sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Acadêmicos do Tucuruvi

Enredo: "O Esplendor da África no Reinado da Folia"

Carnavalesco: Wagner Santos

Após a conquista do contestádo vice-campeonato em 2011, a agremiação presidida pelo simpático Sr. Jamil, busca agora a maior glória de uma Escola de Samba, o título de campeã do Carnaval paulistano. Para isso, a Acadêmicos do Tucuruvi aposta na força da "Mãe África", como o berço das civilizações e fonte inesgotável de riquezas. Um enredo que não possui um enfoque principal, mas que procura contextualizar e trazer para os olhos do Mundo, um continente rico e que nem só vive de tristezas e angustias. Uma exaltação a liberdade e a cultura dos povos africanos que se desenvolveram e brilharam perante os olhos de todos. Com a competência do experiente carnavalesco Wagner Santos e a euforia de uma comunidade apaixonada, o trabalho do sempre sorridente Hussein Abdo El Selam, ou simplesmente "Seu" Jamil, pode enfim ser coroado.

Dentro da linha de sambas de enredo apresentados pela agremiação nos útlimos anos, a obra que possui inacreditáveis 13 compositores (junção dos finalistas da disputa), supera tudo o que eu já ouvi em se tratando de Acadêmicos do Tucuruvi. Sendo infinitamente mais agradável que o tão exaltado (não sei porque) sambas de 2001. Havia lido a sinopse assim que lançada pelo Wagner e fiz questão de ler novamente após ver a junção dos sambas finalistas que resultaram nessa obra, pois achei o mais fiel entre todos os sambas de enredo de 2012 ao que diz respeito a cronologia textual. Ou seja, a sinopse está brilhantemente inserida na música. Não chega a ser elevada a categoria de obra-prima, mas é um samba muito competente e que certamente vai colaborar para um grande desfile da agremiação. Gosto particularmente do primeiro refrão, pois a melodia é explendida e a letra é forte, causa o impácto que acredito ser a necessidade principal da Escola que desfila após a sempre "esfuziante" Vai-Vai. Fica aqui também registrada a brilhante atuação do intérprete Igor Vianna, que substitui ninguem menos que Freddy Viana, que completou 11 anos à frente do microfone principal da agremiação em 2011 e que hoje está na Mancha Verde. A título de curiosidade, vale lembrar que Igor é filho do saudoso Ney Vianna, que durante quase duas décadas foi a voz da Mocidade Independente de Padre Míguel. Não vou destacar momentos deste samba, pois como já disse, o considero o mais correto entre as 14 obras do Grupo Especial e no conjunto ele é todo bem trabalhado, o que gera assim uma ótima unidade. Fica apenas um porém: será que o desfile da Tucuruvi não será abafado pelo efeito Mancha Verde que certamente irá dominar o Anhembí logo na sequência??? Pois como disse lá em meados de agosto em uma análise dos enredos, considero entre as 3 agremiações que terão temáticas afro no desfile de 2012 (Mocidade, Mancha e a própria Tucuruvi), o da Escola da Cantareira o mais fraco. Vamos aguardar.

Letra do Samba

Autores: Rodrigo Atração, Fábio Jelleya, Edson Liz, Henrique Barba, Silvinho, Márcio Alemão, Waltinho, Felipe Mendonça, André Filosofia, Maurício Pito, Diley Machado, Leandro Franja e Xandinho
Intérprete: Igor Vianna

Teu filho, Oh Mãe África
Faz festa pra te exaltar
Sou Tucuruvi, tua história
Meu samba vai revelar

África!
Terra de raro esplendor
Berço de uma nação
Que acolhe teus filhos em teu coração
"Brilhou em teu solo a riqueza"
Lindas obras da mãe natureza
Selvagem paraíso: um tesouro natural!
Em cada filho teu, o amor por esse chão
Levantando a bandeira da preservação

É a fé que embala o teu caminhar
Na Mãe Feiticeira o dom de curar
Ao som do tambor, há celebração
A mágia se espalha e traz proteção

No dia a dia,
A arte era a tradução da criação
Modelada pelas mãos,
A inspiração transformou-se em alegria
Chegou à Bahia, na ginga da capoeira
Com seu sabor, essa cultura
Fez nascer a raça afro-brasileira
Hoje, com a benção dos bambas
Minha escola de samba vai passar
Com garra defendo o meu pavilhão
No peito, a marcação
Herdeiro eu sou, da batida do tambor (Ô, ô, ô)

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