quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Confiram a sinopse do enredo da Mocidade Independente Júlio Mesquita para o Carnaval 2013

Introdução

Vinte anos de existência!

Então, nada mais justo do que o Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mocidade Independente Júlio Mesquita mergulhar fundo em sua essência para fazer uma retrospectiva de seus 20 anos de pleno samba, contando e cantando sua história na avenida.

Berço de bambas e de algumas das principais transformações do Carnaval bragantino, o bairro Jardim Dr. Júlio de Mesquita Filho, entrou no cenário carnavalesco em 1976, quando o saudoso Adílson Leitão Xavier fundou a “Escola de Samba do Júlio Mesquita”, primeira agremiação a ostentar o nome do bairro. Porém, o sonho durou apenas dois anos. Insatisfeitos com as colocações da Escola, suas atividades carnavalescas foram dadas por encerradas.

Anos depois, um grupo de amigos decidiu reativar a entidade, acrescentando ao nome original “Mocidade Independente”, por retratar o espírito jovem e de vanguarda, marcas daquela que fora na época considerada como a “Nova Força” do Carnaval bragantino.

Ao longo das transformações que o Carnaval vem sofrendo, a Mocidade foi pioneira e uma das grandes responsáveis pela revolução na estética dos desfiles das escolas de samba. Bairro de considerável população negra, o Jardim Júlio Mesquita abriga em seu seio famílias oriundas do Rio de Janeiro e que aderiram a agremiação e assim, deram o toque de malandragem e sagacidade que uma grande Escola de Samba deve ter.

Em uma das muitas revoluções, o mineiro Alexandre Colla, introduziu enredos criativos e inéditos, trazendo sempre o inesperado para o público. Através de seus carnavais abriram-se as “comportas da criatividade” e conquistou-se uma nova postura diante dos desfiles, transformando-os no espetáculo que vemos hoje em dia. As alegorias grandiosas e as fantasias luxuosas tornaram-se marcas da Escola na segunda metade da década de 90.

E é através de sua trajetória que a Mocidade quer homenagear a todos que participaram dessa agremiação, a todos que de algum modo contribuíram, da maneira mais humilde a mais generosa para cada desfile.

Enfim, Mocidade em si; pedra bruta lapidada em brilhante reluzente, reduto de sambistas brilhantes, espalha teu samba, tua alegria, tua luz a todos os que de ti se aproximarem, fazendo com que reluza também em seus corações, tua história, teu brilho e tua glória.

Nossa Mocidade...

Sinopse


O Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mocidade Independente Júlio Mesquita apresenta no Carnaval de 2013, um pouco de sua história. Os personagens que marcaram esses 20 anos de Folia, os grandes desfiles, os enredos marcantes e principalmente, a trajetória de uma agremiação que durante essas duas décadas de existência, buscou na ousadia a sua principal característica.

Embarque nessa viagem com a Mocidade!

1° Setor: Origens Negras (Meu Povo, Minha Gente)..._________________

O século XIX foi de grande evolução para Bragança Paulista.

No início deste século a cidade já possuía comércio, profissionais liberais, Colégio Bragantino (primeiro estabelecimento de ensino, fundado pelo professor José Guilherme Cristiano) e posteriormente o Grupo escolar Jorge Tibiriçá, Clube Literário Bragantino, imprensa, clube de escravos (o primeiro no gênero em todo o país), estrada de ferro, serviço de água encanada (abastecendo, inicialmente a Rua Direita e a do Comércio).

O século XX continua sendo de suma importância para a evolução do município. No início deste século habitam na cidade 5682 imigrantes, vindos da Itália, Espanha, Portugal, África, e outras nacionalidades.

A vinda de indústrias, o aumento do comércio, construções de escolas, asilo, teatro, cinema, hotel, são evidências de que a economia bragantina era equilibrada (em plena crise do café), percebe-se que a administração pública tinha zelo em administrar a cidade.

Dessa maneira, novos distritos foram surgindo no intuito de “desafogar” o centro da cidade. Um desses redutos é o Jardim Dr. Júlio de Mesquita Filho.

Desde a sua fundação, o bairro se caracterizou por abrigar um grande número de negros em meio a seus moradores, a grande maioria vinda do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Assim, o jardim Júlio Mesquita passou a abrigar em seu seio uma série de manifestações artísticas e culturais de origem afro-brasileira, como rodas de capoeira, tendas espíritas (umbanda e candomblé) e as tradicionais rodas de samba.

Com a instalação do primeiro Distrito Industrial no bairro da Penha, o Jardim Júlio Mesquita passou a abrigar ainda mais moradores, uma vez que a proximidade às novas empresas favorecia a acomodação dos trabalhadores e suas famílias, o que colaborou para que o bairro passasse a ser um dos mais populosos e organizados da cidade.

Porém, muito ainda estava por ser escrito na história do nosso bairro...

2° Setor: Um Samba pra Você! (Nossos Grandes Carnavais)...___________


Com o passar dos anos e o maciço aumento da população do bairro, as manifestações folclóricas, artísticas e culturais que se resumiam a um restrito público, passaram a ganhar proporções municipais. As rodas de capoeira se espalharam por toda a cidade e o número de adeptos das religiões afro-brasileiras só fez crescer nas décadas que seguiram. No entanto, nada cresceu tanto quanto as rodas de samba e os batuques nos quintais. Isso movimentava os moradores do bairro nos finais de semana e atraia a atenção de curiosos e simpatizantes.

Em 1976, o Carnaval de rua de Bragança já ganhava status de grande evento e reunia uma multidão cada vez maior durante os desfiles organizados que aconteciam na Praça Raúl Leme. Na época, Unidos do Lavapés, Nove de Julho, Acadêmicos da Vila e Mocidade Alegre da Vila Bianchi eram as grandes Escolas de Samba da cidade.

Empolgados com o crescimento do Carnaval de rua, um grupo de moradores liderados pelo saudoso José Leitão Xavier decidiu fundar uma agremiação para representar o bairro nos festejos carnavalescos. Inspirados no Grêmio Atlético Júlio de Mesquita, foi fundada a Escola de Samba do Júlio Mesquita, a primeira representante da região nos desfiles das Escolas de Samba de Bragança Paulista.

No entanto, a Escola foi para a avenida por apenas dois anos, encerrando as atividades em abril de 1978 em decorrência ao desanimo dos componentes com as péssimas colocações.

Mais de dez anos separaram o fim da Escola de Samba do Júlio Mesquita e a fundação da Mocidade Independente Júlio Mesquita, a nova agremiação a ostentar o nome do bairro.

Nascida no dia 12/02/1992, a Mocidade surgiu como uma Escola de inovações.

Liderada por Júlio Carioca, os primeiros anos da agremiação foram de afirmação, tanto que em seu segundo desfile, em 1995, sagrou-se campeã do Grupo II com o enredo “Sem Real, Reciclamos o Carnaval”, falando da implantação do plano real e os benefícios da reciclagem em nosso dia-a-dia. Como pode-se ver, a consciência ambiental, algo tão “na moda” em tempos de aquecimento global, já era discutido pela nossa Mocidade em 1995.

Em sua estréia na Elite do samba bragantino, a Mocidade não se intimidou, pelo contrário, fez bonito na Passarela Chico Zamper. Com o enredo “Dança Brasil”, de autoria e desenvolvimento do carnavalesco Alexandre Colla, a agremiação contou a história da dança através dos tempos, culminando em uma grande homenagem ao folclore brasileiro. Apesar do grande desfile apresentado e da indignação de grande parte do público e da imprensa local, a Mocidade amargou a última colocação do Grupo I e retornou ao acesso no ano seguinte.

Mas não parou por aí...

Em 1999 e 2000, a Mocidade voltou a encantar o público com apresentações de muito bom gosto e com temáticas diferenciadas.


Com “Disque 0900”, a melhor colocação da história da agremiação: um 4° lugar que colocou a Escola à frente da tradicionalíssima Unidos do Lavapés no Carnaval de 1999. Um ano depois, a saga da liberdade no Brasil foi cantada em “Palmares, Ideal da Liberdade – Brasil, Fala a Verdade”. Mesmo com um grande samba (o melhor do ano), e uma estética caprichada, a última colocação foi inevitável em um ano que ficou marcado pelo equilíbrio entre as Escolas do Grupo I.

Mesmo ausente da Elite do nosso Carnaval desde 2000, a Mocidade Júlio Mesquita continuou a nos brindar com grandes desfiles.

Enredos criativos como “Falem Bem, Falem Mal, Mas Falem de Mim” (2004), “Mocidade Com Alegria, no Mundo da Fantasia” (2006), “Da Elite ao Popular, Da Inglaterra Para o Mundo e do Mundo para o Palco da Folia: É Sanduíche ta na Boca do Povão” (2010) e “Abrindo os Portais da Imensidão, a Mocidade vem Mostrar o Mundo da Imaginação” (2012), mostraram que a essência criativa da Escola seguiu como o principal cartão de visitas da agremiação mesmo com o passar dos anos.

Temáticas que buscavam a conscientização da população também voltaram à exemplo da reciclagem em 1995, a fazer parte da pauta da agremiação, como em “Água, Fonte da Vida, Espelho da Mãe Natureza” (2005) e “O Leão Rugiu: a Mocidade cantou e Encantou na Avenida Mostrando que a Felicidade Tem Preço” (2008), onde uma profunda reflexão foi proposta a foliões e espectadores.

A cultura e o folclore também estiveram presentes em nossos carnavais. A história da cidade de Socorro foi trazida à tona pela Mocidade no Carnaval de 2007 no enredo “Teatrum Contidus Urbis”. Dois anos depois, foi a vez das lendas brasileiras pedirem passagem na Passarela Chico Zamper em “Fantástica Viagem Através do Folclore Brasileiro”.

Como se vê, a Mocidade Independente Júlio Mesquita sempre se valeu de enredos de qualidade e com um apelo popular muito grande, o que fez da agremiação uma das mais queridas da cidade e mesmo atravessando momentos conturbados, nunca foi esquecida pelos sambistas, que sempre fizeram questão de exaltar a história e o trabalho de quem por aqui já passou.

3° Setor: A Seguir, Cenas dos Próximos Capítulos...___________

Em 20 anos de história, a Mocidade Independente Júlio Mesquita sempre esteve presente nas grandes transformações do nosso Carnaval de rua. Isso em muito se deve a nomes que por aqui passaram e que colaboraram com o crescimento de um movimento que hoje culmina no grande espetáculo realizado todo ano em uma passarela já “acanhada” para a grandeza de nossas Escolas de Samba.

E foram muitas transformações ao longo desses anos...

Agora, vamos lembrar de quem um dia por aqui esteve e contribuiu colocando um tijolinho neste monumento cultural e social que hoje se reinventa e vê a fera, antes adormecida despertar e saltar rumo ao degrau mais alto deste caminho árduo e vitorioso que traçamos neste Carnaval.


O Leão da Mocidade sempre há de rugir mais alto, pois a fera está ferida... não morta.

Sérgio Júnior
Carnavalesco

Colaboração:
Patrícia de Faria
Thiago Rocha

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