
Disposta a quebrar um jejum de 16 anos sem conquistar um título, a Nenê de Vila Matilde se preparou para fazer um desfile inesquecível.
O carnavalesco Augusto de Oliveira, trabalhava em um tema com o qual a comunidade da matildense muito se identifica: a exaltação a raça negra.
E parece que após a escolha do belíssimo samba enredo de Santaninha, Baby, Clóvis e Rubens Gordinho, essa identificação aumentou ainda mais. Era nítido que a Nenê, vivia um momento todo especial, e quando uma Escola de Samba de tanta tradição passa por um momento desses é sinal de que um grande desfile está a caminho.
E de fato, esse grande desfile aconteceu!!!
Já era manhã de domingo quando a imponente águia do abre-alas da Nenê de Vila Matilde (foto), cruzou o portal de entrada do sambódromo do Anhembí, para delírio do público que em massa saudava a Escola como a preferida da noite.
Alas muito bem vestidas e carros alegóricos de um sublime acabamento foram a máxima da apresentação da agremiação. O samba enredo, tão exaltado e divulgado na fase pré-carnavalesca rendeu muito mais do que o esperado e fez toda a platéia cantar o seu forte e intuitivo refrão: "Bateria faz tremer, o Anhembí/Se a Vila me chamar, tô aí/É Nenê fazendo o que?/O seu ziriguidum/É show de samba é Carnaval 2001".
Era simplesmente encantadora a comunicação da Escola com o público. Uma das melhores que eu já vi em mais de quinze anos acompanhando o Carnaval paulistano.

Logo após o desfile, o presidente Betinho, filho do "Cacique" maior da Vila, declarou: "Pra ganhar o Carnaval este ano, tem de passar por cima da Nenê!".
E foi exatamente o que aconteceu.
Em uma apuração muito disputada, onde Nenê, Vai-Vai, Gaviões da Fiel e X-9 Paulistana, se revesaram entre as primeiras colocações durante todo o tempo, prevaleceu a força da comunidade matildense.
Entretanto, a Nenê não venceu sozinha. Um empate muito contestado entre a agremiação da Vila Matilde e a Vai-Vai (tetra-campeã) marcou o Carnaval de 2004.
Mas para a enorme torcida da Azul e branco da zona leste, isso pouco importava. O fato de pôr pra fora o grito de "É campeã", após 16 anos de tabú já era motivo para toda a felicidade possível.
Em um dos resultados mais justos dos últimos anos, assistimos a vitória da comunidade, da raça, do canto e da alegria. Desde o início da era sambódromo, nunca haviamos visto uma Escola de Samba desfilar com tanto samba no pé como vimos em 2001. Pobre da Vai-Vai, que mesmo com a conquista do inédito tetra campeonato, serviu apenas como coadjuvante de uma exuberante e verdadeira Nenê de Vila Matilde!!!
Carnaval 2001
G.R.C.E.S. Nenê de Vila Matilde
Enredo: "Voei, Voei, na Vila Aportei Onde me Deram Coroa de Rei"
Carnavalesco: Augusto de Oliveira
Colocação: 1° lugar
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