segunda-feira, 30 de abril de 2012

Título da Beija-Flor de 2011 sob suspeita

O campeonato da Beija-Flor em 2011 pode estar em risco, no rastro da CPI do Cachoeira. Numa escuta feita pela Polícia Federal para a Operação Monte Carlo, o bicheiro Carlinhos Cachoeira, em conversa com homem identificado como Santana, diz que a vitória da escola, na qual ele teria negócios, teve "mutreta".


A escuta seria de 9 de março de 2011 e ocorreu às 18h29, Quarta-Feira de Cinzas. Naquele ano, a Beija-Flor ganhou o campeonato com o enredo 'Roberto Carlos: A Simplicidade de um Rei'. Procurada para comentar, a assessoria de imprensa da agremiação não respondeu.


A gravação aparece no inquérito da Procuradoria Geral da República, que investiga o bicheiro, publicado no site Brasil 247, na página 15, volume 1. É a segunda vez que um campeonato da Beija-Flor é citado em situação suspeita. Na Operação Furacão, em 2007, a PP fez escutas que colocavam em dúvida a vitória da Beija-Flor daquele ano.


Patrono da escola, Aniz Abraão David, o Anísio, 75 anos, cumpre prisão domiciliar. Ele foi condenado a 48 anos pela Justiça Federal por formação de quadrilha, corrupção e envolvimento com jogo do bicho, bingo e caça-níqueis.

* As informações são do Jornal O Dia
 
Fonte: Galeria do Samba

Eleições na Mangueira: Por meio de comunicado, Ivo Meirelles esclarece problemas com o processo eleitoral da agremiação

O atual presidente da Mangueira, Ivo Meirelles (foto) enviou na manhã desta segunda-feira um comunicado à imprensa esclarecendo problemas que vem ocorrendo no processo eleitoral da Mangueira.


No pronunciamento, Ivo esclarecer os fatos que aconteceram nos dias anteriores à eleição, que seria realizada no dia 28 de abril e expressa seu amor à Mangueira.


Confira o comunicado:


Na qualidade de PRESIDENTE DO GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA, e tendo em vista inúmeras informações desencontradas e declarações inverídicas que estão sendo divulgadas nos meios de imprensa, venho esclarecer o que efetivamente ocorreu nos dias anteriores ao término do processo eleitoral de nossa querida Escola.


Foi com grande surpresa que tomei conhecimento de ação judicial proposta, propositalmente, na véspera da eleição, pela chapa "RAÍZES DA MANGUEIRA", alegando supostas irregularidades no respectivo processo eleitoral, o que será amplamente defendido e contestado em sede judicial. 'E repulsiva a forma como passam por cima dos interesses da escola por legitimidade e tranquilidade, insistindo em criar obstáculos através de alegações inverídicas, sabendo da fragilidade de seus propósitos. Ocorre que fui intimando da mesma, por oficiais de justiça, dia 27/04/2012 à noite, horas antes do início do prazo para as eleições, tendo que tomar às pressas todas as providências necessárias no sentido de acatar a respectiva decisão liminar, a qual foi proferida pelo D. Juízo da 36ª Vara Cível da Capital, nos seguintes termos:
"Diante disso, defiro a liminar requerida para sustar qualquer ato de processo eleitoral na requerida até posterior decisão deste juízo seja eleição ou aclamação devendo o atual presidente ser intimado desta decisão imediatamente sob as penas da lei.


Deve, ainda a atual diretoria permanecer até que seja designada outra assembleia para eleições gerais a ser marcada pelo judiciário.



A matéria está agora sob o manto do Poder Judiciário.
Expeça-se mandado neste sentido aproveitando mesmo mandado para efetuar a regular citação da ré."
Ressalto que em face disto, comuniquei imediatamente à Comissão Eleitoral, minha orientação no sentido de cumprir o comando judicial e evitar tumulto em nossa agremiação, o que felizmente conseguimos.




Vale destacar que o trecho acima transcrito é o verdadeiro teor da decisão, que, infelizmente, ao que parece, não vem sendo divulgado na íntegra por alguns meios de imprensa, razão pela qual divulgo o presente Comunicado Oficial.


A não ocorrência de eleições, primariamente calcada no atendimento a nosso estatuto, que em suas detalhadas premissas via vicio nas duas chapas de oposição, agora estava sendo imposta por essa liminar.



Por fim, informo que esta foi a única decisão judicial que fui intimado! Entretanto, tendo em vista as notícias divulgadas na imprensa de que a outra chapa "LEVANTA MANGUEIRA", também obteve decisão liminar favorável, me reservo ao direito de comentá-la, apenas após ser devidamente intimado!


Amo minha Escola e na qualidade de Presidente sempre honrei o Estatuto e as tradições da Estação Primeira de Mangueira e tão logo o Poder Judiciário tome conhecimento da veracidade dos fatos, e do que prega o estatuto que nos regula e que foi composto e revisto por nossos veneráveis antecessores, do qual não alterei uma linha sequer, tenho certeza que serei reconhecido presidente em um segundo mandato!


Deixo aqui minhas saudações à nação Mangueirense e reitero que agi e sempre agirei norteado pelo amor a nossa escola e sempre em acordo com nosso estatuto e com o que preza o verdadeiro respeito a nossa bandeira.


Rio de Janeiro, 30 de abril de 2012

IVO MEIRELLES

PRESIDENTE DO GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA
 
Fonte: Galeria do Samba

"Quem me viu chorar, vai me ver sorrir..."



Encerrando os desfiles do Grupo Especial do Carnaval carioca de 2012, a Acadêmicos do Grande Rio.

Maior prejudicada pelo incêndio que assolou a Cidade do Samba em fevereiro de 2011, a Tricolor de Duque de Caxias apostou na superação como tema central de seu enredo.

"Eu Acredito em Você. E Você?" de autoria do carnavalesco Cahê Rodrigues prestou uma homenagem a pessoas que em algum momento de suas vidas buscaram força para superar um grande desafio, assim como a própria Grande Rio que precisou se reerguer após perder 95% de seu último carnaval.

A abertura foi pra lá de simpática, com as crianças fugindo de seus pesadelos. O grupo comandado pelo coreógrafo Jorge Teixeira se apresentava sobre um grande elemento alegórico representando uma cama. Em alguns momentos essa cama se erguia e os componentes eram atacados por seres das sombras. Uma idéia muito boa e bem realizada.

Na sequência o carro abre-alas trouxe uma revoada de anjos em meio a muitas nuvens e belas mulheres. No quesito alegoria e adereços deu-se o melhor momento do desfile da Grande Rio. Por mais que algumas idéias parecessem equivocadas a realização das 6 alegorias da Escola foram simplesmente louváveis. O acabamento estava impecável e os materiais utilizados eram de primeira. Carros como o dos "Gigantes" e dos atlétas "Para-Olímpicos" foram destaque.

As fantasias criadas pelo carnavalesco Cahê Rodrigues seguiram a sua linha de criação. Algumas muito carregadas e com informações em excesso, mas a leitura não fora prejudicada. Ponto para Cahê.

O samba de enredo da Grande Rio não era nenhuma maravilha, mas se mostrou funcional. Gosto do refrão de cabeça "Quem me viu chorar... vai me ver sorrir/Eu acredito em você... pro desafio/E abro meu coração, cantando a minha emoção/Superação é o carnaval da Grande Rio", acho que resumiu bem a proposta do enredo e apresentou o lirismo que faltou ao resto do samba. A interpretação de Wantuir também esteve muito à baixo do que o grande interprete costuma apresentar.

A bateria de mestre Ciça, essa sim foi muito bem, como sempre, aliás. A "Envocada" de Duque de Caxias deitou e rolou mesmo com um samba considerado fraco.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira Luiz Felipe e Squel mostraram garra e foram apenas regulares na condução do Pavilhão Tricolor.

Para 2013 as mudanças em Caxias são gerais. Desde o presidente até o carnavalesco. Tudo será diferente. Na pesidencia, saiu Helinho de Oliveira entra o engenheiro civil Edson Alexandre. No comando artistico da agremiação, Cahê Rodrigues foi dispensado (já acertou com a Imperatriz) e para o seu lugar retorna Roberto Szaniecki. A porta-bandeira Squel foi outra que deixou a Grande Rio logo após o Carnaval. Para o seu lugar chega a bela Verônica Lima, ex-União da Ilha. Mestre Ciça continua à frente dos ritmistas de Caxias e Wantuir agora tem a companhia de Emerson Dias no primeiro microfone da Escola.

Como se vê, a Grande Rio mudou bastante. A principal idéia da nova diretoria é afastar o rótulo de a "Escola dos Artistas" e para tal feito já anunciou que irá diminuir a quantidade de alas comerciais em seu desfile.

A frase que talvez melhor defina o momento que vive a Grande Rio foi dita pelo seu novo presidente assim que fora empossado: "A comunidade verá cada vez mais que ela é dona da Grande Rio. Nós não vamos estar aqui daqui a 80 anos, mas a Grande Rio vai!".
 
Será que agora vai?

"A minha emoção vai te convidar..."

Zebra? Surpresa?

Bom, vendo o recente histórico da Unidos da Tijuca, não dá pra considerar o título de 2012 um absurdo.

A bem da verdade, o estilo Paulo Barros vem consolidando a Azul e Ouro do Borel como uma das maiores agremiações do Carnaval carioca neste início de século. E não dá pra negar que este seja o estilo da moda atualmente.

E olha que quando o enredo sobre o centenário de Luiz Gonzaga foi anunciado eu fiquei me perguntando como o Paulo conseguiria imprimir o seu estilo em uma temática tão regionalista e tradicional quanto essa. E não é que ele consegiu...rs

"O Dia em Que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida Para Coroar o Rei Luiz do Sertão" foi o enredo responsável pelo terceiro campeonato da Escola no Grupo Especial, o segundo em 3 anos.

Como já vem se tornando marca registrada da agremiação, a comissão de frente coreografada pelo casal Rodrigo Negri e Priscila Motta foi um show à parte. "O Espírito da Sanfona" foi sem duvida alguma o ápice da genialidade de Paulo Barros neste Carnaval. A artista que vestido em uma roupa especial multicolorida conseguia efeitos de sanfona aparecia vez ou outra de dentro de um gigantesco fole "oito baixos" foi sucesso entre o público que imediatamente começou a ovacionar a apresentação da Escola. É a tal "primeira impressão", algo que o Paulo Barros sabe fazer como poucos.

E uma coisa deve ser dita: como o carnavalesco sensação do Carnaval carioca melhorou nos quesitos artisticos. As alegorias que eram uma deficiência clara do artista hoje são muito regulares e com um acabamento muito bem elaborado. O carro abre-alas seguiu a sua linha de apresentação do enredo, com um aéroporto trazendo todos os reis que desembarcavam no nordeste para a coroação do Gonzagão. Estiveram presentes desde a Rainha da Inglaterra até o Rei do Pop (Michael Jackson), a Rainha do Deserto (Priscila) e o Rei Leão. Só poderia ser obra de um gênio como o Paulo Barros. Se uns gostam, outros detestam, mas faz parte. Eu gosto. Acho interessante essa "sacudida" que ele deu na mesmisse que vinha se transformando o desfile das Escolas de Samba.

Algumas alegorias estavam muito bonitas, como por exemplo a "Missa do Vaqueiro", com as várias esculturas de gado e também o carro do "Grande Mercado", com a representação dos bonecos de barro, tradição folclórica do nordeste brasileiro.

As fantasias da Unidos da Tijuca também mereceram destaque. Alas como "Cana de Açucar" e o "Vaqueiro" provam o crescimento artistico do carnavalesco, que passou a investir em figurinos mais elaborados e com melhor acabamento. As composições das alegorias, uma das grandes marcas da agremiação (caracterização de personagens) também vem sendo aprimorada a cada ano, com um verdadeiro show de maquiagem e expressões corporais.

O samba de enredo que embalou o desfile campeão, de autoria da parceria de Josemar Manfredini e cia. honrou as tradições e foi muito bem defendido pelo intérprete Bruno Ribas. De letra sintética e melodia valente, a obra conta ainda com trechos muito interessantes como "Vejo a realeza encantada/Com as belezas do sertão", "Chuva, Sol, meu olhar/Brilhou em terra distante/Ai que visão deslumbrante, se avexe, não!" e "Simbora que a noite já vem, 'saudades do meu São João'/Respeita véio Januário, seus oito baixo tinhoso que só". É sem dúvida um dos melhores sambas da Unidos da Tijuca desde "O Dono da Terra".

A bateria do mestre Casagrande é de uma regularidade impressionante. A "Pura Cadência" tem uma pegada inconfundível e o toque das caixas é o grande diferencial. À frente da ala, a beleza de Gracyanne Barbosa (para alguns musculosa demais, porém, uma bela mulher) complementa a exibição.

Na defesa do Pavilhão tijucano, a garra e a beleza de Marquinhos e Giovanna, um dos melhores casais de mestre-sala e porta-bandeira da atualidade. Os dois são crias da Mangueira e defenderam o Pavilhão Verde e Rosa por mais de uma década, antes de serem enxotados da agremiação pelo Sr. Ivo Meirelles em 2009. O casal se identificou de tal forma com a Unidos da Tijuca que hoje em dia, não deixa saudades dos ícones Rogerinho e Lucinha, que deixaram a agremiação também em 2009.

A única ressalva que faço quanto ao desfile fica por conta da última alegoria que ao meu ver deixou muito a desejar. O guindaste que elevava o sósia de Luiz Gonzaga estava aparente e o acabamento de todo o carro foi irregular. Um deslize que muitas vezes acaba por prejudicar todo um trabalho, o que não foi o caso.

Assim, a Unidos da Tijuca conquistou o campeonato de 2012. Não era (e talvez nem seja) unanimidade entre os sambistas, mas com um desfile técnico e com a marca de seu carnavalesco, superou a emoção da Vila Isabel e a beleza do Salgueiro para levantar o troféu de grañde campeã.

Nem é preciso dizer que a equipe de carnaval está mantida para 2013. Paulo Barros vem dando algumas indiretas sobre o enredo que escolheu para tentar o bi-campeonato, mas ainda é um "segredo" para todos.

Resta saber uma coisa: quem pode parar essa "nova" Unidos da Tijuca, a grande potência do Carnaval carioca desta década?

"Vem festejar na palma da mão..."

Tenho muitos amigos mangueirenses e já me indispus com a maioria, porém, deve-se salientar que a análise é meramente voltada ao que foi apresentado pela Escola na Marquês de Sapucaí em 2012, ok.

Desde que assumiu a presidencia da Mangueira em 2009, Ivo Meirelles optou pela linha de enredos autorais e culturais, um ponto super positivo, já que a maciça maioria das agremiações atualmente vem se "vendendo" por qualquer valor e pior, por qualquer enredo.

Entretanto, a música parece já estar se tornando cansativa até mesmo para os componentes da Verde e Rosa.

O enredo "Vem Festejar! Sou Cacique, sou Mangueira", de autoria do próprio Ivo e desenvolvido pelo carnavalesco Cid Carvalho não era bem o que a enorme nação mangueirense esperava para 2012, mas como sempre fez apoiou a sua diretoria e o seu carnavalesco.

Na escolha do samba, o alento, pois fora considerado desde então como um dos bons sambas deste Carnaval. E como o mangueirense gosta disso...

O desfile no entanto fora o relexo da atual Mangueira e de seu carnavalesco.

A abertura foi simplesmente grotesca. O coreógrafo Jaime Aroxa nunca foi uma unanimidade, mas vinha conseguindo a nota máxima até então. Mas o que ele e o Cid Carvalho prepararam para este ano beirou o ridiculo. As fantasias dos Orixás até que estavam bonitas, mas a coreografia (se é que ela existia) foi patética. Sem contar que em nenhum momento o grupo deixou o quadripé mal acabado que trazia a tamarineira, árvore simbolo do bairro de Ramos e um dos pilares do bloco Cacique de Ramos.

O carro abre-alas seguiu a linha do carnavalesco Cid Carvalho: cafona ao extremo. Assim como o Szaniecki havia feito em sua passagem pela Manga, Cid apostou em uma alegoria acoplada com dois carros distintos. A parte da frente trazia um enorme índio batucando seu tambor em meio a adereços plumários até que interessantes. Mas o fundo da alegoria, com a "maquete" do tal "Novo Palácio do Samba", outra das maluquices do Ivo Meirelles era a personificação do bizarro. Acabamento então... aff...

As demais alegorias não melhoraram muito, não. As excessões ficaram por conta do carro da carruagem eoutro todo em verde que além de boa idéia tinham bom acabamento. Já a última alegoria entitulada "Um Samba em Marte" voltou a beirar o ridículo. Um trabalho típico do Cid Carvalho.

As fantasias estavam mais bonitas. Apresentavam uma regularidade estética e cromática mais atraente e salvaram a velha Manga de uma apresentação toda desastrosa.

Alguns criticavam o saudoso Julio Mattos de ser cafona, de ser primário em suas criações e tal. Esses modinhas deveriam olhar um pouco mais para a história do Carnaval carioca e saudar um artista do nível do Julinho e pararam de exaltar Cid Carvalho, Cahê Rodrigues e tantos outros que por mais sejam bons carnavalescos, não tem a essência do Carnaval em suas veias.

Já no quesito samba de enredo, a Mangueira estava mais bem servida. Era um bom samba, mas outra das idéias malucas do Sr. Ivo Meirelles acabou por afastar mais uma tradição das Escolas de Samba. O que diria o mestre José Bispo Clementino dos Santos sobre a "pataquada" protagonizada por Dudu Nobre, Xande de Pilares, Sombrinha, Beth Carvalho, entre tantos outros em meio ao desfile em uma "mesa de bar" pra lá de duvidosa? E outra coisa: se não qeurem mais o Luizito como intérprete da Mangueira, despensem-o de uma vez e não o façam pagar um mico do tamanho do que ele teve de pagar este ano. Luizito que substituiu Jamelão com tanta competência à partir de 2007 está simplesmente jogado as traças na agremiação. Fora substituido por um bando de gente que sequer são melhores que ele. Uma pena, pois Luizito é um dos meus intérpretes favoritos dessa chamada nova geração (e olha que ele nem é tão novo assim).

A bateria da Mangueira, a tradicional "Mula Manca" também é outra que mudou muito na era Ivo Meirelles. Dona de um ritmo marcante e uma cadência incrivel, a ala outrora comandada por mestre Valdomiro, mestre Taranta, mestre Alcir Explosão e mestre Russo, hoje é mais do que adepta das paradinhas. Pior: faz paradonas. Algo que beira o ridiculo mas que leva Luiz Roberto e Glenda ao êxtase nas transmissões do desfile. A gente não merece isso...

Agora sim um quesito onde a Mangueira está bem servida, mestre-sala e porta-bandeira. Raphael e Marcela Alves não são brilhantes, mas são um casal de extrema competência e elegância. Marcela além de linda é uma porta-bandeira clássica, que baila com levesa e a dignidade de uma Mocinha. Já Raphael é um mestre-sala de maior versatilidade. Vai do clássico ao contemporâneo em poucos movimentos. Como disse, mesmo não sendo brilhantes merecem nota 10.

Como fica bem claro, a Mangueira não é mais a Verde e Rosa que conhecemos e muito disso se deve a administração atual. Mas tem tradição, tem nome e ainda tem o respeito do sambista. Isso é o que importa. E mais: tem uma comunidade apaixonada que a defende apesar de tudo. Quando teço calorosas criticas a Escola não faço isso por odiar a agremiação, ao contrário. Minha família é de mangueirenses e meu bisavô era apaixonado pela Verde e Rosa, tanto que ficou furioso quando eu me tornei Independente. Critico a atual administração da Mangueira porque quero voltar a ver a Manga como ela sempre foi.

As eleições da Escola que estavam marcadas para acontecerem esta semana foram adiadas por tempo indeterminado. A chapa encabeçada pelo atual presidente Ivo Meirelles concorre a re-eleição. Não tem mais o apoio maciço da comunidade, mas ainda é forte dentro do colégio eleitoral. Outras duas chapas concorrem ao pleito, uma delas é presidida por Percival Pires, o Perci, ex-presidente da agremiação e a outra pelo baluarte Raimundo de Castro. No momento, Percival Pires parece ser a melhor escolha.

Pelo momento da Mangueira ser de indefinições, não se pode cravar a permanência ou a saída de ninguem, mas se sabe que as situações de Jaime Aroxa e Cid Carvalho estão "na marca do penalti" e caso haja mudança na presidencia da Escola, ambos estariam fora. Comentou-se logo após o Carnaval que o intérprete Jamelão seria o enredo para 2013, mas também não se pode dar 100% de certeza de que assim será.

Como se vê, a Mangueira atual é isso, um mar de indefinições, amada e odiada e seguida por milhares de mangueirenses apaixonados.

"Muda Mangueira"!

"Salgueiro é amor que mora no peito..."

Desde o início do desfile uma coisa ficou bem clara para mim: estava aí a única Escola que poderia ameaçar a soberania da Vila Isabel.

É incrível a regularidade da Acadêmicos do Salgueiro na gestão da Regina Celli. Salvo alguns problemas de organização no que diz respeito a concentração, a Vermelho e Branco esbanja requinte e bom gosto em seus desfiles. Aliado a isso, uma comunidade vibrante e interativa que dá show de raça e amor a sua agremiação.

Desfilando o criativo enredo "Cordel Branco e Encarnado" da dupla Renato e Márcia Lage, o Salgueiro foi a personificação da competência estética no Carnaval. Se não chegou a ser o melhor conjunto do ano, esteve bem próximo disso.

As tradicionais gravuras que ilustram os românces da Literatura de Cordel estiveram presentes desde a comissão de frente, que do meu ponto de vista foi uma das melhores de 2012. Simples, singela e com cara de Salgueiro, o que prezo muito para o grupo responsável pela abertura oficial do desfile.

Na sequência, o grandioso carro abre-alas trouxe a sintese do enredo com bonecos de barro, fitas coloridas e as tradicionais burrinhas das celebrações folclóricas regionais. Via-se por essa alegoria que oi tão criticado gigantismo de 2011 não abateu o genial Renato Lage, que em resposta aos criticos apresentou um conjunto alegórico ainda melhor que o do ano passado.

Alegorias como a do "Pavão Misterioso" deram imponência ao desfile da Acadêmia. O visual hig teach, marca registrada do carnavalesco nãoe steve tão escancarado como em outros anos, mas era presença constante nos carros alegóricos da agremiação que mais uma vez (que novidade!) deram um espetáculo sem precedentes no quesito iluminação. O único senão do quesito fica mais uma vez pela incompetência da equipe técnica de pista nas manobras dos carros na entrada da pista. Pelo quarto ano consecutivo alguns carros sofreram para fazer a curva de entrada da Marquês de Sapucaí. Nada comparado com o que houve em 2011, mas fica nítido que este é o calcanhar de Aquiles do atual Salgueiro.

No quesito fantasias, as criações do casal Lage mais uma vez estavam perfeitos tanto em idéia quanto em realização. A utilização das penas de pavão em várias fantasias deram um clima de nostalgia a apresentação da Vermelho e Branco, fazendo lembrar os trabalhos de Arlindo Rodrigues, João Trinta e Rosa Magalhães em suas marcantes passagens pelo Salgueiro.

O samba de enredo da Escola não era o meu favorito nas eliminatórias, mas mostrou-se durante os ensaios técnicos e no próprio desfile oficial ter sido a melhor escolha possível para a agremiação. A obra da parceria de Marcelo Motta e cia. descreveu o enredo como a muito tempo eu não via acontecer no Salgueiro. O refrão de cabeça que alguns acharam uma afronta, já que fazia apologia a própria Escola ("Salgueiro é amor que mora no peito/Com todo respeito o REI DA FOLIA/Eu sou o Cordel Branco e Encarnado/'Danado' pra versar na Academia") é perfeito. Entra no clima do Cordel e já prenuncia o "repente" que à partir dali se inicia. E o Quinho, heim?! O "seu" Melquizedeki Marins Marques deitou e rolou com esse sambão. Com o apoio de luxo de Léo Bessa e Serginho do Porto, o rei dos "cacos" teve um de seus melhores desempenhos nos últimos 10 anos.

A "Furiosa do Salgueiro" comandada pelo grande mestre Marcão honra as tradições de quem um dia teve a frente "regentes" do porte de Arengueiro, Almir Guineto e Louro. É talvez a melhor bateria da atualidade no Rio de Janeiro. Sem contar que tem uma das mais belas Rainhas da história do Carnaval carioca, a maravilhosa Viviane Araújo, uma salgueirense convicta e que defende a sua agremiação como poucas.

Na defesa do pavilhão salgueirense, o casal Sidclei e Gleyce Simpatia mantiveram a regularidade dos últimos anos e não comprometeram. Estiveram longe de serem ruins, mas acho que não houve tanta "liga" entre o casal. Preferia ver a Gleyce dançando com o Ronaldinho, esses dois sim tinham a química necessária para empunharem o pavilhão Vermelho e Branco do Salgueiro.

Na média, um desfile do mesmo nível do apresentado na noite anterior pela Vila Isabel. Acreditava até então que o título seria decidido entre as duas em questão de detalhes.

Mas como cabeça de jurado é algo que eu deixei de tentar compreender já faz tempo, nem Salgueiro, nem Vila. Ainda que ambas tenham alcançado 2° e 3° colocação respectivamente, o resultado não fez juz ao que ambas apresentaram no Carnaval de 2012. Mas paciência, né...

O Salgueiro como já disse vem se tornando um modelo de administração em Escolas de Samba, e assim a presidente Regina Celli é adepta da máxima, "em time que está ganhando não se mexe". O casal Renato e Márcia Lage, a trinca de intérpretes, mestre Marcão e o casal Sidclei e Gleyce Simpatia permanecem em seus postos e vão tentar levar o Salgueiro a mais um campeonato.

Se a deficiência no que diz respeito a concentração for sanada, vejo a Vermelho e Branco como franca favorita ao título de 2013. Muito disso claro, graças ao mestre Renato Lage que no auge de seus 63 anos, segue como uma fonte inesgotável de criatividade e genialidade.

Nem melhor nem pior... apenas Salgueiro.

domingo, 29 de abril de 2012

"A minha Ilha é ouro é prata..."

Uma Escola em evolução. Assim pode ser considerada a União da Ilha do Governador.

Uma agremiação que mora no coração de todos os sambistas está vivendo um de seus melhores momentos em toda a sua história. Isso em muito se deve ao trabalho sério do presidente Ney Filardi e a sua competentíssima equipe de trabalho.

Em 2011, realizou o melhor desfile do Grupo Especial (que lhe valeu o Estandarte de Ouro de melhor Escola) e se estivesse disputando com as demais, certamente seria uma das candidatas ao título.

Já para 2012, a Tricolor da Ilha apostou nos jogos Olímpicos de Londres como o pano de fundo para seu enredo, o que desagradou muita gente em um primeiro momento. "De Londres ao Rio: Era uma Vez... uma Ilha", do carnavalesco Alex de Souza se propunha a contar a história da Inglaterra até chegar às Olimpiadas que serão realizadas na terra da Rainha este ano.

O trabalho de Alex no entanto merece um destaque em particular, já que o artista vem se mostrando um dos mais completos da atualidade.

A abertura do desfile da Ilha foi simplesmente emocionante. A comissão de frente trouxe o "Passeio da Rainha", com direito a guarda real e tudo. No papel da soberana britânica, um ícone da história da União da Ilha: a carnavalesca Maria Augusta Rodrigues. Maria Augusta, responsável por grandes momentos da agremiação insulana como, "Domingo" 1977 e "O Amanhã" 1978, estava imponente e visivelmente emocionada em meio ao grupo de abertura. Uma homenagem mais do que merecida.

Compondo a abertura do desfile, os portões da Casa Real Britânica com o letreiro "Ilha" aos moldes do que fora criado por Maria Augusta em 1977 e o monumental carro abre-alas representando as origens Celtas e as invasões bárbaras que assolaram o Reino Unido em século passados. As esculturas do abre-alas eram expressivas e muito bem realizadas, um trabalho louvável. Assim como a alegoria de abertura, os demais carros alegóricos da União da Ilha estavam deslumbrantes, com ótima proposta e perfeita execussão. Destaque para o carro oriental e o que trazia a cena do chá de Alice no País das Maravilhas. Um conjunto arrebatador.

Os figurinos de Alex de Souza também estavam maravilhosos. Com muito luxo e requinte as fantasias brilharam em um conjunto que em certos momentos me fez lembrar as criações de Viriatto Ferreira, todas com um acabamento impecável.

O samba de enredo da Ilha foi mais uma vez muito criticado, mas funcionou muito bem no desfile. É um estilo diferente, mas que casa perfeitamente com a Escola. Ainda mais defendido pelo brilhantismo e a competência do intérprete Ito Melodia, herdeiro do saudoso Haroldo Melodia.

A bateria do mestre Riquinho mais uma vez arrebentou na Marquês de Sapucaí, dando um show de ritmo e criatividade. Pode não ser uma das mais comentadas pelo público e pela mídia, mas é certamente uma das mais regulares. Gosto muito dos nipes de tamborins e repiques da Ilha.

No quesito mestre-sala e porta-bandeira, Ronaldinho e a belíssima Verônica Lima bailaram com o talento e a competência de sempre. Um quesito sem dúvida nenhuma fortíssimo da Escola.

O desfile em um todo foi muito bom, plásticamente superior ao de 2011. Mais um caso onde a 8° colocação não condiz com o nível do trabalho que fora apresentado. No meu ranking a Ilha era "Top 6" facilmente. Mas enfim...

A linha de trabalho adotada pelo presidente Ney Filardi vem dando certo e deve ser respeitada. Para 2013 a Ilha perdeu o casal Ronaldinho e Verônica, mas fez a reposição a altura, chegaram para assumir o posto os não menos competentes Bira e Cristiane Caldas. Nos demais setores da agremiação não devem haver mudanças, pelo contrário. O carnavalesco Alex de Souza por exemplo já teve seu contrato renovado e segundo rumores com uma bela valorização. Ele merece.

Mantendo-se a média dos últimos anos a União da Ilha deve chegar para 2013 como uma das grandes favoritas. Afinal, com o enfraquecimento de Mocidade, Imperatriz, Portela e Mangueira, Escolas como União da Ilha, São Clemente e Grande Rio vem ganhando cada vez mais espaço entre as primeiras colocadas. Se bem que no caso da União da Ilha é um posto mais do que merecido.

"Tem bububu no bobobó..."



O grande sacode na Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2012 inegavelmente foi dado pela São Clemente, a primeira agremiação a desfilar na noite de segunda-feira, 20 de fevereiro.

O enredo "Uma Aventura Musical na Sapucaí, do carnavalesco Fabio Ricardo prestava uma homenagem aos grandes músicais e como consequência, iria desembocar no Carnaval, o maior músical a céu aberto do Mundo.

A proposta interessante no papel mostrou-se feliz em seu desenvolvimento, porém, algumas soluções extremamente repetitivas foram bastente utilizadas pelo mais jovem carnavalesco do Grupo Especial.

A comissão de frente coreografada pela bailarina Cladia Motta representou a alma do artista e em meio a um tablado, executou uma bonita, porém simples coreografia. O figurino e a maquiagem mostraram-se mais felizes que a dança apresentada.

Na sequência, o grande carro abre-alas da Escola de Botafogo aludia a um grande baile. Um elegante salão tomou conta da Sapucaí com detalhes de muito bom gosto e formas muito atraentes. Esculturas de arlequins e candelabros surgiam em meio a belíssimas destaques. Um carro muito bem realizado e que dispensava os vários balões de gás que ladeavam a alegoria. Uma solução batida e que parece fazer parte constante do trabalho do Fabinho.

Seguindo o desfile, alas muito bem vestidas davam ares de super produção ao desfile da São Clemente. O traço requintado do carnavalesco colaborou e muito para o sucesso dos figurinos que ao melhor estílo "Rosa Magalhães" encantaram ao público. Não faltaram no último setor do desfile citações a grandes carnavais com direito a reprocuções de clássicas fantasias que marcaram a história da folia carioca, como por exemplo a comissão de frente da Imperatriz Leopoldinense de 1994, com a inesquecível dança dos leques.

As demais alegorias da Escola seguiram o padrão do abre-alas, embora menos luxuosas. Os elementos alegóricos que vez ou outra apareceram no desfile também estavam muito bem cuidados, como por exemplo o que fazia referência ao espetáculo "O Mágico de Oz".

No quesito samba de enredo, a São Clemente vem se caracterizando por ser uma das Escolas que mais respeitam a sua tradição, já que não foge da sua linha característica de samba. A opção por letras simples, com melodias valentes e um momento de explosão é preservada, o que vem garantindo à agremiação obras muito elogiadas pela critica especializada. Isso tudo sem contar no grande intérprete que ano após ano vem se firmando no primeiro time entre os "gogós de ouro" do nosso Carnaval: o jovem e talentoso Igor Sorriso.

A bateria dos mestres Gilberto Gomes e Caliquinho é uma das mais regulares do Grupo Especial e em 2012 não foi diferente, teve um desempenho fantástico e sustentou brilhantemente o empolgante desfile. Destaco também a sempre bela presença da Rainha Bruna Almeida, sobrinha do presidente Ricardo Gomes e cria da comunidade.

Na defesa do pavilhão Amarelo e Preto, uma dupla de craques: Bira e Denadir. Se não chegam a encher os olhos da mídia, são donos de uma regularidade impressionante. Bira, que dançou ao lado de Lucinha Nobre nos tempos de Unidos da Tijuca, parece ter aprendido um "bocado" ao lado da companheira, pois carrega até hoje muito do jeito da porta-bandeira hoje na Portela. Já Denadir que tem passagens marcantes por Caprichosos de Pilares e Renascer de Jacarepaguá é dona de passos clássicos e de um preparo físico invejavel. É um casal que particularmente gosto muito.

No geral, um dos melhores desfiles da história da São Clemente que não reflete a absurda 11° colocação atribuída a ela pelo juri da LIESA. Mas serve para levar a Escola a mais um ano de Grupo Especial (o terceiro consecutívo).

Para 2013, a diretoria apressou-se em renovar o contrato do carnavalesco Fábio Ricardo e já anunciou o seu enredo: "Horário Nobre" que pretende narrar as grandes produções televisívas do gênero novelas.

A saída do mestre-sala Bira que rumou para a Ilha do Governador não chega a preocupar, porém, fará com que o presidente Ricardo quebre a cabeça em busca de um substituto a altura.

No mais, a São Clemente parte para mais um desfile em meio a Elite do samba carioca na busca de sua real afirmação. Garanto que tem a torcida de todo o mundo do samba.  

sexta-feira, 20 de abril de 2012

"Semba de lá, que eu sambo de cá..."

"Semba de lá, que eu sambo de cá
Já clareou o dia de paz
Vai ressoar o canto livre
Nos meus tambores, o sonho vive"

Que samba!!! Que desfile!!!

A Vila simplesmente Kizombou!!!

Assim que o enredo sobre Angola foi anunciado em meados de 2011, imaginei que a Unidos de Vila Isabel seria uma das favoritas ao título deste Carnaval, mas depois que o samba da parceria do André Diniz, que contava com o luxuosíssimo auxílio de Arlindo Cruz, foi escolhido, passei a ter certeza de que o caneco iria para o bairro de Nöel.

E olha, logo de cara esse desfile me arrebatou.

"Você Semba lá... Que eu Sambo cá! O Canto Livre de Angola" foi a poesia escolhida para entitular um dos maiores enredos que a Marquês de Sapucaí já viu passar em quase 30 anos de sambódromo.

O impacto da comissão de frente foi de tal ordem que não consegui desviar os olhares da televisão durante um bom tempo querendo talvés acompanhar todo o desenvolvimento da brilhante coreografia criada pelo genial Marcelo Misailidis. Os animais da savana estavam tão perfeitos que em alguns momentos a impressão que tinhamos era de que o grupo contracenava com a nimais de verdade. Até mesmo a mulher tigresa que surgia em determinados momentos da coreografia era de impressionar por seu gestual e pela imponente expressão corporal.

Na sequência, um carro abre-alas magnífico. Ao melhor padrão Rosa Magalhães de qualidade, uma alegoria que não era gigante, mas que impressionava pela beleza cênica. Se não bastasse, a "dona" Rosa ainda se valeu de uma série de estampas africanas para compor um mosaico de rara beleza em meio a animais e plantas típicamente angolanos.

E olha que o espetáculo cênico não se resumiu a este carro. O que dizer então da "Árvore Sagrada" da segunda alegoria? Ou então do "Návio Negreiro"? Até mesmo o carro que falava da influência européia com os habituais anjinhos barrocos da Rosa, eram simplesmente de arrepiar. Um dos melhores conjuntos alegóricos da história da Vila.

Em termos de fantasias então nem é preciso comentar. O padrão de qualidade Rosa Magalhães novamente imperou. Figurinos leves e de fácil leitura prevaleceram durante todo o desfile, nos proporcionando um conjunto belíssimo.

E o samba de enredo???

Como disse no início dessa postagem, que samba! Uma letra sublime e uma melodia valente transformaram a composição de André Diniz, Arlindo Cruz e cia. em uma das mais belas obras da história da Unidos de Vila Isabel, e olha que de samba o povo de Nöel entende. Trechos como "Incorpora outra vez Kizomba...", "Tambor africano ecoando, solo feiticeiro/Na cor da pele o negro..." e "Temos o sangue de Angola/Correndo na veia, luta e libertação..." só engrandecem ainda mais a composição, passando toda a emoção que o tema pede. Até a interpretação de Tinga é digna de elogios, uma vez que ele se preocupou dessa vez em cantar mais do que gritar. Quero destacar também a atuação do Gera, principal apoio do carro de som da Vila que valorizou ainda mais o desfile.

A bateria, outrora comandada pelo saudoso Branco Ernesto teve pelo primeiro ano mestre Paulinho como "regente". Em um ano de trabalho Paulinho corrigiu todas as carências (que eram nítidas) da época em que o Átila (hoje presidente do Império Serrano) estava lá. A bateria da Vila foi um verdadeiro show, realmente impecável. Sem contar que a presença do sempre sorridente mestre Mug em meio aqueles que durante tantos anos foram por ele comandados é sempre especial.

Na defesa do pavilhão Azul e Branco da Vila, a sublime Ruth Alves e o regular Julinho novamente foram à cima da média. O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos de Vila Isabel vem se consolidando ano após ano como uma das mais regulares duplas do Carnaval. Vale à pena destacar também a fantasia do casal, simplesmente linda. E o bebê angolano nas costas da Ruth? Genial. E olha que foi uma idéia da própria porta-bandeira que pediu autorização para a Rosa Magalhães para incrementar a sua fantasia.

No geral, "O" desfile de 2012.

Pra mim foi a campeã com sobras, já que fez o melhor desfile entre todas as 13 agremiações do Grupo Especial. Mas como cabeça de jurado é algo que eu parei de tentar entender faz tempo, atribuíram à Vila a 3° colocação. Vai entender...

A filosofia de trabalho adotada pelo presidenten Wilsinho vem dando resultados e como em time que está ganhando não se mexe, a permanência de toda a equipe de Carnaval para 2013 está assegurada. Mais uma vez teremos o prazer de ver um trabalho da mestra Rosa Magalhães desfilar na Sapucaí. Comenta-se inclusive que um enredo sobre Martinho da Vila está sendo preparado. Nada oficial, mas que o tema está engavetado desde 2009, isso todo mundo sabe. Será que agora vai?

"Meu São Luís do Maranhão..."

A campeã de 2011 mais uma vez era aguardada com grande expectativa, ainda mais depois que Joãozinho Trinta, um dos homenageados do enredo e possivelmente figura mais expressiva da história da Beija-Flor de Nilópolis faleceu, deixando o Carnaval mais entristecido.

Apostando em mais um enredo C.E.P. (Cidade/Estado/País), a Azul e Branco resolveu em 2012 mostrar na Sapucaí as belezas e as tradições de São Luís do Maranhão, a única capital brasileira colonizada por francêses.

Depois de muito tempo, a Beija-Flor optou por um título de enredo compacto - "São Luís - O Poema Encantado do Maranhão" - em detrimento a uma frase cheia de clichês e colocações desnecessárias. Um título poético para um enredo que exalta a "Atenas Brasileira".

O início do desfile foi marcado por mais um trabalho do experiente coreógrafo Fábio de Mello, que coleciona Estandartes de Ouro ao longo de sua carreira, porém, em 2012, Fábio errou feio em sua criação. A comissão trazia um elemento alegórico muito grande e que durante a coreografia, apresentava uma serpente, em alusão a lenda da Ilha de São Luís. O elemento travava a evolução da Escola, pois o surgimento, desmontagem e posterior montagem da serpente demandava muito tempo. Não gostei.

Com a passagem do carro abre-alas o estílo da comissão de carnaval formada por Fran Sergio, Ubiratan Silva, Victor Santos e André Cezari, foi ficando mais visível. De gosto dúvidoso, as alegorias mostraram-se repetitivas, com um excesso desnecessário de monstros e figuras diabólicas. O carro abre-alas e o primeiro dos dois návios negreiros estavam interessantes, porém, não eram exatamente inéditos no carnaval da própria Beija-Flor.

Os figurinos eram como sempre cheios de informação, marca da Escola e a cara do figurinista Victor Santos, responsável pela defesa do quesito. Algumas fantasias muito bonitas, outras nem tanto. Destaque mesmo fica para o capricho na reprodução das peças, que na Beija-Flor costumam inclusive superar o nível dos protótipos. Isso tudo graças ao Sr. Laíla que não costuma dar mole.

No quesito samba de enredo não é novidade o padrão de qualidade pelo qual prima a Beija-Flor. Mesmo que soem repetitivos, as obras são altamente descritivas e envolventes. Não é nenhum "arrasta quarteirão", mas muito frequentemente arrebata nota 10. Outro detalhes importante: os sambas parecem ser feitos para se adequarem à vóz do seu folclórico intérprete Neguinho. Interpretação como sempre muito segura.

A bateria da Beija é outra que na maioria das vezes não me agrada. É avesa a bossas, paradinhas e afins. E é a única que não recebe nota baixa com alegação de falta de criatividade. Dá pra entender? De bom mesmo nessa bateria fica a imagem sempre marcante da lindíssima Raíssa Oliveira, a Rainha 100% comunidade. Raíssa que reina absoluta à frente dos ritmistas de Nilópolis desde 2003 é cria da comunidade e cresceu a nossos olhos. Hoje é uma das mais belas musas do Carnaval carioca.

Outro ponto de discórdia de minha parte fica para o casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorrizo (isso mesmo, com "Z"). É um casal regular, mas longe de ser essa maravilha toda que pintam por aí. Claudinho é até mais regular, mas Selminha por sua vez não chega aos pés de uma Lucinha Nobre, por exemplo. Sempre comento isso e volto a repetir: será que se a Selminha fosse porta-bandeira da São Clemente receberia tantas notas 10 assim? Fica a dúvida na cabeça dos amigos.

No geral, a Beija-Flor fez um desfile muito à baixo de suas tradições. Aquela Escola pomposa e técnicamente impecável parece ter ficado no passado. Em 2011 já fez um desfile muito fraco e ainda assim conquistou o título, este ano não teve jeito. E olha que a 4° colocação ficou de ótimo tamanho para a agremiação que ao meu ver merecia no máximo o 6° lugar.

Em Nilópolis, as mudanças são raras. Comentou-se logo após o Carnaval que Laíla estava desgastado e iria se aposentar, mas o próprio fez questão de desmentir a informação e garantir que continua firme e forte à frente das direções de carnaval e harmonia da Escola. A comissão de carnaval também será matida. Ninguem entra, ninguem sai. Neguinho, Selminha, Claudinho, mestres Plínio e Rodney são cativos e não vão sair tão cedo da Beija-Flor.

Com a definição do enredo para 2013, os trabalhos na baixada já começaram. "Amigo Fiél" contará a saga do cavalo mangalarga marchador, com enfoque principal na história do cavalo. Um enredo interessante mas que carece de um belo desenvolvimento apra tornar-se agradável. Acho que falta um carnavalesco para isso e o Max Lopes seria o nome ideal para tocar esse projeto, uma vez que está fora do Grupo Especial em 2013 até o presente momento. Enfim... o nome do Max é apenas um palpite. Mas que cairia bem, isso não dá pra negar.

Vou aguardar a sinopse para comentar melhor este enredo, mas até o momento é sem dúvida alguma um dos que mais me agradaram.

terça-feira, 17 de abril de 2012

"Vem no ritmo do tigre..."

O enredo mais grotesco de 2012 ganhou um desfile até certo ponto simpático, mas como o impacto do famigerado iogurte foi negativo desde o seu anuncio oficial, não poderia se esperar outro resultado para a Unidos do Porto da Pedra se não o rebaixamento.

O enredo "Da Seiva Materna ao Equilíbrio da Vida", nasceu de uma parceria com a Danone e seria desenvolvido pelo Roberto Szaniecki, mas como cronograma e pontualidade não são os pontos mais forte do meu amigo polonês, a troca de carnavalescos no meio do caminho apenas serviu como prenuncio do que viria.

É verdade que o escolhido para substituir o Roberto, o arquiteto Jaime Cezário não teve lá muita culpa no resultado final desse desfile, haja visto os bons trabalhos que vem realizando no Grupo de Acesso com a Acadêmicos do Cubango, mas também não dá para izentá-lo neste resultado desastroso para o Tigre de São Gonçalo.

O desfile foi aberto por uma comissão de frente que representava o processo de transformação do leite em iogurte. Cá pra nós... ô coisa mais óbvia. Eu não gosto dessas comissões que vestem uma malha, montam em um tripé e pronto, dizem que é a comissão de frente. Mas enfim, não dava pra esperar muita coisa de um enredo como esse.

O abre-alas tinha dois momentos distintos: a tigresa amamentando seus filhotes e a parte da pré-história. A primeira muito bonita, bem realizada e agradável. A segunda simplesmente desastrosa. Não sei, mas acho que cronograma também não foi o forte da Porto da Pedra.

As demais alegorias seguiram o padrão, alternando bons e maus momentos. Algumas soluções eram totalmente dispensáveis, mas como excessos fazem parte do trabalho do Jaime, tudo bem.

Os figurinos me deram a impressão de que já estavam desenhados quando o Jaime assumiu o trabalho. A ala de caçadores primitivos por exemplo, é identica a ala das "Pinturas Rupestres", que abriu o desfile da Império de Casa Verde em 2006, assinado também pelo Szaniecki. As fantasias são identicas, até na estrutura de ferro que fica aparente na pala. Coincidência? Inconsciente coletivo? Acho que não, heim...

Nos quesitos de avenida a Porto da Pedra também não se saiu muito bem. O samba de enredo era disparado o pior do ano, um dos mais fracos que eu já ouvi. Na avenida não empolgou ninguem e ainda foi mal interpretado pelo Wander Pires, que a cada ano vem rolando ladeira à baixo no mundo do samba.

A bateria do mestre Thiago Diogo é a única coisa que se salvou no desfile da Porto da Pedra em 2012. Com a pegada característica da agremiação, a ala garantiu a nota máxima e de quebra nos brindou com a beleza e o carisma da maravilhosa Ellen Rocche, a mais bela das Rainhas de Bateria do momento.

No quesito mestre-sala e porta-bandeira, a Escola foi apenas regular. Fabrício Pires e Cristiane Caldas são um grande casal, mas como nada deu certo para a Porto da Pedra em 2012, a dupla não conseguiu apresentar-se com a elegância habitual.

Como podem ver, foi um desfile para ser esquecido.

O presidente Francisco Marins tenta implantar uma gestão moderna na agremiação e ainda não sabe ao certo em que grupo a Escola irá desfilar em 2013, haja visto o "embrolio" judicial que pode se tornar a apuração do desfile do Grupo de Acesso. Fato é que as mudanças estruturais que visam elevar a auto-estima dos componentes e admiradores da agremiação já estão acontecendo. A quadra da Escola vive lotada e os eventos seguem acontecendo periódicamente. Entretanto, nada ainda foi confirmado no que diz respeito a profissionais do Carnaval.

Jaime Cezário deve deixar a agremiação, já que tem contrato vigente com a Acadêmicos do Cubango. Assim, é a única provável mudança da Vermelho e Branco de São Gonçalo para 2013.

Se a Escola mantiver a sua escrita, não deve passar mais de um ano no Grupo de Acesso, mas após 11 anos desfilando na Elite do Carnaval carioca, as diferenças podem pesar muito contra a agremiação...

É esperar pra ver.

"É 'por ti' que a Mocidade canta..."

Que orgulho!!!

O resultado estapafurdio pouco importa diante do belíssimo desfile que a minha querido Mocidade Independente de Padre Míguel apresentou em 2012. Como a muito tempo eu não via a Mocidade com a cara que a consagrou nas décadas de 80 e 90. Lindo!

O enredo "Por Ti, Portinari, Rompendo a Tela, a Realidade", de autoria do carnavalesco Alexandre Louzada foi muito festejado pelos independentes desque fora anunciado de maneira oficial e como todos esperavam, rendeu um grande desfile.

A modernidade que tanto marcou a história da Escola esteve presente. Mesclada com momentos que passavam do rústico ao barroco em questão de segundos, a estética da Mocidade foi algo deslumbrante, realmente de encher os olhos do público. Só mesmo os jurados é que não viram tamanha beleza...

O início do desfile relembrou os melhores momentos de dois gênios Fernando Pinto e Renato Lage. Com muito branco, prata e efeitos de iluminação, comissão de frente, tripés de abertura e carro abre-alas pareciam se fundir em um só. A comissão de frente era simples, singela e emocionante. Fez o pintor Cândido Portinari renascer em meio a folia e dar "o tom" de todo o desfile. O abre-alas, que trazia a figura de Portinari como sua principal escultura também era digno dos melhores momentos da Escola de Padre Miguel.

À partir do primeiro setor é que o desfile foi ganhando cor e como Louzada gosta, as cores da Escola (Verde e Branco) estavam presentes em quase todas as fantasias. Aliás, mesmo os figurinos não sendo reproduzidos à risca dos protótipos apresentados, eram de longe o melhor conjunto de fantasias da primeira noite de desfile na Sapucaí.

E olha que não só os figurinos foram os melhores, em materia de alegorias, salvo um ou outro deslize, a Mocidade apresentou um dos melhores conjuntos estéticos de 2012, coisa que a muito tempo não tinhamos pelas "bandas" de Padre Miguel.

O samba de enredo da parceria de Diego Nicolau e cia. caiu nas graças dos independentes devido a sua bela letra e melodia envolvente, porém, simplesmente não aconteceu na avenida. Assim como a tão aguardada estréia do intérprete Luizinho Andanças, que também esteve muito aquém do esperado. Luizinho é o melhor intérprete da atualidade, porém, não conseguiu desempenhar tudo o que sabe em sua primeira apresentação oficial com a Verde e Branco.

O que vem melhorando ano após ano é a bateria do mestre Bereco. Mesmo que ainda não seja unanimidade do juri da LIESA, o ritmo tradicional da bateria de Padre Miguel vem sendo resgatado ao melhor estílo que a consagrou sob a batuta do antológico mestre André.

Uma deficiência que pode facilmente ser notada este ano foi no quesito mestre-sala e porta-bandeira. Por mais que Robson e Ana Paula tenha história no Carnaval e sejam respeitadíssimos no meio, é um casal que já não mantém o nível. Nas notas atribuídas a dupla ficou mais do que provado que é hora de rever alguns conceitos.

Por mais que os independentes critiquem ferrenhamente o presidente Paulo Vianna, ele vem mostrando que quer o melhor para a Mocidade e se não fosse o seu pouquíssimo prestigio diante da LIESA, a Mocidade já teria a tempos retomado a sua trajetória vitoriosa. É verdade que ainda é muito pouco para a história da Mocidade, mas que de 2005 pra cá ela merecia resultados muito mais expressivos, isso ela merecia.

Seguindo a linha adotada nos últimos anos, a sequência de trabalho será um dos fortes da agremiação para 2013. Alexandre Louzada será mantido e já vem trabalhando no enredo "Eu Vou de Mocidade com Samba e Rock in Rio, por um Mundo Melhor", que contará a história do rock. O casal Robson e Ana Paula deixou a agremiação, que anunciou a contratação de Squel (ex-Grande Rio) e Feliciano Junior (2° mestre-sala da agremiação) para o seu lugar. Nos próximos dias espera-se novidades no quesito comissão de frente, pois o trabalho de Renato Vieira, por mais que tenha sido emocionante, deixou a desejar no aspecto técnico. Luizinho Andanças e mestre Bereco, continuam prestigiados em seus postos.

É a Estrela Guia de Padre Miguel ganhando corpo para um grande 2013!!!

"Sou Imperatriz, sou emoção..."

No centenário de Jorge Amado, mais uma homenagem ao escritor baiano no maior "teatro" popular do planeta.

A Imperatriz Leopoldinense foi a agremiação responsável por retratar a vida e a obra do mestre em um desfile que era aguardado com grande expectativa pelo público que lotava as arquibancadas da "nova" Marquês de Sapucaí.


O enredo "Jorge, Amado Jorge" foi desenvolvido pelo Mago das Cores, Max Lopes, que preparou uma Escola simplesmente deslumbrante no que diz respeito a plasticidade. Se não fossem os problemas de organização que atrapalharam a agremiação durante toda a sua apresentação, certamente teria uma colocação bastante satisfatória.


Na comissão de frente a alusão a obra "Capitães de Areia" com 15 meninos de rua se apresentando em um elemento alegórico que surprendeu a muita gente devido a dificuldade da coreografia.


Ainda na abertura do desfile, a primeira ala representando o mar e tripés em forma de embarcações de pesca fazendo alusão às "mulheres de Jorge". Tieta do Agreste, Gabriela Cravo e Canela e Tereza Batista foram lembradas e deram nome às citadas embarcações. Na sequência, o abre-alas apresentava um trabalho em aluminio "bordado" simplesmente deslumbrante. A obra de arte é assinada pelo Shangai, que a mais de 20 anos vem nos brindando com trabalhos excepcionais nas mais diversas Escolas.


Plasticamente não tenho o que dizer da Imperatriz. Mais uma vez Max Lopes deu show de bom gosto, provando ser o legitimo herdeiro de Arlindo Rodrigues. As alegorias estavam simplesmente deslumbrantes, com destaque para o carro "País do Carnaval", que trazia esculturas remetendo aos antigos postes de iluminação do centro do Rio de Janeiro.


Os figurinos eram multi-coloridos, como manda o estilo Max Lopes e no conjunto das alas, formaram um espetáculo dos mais agradáveis no Carnaval 2012.


O samba de enredo da Imperatriz era um dos melhores do ano, com destaque para a melodia, típica das melhores obras da Escola de Ramos. Mais uma vez Dominguinhos do Estácio provou que está em plena forma ao conduzir de maneira soberba o hino "gresilense" na Sapucaí.


A bateria que pelo primeiro ano teve à sua frente o mestre Noca, manteve o ritmo da época do Marcone e foi um dos pontos altos do desfile. As bossas executadas (com muita competência, diga-se de passagem) nos refrões eram verdadeiras maravilhas. Bateria aliás vem se tornando um dos mais fortes quesitos da Imperatriz nos últimos tempos. Nota 10.


O jovem casal Phelipe Lemos e Rafaela Teodoro manteve o nível de 2011 e não comprometeram. A bela fantasia é que merece destaque, um trabalho de arte plumária realmente caprichado.


O grande problema da Imperatriz Leopoldinense em 2012 foi sem sombra de dúvidas a falta de organização e competência por parte de sua direção de carnaval. Que me desculpe o experientíssimo Guilherme Nobrega, mas o que se viu no desfile foi uma bagunça generalizada. Alegorias fora de ordem, alas espaçadas, diretores de harmonia correndo de um lado para o outro, enfim, algo literalmente de várzea.


O ruim disso tudo é que a culpa recaiu sobre quem? O carnavalesco, é claro.


Max Lopes esteve longe de ser o culpado pelo 10° lugar conquistado pela Escola de Ramos. Mas como no Brasil técnico de futebol e carnavalescos são sempre os responsáveis por eventuais fracassos de suas entidades, paciência.


Com eleições marcadas para para este primeiro semestre de 2012, a Imperatriz parece esperar uma definição em seu quadro administrativo para anunciar mudanças na equipe de trabalho. Max Lopes foi dispensado logo após a apuração e o nome do seu substituto ainda sequer foi escolhido. Nomes são jogados ao vento, como por exemplo os de Cahê Rodrigues e Cid Carvalho, porém, nada de oficial foi divulgado pela Escola.


Baixa mesmo é da eterna musa Luiza Brunet, que depois de anos reinando absoluta à frente da bateria da Imperatriz foi dispensada pelo diretor de carnaval Wagner Araújo.


Os torcedores da Verde, Branco e Ouro estão desconfiados quanto ao futuro da Escola e vêm na saída do seu presidente Luiz Pacheco Drummond a única solução para a crise em que a agremiação se encontra, porém, acho que os problemas da Imperatriz são mais graves do que isso.


Desejo sorte aos amigos "gresilenses" e espero que em breve a Imperatriz Leopoldinense volte a viver os seus melhores dias.

"Madureira sobe o pelô..."

Cercada de grande expectativa por parte dos sambistas a Portela foi a segunda agremiação a pisar na Marquês de Sapucaí no domingo de Carnaval.

Embalada por aquele que fora considerado o melhor samba de enredo de 2012, a Azul e Branco de Madureira esperava quebrar este ano um jejum que já perdura a 32 anos (conquistou o seu último campeonato em 1980).

A força de sua comunidade e uma abertura regada de emoção com a personificação da cantora e portelense Clara Nunes na comissão de frente, a Portela até ensaiou um retorno aos seus melhores dias, mas novamente a falta de esmero no acabamento de fantasias e alegorias foi o calcanhar de Aquiles da Escola.

É inegável no entanto que o trabalho do carnavalesco Paulo Menezes foi de longe o melhor que vi na Portela desde a passagem do Joge Freitas por lá em 2004.

O enredo "Bahia: é o Povo na Rua Cantando... É Feito uma Reza, um Ritual" pretendia mostrar as festas típicas da Bahia e prestar uma homenagem a mais baiana das mineiras: Clara Nunes.

A opção por um enredo mais tradicional parece ter inspirado a Escola que apresentou um visual rebuscado, bem a cara da boa e velha Portela. Em alguns momentos o desfile me lembrou a Portela de Viriatto Ferreira. Principalmente nos primeiros setores, onde tripés, elementos alegóricos e alegorias se fundiam a um mar de portelenses felizes.

O único porém nas alegorias ficam realmente por conta do acabamento que poderia ser muito mais elaborado. É nitido que mais uma vez não houve organização no barracão.

O pode-passagem que trouxe a tradicional Águia da Portela era bonito, mas a ave me pareceu um tanto quanto desproporcional. No mesmo carro, Marisa Monte e Paulinho da Viola vinham saudando o público das arquibancadas que a essa altura estavam eufóricos.

Carros como o da Igreja do Bonfim e de Iemanjá estavam deslumbrante e se não fosse os problemas já citados, seriam os mais belos do desfile de domingo.

As fantasias tinham ótimas soluções e um desenho bastante claro, mas a realização não foi das mais felizes. Mesmo assim acabou por superar as alegorias em seu conjunto. Neste quesito aliás, Paulo Menezes é um craque.

O samba de enredo não é preciso nem comentar. Maravilhoso. Digno da "Majestade do Samba". A interpretação de Gilsinho (Estandarte de Ouro) foi sublime e a bateria do mestre Nilo Sergio honrou as tradições portelenses. Nestes quesitos a Portela foi Portela.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira é sem dúvidas o melhor na atualidade. Rogerinho e Lucinha Nobre são insuperáveis. Bailam com a competência que só os "grandes" possuem. Guardada as devidas proporções, o casal lembra Benício e Vilma Nascimento, uma das maiores duplas que o Mundo do Samba já viu dançar.

O último carro da Portela trazia a sua Velha Guarda. Assim como as demais alegorias não chegou a encher os olhos, mas a dignidade desse grupo de portelenses ilusatres faz com que qualquer problema visual seja minimizado perto de tamanha nobreza.

A 6° colocação fez juz a um bom desfile, mas os portelenses não podem se contentar com tão pouco. Para 2013 o presidente Nilo Figueiredo conseguiu manter toda a equipe de carnaval e da sustentação ao trabalho do Paulo Menezes. Como já disse, trata-se de um grande carnavalesco e se este tiver condições de trabalho, fará um grande Carnaval. Enredo para isso ele terá, pois a Escola anunciou na última semana que levará os 400 anos de Madureira para a Sapucaí em 2013.

A enorme Nação Azul e Branco deve sim sentir o momento e acreditar que uma importante página na história dessa maravilhosa agremiação está prestes a ser escrita. A minha torcida é para ver novamente a Portela no lugar mais alto do podium, onde a maior campeã do Carnaval carioca de fato merece estar.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

"Pintor d'alegria, calor da emoção..."

Começamos as nossas análises da folia carioca com a estreante no desfile do Grupo Especial, a Renascer de Jacarepaguá.

Quando em 2011 a agremiação obteve o direito de estar entre as grandes do Carnaval carioca, muitos questionaram o julgamento e falaram inclusive em adulteração no mapa da apuração do Grupo de Acesso. Nada porém ficou provado e a Renascer enfim estreava na Elite.

Optando por um enredo biográfico, a escolha recaiu sobre o artista plástico pernambucano Romero Brito sob o tema "O Pintor da Alegria da o Tom na Folia", desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira, o mesmo com ao lado de Junior Schall em 2010 rebaixou a Unidos do Viradouro com um desfile pra lá de duvidoso que teve como tema central o Mexico.

O trabalho plástico de Edson no entanto, não pode ser muito questionado, pois suas fantasias e alegorias na grande maioria apenas reproduziam o trabalho de Romero, sem muita criatividade, nesse ponto sim, o carnavalesco pode ser contestado.

A abertura do desfile foi o único momento de "originalidade" que vimos durante a passagem da Renascer. Com toda a abertura em branco e prata, o desfile começou dando pinta de que seria interessante, mas com a passagem das primeiras alas com figurinos trazendo os traços do artista homenageado em tecidos e aplicações, começou a tornar-se extremamente cansativo.

Em alguns momentos do desfile ficava nítido que as idéias de Edson eram boas, mas em se tratando de execusão a Escola pecava e muito. Não que alegorias e fantasias estivessem mal acabadas, longe disso. Mas a construção do desfile foi no mínimo estranha. O carro que representava a "Biblioteca a la Caravaggio" tinha formas agradáveis, mas a escultura da medusa deu um choque no restante da alegoria, dando a impressão de algo alí não estava em seu devido lugar.

As alas da Renascer se apresentaram em sua grande maioria bem vestidas, mas como já citado anteriormente, com figurinos beirando a repetição. Dejavu total.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação formado pelos jovens Fábio Junior e Jéssica não comprometeu em sua apresentação e foi assim um dos pontos altos do desfile. Ao lado deles, a bateria comandada por mestre Paulão (não confundir com o legendario comandante da bateria da União da Ilha do Governador) também merece destaque. Com bossas bem ensaiadas e convenções tradicionais, os ritmistas cumpriram muito bem o seu papel.

O samba enredo, fraco tanto em letra quanto em melodia passou sem comprometer, porém, não chegou em momento algum a empolgar o público. A interpretação do grande Rogerinho foi correta, como sempre este o faz.

Com o rebaixamento da Renascer, provou-se que por mais que a agremiação viesse se destacando no Grupo de Acesso nos últimos anos, ainda não estava preparada para encarar as chamadas grandes Escolas de Samba do Rio de Janeiro.

O presidente Antônio Carlos Salomão é inteligente e sabe onde sua Escola precisa melhorar. Assim, Edson Pereira pode estar de saída, já que está rumo a Unidos de Padre Miguel (Grupo B). Mestre Paulão tem a sua permancência assegurada. O casal Fábio Junior e Jéssica ainda não renovou seu contrato, mas deve continuar empunhando o Pavilhão da Renascer.

A Super Escola de Samba tão comentada após desfiles brilhantes no Grupo de Acesso ficou só na promessa, mas quem sabe em breve, a Renascer não retorne ao Grupo Especial aí sim, mais estruturada e consciente de que para enfrentar as maiores agremiações do Brasil, o muito ainda é pouco.

Valeu como experiência!!!