O ano é o distante 1975.
O Salgueiro que vinha de um brilhante campeonato com o criativo enredo de Joãosinho Trinta "O Rei de França na Ilha da Assombração", buscava o até então inédito bi-campeonato.
Para tal, Mária Augusta Rodrigues apresentou em reunião realizada na casa do professor de história Nilson Silva Feitosa, uma idéia fundamentada no livro "A Pré-História do Brasil", de Ludwig Swenggen, que relatava a presença de expedições fenícias no litoral brasileiro financiadas pelo Rei Salimão em busca de madeira e tesouros.
A temática, até então inédita no Carnaval brasileiro, gerou polêmica quando anunciada pois desrespeitava o regulamento que proibia a exposição de temas que não fossem nacionalistas no desfile das Escolas de Samba.
Vencidos os obstaculos relacionados ao tema, os problemas estruturais e financeiros passaram a assolar a Vermelho e Branco na construção do seu Carnaval. João, Mária Augusta e sua equipe se viram obrigados a buscar recursos para a confecção das alegorias em lixões e aterros. A criatividade imperava no barracão. Aos poucos, bacias matálicas, tubos de pvc, bandejas de papelão e bicos de regadores foram dando vida as Minas do Rei Salomão.
Os figurinos, luxuosos e de extremo bom gosto foram desenhados pela própria Mária Augusta e pelos figurinistas Aelson Trindade e Marco Antônio Faria Lima, ambos oriundos da Escola de Belas Artes.
Superando todos os obstáculos, o Salgueiro surgiu na manhã do dia 10 de fevereiro soberana na avenida.
Embalados pelo samba de Nininha, Dauro Ribeiro, Zé Pinto e Mário Pedra, os componentes da Vermelho e Branco desfilavam elementos até então inéditos no Carnaval. Aliás, foi a primeira vez que os espectadores de uma festa popular como o Carnaval tiveram contato com zebras, camelos, bigas e pirâmides.
Foi um desfile arrebatador!!!
O bi-campeonato fora conquistado e o impacto dessa apresentação foi de tal ordem que muitas opiniões surgiram temendo à partir do excesso de luxo do Salgueiro, as Escolas de Samba se desvirtuassem, comprometendo sua existência como veículo de concepção popular de arte.
Um exagero, evidentemente, porque o que o Salgueiro mostrou é que nem tudo que reluz é ouro.
Base: "Salgueiro 50 Anos de Glória" - Haroldo Costa
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