rodolfo Minuetto, Vitor Romão e Bruno Ribeiro
Uma grandes injustiçadas do Carnaval de 2012 volta a ter como destaque um samba de enredo após alguns anos apresentando obras genéricas e de gosto um tanto quanto duvidoso.
Parece que depois que o produtor musical Marcelo Casa Nossa assumiu a direção de carnaval da Escola, os sambas de enredo da “Caçulinha do Carnaval” passaram a ser tratados com mais respeito e lapidados por compositores de verdade e não por aventureiros.
Como a medicina vem sendo cantada ano após ano no Carnaval (Imperador do Ipiranga 2010 e Imperatriz Leopoldinense 2011), imaginava-se que os compositores buscariam alternativas diferentes nas composições para não caírem no lugar comum de um enredo batido e exaustivamente repetido. Conseguiram cumprir a missão com êxito!
Se não chega a ser uma obra-prima, também está longe de ser apenas mais um samba na boa safra paulistana.
Com momentos de muita beleza, o samba da parceria de Rodolfo Minuetto e cia. tem na melodia o seu principal trunfo. Variações melódicas e rítmicas estão presentes por todo o corpo da obra, o que a qualifica ainda mais.
Outro trunfo dos compositores é o momento exata de explosão. O que seria isso? Eu explico. O samba vem num certo diapasão e exatamente em sua metade é que o “boom” acontece. E esse momento diferenciado é o refrão central que traz citações afro-brasileiras: “Atoto Obaluaiê... Obaluaiê/ Peço a sua proteção, eu peço axé/Curandeiro, sou a cura e a salvação/Canto meu destino em oração (agô... agô)”.
Outra vantagem da obra são os versos curtos, que não ficam enrolando pra não dizer absolutamente nada. Ao contrário, são sintéticos e muito bem escritos.
O intérprete Carlos Junior mais uma vez dispensa comentários quanto a sua atuação. Solidifica-se cada vez mais como uma das grandes vozes do samba paulistano. Elogios também são merecidos para mestre Zoinho, o melhor da atualidade e que transformou a bateria da Império de Casa Verde no que ela é hoje.
É o tigre no caminho certo para voltar a ser protagonista.
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