Cercada de grande expectativa por parte dos sambistas a Portela foi a segunda agremiação a pisar na Marquês de Sapucaí no domingo de Carnaval.
Embalada por aquele que fora considerado o melhor samba de enredo de 2012, a Azul e Branco de Madureira esperava quebrar este ano um jejum que já perdura a 32 anos (conquistou o seu último campeonato em 1980).
A força de sua comunidade e uma abertura regada de emoção com a personificação da cantora e portelense Clara Nunes na comissão de frente, a Portela até ensaiou um retorno aos seus melhores dias, mas novamente a falta de esmero no acabamento de fantasias e alegorias foi o calcanhar de Aquiles da Escola.
É inegável no entanto que o trabalho do carnavalesco Paulo Menezes foi de longe o melhor que vi na Portela desde a passagem do Joge Freitas por lá em 2004.
O enredo "Bahia: é o Povo na Rua Cantando... É Feito uma Reza, um Ritual" pretendia mostrar as festas típicas da Bahia e prestar uma homenagem a mais baiana das mineiras: Clara Nunes.
A opção por um enredo mais tradicional parece ter inspirado a Escola que apresentou um visual rebuscado, bem a cara da boa e velha Portela. Em alguns momentos o desfile me lembrou a Portela de Viriatto Ferreira. Principalmente nos primeiros setores, onde tripés, elementos alegóricos e alegorias se fundiam a um mar de portelenses felizes.
O único porém nas alegorias ficam realmente por conta do acabamento que poderia ser muito mais elaborado. É nitido que mais uma vez não houve organização no barracão.
O pode-passagem que trouxe a tradicional Águia da Portela era bonito, mas a ave me pareceu um tanto quanto desproporcional. No mesmo carro, Marisa Monte e Paulinho da Viola vinham saudando o público das arquibancadas que a essa altura estavam eufóricos.
Carros como o da Igreja do Bonfim e de Iemanjá estavam deslumbrante e se não fosse os problemas já citados, seriam os mais belos do desfile de domingo.
As fantasias tinham ótimas soluções e um desenho bastante claro, mas a realização não foi das mais felizes. Mesmo assim acabou por superar as alegorias em seu conjunto. Neste quesito aliás, Paulo Menezes é um craque.
O samba de enredo não é preciso nem comentar. Maravilhoso. Digno da "Majestade do Samba". A interpretação de Gilsinho (Estandarte de Ouro) foi sublime e a bateria do mestre Nilo Sergio honrou as tradições portelenses. Nestes quesitos a Portela foi Portela.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira é sem dúvidas o melhor na atualidade. Rogerinho e Lucinha Nobre são insuperáveis. Bailam com a competência que só os "grandes" possuem. Guardada as devidas proporções, o casal lembra Benício e Vilma Nascimento, uma das maiores duplas que o Mundo do Samba já viu dançar.
O último carro da Portela trazia a sua Velha Guarda. Assim como as demais alegorias não chegou a encher os olhos, mas a dignidade desse grupo de portelenses ilusatres faz com que qualquer problema visual seja minimizado perto de tamanha nobreza.
A 6° colocação fez juz a um bom desfile, mas os portelenses não podem se contentar com tão pouco. Para 2013 o presidente Nilo Figueiredo conseguiu manter toda a equipe de carnaval e da sustentação ao trabalho do Paulo Menezes. Como já disse, trata-se de um grande carnavalesco e se este tiver condições de trabalho, fará um grande Carnaval. Enredo para isso ele terá, pois a Escola anunciou na última semana que levará os 400 anos de Madureira para a Sapucaí em 2013.
A enorme Nação Azul e Branco deve sim sentir o momento e acreditar que uma importante página na história dessa maravilhosa agremiação está prestes a ser escrita. A minha torcida é para ver novamente a Portela no lugar mais alto do podium, onde a maior campeã do Carnaval carioca de fato merece estar.
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