Em 2012 completamos 25 anos sem o genial Arlindo Rodrigues, um dos maiores carnavalescos que o Brasil já conheceu.
Em uma série de homenagens a este notável artista, encontrei esta foto que no momento me foge a mente a autoria e também o site onde a ví. Talvés por ter acessado-a atravez de um link no Espaço Aberto do site Galeria do Samba, fica ainda mais difícil me lembrar de sua origem.
Fato é que a imagem colhida durante o deslumbrante desfile da Imperatriz Leopoldinense, de 1983, retrata a versatilidade e o talento deste ser de luz, chamado Arlindo Rodrigues.
Dono de um estilo clássico, Arlindo era a sintese do bom gosto. Sabia trabalhar o habitual "capa e espada" como ninguem e aventurava-se no simples, como poucos. Ouso dizer que nem Joãosinho Trinta era tão completo quanto o mestre Arlindo Rodrigues.
Aliado e co-autor de diversos enredos de Fernando Pamplona, Arlindo despontou no Salgueiro, onde foi campeão em 1963 com o inesquecível Chica da Silva, como carnavalesco sólo. Venceu outros 4 campeonatos na Acadêmia do Samba (1960, 1965, 1969 e 1971), porém, em parceria com Pamplona e outros "beneméritos" das artes.
Na Mocidade Independente de Padre Míguel, transformou a "Bateria que tinha uma Escola", em uma grande campeã com "O Descobrimento do Brasil", em 1979, quebrando uma série de cinco conquistas consecutívas de Joãosinho Trinta (duas pelo Salgueiro e três pela Beija-Flor). A Verde e Branco passou a ser outra após a passagem de Arlindo pela Vila Vintém.
Porém, foi pelas bandas de Ramos que o gênio mostrou que era realmente um grande mestre. Até o início da década de 80, a Imperatriz era uma Escola considerada pequena e que alternava desfiles dos Grupos 1 e 2 constantemente. Com a chegada de Arlindo, no entanto, a Verde e Branco da Leopoldina, assim como a de Padre Míguel, mudou da água para o vinho.
"O Que é Que a Bahia Tem?" e "O Teu Cabelo Não Néga (Só dá Lá Lá)", deram o bi-campeonato a Escola de Ramos em 1980 e 1981 respectivamente. Foram as últimas conquistas de Arlindo, que ainda fez na própria Imperatriz mais dois carnavais inesquecíveis (1982 e 1983).
Em 1984, arriscou um retorno a Escola que o projetou, o Salgueiro e desenvolveu o enredo "Skindô, Skindô", de autoria do produtor artistico Haroldo Costa, conquistando a 4° colocação no desfile de domingo (no ano da inauguração da Marquês de Sapucaí, os desfiles foram classificatórios por noite, havendo no sábado das campeãs um Super Campeonato conquistado pela Mangueira). Era o fim da belíssima história entre Arlindo e Salgueiro.
Em 1985, teve um meteórico retorno à Imperatriz, onde há 30 dias do Carnaval assumiu o barracão da Escola para criar as alegorias para o enredo "Adolã, a Cidade Mistério", de autoria de José Felix Garcês.
Em 1986, aquele que fora considerado o seu maior desafio na brilhante carreira: assinar o Carnaval da União da Ilha do Governador. A Ilha era uma agremiação dona de um estilo próprio que a acompanhava desde o seu surgimento entre as grandes Escolas. Enredos como "O Domingo" e "O Amanhã" de autoria da carnavalesca Mária Augusta Rodrigues, deram a Tricolor da Ilha o título de maior comunicadora entre todas as agremiações do Carnaval carioca. Caberia a Arlindo o resgate das tradições da Escola que vinham se perdendo nos últimos anos.
Com o enredo "Assombrações", a União da Ilha fez um de seus maiores desfiles em toda a história, atrás apenas do arrebatador "Festa Profana", de 1989. Depois de reinar absoluto com o luxo e o requinte, Arlindo consagrava-se no popular. Prova maior de que estamos tratando de um gênio, não há.
Em 1987 aquele que foi o seu último trabalho. Por uma das muitas coincidências do acaso, quiz o destino que Arlindo Rodrigues tivesse o"fechar das cortinas" de sua vida na Imperatriz Leopoldinense, Escola a qual ele muito ajudou a projetar. O enredo "Estrela Dalva de Oliveira" era em homenagem a uma das grandes divás da música brasileira. O samba enredo no entanto parecia nos alertar ao que em alguns meses tornou-se inevitável: o trecho "oh saudade... hoje você é Carnaval/No palco do amor/O teu papel é o esplendor, ô ô..." poderia muito bem ser usado para descrever os sentimentos dos milhares de fãs que se viram "órfãos" de seu grande mestre.
Paralelamente aos brilhantes trabalhos no Carnaval, Arlindo era um cenógrafo diferenciado e um fígurinista de mão cheia. Durante décadas foi o responsável direto pelo sucesso da série Sítio do Pica-Pau Amarelo, exibida pela Rede Globo.
Com um curriculo deste porte, Arlindo Rodrigues não poderia deixar de ser lembrado neste momento onde completa-se 25 anos de saudade de uma pessoa que só nos deixou o bem. Nos deixou sua genialidade.
Arlindo é sem dúvidas um exemplo a ser seguido pelas novas gerações de carnavalescos, que espelhados em seu bom gosto tem a difícil missão de tirar o Carnaval da mesmisse em que se encontra e combater às Super Produções que inssistem em fazer da maior festa popular do Planeta, um "mero" espetáculo ao melhor estílo Brodway.
Este é o meu mestre, o meu maior espelho!!!
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