
A Estação Primeira de Mangueira é de fato e direito a Escola de Samba mais tradicional do Carnaval brasileiro. Isso ninguem discute.
A agremiação sempre realizou desfiles que tinham como principal características a valorização de seu componente e a afirmação de suas cores, o Verde e o Rosa.
Em 2002, a Mangueira conquistou de maneira indiscutível o campeonato com o enredo "Brasil com Z é pra Cabra da Peste, Brasil com S é Nação do nordeste", do carnavalesco Max Lopes.
E a Escola, empolgada com o sucesso do último Carnaval, resolveu que o bi-campeonato era um projeto a ser levado à sério pela comunidade e pela diretoria, que passou a administrar a agremiação como uma verdadeira empresa. Isso gerou uma receita fenomenal para a Estação Primeira.
E já viram, né... uma Escola de Samba com a tradição e a comunidade que a Mangueira tem, aliada a um orçamento pra lá de gordo, só pode gerar um grande Carnaval!!!
Só que há um pequeno detalhe nessa "fabula", a Manga não é uma agremiação que combina com luxo exagerado. É claro, tudo fica muito lindo, mas definitivamente isso não é para a Mangueira.
Isso não significa que o desfile da Escola no Carnaval de 2003 não tenha sido simplesmente a mais bela e luxuosa apresentação que eu já tenha visto de uma Escola de Samba até hoje!!!
"Os Dez Mandamentos, o Samba da Paz Canta a Saga da Liberdade", era o enredo que contava a história da Moisés, desde o nascimento até a libertação do povo hebreu e a condução desse povo até a Terra Prometida.
A comissão de frente (foto) foi um show a parte. Carlinhos de Jesus interepretou Moisés com direito a tábua dos Dez Mandamentos e espetáculo de levitação.

Pra quem baba ovo pra comissão de frente da Unidos da Tijuca em 2010, a encenação preparada pelo coreógrafo foi simplesmente magistral.
O que dizer então do carro abre-alas da Mangueira (a cima a esquerda)???
Uau...
87 metros de comprimento e uma cenografia mais do que perfeita. Sem contar as 16 bigas que vinham a frente do carro e serviam como moldura para a primeira ala da Escola, referente aos escravos hebreus no Egíto. O corpo da alegoria em sí era o suntuoso palácio do faraó Hamses. O cenário era algo mais do que perfeito, com direito a esfinges, colunas, cerâmica egípcia e vários adereços sempre muito suntuosos.
Aliás, todos os carros da Mangueira tinham a marca do luxo e das formas estravagantes. O que chegava inclusive a lembrar a Beija-Flor de Joãosinho Trinta na década de 80. Daí o título do post...rs
Mesmo com essa comparação, a Mangueira não deixou de ser Mangueira. Em nenhum momento a Velha Manga deixou de lado o seu estilo inconfundível de fazer Carnaval. Afinal, depois de Julio Mattos, Max Lopes é quem melhor conhece a Escola.
O defile foi digno de bi-campeonato, mas não foi bem assim que os jurados entenderam a apresentação da Verde e Rosa. Algumas notas bastante contestáveis deram espaço para a Beija-Flor conquistar depois de um bom jejum o título de 2003.
Do meu ponto de vista, o defile da Beija não era digno nem de terceiro lugar, quanto muito para título. Em 2003, Mangueira e Viradouro sobraram. Mas como cabeça de jurado é pior que bumbum de nenê, não posso cobrar muita coisa.
De positivo mesmo fica a bela e inesquecível imagem da entrada acaxapante da Estação Primeira na Sapucaí com sua comissão de frente inovadora e seu abre-alas monumental. Lindíssimo!!!
Carnaval 2003
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira
Enredo: "Os Dez Mandamentos, o Samba da Paz Canta a Saga da Liberdade"
Carnavalesco: Max Lopes
Colocação: 2° lugar
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