domingo, 2 de janeiro de 2011

Reconhecimento e Carinho

Eis que começamos o ano de 2011!!!

E como sempre, ao inicar um novo ano, desejamos que ele seja repleto de realizações pessoais e profissionais. Mas também almejamos ao longo desses 12 meses que estão por vir, o reconhecimento por nosso trabalho.

E foi exatamente pensando nisso, que resolvi partilhar com vocês, talvés a maior prova de reconhecimento que eu já recebi em minha vida.

Em agosto de 2006, eu encerrava a minha passagem como carnavalesco da Unidos do Lavapés, a minha Verde e Rosa querida. Em meio a uma conturbada relação com a então "atual" direção da escola, diversas manifestações de carinho e apoio, me fizeram ver que algo de bom eu havia deixado naquela agremiação. Nada no entanto, me deixou mais emocionado e comovido, do que esse e-mail que recebi em março de 2007, de uma torcedora apaixonada do Lavapés, que vim a conhecer pessoalmente um tempo depois, dizendo o quanto sentiu a minha saída da Escola.

Segue na íntegra o seu relato:

"Olá Sérgio, tudo bem? Aqui quem lhe escreve é uma torcedora apaixonada da Unidos do Lavapés e grande admiradora do seu trabalho. Quando soube no ano passado, ainda antes do anuncio do enredo da escola que você não seria o responsável pelo desfile da verde e rosa, fiquei muito chateada, pois você estava devolvendo o orgulho e a auto-estima a nossa comunidade. É verdade também que fiquei menos chateada quando logo depois apresentaram o Marco Aurélio Lisa para desenvolver o enredo sobre a vida do compositor Adoniram Barbosa, uma vez que vocês formaram uma excelente dupla alguns anos atrás. Imaginei assim que as coisas poderiam continuar na crescente em que estavam com o Marco. Mas foi um engano. Durante toda a preparação para aquele carnaval, viamos uma escola desunida e sem aquela alegria que era característica do seu trabalho. Isso foi piorando a medida que o carnaval se aproximava e culminou com o péssimo desfile que a escola fez no sábado de carnaval. Por mais que eu estivesse vendo todo o desenvolvimento desse trabalho bem de perto, via que o Marco Aurélio não tinha autonomia nas decisões e que o seu enredo sofreu muitas auterações por parte do presidente. No desfile, a quebra do carro Trem das Onze foi o estopim para o rebaixamento naquele ano. Na terça-feira de carnaval, não desfilei, dei a fantasia a minha irmã e fiz questão de ver a escola desfilar da arquibancada. Realmente, em nada lembrava o Lavapés dos últimos quatro anos, tão bem realizado por você. A escola não estava verde e rosa. As alegorias não tinham o seu cuidado e os componentes nem de longe lembravam a empolgação dos últimos desfiles. Nesse mesmo dia, ao passar pela concentração antes dos desfiles, vi você e a Patrícia, sua auxiliar e com quem você fez uma brilhante dupla naquele mesmo ano na Fraternidade, conversando com alguns componentes do Lavapés. Senti vontade de entrar nessa conversa mas faltou um pouco de coragem. Depois, vi vocês durante o desfile do Lavapés no camarote e deu pra ver a tristeza que estava estampada em teu rosto ao ver a Nossa, verde e rosa passar. Sei que não depende somente de você, mas por favor, sei que não é só o meu desejo, mas o de toda a comunidade, volte para a sua casa. O Lavapés é o seu lugar! Sem você essa escola perde a identidade. Espero que leve em conta este apelo que faço e que em breve, muito em breve mesmo, possa retornar ao lugar onde você viveu e certamente deu muitas alegrias a toda uma verdadeira Nação! Beijos e muitas felicidades!"

Este e-mail, me foi enviado por uma menina chamada Fernanda de Moraes que simplesmente da a vida pela Unidos do Lavapés. Ama incondicionalmente essa agremiação e mesmo com todo o ressentimento que guarda de algumas pessoas que estão na direção da escola, nunca deixou de desfilar e contribuir.

Quando a conheci pessoalmente, alguns meses depois em um evento da Sociedade Fraternidade, onde na época eu era o carnavalesco, ela voltou a fazer o pedido para que eu retornasse a Escola. Não pensem que este também não é um sonho, claro que é. Mas infelizmente, existem pessoas que estão na agremiação que não querem o meu retorno. Somente com a saída dessas pessoas é que se tornaria possível não só o meu retorno, mas o de várias pessoas que comigo estiveram ao longo de mais de dez anos de Lavapés e que deixaram a Escola praticamente expulsos pelo atual presidente.

Mas bem, voltando ao assunto inícial dessa postagem, você alcançar o reconhecimento através do trabalho realizado em uma escola de samba, em uma comunidade com mais de 40 mil moradores e que em massa, aprovam e valorizam o seu trabalho, é algo que dinheiro nenhum no Mundo paga. É uma coisa que só vivendo, pra você ter a mínima noção do que é. E posso dizer mais do que nunca, que isso é o que move um artista a seguir com seu trabalho. Pois fazer carnaval é algo extremamente difícil. Você sofre com criticas, falta de recursos finânceiros, de condição de trabalho, às vezes existem diviões nas agremiações e acabam por tentar sabotar o seu trabalho e tudo isso, somente é recompensado com palavras sinceras e vindas de quem realmente sofre e vibra com a sua Escola de Samba. Isso só é verdadeiro quando vem de alguem da comunidade.

Isso me faz crer então, que quando por lá passei, realizei um bom trabalho. E para toda a NAÇÃO Verde e Rosa, afirmo com a maior certeza do Mundo, de que ao deixar a Lavapés, não disse adeus, mas sim, até breve!

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