Começamos as nossas análises da folia carioca com a estreante no desfile do Grupo Especial, a Renascer de Jacarepaguá.
Quando em 2011 a agremiação obteve o direito de estar entre as grandes do Carnaval carioca, muitos questionaram o julgamento e falaram inclusive em adulteração no mapa da apuração do Grupo de Acesso. Nada porém ficou provado e a Renascer enfim estreava na Elite.
Optando por um enredo biográfico, a escolha recaiu sobre o artista plástico pernambucano Romero Brito sob o tema "O Pintor da Alegria da o Tom na Folia", desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira, o mesmo com ao lado de Junior Schall em 2010 rebaixou a Unidos do Viradouro com um desfile pra lá de duvidoso que teve como tema central o Mexico.
O trabalho plástico de Edson no entanto, não pode ser muito questionado, pois suas fantasias e alegorias na grande maioria apenas reproduziam o trabalho de Romero, sem muita criatividade, nesse ponto sim, o carnavalesco pode ser contestado.
A abertura do desfile foi o único momento de "originalidade" que vimos durante a passagem da Renascer. Com toda a abertura em branco e prata, o desfile começou dando pinta de que seria interessante, mas com a passagem das primeiras alas com figurinos trazendo os traços do artista homenageado em tecidos e aplicações, começou a tornar-se extremamente cansativo.
Em alguns momentos do desfile ficava nítido que as idéias de Edson eram boas, mas em se tratando de execusão a Escola pecava e muito. Não que alegorias e fantasias estivessem mal acabadas, longe disso. Mas a construção do desfile foi no mínimo estranha. O carro que representava a "Biblioteca a la Caravaggio" tinha formas agradáveis, mas a escultura da medusa deu um choque no restante da alegoria, dando a impressão de algo alí não estava em seu devido lugar.
As alas da Renascer se apresentaram em sua grande maioria bem vestidas, mas como já citado anteriormente, com figurinos beirando a repetição. Dejavu total.
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação formado pelos jovens Fábio Junior e Jéssica não comprometeu em sua apresentação e foi assim um dos pontos altos do desfile. Ao lado deles, a bateria comandada por mestre Paulão (não confundir com o legendario comandante da bateria da União da Ilha do Governador) também merece destaque. Com bossas bem ensaiadas e convenções tradicionais, os ritmistas cumpriram muito bem o seu papel.
O samba enredo, fraco tanto em letra quanto em melodia passou sem comprometer, porém, não chegou em momento algum a empolgar o público. A interpretação do grande Rogerinho foi correta, como sempre este o faz.
Com o rebaixamento da Renascer, provou-se que por mais que a agremiação viesse se destacando no Grupo de Acesso nos últimos anos, ainda não estava preparada para encarar as chamadas grandes Escolas de Samba do Rio de Janeiro.
O presidente Antônio Carlos Salomão é inteligente e sabe onde sua Escola precisa melhorar. Assim, Edson Pereira pode estar de saída, já que está rumo a Unidos de Padre Miguel (Grupo B). Mestre Paulão tem a sua permancência assegurada. O casal Fábio Junior e Jéssica ainda não renovou seu contrato, mas deve continuar empunhando o Pavilhão da Renascer.
A Super Escola de Samba tão comentada após desfiles brilhantes no Grupo de Acesso ficou só na promessa, mas quem sabe em breve, a Renascer não retorne ao Grupo Especial aí sim, mais estruturada e consciente de que para enfrentar as maiores agremiações do Brasil, o muito ainda é pouco.
Valeu como experiência!!!
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